| Por Raphael de la Trinité |
Nos tempos do Brasil-Colônia, dizia-se que os portugueses recebiam ouro e diamante dos índios e davam em permuta espelhinhos e colares de contas. Noutros termos, trocavam objetos de grande valor por bugigangas…
No caso do PT, era com míseros trocados que ‘compravam’ o apoio popular. Sucede, porém, que, mesmo sendo esquálidos, tais ‘favores’ e artimanhas, ao lado de muitas outras, foram perdendo o seu ‘poder de compra’ e exauriram-se... O feitiço virou-se contra o feiticeiro.
Que fazer agora?
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FRACASSO DA PROPAGANDA COMUNISTA
O comunismo, no Brasil, nunca teve penetração nas chamadas massas. Não se trata de particularidade nacional.
No mundo inteiro, décadas a fio, a não ser quando se valeu de artimanhas sórdidas, tais como coligações espúrias, uma das mil facetas ao estilo 'companheiros de viagem', o comunismo jamais logrou conquistar o poder em eleições livres e limpas.
Limitamo-nos a recordar um exemplo não muito recente. À caça do poder em Cuba, Fidel Castro, subindo a Sierra Maestra, fez questão de mostrar-se a todos (que o denunciavam como comunista) com o Rosário no pescoço. Logo depois, perpetrado o golpe, arrancou a máscara de vez, proclamando, sem rebuços, que nunca deixara de ser comunista...
Frei Betto explicou a Fidel Castro (segundo narra o livro-entrevista em que o ditador barbudo respondia a perguntas feitas pelo frade dominicano, conhecido ‘companheiro de viagem’ de comunistas e terroristas, entre os quais Marighella) que a melhor tática em relação aos católicos não era persegui-los e fazê-los mártires, mas integrá-los à revolução comunista em torno de metas supostamente comuns a católicos e a comunistas. Fidel desde há muito intuía isso. Em discurso na Universidade de Havana, já havia traçado essa maquiavélica retificação: "Não cairemos no erro histórico de semear o caminho com mártires cristãos, pois bem sabemos que foi precisamente o martírio que deu força à Igreja. Nós faremos apóstatas, milhares de apóstatas" ( cf. Juan Clark, "Cuba: mito e realidade", Edições Saeta, Miami-Caracas, 1ª. ed. 1990, páginas 358 e 658).
A seu modo, também entre nós — mas sem estardalhaço e sem derramamento de sangue —, a mesma manobra seria conduzida, mesmo com percalços diversos.
UM ATALHO SALVA-VIDAS
Na década de 1980, após rotundos e repetidos fracassos, nutria a esquerda perspectiva real de empalmar o governo do Brasil?
Praticamente nenhuma.
Seria possível contornar esse enorme obstáculo? À primeira vista, nada faria supor.
Nesse ínterim, um expediente muito oportuno teve o condão de aplainar a via: por que não uma força auxiliar, condimentada de cristianismo?
Camuflando ao máximo o desastroso rótulo e surrados símbolos da foice e martelo, organizou-se o novo partido a partir de células da esquerda-católica, isto é, das Comunidades Eclesiais de Base. Constituído assim o Partido dos Trabalhadores (PT), aquele aparentemente utópico projeto da esquerda — abiscoitar o poder não mais pela persuasão, nem pela força das armas, mas pelo ardil e engodo — passava a ganhar, com esse novo recurso, força e plausibilidade.
Prevalecendo esta e outras formas de camuflagem análoga, após diversas tentativas, coroou-se de êxito o malfadado plano.
Realmente, segundo confirma o depoimento dos maiores próceres petistas — religiosos ou não, entre os quais avulta o de Lula —, não seria exagero apontar as CEBs como núcleo condutor, ou espinha dorsal, da agremiação política que então era oficializada, ou seja, do Partido dos Trabalhadores (PT).
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COMO SE DESENVOLVEU A OPERAÇÃO 'CAÇA-AO-PODER'?
Graças à presença maciça do PT junto às sacristias e aos chamados 'grotões' (lugares muito distantes dos centros urbanos), foram granjeados votos em profusão para essa agremiação de esquerda. Uma vez aboletada no poder, teria todas as condições para fincar pé na administração pública, ‘loteando todos os postos-chave’. Foi o que concretamente ocorreu.
À luz desses esclarecimentos, não é difícil ajuizar o motivo pelo qual Lula, o ‘showman’ desse novo partido, reuniu-se, dias atrás, com representantes da CNBB. Tratava-se do encontro de velhos amigos, à busca de uma solução para o evidente descrédito da ‘coligação’ (esquerda partidária e esquerda católica) junto a camadas significativas da população brasileira.
ANGRURAS DE QUEM É INCAPAZ DE PERSUADIR
De duas ou três décadas para cá, presenciamos um fenômeno curioso: ao mesmo tempo em que estendia os seus tentáculos pelo País afora e avançava sobre a administração pública, o polvo PT-esquerda católica perdia, por sucessivas etapas, o arremedo de força de magnetização no âmago da vida popular, precisamente aquilo que, num primeiro instante, imaginara ter. Paradoxo digno de nota.
Ambos os processos (esquerdismo petista e esquerdismo clerical), de certo modo, entrecruzaram-se. Tanto a esquerda política como a esquerda religiosa — talvez por uma espécie de envelhecimento precoce — estiolaram-se. Longe estiveram de fincar raízes profundas na alma nacional.
Mais recentemente, algo ficou patente aos olhos de todos: piruetas, mandiga e sortilégios, empregados pelos ‘progressistas’, nada disso chegou a causar grande efeito sobre largas parcelas da juventude, que, em seus filões mais sadios, já deixara de ser porta-voz de correntes de esquerda. De fato, a esquerda demorou bastante a perceber essa fundamental metamorfose nas fileiras juvenis.
