HÁ 35 ANOS...
O QUE UM ESPECIALISTA EM PROPAGANDA E
PUBLICIDADE JÁ PENSAVA SOBRE AS DESASTROSAS REFORMAS DO VATICANO II
‘Esta mudança da missa, em minha
opinião, foi um tremendo erro’ — Alex Periscinotto
*** * ***
A
IGREJA E A PROPAGANDA
Bispos,
padres e freiras a respeito do Marketing da Igreja Católica. Periscinotto, um
talentoso homem de propaganda, manteve, sob uma atenção total, durante quase
duas horas uma plateia seleta de religiosos falando das "ferramentas"
que a Igreja utilizou e ainda utiliza para manter os seus fiéis.
Ferramentas que, segundo ele, foram os primeiros sinais publicitários da
história da Humanidade para a venda de um produto – a fé. A matéria de hoje
traz trechos de palestra de Periscinotto sobre o que este homem ligado ao mundo
da propaganda e da publicidade entende de como a Igreja se comporta hoje diante
das aflições do mundo moderno.
Para Alex Periscinotto, "o primeiro veículo comunicação que o
mundo conheceu foi o sino e foi o mais forte de todos". O sino atingia 80
a 90 por cento dos moradores das aldeia. Ele não só atingia como modificava o
comportamento físico e mental das pessoas cada vez que ele batia e espalhava
suas mensagens de maneira circular. Antes do sino, o arauto não passava de uma
mala direta muito mixuruca".
Vocês, religiosos, inventaram uma
ferramenta que nós publicitários usamos muito ainda hoje que se chamava
display. O display é utilizado para destacar, para propor alguma coisa com
maior destaque em relação aos demais. Quando todos os telhados das aldeias, no
passado eram baixos, vocês construíram um telhado alto, altíssimo, quatro,
cinco, seis vezes mais alto que o telhado comum em forma de ponta. Isso
não era porque facilitava a caída da neve. Porque em países onde não
existia neve este telhado continuava obedecendo o mesmo desenho arquitetônico.
Isto era de propósito, para que a gente
quando chegasse à aldeia, apontasse dizendo: é lá. E via-se, desde longe, a
torre da Igreja. Vocês inventaram também o primeiro logotipo – logotipo é outra
ferramenta que usamos muito para trabalhar – o mais feliz dos logotipos,
que é a cruz. A cruz que nunca foi esquecida de ser colocada na ponta de cada
display nas aldeias. A gente chegava e dizia: é lá a igreja e se trata de uma
religião de tal marca, em cruz, e não de uma igreja concorrente. Este logotipo,
que os senhores inventaram, é tão bom, mas tão bom, que Hitler pegou para ele:
pôs quatro rabos, e quase ganha a guerra".
PESQUISA E INFORMAÇÃO
Alex Periscinotto fala também
sobre outra invenção da igreja: A pesquisa é fundamental para o lançamento de
qualquer produto. "Sem pesquisa – diz Alex – e loucura se aventurar e
fazer um texto ou dizer alguma coisa, pois podemos errar ou dizer coisa errada,
para público não-indicado, em hora imprópria. O
primeiro departamento de pesquisa que se sabe foi inventado por vocês: o
confessionário. O
confessionário, segundo a minha mãe que ainda pensa assim, foi feito para
perdoar. E vocês religiosos sabem que o confessionário foi inventado para
recolher subsídios, para recolher informações. Ele era um santo departamento de
pesquisa. E eu digo santo porque hoje quando se faz uma pesquisa qualquer, um
ibope é possível que a pessoa até minta. É possível que a pesquisa diga ao
entrevistador que está assistindo a um programa cultural do Canal 2, quando
talvez esteja assistindo ao Chacrinha. Este é o tipo de mentira branda,
permitida, para que o seu status. Não seja diminuído. Mas no santo
departamento de pesquisa de vocês, no confessionário, a coisa não só era
espontânea, necessária, verdadeira. A pessoa não ia lá para mentir, mais ia
lá para "entregar" uma informação. Daí o motivo de o padre, no tempo
das aldeias, ter aquela palavra forte, verdadeira, aquela condição de
aconselhar, sabendo o que está fazendo. Este o motivo de o padre ser o
conselheiro mais poderoso, mais forte do que o conselheiro político ou o
conselheiro da venda, etc.
"Quando uma mãe, aflita, a
respeito da descoberta sexual de seus filhos não tinha a quem recorrer – ainda
não havia o encarte sexual nas revistas – ela ia para o auditório que vocês
mantinham as igrejas e ouviam um sermão sobre masturbação, porque vocês padres
já sabiam que nas últimas semanas as queixas ouvidas no confessionário; na
maioria se tratava de problemas sexuais da juventude".
