Nota do blogue: Acompanhe esse Especial AQUI.
Luz nas trevas: respostas irrefutáveis às objeções protestantes
por Pe. Júlio Maria
por Pe. Júlio Maria
Livro de 1955 - 224 pag.
Editora VOZES
Petrópolis
Editora VOZES
Petrópolis
CAPÍTULO V
A CONTRADIÇÃO
DOS PROTESTANTES PROTESTANDO
Como
provei nos capítulos precedentes, um protestante é um homem que protesta.
Ora,
pelo próprio princípio de sua crença, este homem não tem o direito de
protestar; pelo seu protesto ele condena a si próprio.
Parece um paradoxo,
uma contradição nos termos e no fato. Assim é a realidade; porém o protestante,
sendo sempre um ignorante em matéria religiosa, não nota a contradição
flagrante entre os princípios básicos de sua crença e os protestos com que
destrói estes princípios.
Escutem
bem isso, caros protestantes. Em que consiste o princípio fundamental do vosso
protestantismo? Talvez nunca pensaram nisso seriamente. Pois bem, ei-lo: O
protestantismo consiste em admitir só as verdades contidas na bíblia.
I. Só a bíblia
A bíblia,
só a bíblia... é o grito dos filhos de Lutero.
Onde
encontraram eles na bíblia, esta passagem: “só a bíblia"? até hoje eu não a
encontrei, nem a encontrarei jamais, porque lá não figura.
É já uma
contradição! A bíblia diz claramente que Jesus Cristo fundou sua Igreja sobre
Pedro (Mt. 16, 18), diz que estaria com ele até ao fim do mundo (Mt. 28, 13-20),
que lhe dava as chaves do reino do céu (Mt. 16, 19) que esta Igreja seria coluna
e fundamento da verdade (1 Tim. 3, 15), que é preciso escutar esta Igreja sob
pena de ser tratado como um pagão (Mt. 18, 17). Diz ainda: Cristo mandou os
apóstolos pregarem o evangelho, e nem fala da bíblia, nem de espalhar bíblias
(Mc. 16, 20).
Eis o que
encontro na bíblia, mas em parte nenhuma se me depara esta regra de Fé: “só a
bíblia”.
Encontro
sim, esta passagem: Examinai as escrituras (Jo. 5, 39), a qual Cristo cita
contra seus adversários para provar a divindade de sua missão, —porém isso nem
é um conselho, mas sim uma prova de ser ele o Messias predito e anunciado.
Jesus
Cristo anunciou de viva voz, não escreveu uma só linha.
A Igreja,
depois de fundada, propagou-se em toda parte, e não havia ainda um único livro
do novo testamento...
Só a
bíblia, dizem os protestantes, tudo deve apoiar-se sobre a bíblia!
Mas por
que então Cristo não deu esta bíblia? Por que ele não disse aos apóstolos:
Sentai-vos e escrevei, ou viajai e distribuí bíblias; em vez de: Ide e pregai — quem vos ouve, ouve a mim (Lc. 10, 16).
E os
apóstolos foram fiéis à sua missão; poucos escreveram, e escreveram pouco; mas
todos pregaram, e muito.
Eis como
cai no chão o primeiro princípio protestante, só a bíblia. Isso é invenção de
Lutero; e não figura na Bíblia.
II. O livre exame
O segundo
princípio fundamental do protestantismo é o livre exame. Isto quer dizer que
cada um tendo uma bíblia, não precisa de explicação de ninguém, ele mesmo pode
e deve interpretar a bíblia à sua vontade, e tirar dela os artigos de fé, que
bem lhe apareça.
Aqui a
contradição é fenomenal... e chega às raias do absurdo.
Escutem.
Cada um deve interpretar a bíblia... isso é essencial, porque cada um é
inspirado pelo Divino. Mas se basta a bíblia que cada um deve compreender — abaixo oradores, pastores, predicantes, cuja função é explicar a bíblia.
Se, para
chegar ao céu, basta a bíblia, por que tais pastores vão meter o bedelho nas
frases que cada um deve decifrar? Por que as casas de culto... desde que há uma
bíblia em casa?
