DESTAQUE
MARX: as raças mais fortes (as revolucionárias) deveriam realizar sua tarefa, enquanto “a principal tarefa de todas as outras raças e povos, grandes e pequenos, é perecer no holocausto revolucionário”. — Karl Marx, “Die Neue Rheinische Zeitung”, janeiro de 1849, in “Journal of the history of ideas”, vol. 42, nº 1, 1981;www.churchinhistory.org/pages/booklets/roots%28n%29-2.htm
O movimento nazista adotou freneticamente
o evolucionismo e o eugenismo, e foi mais fidedigno à cartilha darwinista do
que o marxismo. Em 1933, ordenou a esterilização de nove tipos de “doentes”,
entre os quais os cegos, os alcoólatras e os esquizofrênicos! Calcula-se que
400.000 esterilizações foram praticadas pelo III Reich, na Alemanha e
territórios ocupados. Um decreto secreto de 1940 obrigava as mulheres
“inferiores” a abortar. O extermínio das “raças inferiores” e os esforços para
produzir o “ariano puro” – a “raça superior” – são bem conhecidos.
Darwin também é tido como um dos
fundadores do ecologismo, que exalta a vida tribal animalesca “integrada” numa
natureza em perpétua evolução.
Por certo, os atuais sequazes de Darwin
deblateram contra as monstruosas consequências que o nazismo tirou do
evolucionismo. Contudo, não é certo que manteriam essa linguagem caso o nazismo
tivesse ganhado a II Guerra Mundial... De fato, após a conflagração, o
eugenismo escorado no evolucionismo prosseguiu, e está no cerne das campanhas
contra a vida. Os pretextos continuam os mesmos: impedir que nasçam crianças
com defeitos graves, economicamente insustentáveis ou simplesmente
“indesejadas”.
Na trilha da utopia eugenista, a
engenharia genética promete produzir um “bebê perfeito”, sem defeitos nem
doenças. Mais ainda, ela tenta fabricar uma criança com coeficiente de
inteligência, olhos e qualidades ideais. Segundo o Dr. Jacques Testart, pioneiro
dos métodos de fecundação in vitro e defensor do
evolucionismo, essa tendência prepara a gestação em laboratório de uma “nova
humanidade”, e esse novo homem poderia ser chamado “homo geneticus”, que acabaria substituindo o “homo sapiens”,
fase atual e provisória do homem na cosmovisão evolucionista. O sonho da
“criança perfeita” a todo custo, segundo observa o jornalista científico Michel
Alberganti, leva a tentar produzir uma “vida inventada de cabo a rabo”. Então
a procriação será uma tarefa de laboratórios, e não mais de pais e mães. Nesse
dia a família sofrerá um golpe mortal, pois lhe terá sido tirada sua finalidade
primordial. A maternidade não existirá mais, e a Encarnação do Verbo parecerá
um procedimento de uma espécie superada. O que será do homem rompido tão
radicalmente com a Lei de Deus? A quem ele apelará na hora da angústia ou da
necessidade? As perspectivas são “aterrorizantes para alguns” e “fascinantes
para outros”, diz Alberganti.
O filósofo Jean-Michel Besnier,
professor da Sorbonne-Paris IV, explica que o “pós-humano” “começou com
a idéia de acabar com o determinismo dos nascimentos, pela aparição da pílula e
do bebê de proveta”, ele acrescenta nessa linha a procriação
assistida, a gestação em laboratório e a clonagem humana: “A utopia
pós-humana imagina o fim da história natural da humanidade, tal
como foi elaborada pela evolução. No fundo, essa utopia pretende [...] assumir
a função da natureza”. Besnier acrescenta ainda que “o
protótipo [do “pós-humano”] é o cyborg aparecido
nos anos 60, [...] organismos biomecânicos dotados de próteses, vivendo em
condições não-terrestres, adotados de faculdades novas que superam os limites
humanos. Cyborgs, novos seres, que não evoluirão mais segundo
as leis dos seres vivos”. Escritores saídos de laboratórios de
nanotecnologias, inteligência artificial e cibernética“se perguntam quais
criaturas inumanas vão nos suceder, e imaginam formas de vida radicalmente
inéditas” (17).
*** * ***
Por que muitos evolucionistas de
destaque insistem que a macroevolução é um fato? Richard Lewontin, um influente
evolucionista, escreveu candidamente que muitos cientistas estão dispostos a
aceitar afirmações científicas não comprovadas “porque já [assumiram] outro
compromisso, um compromisso com o materialismo”. Muitos cientistas se recusam
até mesmo a considerar a possibilidade de que exista um Projetista inteligente
porque, como escreve Lewontin, “não podemos permitir que a ciência abra a porta
à idéia de um Deus” (15).
