O processo se assemelha em
tudo ao da Revolução da Sorbonne de 1968, espécie de ensaio geral para essa
revolução que agora pretende ser mais universal do que aquela. Lá também
ninguém visava à derrubada do poder, pois é o próprio poder que eles odeiam;
tudo era feito de forma a parecer que a revolução brotava espontaneamente dos
estudantes e operários, inclusive até mesmo as frases e manifestações escritas
eram as mais rústicas possíveis (apenas pichações, sem manifestos escritos ou
de pasquins) para dar a ideia de que aquilo não provinha de uma preparação
prévia feita por um grupo revolucionário organizado. É como se o "crime
organizado" passasse a dar a entender à população que os assaltos são
espontâneos e não feitos por grupos organizados. Seria possível?
Raphael de la Trinité
*** * ***
A espontaneidade está produzindo um dos maiores
“milagres” da História. Em primeiro lugar, produziu o milagre da “geração
espontânea” do Universo, hoje um dogma evolucionista sempre presente não só
entre pseudo-cientistas mas na cabeça de muitos leigos e da quase unanimidade
da mídia. Ora, se o universo surgiu por “geração espontânea”, por que não
também as revoluções?
E foi assim que, segundo essa mentalidade, o Protestantismo, a Revolução
Francesa e o Comunismo brotaram espontaneamente do chão e produziram essa
monstruosa Revolução que hoje campeia pelo mundo moderno. Foi dessa forma
também que brotou a revolução da Sorbonne de 1968, uma das mais “espontâneas”
de toda a História, aliás a que mais se caracterizou por uma suposta
espontaneidade. É uma qualidade que daria crédito e autenticidade ao movimento.
Vem agora a revolução dos “indignados” (ou dos indignos), produzida e gerada
“espontaneamente” em vários países do mundo. “Esponaneamente” brotou ela em
solo árabe (fruto das “redes sociais” da internet, segundo dizem) e de lá foi
transplantada sua semente para a Europa, Estados Unidos e o resto do mundo.
Entre os árabes produziu quedas de governos, mas não tinha como objetivo
visível colocar um sucessor à altura das aspirações populares. A palavra mágica
era “democracia” , coisa que aqueles povos só poderão saber o que seja daqui a
alguns séculos, mas algo tão vago que ninguém sabe o que vem surgindo após as
quedas de odiosas ditaduras.
No resto mundo é diferente. Sempre com o caráter de “espontaneidade”, marcam
uma data para se iniciar uma simples marcha de protestos e, coincidentemente, a
“espontaneidade” registra também hora, data, local do encontro, e até mesmo
algumas características que as manifestações devem ter, como, por exemplo, ser
composta de “jovens”, de estudantes, de operários, etc., etc.
É tão bela e admirativa essa “espontaneidade” que a revista “Veja” a elogia,
numa de suas últimas edições em que propaga a manifestação dos “indignados”
brasileiros contra a corrupção, um tema muito fácil de atrair multidões para
uma praça. A revista só não explica como é que, “espontaneamente”, a
manifestação teve fórum de debates na internet, local, data e hora para ser
feita, além de se caracterizar unicamente como um movimento apolítico (quer
dizer, sem partido) e dirigido contra os corruptos. E, depois, teve a mídia que
“espontaneamente” vai lhe colocando no foco dos acontecimentos. É muita
“espontaneidade” para um movimento tão bem organizado e de caráter universal...
Alguns dos anarquistas, aqueles mesmos que vivem num mundo virtual à procura de
algo para sair de seu “autismo consentido” para o mundo real, o qual eles
odeiam porque não o suportam, se aproveitam para “espontaneamente” botar fogo
em tudo, queimar veículos, depredar lojas, jogar pedras na polícia, e aí
ameaçam estragar o movimento. Que deve ser espontâneo, mas não deve assustar.
O processo se assemelha em tudo ao da Revolução da Sorbonne de 1968, espécie de
ensaio geral para essa revolução que agora pretende ser mais universal do que
aquela. Lá também ninguém visava à derrubada do poder, pois é o próprio poder
que eles odeiam; tudo era feito de forma a parecer que a revolução brotava
espontaneamente dos estudantes e operários, inclusive até mesmo as frases e
manifestações escritas eram as mais rústicas possíveis (apenas pichações, sem
manifestos escritos ou de pasquins) para dar a ideia de que aquilo não provinha
de uma preparação prévia feita por um grupo revolucionário organizado. É como
se o "crime organizado" passasse a dar a entender à população que os
assaltos são espontâneos e não feitos por grupos organizados. Seria possível?
Para quem analisa as coisas friamente, não parece que essa revolução dos
“indignados” se assemelha em tudo ao a da Sorbonne, em Paris, de maio de 1968?
Os “excessos”, dizem, não fazem parte dessa impressionante “espontaneidade”,
pois em geral são cometidos por grupos isolados e radicais. Mas o que vemos é
que os excessos são tão comuns, que parecem até ser espontâneos, agora de
verdade. Vejam o que vem ocorrendo nos Estados Unidos e na Europa, em
particular na Itália. Lá também houve excessos, como o divulgado pelo jornal
Corriere de la Sera, em que um grupo de anarquistas quebra uma estátua da
Madonna, Nossa Senhora de Lourdes. O jornal fala em “a guerrilha de 15 de
outubro”, porque na verdade houve uma espécie de guerrilha dos manifestantes
contra a polícia. O responsável pela blasfêmia foi um grupo anarquista
denominado “black bloc”, em tudo semelhante aos demais, até mesmo na
“espontaneidade” com que se organizaram, saíram juntos para a rua e fizeram sua
parte.
A imagem, de gesso, era venerada no salão paroquial de São Marcelino e São
Pedro, cujo pároco, o padre Pino Ciucci, disse que a aquela ação foi pior do
que a dos fascistas. Para atuar, o grupo “black bloc”, com o rosto coberto com
gorros de lã preta, capacetes e paus negros, invadiu o salão paroquial em meio
às manifestações dos “indignados” que ocorriam nas imediações, deixando
“espontaneamente” o local para que se diga depois que o vandalismo também é uma
ação “indignada” do povo contra a Religião. No final, via-se a imagem de Nossa
Senhora de Lourdes totalmente despedaçada na calçada, objeto de fotógrafos,
curiosos e passantes... Um crucifixo também foi profanado...
O arcebispo de Milão, Angelo Scola, logo se manifestou sobre o crime,
considerando-o muito grave. O prelado previu coisas mais graves perante o
fanatismo das turbas que se manifestam em Roma.
Explosão revolucionária na Europa em
2011
Não há semelhança com a de maio-68, na Sorbonne?
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