Fazendo eco a isso, um expoente representativo da mentalidade petista reconheceu, semanas atrás: ‘em primeiro lugar, [o problema é que] apareceram no cenário jovens de direita, o que há muito não existia. Desde os anos 1960, a juventude no Brasil inclinava-se à esquerda. Agora há uma divisão...’ (http://www1.folha.uol.com.br/…/1605819-pt-precisa-mudar-rap…). [grifos nossos]
Abaixo, transcreveremos o texto completo de vários depoimentos nesse sentido, o que constitui eloquente confirmação do que afirmamos aqui.
Faixas populacionais, de condições e idades diversas, andam entediadas pelo ‘empanturrar’ dessas ’acrobacias’, coreografias litúrgico-pastorais. Permanentemente em voga, e progressivamente mais insossas, em muitos locais, sequer despertam atenção, exceto desgosto e visível mal-estar.
Não era, entretanto, à custa de ‘modernizações’ e vulgaridades desse naipe que os ‘progressistas’ julgavam estar investidos da missão de ‘rejuvenescer’ a Igreja, atraindo o ‘poder jovem’ para o seu lado? Notório revés!
Não há como esquivar-se à realidade dos fatos: é inequívoco que a esquerda católica está em descompasso com a maioria silenciosa do Brasil.
Tantos artifícios conjugados acabaram por espantar e afugentar dos dessacralizados templos católicos sucessivas levas de jovens. Desalentadas e confusas, inconformadas e rejeitadas, legiões de jovens ‘pedem pão’, mas recebem ‘pedra’ (Mateus, 7-9). Sedentos de ideal verdadeiro e formação séria, rapazes e moças, em proporções crescentes, manifestam clara repulsa pelas velhas algazarras e pirotecnias balofas litúrgico-clericais. Numa palavra, autênticos órfãos da chamada Igreja ‘pós-conciliar’.
Desassistidos em suas melhores apetências de alma, e dotados de visão mais ampla, souberam não se deixar fisgar pelo ‘canto de sereia’.
Cavou-se, por aí, verdadeiro fosso: parcelas do Clero ‘autodemolidor’ da Igreja, de um lado, e idealismo de certa juventude, de outro.
Em sentido oposto, esclerosados e turrões, viciados e obstinados, muitos próceres do Clero progressista fecharam os olhos para a desagradável realidade do próprio fracasso, embevecendo-se apenas com o estridente eco da própria voz.
Ao cabo e ao termo, retraiu-se o poder de expansão ‘progressista’, para além dos grupelhos que, por um sinuoso trabalho de ‘baldeação ideológica inadvertida’, a duras penas, puderam, num primeiro momento, reunir em torno.
'A CNBB DECRÉPITA E A JUVENTUDE DA FÉ CATÓLICA'
Nessa direção, merecem registro eloquentes desabafos de certas figuras do Clero, atestando quão desconcertados ficam quando grande número de ovelhas (principalmente jovens) lhes fazem ouvidos moucos, por descobrirem que, por detrás do cajado do pastor, o indesejável uivo do lobo.
Já o título de certa matéria — ‘A CNBB decrépita e a Juventude da Fé Católica’ — resume, com objetividade inequívoca, o grande embaraço do clero ‘progressista’, em face da crescente falta de ‘emprise’ (influência, domínio) sobre grupos cada vez mais expressivos da juventude. Muitos dentre estes, efetivamente, ao se desgarrar da ditadura do ‘politicamente correto’, e vendo-se ‘agredidos pela realidade’ do escandaloso descompasso entre o que Igreja sempre ensinou e os desmandos sem fim que se estadeiam impunemente agora, só encontram como saída lutar pela preservação da fé em si e à sua volta. Assim agindo, estão em plena consonância com os preceitos da Lei Natural e do Direito Canônico. Aliás, isso não constitui uma extensão do direito de legítima defesa? Ou, por acaso, deveriam ser recriminados por isso?
“Quando o pastor se transforma em lobo, compete primeiramente ao rebanho se defender” (D. Guéranger, L’Anneé Liturgique, na festa de S. Cirilo de Jerusalém).
Aliás, se assim não fosse, onde iria parar a decantada liberdade de consciência, de que o período pós-conciliar se fez arauto e propagandista?
Tendo em vista, pois, o alcance da matéria que analisamos aqui, segue na íntegra o texto.
INDIGNAÇÃO DA CNBB... CONTRA 'O CONSERVADORISMO' DOS JOVENS!!!
A CNBB decrépita e a Juventude da Fé Católica.
FratresInUnum.com - Da matéria de Alexandre Trindade, Assessor de Imprensa da Câmara dos Deputados, sobre o encontro de Lula com religiosos, dentre os quais, Dom Pedro Luiz Stringuini, bispo de Mog...
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Impasse: o anão, quer dizer, a esquerda travestida de católica, só progride no dorso do gigante. De seu lado, o gigante, quer dizer, a opinião católica reluta mover-se na direção que lhe é imposta. Pergunta-se, então: há como desvencilhar-se do imbróglio?
O gigante continuará dando corcovas?
Nesse caso, que fará o anão? Continuará saltitando infrene no lombo do gigante, enquanto este, do indesejável e oportunista aliado tenta escapar?
Com a aproximação do Sínodo dos Bispos, em outubro, novas relações entre anão e gigante poderão despontar.
Capciosas metamorfoses? ‘Correções de rota’? Como será tudo isso?
Ergamos o olhar para as promessas e ameaças que, há praticamente cem anos, Nossa Senhora formulou em Fátima, e teremos resposta: ‘Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará!’