Nesse respeito, o renomado sociólogo
americano Rodney Stark é citado na revista Scientific American como
tendo dito: “Há 200 anos se propaga a idéia de que, se você quer ser um
cientista, tem de manter a mente livre dos grilhões da religião”. Ele disse
ainda que nas universidades em que se faz pesquisa “os religiosos ficam de boca
fechada” (16). A pressão, a discriminação, e a perseguição de grupos
organizados no meio acadêmico contra aqueles que acreditam em Deus tem se
tornado uma prática terrorista. Existem grupos financiados por inimigos da
religião que são tremendamente fanáticos e fundamentalistas.
*** * ***
A Origem das Espécies
Charles Darwin (1809-1882) nasceu numa
abastada família inglesa. Estudou ciências naturais nas universidades de
Edimburgo e Cambridge. Ainda jovem, empreendeu uma viagem de quase cinco anos
em volta da Terra (1831-1836). Nela acumulou observações e amostras do reino
animal. De retorno à Inglaterra, guardou as anotações embaixo de uma escada. As
crianças da casa arrancavam as folhas para brincar.
Mais
de vinte anos depois, o naturalista Alfred Russel Wallace (1823-1913) mostrou a
Darwin o livro que ia publicar, com idéias próximas às dele. Darwin recuperou
então as velhas anotações, ordenou-as e publicou-as. Surgiu assim, há 150
anos, A Origem das Espécies.
Contrariamente à saga corrente, a
viagem não mudou a atitude de Darwin em face de Deus. Por exemplo, após entrar
numa floresta brasileira, escreveu: “Não era possível formar-se uma idéia
dos sentimentos de maravilhas, de admiração e de devoção que enchem e encantam
o espírito. Lembro-me bem de ter ficado convencido de que no homem há mais do
que o simples influxo do corpo” (1).
Darwin torna-se anticristão
Mas o Charles Darwin de A
Origem das Espécies mudara completamente em relação ao naturalista
expedicionário. Ele fora criado no protestantismo, tendo depois perdido
qualquer vestígio de fé entre 1836 e 1839. Tornou-se agnóstico e visceralmente
contrário ao cristianismo. Em sua Autobiografia, narra como se voltou contra o
Deus da Bíblia. Tal confissão de apostasia é tão chocante, que seus
descendentes impediram a divulgação. Ela só veio a lume numa edição de 1958,
onde afirma num trecho censurado; “De fato, dificilmente posso admitir
que alguém pretenda que o cristianismo seja verdadeiro; pois, se assim fosse,
as Escrituras indicam claramente que os homens que não creem – isto é, meu pai,
meu irmão e quase todos os meus melhores amigos – serão punidos eternamente. E
isto é uma doutrina condenável”.
Ele optou por um sentimentalismo
relativista e vago, que levou até as últimas consequências; implicou com a
lógica ordenada da moral evangélica, que tem na Igreja Católica sua autêntica
realização; repeliu os movimentos de alma ordenados que lhe inspiravam as cenas
grandiosas da natureza; pois percebeu “que estavam intimamente ligados
à crença em Deus”. Rompendo com sua admiração pela floresta
brasileira, explicou: “Hoje, as cenas mais grandiosas não produziriam
em mim nenhuma convicção nem sentimento daquele gênero”.
Anticristianismo e Evolucionismo
Darwin passou a confessar-se agnóstico
e a menosprezar acintosamente a Religião. Lê-se em sua Autobiografia:
“O Antigo Testamento é manifestante falso, a Torre de Babel, o arco-íris como
sinal, etc. Dado que ele atribui a Deus os sentimentos de um tirano
vingativo, não é mais digno de confiança que os livros sagrados dos
hindus ou as crenças de outros bárbaros. [...] Deixei de acreditar no
cristianismo enquanto revelação divina”.
Ele foi abandonando a idéia de um Deus
pessoal, e mesmo a existência de uma causa final na natureza: “O velho
argumento de uma finalidade na natureza, que outrora me parecia tão
concludente, caiu depois da descoberta da seleção natural. [...] Não acredito
que haja muito mais finalidade na variabilidade dos seres orgânicos e na ação
da seleção natural do que na direção em que sopra o vento”.
Homem e natureza se lhe afiguravam
então como meros subprodutos de uma cega fatalidade, que progride rumo ao
ignoto. O motor desse processo seriam transformações devidas a acidentes
fortuitos e à necessidade. As espécies resultantes, ou mais evoluídas,
exterminariam fatalmente as menos evoluídas, mais fracas e inferiores.
