Mais atual do que nunca...
Foi mostrado por Vespa o texto manuscrito da Irmã Lúcia (reproduzido na parte de fora de dois envelopes), que dizia: “Por ordem expressa de Nossa Senhora este envelope pode ser aberto em 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria”.
Em várias outras ocasiões, a Irmã Lúcia afirmou que aquela data fora indicada pela Virgem. Contudo, ficamos sabendo agora (graças a Vespa), sem sombra de dúvida, que essas palavras haviam sido escritas sobre o envelope por ordem de Nossa Senhora. Ora, isso é o oposto do que assevera o Cardeal Bertone, que expressamente atribuiu à Irmã Lúcia a escolha daquela data.
[A pergunta é imediata]: se partiu de Nossa Senhora a indicação da data, por que estipulou com exatidão o ano de 1960? A qual acontecimento, relacionado com a história da Igreja, sucedido na década de 1960, Nossa Senhora teria feito alusão (ainda que indireta)?
No início da década de 1960, o Papa Roncalli [João XXIII] convocara o Concílio Vaticano II. Por isso, não seria nada surpreendente — conforme dizem os especialistas em Fátima — se o Segredo contivesse a profecia acerca de uma terrível apostasia após o Concilio (apostasia que inegavelmente aconteceu e continua em curso). Aí está o motivo pelo qual Roncalli, apavorado, tornou tudo secreto.
A Igreja não é uma espécie de quadrilha de malfeitores, onde se impõe a lei do silêncio [omertà].
*** * ***
[O programa] ‘PORTA A PORTA’ [da
RAI UNO] ‘FACILITOU’ TANTO, COMO SE FOSSE FAZER GOL SEM GOLEIRO... MESMO ASSIM,
BERTONE MARCOU GOL CONTRA…
Antonio Socci - http://www.antoniosocci.it/Socci/index.cfm
O verdadeiro golpe de misericórdia no Vaticano, quinta feira à noite,
não foi dado por Michele Santoro (com a partida, afinal de contas,
“empatada” sobre os padres pedófilos), mas foi dado por Bruno Vespa, que
colocou no ar o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcísio Bertone.
Este, de fato,fez o mais clamoroso gol
contra: demonstrou(involuntariamente) haver uma parte explosiva no Terceiro Segredode Fátima, ainda que
bem escondida. Isto simé bem embaraçoso para o Transtevere [para o Vaticano]...
Por tal serviço prestado à verdade (indiretamente, é claro), cumpre agradecer
ao Cardeal Bertone. E encorajá-lo agora a dizer tudo, porque – como diz o
Evangelho – “a verdade vos fará livres”.
(De tudo quanto foi
antecipado pela Irmã Lúcia, por exemplo, ao Padre Fuentes, se deduz
que o “Quarto Segredo” contém exatamente a advertência profética feita por
Nossa Senhora sobre a apostasia na Igreja, incluindo nela a terrível crise do
clero que se seguiu ao Concílio e, portanto, também os escândalos, dos quais
hoje se fala, como o dos “padres
pedófilos”).
Resumimos os fatos antecedentes.
Em Novembro passado, saiu o meu livro “O quarto segredo de Fátima”,
no qual demonstro que há uma parte do famoso “Terceiro Segredo” que
o Vaticano não publicou.
Em Maio, o Secretário de Estado do Vaticano [Cardeal Bertone]
publicou um panfleto contra mim, contendo alguns insultos, mas
nenhuma resposta. E, ademais, acrescentando
novas contradições (que coloquei em evidência nestas colunas, em 12
de maio último).
Quinta Feira à noite, foi ao ar [na TV RAI UNO] uma mesa-redonda do “Porta a porta”, intitulada: “Não
existe o quarto segredo de Fátima”.
O titulo visa a meu livro como alvo direto.
Admissível conceber uma mesa redonda “imparcial”, se o
assunto é apresentado, desde logo, como “tese [comprovada]”? [O locutor] Vespa talvez tenha pretendido dar a Santoro uma lição
de objetividade e de imparcialidade. Enquanto no programa de Santoro estavam
presentes os dois lados, Vespa chamou a seu programa apenas o Cardeal Bertone
e não trouxe à baila o abaixo-assinado, que, embora sendo o “alvo” central
da transmissão, não foi levado em consideração, nem apresentado ao público. Com
relação a mim, apresentaram apenas cenas de um filme ilustrando algumas das
teses de meu livro. Desse modo, foi oferecida, em bandeja de prata, ao
Cardeal Bertone, a possibilidade de me atacar sem nenhum
contraditório. Mas o Cardeal evitou os tons que usara em seu livro
(pelo que lhe sou grato) e, sobretudo, evitou responder a qualquer contestação
minha — sequer deu uma resposta a meus argumentos.
Entretanto, preferiu ir além: ofereceu a prova de que tenho
razão.
De fato, a certo ponto de sua exposição, o Prelado mostrou os
envelopes que foram abertos no ano 2000, quando foi revelada a parte do
Terceiro Segredo contendo a visão do “Bispo vestido de branco”.