"A minha mãe, por exemplo,
que ainda pensa que o departamento de pesquisas de vocês foi inventado para
perdoar, ela não sabe nada disso. E mais: ela recebe um X subproduto muito
gratificante. Eu, se eu quiser me reconstruir de dentro para fora, eu vou a
um analista e pago uma hora e ele me ajuda um pouco. A minha mãe vai a um
confessionário, sai de lá reconstruída de dentro para fora, sai de lá aliviada
e perdoada – coisa que nenhum analista faz, nem que se pague o dobro".
A PROMOÇÃO RELIGIOSA
A promoção também foi uma invenção religiosa. 0 que é uma procissão? Uma
procissão, para uma cidade do interior nada mais é do que uma promoção do dia
de Nossa Senhora. Nós, publicitários, quando fazemos uma procissão, utilizamos
muito daquilo que vocês nos ensinaram. Temos o estandarte, temos as bandeirolas,
as roupas especiais, utilizamos uma mística comercial, mas não tão rica quanto
a de vocês." "Vocês
mudaram o sistema da missa. Agora a missa não é mais em latim e o padre não
fica mais de costas para o público. Mas eu tenho uma péssima notícia para você:
a minha mãe nunca sentiu que vocês estavam de costas para ela; ela achava que
vocês estavam de frente para Deus. Ela gostava do latim, mesmo não entendendo
nada. Para ela aquilo era uma linguagem, mística. Onde vocês se entendiam com o
Senhor e no final, quando vocês se viravam e abençoavam a todos, ela se sentia
gratificada e recompensada por ter ficado ali de joelhos, uma hora. Esta
mudança da missa, em minha opinião, foi um tremendo erro. Posso estar errado,
mas observo isto como homem de comunicação. Assim, posso dizer que tudo isto
que foi inventado por vocês tinha uma proposta, algo a ser propagado e o
produto de vocês chamava-se e chama-se – Fé. Eu tenho uma boa notícia para
vocês. Este produto esta fazendo muita falta lá na praça. Vocês hoje não
propagam mais a Fé. Hoje se lê nos jornais muito mais briga entre vocês,
bispos, muito mais encrencas entre vocês e o Governo, do que sobre o produto
que [só] vocês fabricam, a Fé. Fé é algo que a minha mãe ia buscar na Igreja.
Ela vinha acreditando em Deus, nela e em terceiros. Hoje não há mais isto. É
como se uma fábrica de sorvetes, de repente, parasse para anunciar a briga da
diretoria.
É PRECISO MUDAR
Alex Periscinotto falou também da
intromissão da Igreja em assuntos do Governo, entendendo que cada um cuida do
seu assunto." O produto que vocês devem propagar, independente da
classe social e econômica em que o indivíduo está. Eu sei que televisão,
sociedade de consumo, não são bem vistos por vocês. Nas a televisão é o sino de
vocês dos dias atuais. A torre de vocês, o display, já ficou sufocada pelos
arranha-céus da construção civil que ainda tem uma luzinha vermelha que pisca à
noite. Vocês já estão escondido. A pesquisa foi abandonada, pois a frequência
está baixa".
O publicitário paulista a defendeu a necessidade de
a Igreja se utilizar melhor dos meios de comunicação, dos recursos que a
Comunicação tem, para vender a nova Igreja, ou seja, os truques de comunicação.
Ele falou dos filmes da televisão americana – séries médicas, vida familiar,
etc. – e das novelas; onde sempre há uma vela, onde sempre há uma disputa entre
o bem e o Mal, terminando com a vitória dos humildes com o castigo dos maus. E
concluiu Alex Periscinotto: "senhores, a Televisão não foi feita para
vender remédio fajuto para emagrecer, ainda que exista na televisão propaganda
de remédio fajuto para emagrecer."
*** * ***
COMENTÁRIO - RAPHAEL DE
LA TRINITÉ
De um ponto de vista meramente natural, não há como fugir à questão: pode não ter havido um caráter intencional e programado na obra, entre todas nefasta, da destruição ou obscurecimento sistemático dos símbolos sagrados de nossa Santa Religião? Insofismável realidade foi a transformação do culto católico num ritualismo vazio — dessacralizado, “desalienado”, “desmitificado”, igualitário, ‘horizontalizado”. Precisamente aquilo que o IDOC e “grupos proféticos” (corpúsculos ocultos, infiltrados na Igreja) já pleiteavam em fins da década de 1960.