Darwin percebeu que, sem um princípio e
um fim, o homem ficaria escravo, como um bicho, ao capricho de sua fantasia e
de seus instintos: “Um homem que não tem uma crença bem sólida na
existência de um Deus pessoal, ou numa existência futura com retribuição e
recompensa, não pode ter outra regra de vida, segundo me parece, senão seguir
seus impulsos e seus instintos mais prementes, ou que ele acha os melhores”.
Esta conclusão, ele a enfeitou com sentimentos típicos do romantismo vitoriano
do século XIX.
Sua crise religiosa, que descambou para
a apostasia e para o anticristianismo, correu lado a lado com a explicação do
evolucionismo. Então, não é de espantar que o anticristianismo se encontre
entranhado no pensamento darwinista e de seus sucessores “neo-darwinistas”,
embora pretendam que se trate de meras doutrinas cientificas.
Bombardeou o conceito que o homem tem
de si próprio
Diz um dos corifeus darwinistas
hodiernos, o Professor Dominique Lecourt, da Universidade da Sorbonne-Paris
VII: “Darwin estava bem ciente de que tirava o homem do centro,
aproximava-o do animal, e entrava em conflito com a imagem de si próprio. [...]
Darwin [...] confessou à sua mulher, muito piedosa, que sua teoria não
concordava com o dogma cristão. Ele sabia que tinha fabricado
uma bomba” (2). De fato, suas teorias serviram para dinamitar a
visão racional da ordem do universo e sua procedência da criação.
Darwin também é tido como um dos
fundadores do ecologismo, que exalta a vida tribal animalesca “integrada” numa
natureza em perpétua evolução.
Interpretou o conhecido pelo
desconhecido
Alfred Russel Wallace e Darwin foram
co-inventores da teoria da seleção natural das espécies,
peça-chave do evolucionismo. Porém, Wallace manteve a crença numa inteligência
diretora que presidiria a luta evolutiva. A partir de 1862, descambou
para o espiritismo e o ocultismo. Porém, Darwin permaneceu no agnosticismo
naturalista materialista. Entretanto, sua linguagem recende a uma análoga
procura de explicação do conhecido pelo desconhecido, pelo oculto. No
livro A filiação do homem, ele imagina que o homem descende de
algum tipo de símio há tempos desaparecido; este, “provavelmente de um
marsupial arcaico”, e este ultimo, de uma ignota “criatura de tipo
anfíbio”, por sua vez derivada de um ainda mais inidentificável “animal
que se assemelha a um peixe”.
Quanto mais se aprofunda nas suposições
de fenômenos inverificáveis, tanto mais Darwin adota uma linguagem próxima à de
um adivinhador lendo numa bola de cristal. “Na obscuridade confusa
do passado, podemos ver que o primeiro ancestral de todos os
vertebrados deve ter sido um animal aquático dotado de brânquias, que possuía
os dois sexos reunidos no mesmo individuo, tendo os mais importantes órgãos do
corpo (como o cérebro e o coração) imperfeita ou nulamente desenvolvidos. Esse
animal parece ter-se assemelhado às larvas dos ascidiáceos marinhos
atuais” (3).
Cascata de conjeturas inverificáveis
Os discípulos de Darwin tentaram dar
embasamento científico a essa acumulação de “obscuridades confusas do
passado”, onde Darwin dizia ler com tanta facilidade. Eles até
acrescentaram que, na origem, houve uma célula que teria aparecido há quatro
bilhões de anos, batizada de LUCA (Last universal common ancestor, ou
derradeiro ancestral comum universal) (4). Mas de onde saiu LUCA? De
uma “competição darwiniana” entre células que se eliminaram
umas às outras, diz Patrick Forterre, da Sorbonna-Paris XI. E acrescenta que
LUCA ter-se-ia dotado de DNA ao ser fecundada por um vírus.
De onde saíram esse vírus, a pré-Luca e
outras células engajadas na “competição darwiniana”? Aqui entram mais duas
conjeturas dos discípulos. Segundo uma, um meteorito teria trazido as primeiras
moléculas vivas a Terra. De acordo com outras, teriam aparecido há bilhões de
anos em um “oásis de vida”, perto de fontes hidrotermais, em profundezas
oceânicas de milhares de metros. Lá existem escapamentos de lava vulcânica que
provocam altas temperaturas e concentrações salinas. As tentativas de
reproduzir em laboratório esses hipotéticos caldos de cultura deram em nada.