Se eu
fosse protestante, não quereria casa de culto, nem suportaria pastores. Munido
da minha cara bíblia, fechava-me no quarto, e pôr-me-ia a ler os passos que
mais me agradassem. Isso, sim, seria seguir os conselhos do papai Lutero, que
disse: “todo cristão é para si mesmo a Igreja nas coisas relativas a fé”.
Como é,
meus caros pastores protestantes, que vós teimais em pregar, ensinar, catequizar,
contra a vontade expressa do vosso fundador e pai? O que vos compete é
distribuir bíblias... só bíblias.
E devem
ser bíblias sem a mínima explicação, nem verbal, nem escrita, senão perturbais
a inspiração pessoal divina.
De duas
uma: ou a bíblia é suficiente ou não o é. Se o é: então abaixo os pastores, com
seus comentários e explicações! Se não o é: — Então cai o grande princípio
protestante da interpretação individual.
III. Vosso e nosso direito
Uma
contradição mais flagrante ainda se apresenta: se cada qual é inspirado pelo
Espírito Santo, como é que o protestantismo está dividido em centenas, até
milhares de seitas, que professam doutrinas contrárias, e fazem-se guerra
mutuamente?
O Espírito
Santo está em contradição consigo mesmo? Ou o Espírito Santo é um ignorante...
ou os pastores protestantes o são... ou Deus mente, ou os pastores mentem.
Resolvam, caros protestantes.
Agora
temos uma conclusão muito importante. Vós dizeis que cada um pode
individualmente interpretar a bíblia; nós também temo-la, com a vantagem de que
a nossa é completa e a vossa truncada, faltando-lhe livros inteiros.
Vós
interpretais a vossa bíblia, dizendo que é o vosso direito. Nós interpretamos a
nossa; é também nosso direito. Vós escutais os vossos pastores e as explicações
verbais e escritas que eles dão da bíblia.
Nós
escutamos os nossos sacerdotes, os nossos bispos, o papa de Roma, que explicam
também a bíblia: creio ser o nosso direito.
Não podeis
negar, pois os nossos padres, bispos, teólogos e papa, bem valem, pela virtude
e pela ciência, pela experiência e pela sinceridade, os vossos pastores, que
provam ser hipócritas, exploradores, tratantes; são pastores só para melhorar e
cavar a vida e arrancar dinheiro das pobres vítimas que se deixam iludir por
eles. Mas então dizei-me, por que o vosso fanatismo, a vossa propaganda, vossas
calúnias contra a Igreja católica?... Por que, ó protestantes?...
Nós
interpretamos a bíblia. É o nosso direito, nossa interpretação não concorda com
a vossa, como a vossa não concorda com o protestante vizinho...
Que tendes
vós com isso? Cada um interpreta como entender! É o livre exame. Vós seguis os
vossos pastores boçais, interessados.
Nós
seguimos a nossa Igreja católica, infalível, construída sobre o rochedo de São
Pedro. Creio que temos este direito.
Então, por
que protestais, ó protestantes? Por quê? Protestando contra a interpretação dos
outros, fazeis ruir o fundamento do vosso protestantismo, que consiste na
liberdade de interpretar a bíblia.
Tudo isso
é contradição... sois divididos contra vós mesmos... A verdade é uma e
indivisível. — Estais, pois, no erro, e o vosso protestantismo não passa de uma
mania ignorante ou perversa.
A palavra
do Mestre é clara: Todo reino dividido contra si mesmo será devastado; e toda
cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá (Mt. 12, 25).
Pobres
protestantes, deponde os preconceitos e refleti um instante. A verdade vos
condena pelos vossos próprios lábios: Condemnabit te os tuum et non ego (Job
15, 6).
Protestais,
e não tendes o direito de protestar; sois protestantes, e não o podeis ser; o
vosso próprio protestantismo vos condena.
Como é
isso, então? Só Satanás é capaz de ver bem claro num tal tinteiro! Contradição!!
Só contradições!!
Ora, Deus
não pode estar com a contradição, que é mentira. O que prova que Deus não está
convosco, meus caros e infelizes protestantes.
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