DESTAQUE
‘Qualquer um que deseje algo,
não goza nem se alegra nem descansa enquanto não o obtém. E nas coisas
temporais ocorre que se apetece o que não se tem, e o que se possui se despreza
e produz tédio; mas não é assim nas coisas espirituais. Pelo contrário, quem
ama a Deus o possui, e por isso o ânimo de quem O ama e O deseja n’Ele
descansa’.
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EM QUE CONSISTE A FELICIDADE
CELESTE?
Segundo Pe. Royo Marín, O.P.,
para que um objeto seja a causa de alegria e felicidade perfeita para o homem,
ele deve resumir em si quatro condições essenciais: ser o bem supremo que não
entre em confronto com outro maior; excluir toda e qualquer mescla de mal; saciar
por completo todas as aspirações do coração humano; e, por último, ser estável,
ou seja, que uma vez obtido não possa ser perdido. Segundo este moralista, tais
requisitos não são cumpridos por nenhum dos seres criados, sejam eles dinheiro,
fama, glória, beleza, etc.; essa tese é confirmada taxativamente pela Santa Mãe
Igreja (CCE 1723): “a verdadeira alegria não está nas riquezas ou no bem-estar,
nem na glória humana ou no poder, nem em qualquer obra humana por mais útil que
seja, como as ciências, a técnica e as artes, nem em outra criatura qualquer,
mas apenas em Deus, fonte de todo o bem e de todo amor“.
O Pe. Royo Marín dá as razões:
as riquezas, por exemplo, além de fomentarem progressivamente o desejo de mais
fortunas, não excluem certos infortúnios como enfermidades e mortes, e podem
ser perdidas por qualquer eventualidade. Similarmente, as honras, a fama e o
poder são instáveis, pois cessam após a morte. Quem, por exemplo, se lembra
hoje das personalidades que encheram os jornais de há um século?
Como ensina, pois, Santo
Agostinho, só a posse de Deus pode proporcionar ao homem a máxima felicidade.
Todavia, sendo Deus infinito, como poderia o homem obter a Deus? Esta resposta,
a dá, de forma magistral, o Doutor Angélico: [A caridade] produz no homem a
perfeita alegria. Com efeito, ninguém tem verdadeiro gáudio se não vive na
caridade. Porque qualquer um que deseje algo, não goza nem se alegra nem
descansa enquanto não o obtém. E nas coisas temporais ocorre que se apetece o
que não se tem, e o que se possui se despreza e produz tédio; mas não é assim
nas coisas espirituais. Pelo contrário, quem ama a Deus o possui, e por isso o
ânimo de quem O ama e O deseja n’Ele descansa. (ANDRIA, Pedro de. Los
mandamientos comentados por Santo Tomas de Aquino. 2. ed. Mexico: Tradición,
1981, p. 12: “[La caridad] produce en el hombre la perfecta alegría. En efecto,
nadie posee en verdad el gozo si no vive en la caridad. Porque cualquiera que
desea algo, no goza ni se alegra ni descansa mientras no lo obtenga. Y en las
cosas temporales ocurre que se apetece lo que no se tiene, y lo que se posee se
desprecia y produce tedio; pero no es así en las cosas espirituales. Por el
contrario, quien ama a Dios lo posee, y por lo mismo el ánimo de quien lo ama y
lo desea en El descansa”)
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