Acautele-se o leigo em achar que isso
parece um “conto de carochinha”! A confraria darwiniana logo o condenará em
coro, com execrável“criacionista”, “fundamentalista cristão”,
“retardatário” e outros qualificativos tão depreciativos quanto
gratuitos.
Recusa do sério debate científico
Muitos cientistas, porém, apontam
incongruências e impossibilidades científicas na montagem evolucionista.
Apoiam-se em numerosos estudos nos mais variados campos das ciências naturais,
e sustentam que o estudo sério e metódico dos seres vivos e da estrutura do
universo postula a existência de um “plano inteligente” (“intelligent design”,
em inglês), que preside a aparição dos seres vivos e a ordenação dos seres.
Nas ciências, é frequente haver
correntes que desafiam o consenso dominante. As oposições que assim nascem são
tidas como estímulo para testar as teses geralmente aceitas e depurá-las.
Porém, o establishment evolucionista move implacável campanha de
desqualificação, banindo de congressos as publicações científicas que defendem
o intelligent design. Exemplo paradigmático disso foi a Conferência
Internacional Biological Evolution, Facts and Theories, promovida neste
ano pela Universidade Gregoriana de Roma, um dos máximos centros de ensino
católico na capital da Cristandade.
Participaram na Conferência – que não
engajava a autoridade da Santa Sé – eminências do evolucionismo, das mais
militantemente atéias e anticristãs, como Richard Darkins. Mas nenhum defensor
do “intelligent design” foi admitido, embora essa corrente aceite
certo evolucionismo (5).
O evolucionismo não responde aos
argumentos científicos do “intelligent design”, apenas os
menospreza como “forma mais moderna de criacionismo”. Contudo, o “intelligent
design”, que não se identifica com o criacionismo católico, parece
prestar-se a um entendimento com o conjunto das ciências, e talvez com a boa
teologia.
Evolucionismo se radicaliza
A cada dia o evolucionismo perde
adeptos. O otimismo do século XIX pelo progresso indefinido feneceu, e a medula
anticristã do darwinismo tornou-se cada vez mais
aparente. “Muitos só queriam ver na teoria de Darwin o braço armado do
ateísmo”, explica o filósofo das ciências Thomas Lepelthier, da
Universidade de Oxford. “Esta dimensão antirreligiosa fez
do darwinismo um assunto de polêmica perpétua” (6). Nesta polêmica,
largos setores da opinião pública engrossaram as fileiras do criacionismo. Nos
EUA houve históricos processos judiciais que acabaram na Suprema Corte de
Justiça. Versavam sobre o ensino nas escolas do criacionismo, nas suas várias
formas bíblicas e cientificas.
Em geral, o criacionismo foi defendido
numa ótica protestante, sem a sabedoria da Igreja Católica para interpretar o
relato bíblico da criação e delimitar os campos específicos das ciências
naturais e da teologia. Isto facilitou a tarefa dos advogados do evolucionismo.
Porém, ao longo dessa polêmica patenteou-se que o darwinismo não
exibia argumentos persuasivos, e cresceu a idéia de que, não podendo convencer,
recorria a instâncias judiciárias para impor o ensino de suas teorizações. As
aulas em que se ensinava o evolucionismo viraram um pesadelo para os
professores, satirizados pelos alunos e criticados pelos pais de famílias.
Perdendo a batalha da opinião pública,
os acólitos do evolucionismo partiram para maior agressividade. O berreiro
anticriacionista – com o apoio quase unânime do macro-capitalismo publicitário
– atingiu um clímax no ano de 2009, em que comemoram simultaneamente o segundo
centenário do nascimento de Darwin e o 150º aniversário da publicação de sua
obra fundamental, A Origem das Espécies.
Um exemplo de “cruzada sem cruz” no
Brasil
O apologista mais rumoroso do darwinismo,
o biólogo inglês Richard Dawkins, promoveu uma coleta de fundos para pagar
anúncios colados em ônibus urbanos de cidades como Londres e Madri – os
chamados ônibus-ateus –, com a mensagem: “Provavelmente
Deus não existe. Deixe de se preocupar e goze sua vida”.
Em sua “cruzada sem cruz” contra
o Deus Criador, Dawkins esteve no Brasil. Falou sobre o tema “Fé e
ciência não vivem juntas”, na 7ª Festa Literária Internacional de
Paraty (RJ). Segundo ele, “a religião não oferece coisas boas, obrigando
as pessoas a viverem entre a escolha do bem ou do mal. Também não oferece uma
explicação convincente para a evolução do homem. Acho que acreditar em algo de
que não tenha provas é muito perigoso”. Seu último livro leva o significativo
título: Deus, um delírio (7).