Pois bem, sobre esses envelopes faltava
uma coisa que absolutamente não poderia faltar: uma frase do Papa João
[XXIII]. De fato, Monsenhor Capovilla, secretário de João
XXIII, em duas entrevistas — a OraziolaRocca (Repubblica, 26.6.2000) e
a Marco Tosatti (no livro “O segredo Não Revelado”) — relatou que,
em 1959, quando o Papa Roncalli leu o Terceiro Segredo e decidiu mantê-lo
secreto, disse ao mesmo Capovilla que “fechasse o envelope”, escrevendo
sobre o mesmo: “não emito nenhuma opinião a respeito”, porque a mensagem “pode
tanto pode ser uma manifestação do divino como pode não ser”.
Agora, a pergunta: onde está a frase que João XXIII mandou escrever no
envelope? Não estando no envelope exibido, só
pode estarnoutro envelope. Naquele
que o Cardeal apresentou às câmeras, positivamente não está.
Depreende-se, pois, com toda evidência, que só pode estar escrito sobre
o envelope que contém o “Quarto Segredo”, cuja existência foi clamorosamente
confirmada (pela primeira vez)justamente por Monsenhor Capovilla a
SolideoPaolini, como relato em meu livro. Bertone não deu nenhuma
explicação sobre a ausência daquela frase, e não respondeu à revelação de
Monsenhor Capovilla acerca disso.
Ademais, a
dúvida de Roncalli sobre a origem sobrenatural daquela mensagem não podia
referir-se ao texto da visão revelada no ano 2000, já que essa visão nada contém de “delicado”. Logo, somente
poderia fazer alusão ao “quarto segredo”, que
(segundo revelaram os Cardeais Ottaviani e Ciappi) falavam da apostasia e da
traição das altas hierarquias eclesiásticas.
Aquele “quarto segredo” do qual João Paulo II, disse,
em 1982, que “não o publicaria porque podia ser mal interpretado”[SIC!]. Aquele “quarto segredo” do qual
Ratzinger, em 1996, disse que, naquele momento, certos “detalhes” podiam
prejudicar a fé[SIC!]. Aquele
“quarto segredo” do qual o secretário do Papa Wojtyla disse a Marco Politi (que
o relatou no programa de Vespa): “é preciso ter prudência para compreender o
que diz Irmã Lúcia e o que diz Nossa Senhora”.[SIC!].
Mas o Cardeal Bertone, em “Porta a porta”, involuntariamente forneceu
outra prova, ainda mais clamorosa, de que o “quarto segredo” existe
realmente.
De fato, ele deu as medidas do envelope que contém o texto da visão:
“9 centímetros por 14”. O Prelado evidentemente
ignorava que desde 1982 é conservado no Arquivo do Santuário de Fátima um
documento de Monsenhor Venâncio, o qual levou pessoalmente o envelope com o
“quarto segredo” à Nunciatura, para enviá-lo a Roma. Monsenhor
Venâncio transcreveu as medidas exatas do envelope de Irmã Lúcia, que eram
de 12 centímetros por 18. Portanto, pelos dados oficiais,conclui-se
que aquele era outro envelope.
Ali estava contido o papel do
“quarto segredo”, que era constituído por “uma só página” com
“25 linhas escritas”, como testemunhou o Cardeal Ottaviani,
e não por 4páginas com 62 linhas, como é o texto da visão mostrado pelo Cardeal
Bertone, o qual, embaraçado, não soube o que responder
a Vespa, quando este lhe recordou as palavras de Ottaviani.
Foi mostrado por Vespa o texto manuscrito da Irmã Lúcia (reproduzido
na parte de fora dedois envelopes), que dizia: “Por ordem expressa de Nossa
Senhora este envelope pode ser aberto em 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo
Bispo de Leiria”.
Em várias outras ocasiões, a Irmã Lúcia afirmara que aquela data fora
indicada pela Virgem. Contudo, ficamos sabendo agora (graças a Vespa), preto no
branco, que essas palavras haviam sido escritas sobre o envelope por ordem de
Nossa Senhora. Ora, isso é o oposto do que assevera o Cardeal Bertone, que
expressamente atribuiu à própria Lúcia a escolha daquela data.
[A pergunta é imediata]: se partiu de Nossa Senhoraa indicação da
data, porque estipulou com exatidão o
ano de 1960? A que acontecimento, referente à história da Igreja, que ocorreria
na década de 1960, Nossa Senhora teria feito alusão (indireta)?
No início da década de 1960, o Papa Roncallifizera a convocação do
Concílio Vaticano II. Por isso, não seria nada surpreendente — conforme fazem
os especialistas em Fátima — se o Segredo contivesse a profecia a respeito de
uma terrível apostasia que seguira ao Concílio (apostasia que
inegavelmente aconteceu e continua em curso). Aí está o motivo pelo
qual Roncalli, aterrorizado, tornou tudo secreto.
