DESTAQUE
O falecido Eduardo Campos era dirigente do
Partido Socialista Brasileiro. Ora, católico não pode ser socialista, segundo o
magistério tradicional dos Papas. Entre a longa série de ensinamentos
pontifícios a respeito, salienta-se o da encíclica Quadragesimo Anno’, de Pio
XI, que diz textualmente: ‘Socialismo religioso, socialismo cristão exprimem
conceitos contraditórios; ninguém pode, ao mesmo tempo, ser bom católico e usar
com veracidade o nome de socialista’ (A.A.S., vol. 23, p. 216). Ao longo do
texto, o Pontífice faz ver que o socialismo concebe a sociedade de um modo
completamente avesso às verdades cristãs.
*** * ***
Raphael de la Trinité
A imprensa deu conta de que o candidato Eduardo Campos, pouco
antes do terrível acidente de avião que o vitimou, estaria portando a Medalha
de Nossa Senhora das Graças, além de outras medalhas, que, segundo se diz, trazia
junto a si presas a um cordão.
Na impossibilidade de aferir a realidade dos fatos, ou
efetivamente saber se as citadas medalhas estariam com o mesmo no momento em
que expirou, é inconteste que, do fundo de algumas mentalidades, poderá
facilmente emergir, como fruto dessa inserção noticiosa, uma equivocada
associação entre catolicismo e socialismo.
Se assim for, é de presumir que, mediante mais um ardil bem
arquitetado, a chamada esquerda “católica” possa tirar evidente proveito da circunstância
presente.
No intento de coactar uma investida
dessa natureza, convém frisar alguns pontos, que jamais será supérfluo repisar:
a) O
falecido Eduardo Campos era dirigente do Partido Socialista Brasileiro. Ora, católico
não pode ser socialista, segundo o magistério tradicional dos Papas. Entre a
longa série de ensinamentos pontifícios a respeito, salienta-se o da encíclica
Quadragesimo Anno’, de Pio XI, que diz textualmente: ‘Socialismo religioso,
socialismo cristão exprimem conceitos contraditórios; ninguém pode, ao mesmo
tempo, ser bom católico e usar com veracidade o nome de socialista’ (A.A.S.,
vol. 23, p. 216). Ao longo do texto, o Pontífice faz ver que o socialismo
concebe a sociedade de um modo completamente avesso às verdades cristãs.
b) Conforme
Comunicado oficial da Direção Nacional do MST, "Campos foi um grande amigo
do MST e apoiador da luta pela terra e pela Reforma Agrária, fato que o fez
ganhar notável confiança dos trabalhadores rurais do estado de Pernambuco".
http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/eleicoes/2014/conteudo.phtml?id=1490990
“Dize-me
quem te elogias, e te direi quem és”. O velho adágio não induz a erro: na mais
benigna das hipóteses, Eduardo Campos terá sido um cobiçado “companheiro de
viagem” das hostes dos agitadores rurais, que timbram em violar
sistematicamente, além das leis civis, dois preceitos do Decálogo (“Não
furtarás” e “Não cobiçarás as coisas alheias”) promovendo invasões de terras
pelo Brasil afora. Seria uma injúria à inteligência do falecido candidato
conceber que não tivesse esse quadro bem delineado em sua mente.
c) À vista
disso, não parece difícil supor que, iludidos pela miragem de um falacioso
‘socialismo-católico’, haja quem, muito simploriamente — seja por razões de
ordem sentimental ou outras quaisquer —, em face do quadro político que se
descortina, esteja propenso a sufragar nas urnas uma chapa politica atentatória
da doutrina social da Igreja.
d) Falecido
o candidato titular, que dizer, então, sobre a trajetória política de Marina da
Silva, agora candidata oficial da coligação encabeçada pelo Partido Socialista
Brasileiro?
e) Sobre o
currículo da candidata, importa referir que, ainda jovem, foi aspirante a
freira em um convento da capital acriana. Participou das CEBs (Comunidades
Eclesiais de Base). http://eleicoes.uol.com.br/2010/pre-candidatos/conheca-a-trajetoria-de-marina-silva-pre-candidata-a-presidencia-pelo-pv.jhtm
Merecem
realce, nessa visão panorâmica, as palavras do jornalista Percival Puggina (arquiteto, empresário, escritor, titular do
site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no
país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e
Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+):
“A fala
mansa da ex-vice de Eduardo Campos não se harmoniza com a rigidez e o
radicalismo de suas posições. O dever cívico de conhecê-las não se cumprirá
ouvindo o meigo discurso eleitoral que vem por aí. Há informações muito mais
precisas e irrefutáveis na biografia da candidata.