O evolucionismo religioso modernista ou
progressista
O evolucionismo científico foi
avidamente assimilado por uma corrente interna do catolicismo denominada
modernismo, funestíssima doutrina que o Papa São Pio X condenou como herética.
Na encíclica Pascendi, (8) ele verbera o modernismo porque, “em
sua doutrina, a evolução é quase o capital. [...] O dogma, a Igreja, o culto
sagrado, os livros que reverenciamos como santos, e até a própria fé, [...]
devem se sujeitar às leis da evolução” (nº 25). Segundo a doutrina e as
maquinações dos modernistas, nada há estável, nada há imutável na Igreja (nº
27). Sobre esse erro, o santo pontífice aplicou qualificativo como
“a síntese de todas as heresias” e “cúmulo infinito de sofismas, com os quais
se racha e se destrói toda a religião”.
Após o falecimento de São Pio X, os
modernistas voltaram à tona, recebendo o nome de progressistas. Entre
seus teólogos destacou-se o Padre francês Teilhard de Chardin S.J., adepto
ferrenho das teorias de Darwin, e que se envolveu numa grosseira fraude para
fazer passar o esqueleto de um macaco pelo de um homem primitivo, o
denominado homem de Piltdown.
O Pe. Teilhard de Chardin desenvolveu
sofismas teológicos para encaixar o evolucionismo na doutrina católica.
Recorreu a fórmulas não menos confusas que as darwinistas embebidas de panteísmo.
Para ele, Deus seria a força que procura realizar-se através da evolução do
universo. Esse “deus” incubado na natureza extraiu o homem do macaco e o
impulsiona rumo a uma divinização futura (9).
Em virtude disso, para os progressistas
a religião deve se colocar a serviço do homem, não tendo mais sentido cultuar
um Deus transcendente e pessoal, invenção de uma etapa medieval ou inferior da
evolução.
Na prática, tais doutrinas desfechavam
numa “luta de classes” dos leigos contra a Hierarquia Eclesiástica, na abolição
das formas tradicionais de piedade e na adoção de cultos e templos que
refletissem essa religiosidade cosmética. A moral, a ascese, a ortodoxia
doutrinária perderiam sentido. A “nova moral” era a do sorriso, filho da
consciência dessa presença do Cristo evoluindo, incubado no mundo. No profético
livro Em Defesa da Ação Católica, Plínio Corrêa de Oliveira denunciou
em forma magistral e exaustiva para onde levavam tais erros morais.
O evolucionismo social: Marx e a “luta
de classes”
O evolucionismo dito científico de
Darwin favoreceu o evolucionismo social. Uma das figuras de
proa desse evolucionismo foi o filósofo alemão Karl Marx.
O marxismo desenvolveu teorias muito
análogas às darwinistas para justificar as teses mais inumanas. A “seleção
natural” das espécies ofereceu uma aparência de cientificismo à “luta de
classes” do marxismo-leninismo.
Na obra A Origem das Espécies,
discorrendo sobre a “seleção natural”, Darwin afirma: “Como resultado
direto desta guerra da natureza, que se traduz por fome e morte, o fato mais
admirável que possamos conceber é a produção de animais superiores”.
Marx raciocinou de modo semelhante em
matéria de “luta de classes” e evolução histórica, como escreveu no diário “New
York Daily Tribune”: “As classes e as raças fracas demais para
enfrentar as novas condições de vida devem sair do caminho” (10). E
acrescentou depois que as raças mais fortes (as revolucionárias) deveriam
realizar sua tarefa, enquanto “a principal tarefa de todas as outras
raças e povos, grandes e pequenos, é perecer no holocausto revolucionário”
(11). Nessa luta, gerar-se-ia o “homem novo” comunista, estágio mais
avançado da evolução da matéria. O resultado disso foi o mais espantoso
genocídio da História, levando a cabo por razões ideológicas e pretensamente
científicas. A cifra de 100 milhões de vítimas, denunciada noLivro Negro do
Comunismo, é tida hoje como aquém da realidade.
Na URSS de Stalin, o formulador oficial
do evolucionismo marxista-leninista foi Trofim Danissovich Lyssenko, que se
dizia seguidor de Darwin e aplicava à doutrina comunista o princípio darwiniano
da “luta de todos contra todos na natureza” (12). Não só expurgos
e chacinas, mas extermínios de classe e minoria étnicas “mais fracas” foram
assim coonestados. Lyssenko empreendeu experiências para modificar vegetais e
animais, mudando seu meio ambiente. Assim deveria acontecer em virtude dos
postulados evolucionistas. Mas a teoria não podia dar certo e “os
camponeses soviéticos jamais puderam se recuperar do desastre provocado por
essas inovações”, observou o já citado Professor Lecourt.
