DESTAQUE
Também
eu, como outros autores, em 2006 publiquei um livro, “O quarto segredo de
Fátima”, onde mostrava que faltava a parte, escrita e enviada depois, com as
palavras de Nossa Senhora, que explicavam a mesma visão.
O
volume que sai agora — publicação
oficial do Carmelo de Coimbra, onde viveu e morreu (em 2005) a Irmã Lúcia dos
Santos, a última vidente. Intitula-se “Um caminho sob o olhar de Maria” e é uma
biografia da Ir. Lúcia, escrita por suas co-irmãs, com preciosos documentos
inéditos da própria vidente —, de fato, é escrito a partir das cartas
da Irmã Lúcia e do Diário inédito, intitulado “O meu caminho”. Impressionante,
entre os episódios inéditos, é a narração de como a Irmã Lúcia superou o terror
que lhe impedia de escrever o Terceiro Segredo.
A ponta
da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece:
montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. O
mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam
consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar, é a
purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. O ódio, a ambição,
provocam a guerra destruidora! Depois senti no palpitar acelerado do coração e
no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só
Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica. Na eternidade, o Céu! Esta
palavra Céu encheu a minha alma de paz e felicidade, de tal forma que quase sem
me dar conta, fiquei repetindo por muito tempo: – O Céu! O Céu!”.
Assim
lhe foi dada a força para que escrevesse o Terceiro Segredo.
O
inédito (que acabei de citar) é um documento muito interessante, no qual os que
se dedicam a este tema encontram facilmente a confirmação para a reconstrução
histórica pela qual o Terceiro Segredo está composto de duas partes: uma, a
visão, foi escrita e enviada antes, enquanto a outra – aquela que nas palavras
de Nossa Senhora é o “significado” da própria visão – foi escrita e enviada
sucessivamente.
É o
famoso e misterioso “anexo” ao qual se referia Capovilla. É o texto ainda não
publicado, onde presumivelmente está a parte que mais assustava a Irmã Lúcia. A
mesma parte que assustou João XXIII (e, antes dele, Pio XII) e que Roncalli
decidiu não publicar porque – como advertia – poderia ser apenas um pensamento
da Irmã Lúcia e não ter origem sobrenatural [SIC! SIC! SIC!].
*** * ***
Apareceu uma novidade no suspense acerca do
“terceiro segredo de Fátima”, uma profecia que atravessa todo o século XX e
parece apontar para a sua realização final.
A novidade está numa publicação oficial do
Carmelo de Coimbra, onde viveu e morreu (em 2005) a Irmã Lúcia dos Santos, a
última vidente. Intitula-se “Um caminho sob o olhar de Maria” e é uma biografia
da Ir. Lúcia, escrita por suas co-irmãs, com preciosos documentos inéditos da
própria vidente.
Antes de vê-los, precisamos recordar bem a
história de Fátima.
A HISTÓRIA DE UM SÉCULO
No inflamar-se da Grande Guerra, em 13 de maio de
1917, Nossa Senhora apareceu, no vilarejo português, a três pastorinhos.
Os jornais laicos zombavam dos “ingênuos”,
desafiando a Virgem a dar um sinal público de sua presença. Ela anuncia às três
crianças que dará um sinal e, na última aparição, em 13 de outubro, 70 mil
pessoas vindas à Cova da Iria assistem aterrorizadas o dançar do sol no céu. Um
fenômeno que no dia seguinte seria noticiado pelos jornais (também pelos
anticlericais).
Na aparição de 13 de julho, Nossa Senhora tinha
confiado às crianças uma mensagem para todo o mundo. Era a grande profecia
sobre as décadas vindouras, se a humanidade não voltasse para Deus.
Efetivamente, tudo se cumpriu: a revolução
bolchevique na Rússia, a difusão do comunismo no mundo, as sanguinárias
perseguições contra a Igreja e, enfim, a segunda trágica guerra mundial.
Além disso, havia uma terceira parte daquele
segredo que se deveria revelar – disse Nossa Senhora – em 1960. Chegando aquela data,
João XXIII resolveu deixá-la sob segredo, porque o seu conteúdo era terrível.
Provocou, assim, uma série de hipóteses. No ano
2000, João Paulo II tornou público o texto do terceiro segredo que contém a
famosa visão do “bispo vestido de branco”, com o Papa que atravessa uma cidade
destruída e tantos cadáveres, e depois o martírio do Santo Padre, dos bispos,
padres e fiéis.
Por muitos elementos, podia-se intuir que não
continha tudo. Também eu, como outros autores, em 2006 publiquei um livro, “O
quarto segredo de Fátima”, onde mostrava que faltava a parte, escrita e enviada
depois, com as palavras de Nossa Senhora, que explicavam a mesma visão.
O próprio secretário de João XXIII, Mons.
Capovilla, que tinha vivido tudo em primeira pessoa, numa conversa com
SolideoPaolini, acenou para a existência de um misterioso “anexo”.
Pela parte eclesiástica, desmentiu-se que exista
e que houvesse profecias relativas aos tempos hodiernos.
RATZINGER 2010
Mas uma clamorosa confirmação implícita veio do
próprio Bento XVI, que, durante uma improvisada peregrinação a Fátima, em 13 de
maio de 2010, afirmou: “Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de
Fátima esteja concluída”.
