Luz nas trevas: respostas irrefutáveis às objeções protestantes
por Pe. Júlio Maria
por Pe. Júlio Maria
Livro de 1955 - 224 pag.
Editora VOZES
Petrópolis
Editora VOZES
Petrópolis
CARTA
do Exmo. Sr. D.
Cartolo Távora ao autor
Meu caro Padre Júlio
Maria. Em resposta à carta de S. Revma., pedindo-me o Imprimatur de seu novo livro: "Respostas
irrefutáveis às objeções protestantes", mando-lhe, com a licença pedida, meus
sinceros parabéns pela feliz idéia de reunir em volume uma série de polêmicas
já publicadas em O Lutador. Estas respostas
têm sido muito apreciadas pelos católicos e pelos protestantes, e conheço de
perto o bem que elas têm feito, e as conversões que tem operado. Estas respostas
são, de fato, irrefutáveis, porque são todas tiradas da sagrada escritura; e
negá-las seria negar a própria Bíblia. O fundo de sua argumentação é
doutrinal, substancial, como a forma é alerta, e de uma sinceridade
comunicativa. Tenho a certeza que as suas polêmicas continuarão a fazer o bem
às almas: aos católicos, dando-lhes armas sólidas para combaterem a impiedade
e o erro; aos protestantes, mostrando-lhes o sentido exato da Bíblia, os erros
da interpretação individual e a segurança da interpretação eclesiástica. Peço
ao bom Deus abençoar o seu zelo de apóstolo do bem e da verdade.
Sou com toda estima
de V. Revma. humilde servo,
† Carloto, bispo de
Caratinga.
PROLÓQUIO
da terceira edição
As duas primeiras
edições deste livro esgotaram-se rapidamente, apesar do número avultado dos
exemplares de cada edição.
É sinal de que o
livro responde a uma exigência da época e da disposição dos espíritos.
Os protestantes, de
todos os lados, fazem uma propaganda frenética de seus erros, procurando
arrastar pura o mal e a perdição os católicos fiéis; é, pois, necessário
opor-lhes uma refutação clara, simples, doutrinal e popular de suas objeções,
mil vezes pulverizadas, mas sempre novas para eles, porque são o fruto da ignorância
e do fanatismo.
Não quis fazer
mudanças nesta terceira edição, para não aumentar o volume, e evitar repetição
de doutrinas já expostas em outros volumes.
Peço a Deus servir-se
deste livro para orientar os católicos, firmá-los em sua fé, e dar-lhes uma
resposta positiva e clara, para responder aos que ataquem a sua religião, a
única verdadeira.
O presente livro tem
sido um instrumento eficaz para a conversão de muitos, já caídos
nas garras do erro protestante, e a confirmação de muitos vacilantes
em suas convicções religiosas.
Possa ele continuar
este mesmo apostolado.
Pe. Júlio Maria.
INTRODUÇÃO NECESSÁRIA
Durante as festas
marianas de 1928, os protestantes distribuíram um desafio, exigindo (note-se bem: não
pedindo), um texto da bíblia que provasse diversas verdades professadas pelos
católicos e negadas por eles.
Respondi de chofre;
porém, dispondo apenas das colunas de um pequeno semanário, foi-me impossível
publicar todas as respostas; e as que foram publicadas, em consequência do
pouco espaço, foram de tal modo cortadas que, muitas vezes, perderam a força de
uma argumentação cerrada e irrefutável.
Eia a razão por que
resolvi enfeixar em volume as tais respostas, que não receio intitular de irrefutáveis,
para quem procura sinceramente a luz e a verdade.
Há outra, razão
ainda. Uma das tais respostas foi combatida pelos pastores protestantes, como é
natural.
Todas as objeções ou
protestos aduzidos em nada abalaram as verdades expostas, porque são irrefutáveis, apoiadas sobre a
Bíblia, a Ciência e o Bom-senso; porém tais objeções permitiram-me completar a
argumentação e, deste modo, dar novas respostas às dificuldades que os
protestantes costumam levantar.