Os cientistas russos que contestaram as
fraudes de Lyssenko foram deportados para a Sibéria... Uma prefigura, aliás, do
exílio moral e propagandístico a que os evolucionistas condenam hoje aqueles
que não aceitam o “dogma” darwinista.
Darwin e o eugenismo adotado pelo
evolucionismo
O termo eugenismo – de
origem grega, significando melhoramento genético – foi cunhado por um
primo-irmão de Charles Darwin e adepto da teoria da evolução, o matemático
Francis Galton (1822-1911). Ele tentou criar uma “ciência para o melhoramento
das linhagens” humanas, inspirada na criação dos animais. As doenças,
os problemas sanitários, socioeconômicos ou sociais, como os ligados às classes
pobres, eram interpretadas como fruto de “taras congênitas” próprias
a espécimes “inferiores”.
A utopia eugenista foi adotada pelo
evolucionismo social. Diversos métodos foram concebidos para detectar os
indivíduos, categorias ou raças “decadentes” ou “inferiores”, que deveriam ser
segregados, eliminados ou impedidos de se reproduzir para não servir de
obstáculo ao progresso da evolução social.
À testa dessa tarefa anti-humana
figuravam as nações protestantes. Em 1907, nos Estados Unidos, o estado de
Indiana prescreveu a esterilização dos doentes mentais. Dois anos depois, foi à
vez dos estados da Califórnia. Connecticut e Washington. Em 1917, 15 estados tinham
adotado essa lei, e em 1950 já eram 33. A Suíça seguiu essa tendência eugenista
em 1928; a Dinamarca (incluindo a esterilização para criminosos), em 1933; a
Finlândia e a Suécia em 1935, e a Estônia em 1937.
Influência evolucionista no nazismo
O movimento nazista adotou
freneticamente o evolucionismo e o eugenismo, e foi mais fidedigno à cartilha
darwinista do que o marxismo. Em 1933, ordenou a esterilização de nove tipos de
“doentes”, entre os quais os cegos, os alcoólatras e os esquizofrênicos! Calcula-se
que 400.000 esterilizações foram praticadas pelo III Reich, na Alemanha e
territórios ocupados. Um decreto secreto de 1940 obrigava as mulheres
“inferiores” a abortar. O extermínio das “raças inferiores” e os esforços para
produzir o “ariano puro” – a “raça superior” – são bem conhecidos.
Por certo, os atuais sequazes de Darwin
deblateram contra as monstruosas consequências que o nazismo tirou do
evolucionismo. Contudo, não é certo que manteriam essa linguagem caso o nazismo
tivesse ganhado a II Guerra Mundial... De fato, após a conflagração, o
eugenismo escorado no evolucionismo prosseguiu, e está no cerne das campanhas
contra a vida. Os pretextos continuam os mesmos: impedir que nasçam crianças
com defeitos graves, economicamente insustentáveis ou simplesmente
“indesejadas”.
O “assassinato” da moral, confessado
por Darwin
Aos 35 anos, Darwin escreveu a um
amigo, afirmando estar “quase inteiramente convencido de que as
espécies (e isto é como se confessasse um assassinato) não são
imutáveis”. O professor Jean-Claude Ameisen, da Universidade
Sorbonne-Paris VII, comenta essa “confissão”: “Um assassinato. [...] O
assassinato da benevolência divina que vela sobre a natureza? O assassinato
da idéia de um fundamento divino que alicerça a moral humana?
Talvez Darwin pressentisse não só o abalo que produziria sua
teoria em nossa visão da vida, mas também os desastres
morais aos quais conduziria a tentação de aplicar aos seres humanos
essa ‘lei da natureza’ cuja existência ele descobriu no coração da evolução
cega” (13). Esse “assassinato intelectual” ficou como um “crime
fundador” da “cultura da morte”, que surgiu alimentada por suas teorias
relativistas e anticristãs.
