sexta-feira, 26 de julho de 2013

Crescimento do catolicismo tradicional surpreende até revista econômica inglesa







Fonte: IPCO

Luis Dufaur




No período posterior ao Concílio Vaticano II, inaugurado em 11 de outubro de 1962, a Igreja Católica na Grã-Bretanha procurou se modernizar até na liturgia.
Mas o resultado, segundo a conceituada revista econômica “The Economist”, é que os fiéis desertaram das igrejas.

A assistência à Missa na Inglaterra e em Gales caiu pela metade do 1,8 milhão que compareciam aos domingos em 1960. Também a média de idade dos frequentadores aumentou de modo preocupante: de uma média de 37 anos no ano 1980, subiu para 52 anos hoje.
Corpus Christi em Blackfriars, Oxford

Nos Estados Unidos, a assistência à Missa caiu mais de um terço desde 1960. Menos de 5% dos católicos franceses assistem regularmente à Missa, e só 15% fazem o mesmo na Itália.
Em sentido contrário, as Missas não modernizadas, em latim e de costas ao povo, conhecem um boom de participação.
A Sociedade pela Missa em Latim de Inglaterra e Gales (Latin Mass Society of England and Wales), que nasceu em 1965, tem agora mais de 5.000 membros. O número de Missas semanais em latim passou de 26 em 2007 a 157 em 2012: um crescimento de mais de 600%.
Nos EUA, passou de 60 em 1991 a 420 em 2012: um aumento de 700%.
No Oratório de Brompton, fundado pelo Cardeal John H. Newman e ponto de referência do tradicionalismo de Londres, 440 pessoas assistem à Missa em latim aos domingos.
Isto é o dobro do normal da assistência nas principais igrejas modernizadas. Em Brompton, as mulheres usam véu e os homens, o tradicional paletó ou terno de tweed.
Mas os números é o menos importante, observa “The Economist”. As comunidades tradicionalistas se destacam pela juventude e por sua expansão internacional. O Catolicismo tradicional está atraindo pessoas que não tinham nascido quando o Vaticano II pretendia “rejuvenescer” a Igreja.

Além de se expandirem por países da Commonwealth até à África e à China, os jovens grupos tradicionalistas britânicos publicam blogs, administram websites e são muito ativos nas redes sociais.
Eles difundem suas posições até nas dioceses mais progressistas. E não deixam de ser invectivados pelos velhos progressistas que, na falta de argumentos mais religiosos, os qualificam de anacrônicos ou afetados.
Um grande desequilíbrio de crescimento vem acontecendo desde 2007, quando S.S. Bento XVI aprovou formalmente o antigo rito da Missa em Latim. Até aquele momento, o padre que celebrasse a Missa antiga podia ver cortada sua carreira eclesiástica.
Oratório de Brompton, Londres

Na Inglaterra, o rápido aumento dos adeptos da Missa tradicional viu-se ainda reforçado com a criação, pelo Vaticano, do Ordinariato para acolher grupos de ex-anglicanos que abandonaram a dita ‘Igreja de Inglaterra’, a qual está levando sua modernização a ponto de “ordenar” e “sagrar” lésbicas e homossexuais.
Sacerdotes ex-anglicanos “atravessaram o Tibre” às dúzias para se somarem aos católicos romanos tradicionalistas, conta “The Economist”.

Este retorno ao antigo rito com força está deixando consternados os católicos “modernistas”, que o baniram no passado.
Para o Pe. Timothy Radcliffe OP, ex-prior dos dominicanos da Grã-Bretanha, o renascimento tradicionalista é uma reação contra o “liberalismo de moda” em sua geração.
Para ele, não é mais do que um movimento do pêndulo, que ora vai num sentido, ora no oposto, de modo inevitável.

Mas esse argumento não convenceu o jornalista de “The Economist”. Este concluiu a reportagem perguntando se todos os escândalos morais no seio da “Igreja progressista”, a decadência desta, e, em sentido contrário, o crescimento dos tradicionalistas, não são outros tantos sinais de que há 50 anos o Concilio Vaticano II virou para o lado errado.

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