Quando, portanto, os representantes mais categorizados de todos os organismos episcopais -- inclusive, o Papa Francisco – vêm a público afirmar que a Igreja "está perdendo fieis", onde se acha a causa desse êxodo? Ninguém poderá negar fato evidente: estamos em presença de um infeliz rebanho em fuga. O motivo real se encontra no abandono da Tradição, ou seja, precisamente no despojamento premeditado daquilo que falava à alma do povo, e que os “modernistas” (fingindo-se de “desinformados”), desde sempre alegaram, da forma mais gratuita, constituir uma barreira intransponível para a aproximação entre a Igreja e o povo. Ora, no bojo disso tudo, será possível não discernir ardiloso roteiro, décadas a fio palmilhado, a fim de desfigurar a Igreja de Cristo? Para nos darmos conta desse contumaz propósito, basta desfiar o elenco de “inovações” que conduziram ao desastre atual: omissão quase completa (ou distorção deliberada) dos ensinamentos em matéria de fé e de moral; rejeição do latim e dos cantos sacros; menoscabo dos confessionários (transformados, o mais das vezes, em peças de antiquários); “esquecimento” dos púlpitos: altar em forma de mesa e celebração “versus populum” (subestimando ou negando, na prática, a ideia de que é Nosso Senhor, de fato, Quem Se imola, a cada Missa, sob o Altar, sendo Ele o verdadeiro Celebrante, o Qual, na Consagração, “empresta” as Suas palavras ao padre, que age “in persona Christi”); “abafamento” dos sinos e depauperamento achincalhador das antigas procissões; abandono da batina e dos sagrados paramentos litúrgicos, e assim por diante, de modo quase indefinido.
Teria havido um erro de cálculo apenas? Caracterizar, sem mais, essa alteração de rumos como intento deliberado de “autodemolição” não representaria um julgamento apressado e injusto?
A resposta salta de imediato: digamos que, por mera hipótese, concedêssemos o benefício da dúvida. Neste caso, o que faltou fazer? Um requisitório amplo com o reconhecimento público do extravio do rumo! Ora, entre os múltiplos e insensatos “mea-culpa”, que as autoridades eclesiásticas têm prodigalizado aos não católicos, jamais se ouviu um “mea-culpa” verdadeiro em relação a esse assombroso desvio de rota. Noutras palavras, o que anda escasso é mesmo um “mea-culpa” aos católicos...
Por outro lado, revelaria ingenuidade suma supor que tantas verdades — enunciadas com vivo clamor de evidência, desembaraço e naturalidade, no presente artigo de Periscinotto — já não fossem de conhecimento palmar dos próceres eclesiásticos, em escala universal.
Com efeito, na medida em que a “modernização” era realizada sob o vulgar pretexto de tornar a Igreja “mais do agrado do povo”, não podemos afirmar que se tratou de “propaganda enganosa”? Se, na prática, isso tudo semeou desconfiança, desconcerto e tédio, junto aos verdadeiros católicos, por ventura os antístites não possuíam elementos para prever de antemão a hecatombe? Contudo, para além da evasão recinto sagrado, o que houve foi de longe mais grave: a “descatolicização” maciça do povo.
Há dez anos, eis como o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Emérito Bento XVI, via a situação:
“Embora sem intenção de condenar a ninguém, torna-se patente que a ausência de conhecimentos em matéria de religião é hoje uma realidade tremenda. Basta falar com as novas gerações [para nos darmos conta disso]. Evidentemente, após o Concílio não conseguiram transmitir concretamente o que está contido na fé cristã”(Cfr. “La Razón”, edición del 28 de mayo del 2003. www.conoze.com/doc.php?doc= 1806, desaques nossos).
Vejamos, no mesmo sentido, o que Bento XVI afirmou na quinta-feira santa, 5 de abril de 2012:“Os elementos fundamentais da fé, que no passado toda criança sabia, são cada vez menos conhecidos”. (destaques nossos).
A quem aproveitou, então, a propalada “tática” do “aggiornamento”, procedimento surrado, de já cinquenta anos?
Positivamente, não ao incremento e à exaltação da Fé...
Ouçamos, neste particular, ainda uma vez, as esclarecedoras palavras do Papa Emérito, Bento XVI, quando ainda Cardeal:
"Os resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos às expectativas de todos, a começar do papa João XXIII e depois de Paulo VI [...] Os Papas e os Padres conciliares esperavam uma nova unidade católica e, pelo contrário, se caminhou para uma dissensão que — para usar as palavras de Paulo VI — pareceu passar da autocrítica à autodemolição. Esperava-se um novo entusiasmo e, em lugar dele, acabou-se com demasiada frequência no tédio e no desânimo. Esperava-se um salto para a frente e, em vez disso, ocorreu um crescente processo de decadência [...]. A Igreja pós-conciliar tornou-se um grande estaleiro. Mas é um estaleiro do qual se perdeu o projeto e todos continuam a construir segundo o seu gosto”.
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