Do “bebê perfeito” à criança fabricada
em laboratório
Na trilha da utopia eugenista, a
engenharia genética promete produzir um “bebê perfeito”, sem defeitos nem
doenças. Mais ainda, ela tenta fabricar uma criança com coeficiente de
inteligência, olhos e qualidades ideais. Segundo o Dr. Jacques Testart,
pioneiro dos métodos de fecundação in vitro e defensor do
evolucionismo, essa tendência prepara a gestação em laboratório de uma “nova
humanidade”, e esse novo homem poderia ser chamado “homo geneticus”, que acabaria substituindo o “homo sapiens”,
fase atual e provisória do homem na cosmovisão evolucionista. O sonho da
“criança perfeita” a todo custo, segundo observa o jornalista científico Michel
Alberganti, leva a tentar produzir uma “vida inventada de cabo a rabo”. Então
a procriação será uma tarefa de laboratórios, e não mais de pais e mães. Nesse
dia a família sofrerá um golpe mortal, pois lhe terá sido tirada sua finalidade
primordial. A maternidade não existirá mais, e a Encarnação do Verbo parecerá
um procedimento de uma espécie superada. O que será do homem rompido tão
radicalmente com a Lei de Deus? A quem ele apelará na hora da angústia ou da
necessidade? As perspectivas são “aterrorizantes para alguns” e “fascinantes
para outros”, diz Alberganti.
O filósofo das ciências Jean-Pierre
Dupuy, apoiando-se no pesquisador australiano Damien Broderick, da Universidade
de Melbourne, aponta para o dia em que “o acaso que preside a evolução
será substituído por uma pilotagem exercida pelo homem” (14). Contradição
suma: com base na “evolução”, recusa-se Deus, mas na ponta do evolucionismo o
homem se ergue sobre a tão alardeada evolução e se instala no lugar de Deus.
O pesadelo da confusão das espécies
Para os evolucionistas mais
desinibidos, a “vida inventada de cabo a rabo” mergulhar-nos-ia
no “paraíso da biodiversidade”. Este consistiria numa utopia
igualitária onde as fronteiras entre o homem e os demais seres vivos seriam
violadas, para aparecer toda sorte de híbridos: macacos-homens ou
animais-vegetais.
Richard Dawkins, o mais renomado
porta-voz hodierno do evolucionismo, deplora que “nossa moral e nossa
política pressupõem [...] que a separação entre o homem e o animal é
absoluta”. Ele deblatera contra os “pró-vida”, que se opõem ao aborto
e à eutanásia com base em critérios éticos, como sendo seguidores especialmente
condenáveis desse “erro”.
Dawkins também vitupera os católicos
porque acreditam que o homem tem uma essência imutável: “Um tal
‘essencialismo’ é profundamente contrário à evolução”. Dawkins imagina
um perverso “paraíso” em que todos os animais tivessem relações sexuais entre
si, e em que um homem pudesse “se reproduzir com um chimpanzé”. Reconhece
que tal “paraíso” – nós o chamaríamos de pandemônio – não existe, mas no futuro
as ciências biológicas poderão forjar “cadeias de inter-fecundidade, a
continuidade lógica da evolução” (15).
Ele prevê um primeiro passo: a criação
em laboratório de “uma quimera composta de um número aproximadamente
igual de células de homem e chimpanzé”. A revelação dessa “quimera”
visaria provocar um escândalo e uma polemica na qual os homens seriam
habituados à idéia de conviver com entes estranhos à ordem natural. “Eu
admito sentir um calafrio de prazer, pensando no momento em que vamos
questionar aquilo que até então parecia indiscutível” – completa este
moderno Dom Quixote do darwinismo.
Justificação evolucionista para a
extinção do ser humano
Aceitas essas perspectivas, os arraiais
do evolucionismo se interrogam se está próxima a “extinção da humanidade” como
nós a conhecemos.
O ecólogo americano Jared Diamond
justifica tal suprema maluquice, apelando para os “dogmas” básicos do
evolucionismo. Estes estabelecem – sempre arbitrariamente – que ao longo das
fases históricas diversas espécies de humanóides foram extintas pelas espécies
mais “evoluídas”. Agora teria chegado a vez do “homo sapiens”, ou
sexta extinção. “Todos os indicadores da biodiversidade mostram que o
trem rumo à sexta extinção já se lançou a toda velocidade”. Diz o
professor Philippe Bouchet, do Museu Nacional de História Natural de Paris
(16).
O darwinismo avançou na base de
hipóteses inverossímeis, mas prenhes de otimismo quanto ao progresso evolutivo.
No fim do seu desenvolvimento, desemboca num horizonte exterminador, mórbido e
blasfemo. Não contêm essas perspectivas uma loucura ímpia, um supremo crime que
visa suprimir da Terra o homem que Deus Nosso Senhor criou à sua imagem e
semelhança?
Delírio final: o “pós-humano” e o fim
do homem
Imaginam esses neodarwinianos que o
homem extinguir-se-ia pelas suas próprias mãos. Não seria um suicídio coletivo
impensável, como dizem os retardatários na evolução, mas sim um salto qualitativo.
O que isso quer dizer?
Para
os evolucionistas mais atualizados, os avanços das biotecnologias teriam
colocado sobre a Terra o “pós-humano”, antes da extinção coletiva.