Acrescentou: “estão indicadas realidades que
dizem respeito ao futuro da Igreja, que pouco a pouco se desenvolvem e se
revelam… e, portanto, são sofrimentos da Igreja que se anunciam”.
Mas quais profecias poderiam ser encontradas
naquele texto?
Estas duas frases do Papa, pronunciadas naquele
discurso em Fátima, nos fazem refletir: “O homem pôde desencadear um ciclo de
morte e de terror, mas não consegue interrompê-lo”. E depois: “A fé em amplas
regiões da terra corre o risco de apagar-se como uma chama que não é mais
alimentada”.
As palavras de Papa Bento nos fazem intuir que
haja, portanto, algo a mais no Terceiro Segredo, e é dramático para o mundo e
para a Igreja. Talvez seja devido àquela visita do Papa a publicação deste
livro, que deixa escapar outro pedaço da verdade.
O volume, de fato, é escrito a partir das cartas
da Irmã Lúcia e do Diário inédito, intitulado “O meu caminho”. Impressionante,
entre os episódios inéditos, é a narração de como a Irmã Lúcia superou o terror
que lhe impedia de escrever o Terceiro Segredo.
O INÉDITO
Por volta das 16h do dia 3 de janeiro de 1944, na
capela do convento, diante do sacrário, Lúcia pediu a Jesus que lhe fizesse
conhecer a Sua vontade: “senti então, que uma mão amiga, carinhosa e maternal
me toca no ombro”.
É “a Mãe do Céu” que lhe diz: “Está em paz e
escreve o que te mandam, não, porém, o que te é dado entender do seu
significado”, querendo aludir ao significado da visão que a própria Virgem lhe
tinha revelado.
Logo depois – diz a Irmã Lúcia – “senti o
espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N’Ele vi e ouvi, – A ponta
da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece:
montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. O
mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam
consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar, é a
purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. O ódio, a ambição provocam
a guerra destruidora! Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu
espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo,
uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica. Na eternidade, o Céu! Esta palavra
Céu encheu a minha alma de paz e felicidade, de tal forma que quase sem me dar
conta, fiquei repetindo por muito tempo: – O Céu! O Céu!”.
Assim lhe foi dada a força para que escrevesse o
Terceiro Segredo.
O inédito que acabei de citar é um documento
muito interessante, no qual os que se dedicam a este tema encontram facilmente
a confirmação para a reconstrução histórica pela qual o Terceiro Segredo está
composto de duas partes: uma, a visão, foi escrita e enviada antes, enquanto a
outra – aquela que nas palavras de Nossa Senhora é o “significado” da própria
visão – foi escrita e enviada sucessivamente.
É o famoso e misterioso “anexo” ao qual se
referia Capovilla. É o texto ainda não publicado, onde presumivelmente está a
parte que mais assustava a Irmã Lúcia. A mesma parte que assustou João XXIII
(e, antes dele, Pio XII) e que Roncalli decidiu não publicar porque – como
advertia – poderia ser apenas um pensamento da Irmã Lúcia e não ter origem
sobrenatural.
É uma parte tão explosiva que ainda se continua
oficialmente a negar sua existência. E a abertura de Bento XVI em 2010, que
levou também à publicação deste volume, hoje fechou-se novamente.
QUEM CALA…
Prova disso é o que aconteceu com Solideo Paolini,
o maior estudioso italiano de Fátima, que, vendo as páginas deste livro que lhe
enviei, escreveu ao Carmelo de Coimbra, pedindo para poder consultar as duas
obras inéditas, mencionadas no volume, considerando que ali existissem mais
detalhes sobre a parte em segredo.
A carta chegou ao destino (testifica-o o recibo),
mas não teve resposta. Então, Paolini escreveu de novo, entrando no mérito da
questão e perguntando se a Irmã Lúcia tinha alguma vez esclarecido o
“significado da visão” que do Alto lhe tinha sido dado compreender, e que,
naquele dia 3 de janeiro, evitou anotar, sob sugestão de Nossa Senhora: “nas
obras que lhe pedi para consultar há alguma referencia a ‘algo a mais’,
relativo ao Segredo de Fátima, que ainda hoje seja textualmente inédito?”.
A carta chegou em 6 de junho. Mas também esta não
teve resposta. E, do mesmo modo, seria simples responder que “não”.
Evidentemente, a resposta era “sim”, mas não pode ser dada, porque seria
explosiva. Deste modo, calam.
Entretanto, a visão que acabo de citar remete a
dois elementos que presumivelmente estariam contidos no texto inédito do
Segredo: a profecia de uma terrível catástrofe para o mundo e uma grande
apostasia e crise da Igreja. Uma prova apocalíptica, em cujo término – Nossa
Senhora em pessoa o disse, em Fátima – “o meu Imaculado Coração triunfará”.
Bento XVI fez referência a este esperado
“triunfo” em 2010: “Possam estes sete anos que nos separam do centenário das
Aparições (2017) apressar o prenunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria,
para a glória da Santíssima Trindade”.
Significa que hoje, em 2014, já entramos na prova
assustadora? De fato, se lermos os jornais…
Antonio Socci
Em “Libero”, 17 de agosto de 2014