Quanto à frase da Virgem que sempre foi considerada o ”incipit”
do Terceiro Segredo (“Em Portugal, conservar-se-á sempre o dogma da fé,
etc..), importa assinalar que vai nessa mesma direção. Em horas
e horas de conversa, o Cardeal Bertone sempre evitou perguntar à Irmã
Lúcia se alguma vez ela teria escrito a sequência daquela frase [o que seria esse“ETC...”]. Ora, o
Purpurado furtou-se por inteiro de explicar o sentido do [enigmático]“ETC...”. Com efeito, seria concebível
que as palavras de Nossa Senhora se interrompessem com um ETCOETERA, após ter
dito umas poucas palavras?
Reportando-se àquela frase, o Cardeal Bertonesimplesmente a denomina de “certa anotação” de
Lúcia. Pretenderia assim
dar a entender que aquelas palavras de Nossa Senhora seriam, na verdade, uma
fantasia de Lúcia, como já insinuara Roncalli?
Se assim é, seria bom dizê-lo de
público, sem embaraços, como sucedeu com todas as mensagens dessa natureza(desde
1966, Paulo VI liberou essa “literatura”).
Por que continuar negando a
existência do segredo, ao sustentar uma versão que faz água por todos os lados,
expondo a Igreja a graves “ricatti” [formas
diversas de chantagem]?
O Cardinal Bertone vê-se obrigado a desenvolver uma tarefa dura e
ingrata. A cada dia vêm à luz fiapos de verdade que desmontam a sua
versão (Em “Porta a porta”, para não mencionar outras
particularidades, a história da reunião plenária do Santo Ofício, em 1960, bem
como o relato que diz respeito ao envelope da tradução, referente a 6 de Março
de 1967, o que não corresponde à versão
oficial).
No fundo, o Papa, na carta publicada por Bertone, abre o caminho para a
verdade, quando diz que no ano 2000 foram publicadas “as palavras
autênticas da terceira parte do segredo”. Afirmando isso,
subentende que existem palavras do segredo tidas como “não autênticas”.
Então, coragem; publicai tudo. “A verdade vos fará livres”.
Resposta a alguns leitores:
Houve quem – mesmo entre leitores e admiradores – se tenha escandalizado com minha investigação sobre o Terceiro Segredo de Fátima, bem como em razão dos artigos respondendo ao Cardeal Bertone. Ninguém contesta os fatos e os dados, mas me objetam que, dizendo tais verdades que descobri, prejudicarei a Igreja.
Respondi que me limito a fazer o meu trabalho de jornalista, segundo os
deveres indicados até mesmo pelo Compêndio da doutrina social
do Pontifício Conselho da Justiça e da paz, o qual afirma: “Para
quantos atuam por vários títulos no campo das comunicações sociais ressoa forte
e clara a advertência de São Paulo: ‘Por isso, banida a mentira, cada um de vós
diga a verdade ao próprio próximo’”.
Escrevo aquilo que me parece ser a verdade; se escrevesse o contrário, agiria contra a consciência e – como ensina Inocêncio III, citado no Catecismo Universal(n.1790) –“agir contra a consciência conduz à danação eterna”.
De outro lado,como explicou o Papa em Ratisbona, a pesquisa racional da verdade não é jamais contra Deus (Veja a Fides etRatio). Mais ainda, quando se trata de pesquisar as autênticas palavras da Santa Virgem, em Fátima! Enfim, o mesmo princípio vale como resposta àqueles que presumem dever ocultar a verdade para obter alguma forma de bem. Estes, sem dúvida, se acham em total dissonância com a verdadeira ortodoxia católica. Quem diz isso não sou eu.
Mais uma vez, é o
Catecismo Universal da Igreja Católica,
publicado por ordem de João Paulo II e do Cardeal Ratzinger. Eis as palavras: “Jamais
será permitido fazer o mal,a fim de obter algum bem”- 1789). Em suma, o
mandamento “não prestar falso testemunho” vale também para os Cardeais,
e não podem ser alegados motivos superiores para mentir…
Penso, de resto, que sempre será mais conveniente dizer a verdade. O Evangelho fala muito claro. Jesus diz: “A verdade vos fará livres”. Não diz: atenção, porque por vezes a verdade pode criar-vos problemas. Diz: a verdade vos fará livres (isto é também o sentido dos “mea-culpa” do Papa Wojtyla). Aquela passagem evangélica indica a belíssima liberdade dos filhos de Deus. A Igreja não é uma espécie de quadrilha de malfeitores, onde se impõe a lei do silêncio [omertà]. Ao contrário, éa casa dos filhos de Deus, a casa da liberdade e da verdade de Deus, e não precisa de nossa mentira, mas sim de nossa humilde escuta e do reconhecimento de nossas misérias (mesmo por parte dos eclesiásticos).
Aconselho a todos o memorável discurso do Cardeal Ratzinger sobre a
consciência e a liberdade dos cristãos,texto que se intitula “O brinde do
Cardeal”. Não por acaso, o Catecismo Universal (n. 1778) cita a belíssima frase
do Cardeal Newman, que diz: “A consciência é a primeira dos vigários de
Cristo”.
(Tradução e destaques de Raphael de
la Trinité)
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