O filósofo Jean-Michel Besnier,
professor da Sorbonne-Paris IV, explica que o “pós-humano” “começou com
a idéia de acabar com o determinismo dos nascimentos, pela aparição da pílula e
do bebê de proveta”, ele acrescenta nessa linha a procriação
assistida, a gestação em laboratório e a clonagem humana: “A utopia
pós-humana imagina o fim da história natural da humanidade, tal
como foi elaborada pela evolução. No fundo, essa utopia pretende [...] assumir
a função da natureza”. Besnier acrescenta ainda que “o
protótipo [do “pós-humano”] é o cyborg aparecido
nos anos 60, [...] organismos biomecânicos dotados de próteses, vivendo em
condições não-terrestres, adotados de faculdades novas que superam os limites
humanos. Cyborgs, novos seres, que não evoluirão mais segundo
as leis dos seres vivos”. Escritores saídos de laboratórios de
nanotecnologias, inteligência artificial e cibernética“se perguntam quais
criaturas inumanas vão nos suceder, e imaginam formas de vida radicalmente
inéditas” (17).
Essa multidão de robôs semi-biológicos
cessará, sem dúvida, quando não haja mais humanos para consertá-los. A menos
que se suponha que alguma espécie de espírito virá a se incubar neles, alegando
ser uma inteligência artificial...
Ao contrário de uma hipótese
realizável, essas elucubrações parecem um sonho concebido nos abismos
infernais, visando frustrar o plano do Criador de todas as coisas para os
homens.
“Abyssus abyssum invocat” (“Um abismo atrai outro abismo”,
salmo 41, 8), diz a Sagrada Escritura. A falácia desse “pós-humano”, supremo
produto do evolucionismo, disfarça o horror resultante do aniquilamento do
gênero humano como auge da recusa de Deus, que é o desfecho lógico da “cultura
da morte”.
Notas:
(1) In “Darwin. L’évolution, quelle
histoire!”, hors-série de “Le Monde”, Paris,
abril-maio 2009, p. 68. Todas as citações de Charles Darwin reproduzidas neste
artigo provêm da mesma fonte.
(2) Id. ibid., p.
11.
(3) Id. ibid., p.
59.
(4) Id. ibid., p.
14.
(5) Cfr. http://www.msnbc.msn.com/id/29535870/, 05/3/09
(6) Id.
Ibid., p. 60.
(7) “O
Estado de S. Paulo”, 03-07-09.
(8) São
Pio X, Encíclica Pascendi Dominic Gregis”, 8 de setembro de 1907.
(9) A
30 de junho de 1962, o ex-Santo Ofício – hoje, Congregação para a Doutrina da
Fé – publicou uma advertência nos seguintes termos: “Certas obras do Pe. Pierre Teilhard de
Chardin, incluindo algumas póstumas, têm sido publicadas e encontrado uma
aceitação nada pequena. Independentemente do juízo que é devido no que se
refere às ciências positivas, verifica-se claramente que, em matéria de
Filosofia e de Teologia, as mencionadas obras contêm tais ambigüidades e também
erros tão graves, que ofendem a doutrina católica. Por conseguinte, os
Excelentíssimos e Reverendíssimos Padres da Suprema Congregação do Santo Ofício
exortam todos os Bispos e os Superiores dos Institutos Religiosos, bem como os
Reitores dos Seminários e das Universidades, a protegem os espíritos, em
particular os dos jovens, dos perigos das obras do Pe. Teilhard de Chardin e
das dos seus discípulos” (cfr. “L’ Osservatore Romano”,
30-06-62; cf. AAS 54 (1962), p. 526.). Por ocasião do centenário do nascimento
de Teilhard de Chardin, a validade dessa advertência foi retirada em nota do
Oficio de Imprensa da Santa Sé, publicada no “Osservatore Romano” de 21 de
julho de 1981, após consulta ao Cardeal Secretário de Estado e ao Cardeal
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
(10) “New York Daily
Tribune”, 22 de março de 1853, http://www.marxists.org/archive/marx/works/1853/03/04.htm
(11) Karl Marx, “Die Neue
Rheinische Zeitung”, janeiro de
1849, in “Journal of the history of ideas”, vol. 42, nº 1, 1981; www.churchinhistory.org/pages/booklets/roots%28n%29-2.htm
(12) “Le Monde”, id.
Ibid., p. 9.
(13) Id. Ibid., p.
56.
(14) Id. Ibid., p.
85.
(15) Id. Ibid., p.
91.
(16) Id. Ibid., p.
92.
(17) Id.
Ibid., p. 94.
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