Assim completadas, as
respostas constituem uma exposição clara e doutrinal das grandes verdades e dos
principais dogmas do catolicismo, e uma refutação completa dos erros
protestantes.
É uma polemica documentada,
uma argumentação segura, mostrando e comparando o erro e a verdade — para que do
contraste saia a luz, que permite distinguir aqueles que, ponentes tenebras
lucem, et lucem tenebras (Is 5, 20), “fazem da escuridão
luz, e da luz escuridão”, como fazem os pobres protestantes, unicamente com o
intuito de contradizer a Igreja Católica.
Possam estas
respostas fazer conhecer e amar a religião verdadeira, a única religião
divina, que é a de Jesus Cristo, perpetuada e representada no mundo pela Igreja Católica, apostólica, romana.
Possam estas
respostas trazer ainda um pouco de luz aos pobres protestantes, nossos irmãos
separados da verdade, enganados e seduzidos por mercenários e exploradores
que se chamam pastores, mas que, na palavra de Cristo, são lobos devoradores
vestidos como ovelhas (Mt 7, 15).
Possam eles, à luz da
verdade, distinguir as calúnias e o fanatismo, com que tais pastores procuram
inspirar-lhes ódio à Igreja verdadeira, afastando-os, deste modo, do caminho
único da salvação.
São bem eles que
tinha em vista o divino Mestre quando disse: Ai de vós, fariseus
hipócritas, que fechais o céu aos homens, porque nem vós entrais, nem deixais
entrar os outros que querem entrar (Mt 13, 13).
Pode haver, sem
dúvida, protestantes sinceros, convencidos, pela ignorância em que vivem, dos
princípios da religião, como pelas calúnias e acusações através das quais
apreciam a Igreja Católica.
São ignorantes; e a
ignorância é a mãe de todos os erros. Mas, se é perdoável a ignorância num
homem do povo, sem instrução, ela é inescusável em homens que pretendem ser os
guias dos seus irmãos, os pastores do rebanho; neles a ignorância é um crime,
uma perfídia.
Se, pelo menos,
estudassem e examinassem a história, os fatos e as escrituras, para neles
enxergarem o que brilha com tamanho fulgor: a verdade única anunciada e
figurada no antigo testamento, exposta e provada pelos evangelhos e pelas
epístolas... Mas não; limitam-se em resumir toda a sua crença em duas dúzias
de objeções ridículas e mil vezes pulverizadas, contra a Igreja Católica,
copiando dos outros uma lenga-lenga bolorenta de calúnias, e não se dando ao
trabalho de examinar o valor, o fundado, a falsidade ou ridículo destas
mentiras.
Atacar a crença dos
outros não é provar a autenticidade da sua própria crença.
Por que os tais
pastores, em vez de formularem objeções, não provam a legitimidade do
protestantismo?
Em vez de atacarem a
doutrina católica, que é a do Evangelho, por que eles não demonstram e provam
que o protestantismo é a
religião verdadeira, — que Lutero fora enviado por Deus para reformar a
religião — que a bíblia é o Deus do mundo, que cada um pode interpretar como
entender — que tais pastores são ministros legítimos do Cristo — que as mil
seitas protestantes são todas religiões verdadeiras, etc.?
Eis os fatos que eles
deviam estabelecer, sobre a bíblia.
Nas seguintes teses,
não somente responderei às objeções atiradas aos católicos, mas estabelecerei a
verdadeiras, para que, pelo confronto, brilhe a plena luz inteira, a luz
verdadeira, que deve iluminar todo homem que vem e
vive neste mundo (Jo 1, 9).
Tenham os
protestantes sinceros a coragem de ler estas respostas e eles serão obrigados a
tirar uma conclusão que eu deixo ao alvitre deles, porque será ditada pela sua
consciência.
Quanto aos católicos,
eles encontrarão nestas discussões a exposição sucinta e clara da sua fé, ao
mesmo tempo uma arma para refutar as calúnias que lhes são atiradas e responder
às objeções que costumam formular os inimigos da nossa santa religião.
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