SOBRE A ENTREVISTA DO PAPA FRANCISCO A SCALFARI, FUNDADOR DO JORNAL ‘LA REPUBBLICA’ - O porta-voz Lombardi partiu do princípio que a entrevista "foi gravada e que é verdadeira".
O Papa Francisco mostrou-se relativista - inclinado a não dar valor absoluto ao dogma - em sua entrevista ao jornal "La Repubblica", consideram especialistas do Vaticano, que detectaram inquietações dos ciclos católicos a respeito dessa liberdade de expressão papal.
Duas declarações em particular ecoaram nos círculos católicos: quando ele disse que "o proselitismo é um erro", e quando deu a impressão de relativizar o dogma cristão.
"Cada um de nós tem a sua visão do bem e do mal (...). Todos devem optar por seguir o bem e combater o mal como o concebe. Isso seria o suficiente para melhorar o mundo".
Pressionado com as perguntas, o padre Lombardi observou que essa entrevista não é "um texto do magistério, mas uma transcrição de uma conversa com uma pessoa que foi autorizada a publicá-la".O porta-voz partiu do princípio que a entrevista "foi gravada e que é verdadeira".
De acordo com o padre jesuíta, o Papa inaugura "um novo modo de expressão ao qual não estamos habituados". "É outra novidade do Papa, um terreno novo".
"Os maiores males que afligem o mundo são o desemprego dos jovens e a solidão em que os idosos são deixados", disse Francisco, incorporando questões sociais que são queridas para ele. [SIC! SIC! SIC! SIC! SIC! SIC! SIC!]
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Igreja deve
reforçar o seu diálogo com os não-crentes, afirmou o Papa.
Pontífice também disse que Igreja está formada por pecadores.
O Papa Francisco mostrou-se relativista - inclinado
a não dar valor absoluto ao dogma - em sua entrevista ao jornal "La
Repubblica", consideram especialistas do Vaticano, que detectaram
inquietações dos ciclos católicos a respeito dessa liberdade de expressão
papal.
A coletiva de
imprensa convocada nesta quarta-feira (2) pelo padre Federico Lombardi para
falar sobre o "G8 dos cardeais" e a reforma da Igreja deu lugar a
muitas perguntas sobre as condições em que a entrevista foi conduzida pelo
fundador ateu do jornal, Eugenio Scalfari, o nível de confiabilidade das
declarações do Papa e a fidelidade das frases transcritas.
A Igreja deve
reforçar o seu diálogo com os não-crentes, afirmou o Papa nesta entrevista. Mas
ele também acusou líderes da Igreja de "serem muitas vezes
narcisistas", confidenciando sentir-se, às vezes,
"anticlerical".
Duas declarações em particular ecoaram nos círculos
católicos: quando ele disse que "o proselitismo é um erro", e quando
deu a impressão de relativizar o dogma cristão.
"Cada um de nós tem a sua visão do bem e do
mal (...). Todos devem optar por seguir o bem e combater o mal como o concebe.
Isso seria o suficiente para melhorar o mundo".
Pressionado com as perguntas, o padre Lombardi
observou que essa entrevista não é "um texto do magistério, mas uma
transcrição de uma conversa com uma pessoa que foi autorizada a
publicá-la".
O porta-voz partiu do princípio que a entrevista
"foi gravada e que é verdadeira".
De acordo com o padre jesuíta, o Papa inaugura
"um novo modo de expressão ao qual não estamos habituados". "É
outra novidade do Papa, um terreno novo".
"Esta
entrevista, sem preconceitos ou filtros, demonstra a sua disponibilidade para
com um mundo descrente nem sempre benevolente", considerou.
"Não houve
nenhuma revisão do texto" antes de sua publicação, garantiu o padre
Lombardi.
"Não havia nenhuma razão para fazer correções.
Se o Papa tivesse a intenção de negar ou afirmar que houve má interpretação,
ele teria dito", comentou o porta-voz.
O fato de ela ter sido reproduzida pelo jornal do
Vaticano, "L'Osservatore Romano", "dá-lhe uma
autenticidade", disse ainda.
Além de nesta
quarta-feira, em sua audiência-geral, Francisco afirmar que o fato de padres,
cardeais e papas serem pecadores não muda o fato de que a Igreja é santa, na
véspera ele fez contundentes observações após iniciar os trabalhos do G8
clerical.
Ele declarou
desejar uma Igreja mais engajada socialmente, que dialogue com os não-crentes e
livre da corrupção.
"É o
início de uma Igreja concebida como uma organização não somente vertical, mas
também horizontal", explicou o Papa na longa entrevista ao jornal La
Repubblica.
Nesta ocasião,
ele lamentou uma "visão muito vaticano-centrada que ignora o mundo ao seu
redor", anunciando que fará o possível para mudar isso.
A publicação da
entrevista de três páginas concedida a um jornal de esquerda, antes da abertura
do "G8" para reavivar a Igreja Católica, é em si uma revolução.
Para isso,
Francisco recebeu na semana passada na residência Santa Marta o fundador ateu
do jornal, Eugenio Scalfari, com quem já havia dialogado em colunas interpostas
no "La Repubblica", em setembro.
Nesta
entrevista, o Papa e o jornalista discutiram a fé e a descrença, os valores
éticos, do clericalismo e do espírito, o marxismo, com espantosa liberdade de
tom.
Outras
passagens marcantes desta entrevista são a crítica virulenta aos
"cortesões da Igreja", e a denúncia do "liberalismo
social".
"Os maiores males que afligem o mundo são o
desemprego dos jovens e a solidão em que os idosos são deixados", disse
Francisco, incorporando questões sociais que são queridas para ele. [SIC! SIC!
SIC! SIC! SIC! SIC! SIC!]
O "liberalismo
selvagem" resulta em "tornar o forte mais forte, os fracos mais
fracos e os excluídos mais excluídos", denunciou.
O pontífice
pediu à Igreja que se comprometa mais com o mundo moderno e afirmou que
"os chefes da Igreja geralmente têm sido narcisistas, amantes da adulação
e excitados de forma negativa por seus cortesões".
"A corte é
a lepra do papado", declarou Francisco.
O pontificado
de Francisco, conservador em relação a obediência à Igreja e a moral, mas
radical sobre o desenvolvimento social, continua a ser paradoxal.
Fonte: G1
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