Seu
primeiro alinhamento político deu-se com filiação ao Partido Comunista
Revolucionário (PCR), célula marxista-leninista albergada no PT onde militou
durante uma década. Foi fundadora da CUT do Acre e lá, filiada ao PT, conseguiu
o primeiro de uma série de mandatos legislativos: vereadora em Rio Branco,
deputada estadual, senadora em dois mandatos consecutivos. Em 2003, no primeiro
mandato de Lula, assumiu a pasta do Meio Ambiente, onde agiu como adversária do
agronegócio. Sua gestão deu-lhe notoriedade internacional e conquistou ampla
simpatia de organizações ambientalistas europeias que agem com fanatismo
anti-progressista em todo mundo, menos na Europa...
Foram cinco
anos terríveis para o desenvolvimento nacional. No ministério, Marina travava
projetos de infraestrutura, impedia ou retardava empreendimentos públicos e
privados, aplicava a torto e a direito um receituário avesso às usinas, aos
transgênicos, ao agronegócio, principal motor do desenvolvimento nacional e
responsável pela quase totalidade dos superávits de nossa balança comercial. Os
pedidos de licenças ambientais empilhavam-se, relegados ao descaso.
Empreendimentos eram cancelados por exaustão e desistência dos investidores.
Sempre irredutível, Marina incompatibilizou-se com governadores, com os setores
empresariais e com a então ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Foram
cinco anos terríveis!
Quando se
sentiu politicamente firme, largou a Igreja Católica, mudou-se para a
Assembleia de Deus e para o PV. Depois, largou não sei que mais e se mudou para
o projeto da Rede. Mas isso não a fez menos alinhada com as trincheiras de
combate às economias livres, ao agronegócio, e ao evangélico domínio do homem
sobre os bens da Criação. A ecomania de Marina Silva inverte a ordem natural
nesse convívio, submetendo os interesses da humanidade às determinações que diz
extrair do mundo natural. No fundo, vestido com floreios ecológicos, é o velho
ódio marxista à propriedade privada dos bens da natureza.
De um
leitor, a respeito da animosidade de Marina Silva para com o agronegócio: ‘Ela
é uma praga de gafanhotos stalinistas reunidos numa pessoa só’”. http://www.puggina.org/artigo/puggina/marina-silva-cuidado/1721
f) Entretanto,
na esteira dessas propostas de conciliar o inconciliável, não é de hoje que
existem as mais inauditas propostas de simbiose ou convergência entre catolicismo
e socialismo.
Em
particular, sobreleva o papel de Antonio Gramsci, célebre pensador e co-fundador
do Partido Comunista Italiano, o qual, já nas primeiras décadas do século XX, afirmava
que, ao invés de enfrentar de rijo a Igreja Católica, mais valia a pena criar
enfrentamentos no interior do catolicismo.
Com efeito, Gramsci chegara à conclusão de que uma das chaves da
sobrevivência do catolicismo ao longo dos séculos foi o fato de que em seu seio
conviveram harmonicamente humildes e elites, sentenciando que “a Igreja romana sempre foi a mais tenaz em
impedir que oficialmente se formem duas religiões: a dos intelectuais e a das
almas simples”. [grifos meus]
Ao mesmo
tempo em que proclamava “odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes”
(Antonio Gramsci, “indifférent”, Février 11, 1917, apud "La Città
futura", pp. 1-1 Raccolto in SG, 78-80,
http://bellaciao.org/it/spip.php?ar...), o pensador comunista definia o socialismo como
“uma religião, no sentido em que também possui um conjunto de crenças, uma
mística, fieis seguidores; é uma
religião porque substituiu, na consciência [de cada indivíduo], o Deus
transcendental dos católicos pela confiança no homem e em suas melhores
energias como sendo a única realidade espiritual existente”. [A. Gramsci,
“Audacia e fede”, Sottola Mole, 22.6.1916, cité par Rafael Diaz-Salazar, El
proyecto de Gramsci, Barcelona, Ed. Anthropos, 1991, p. 47.]. [grifos meus]
Ora, para sem número de adeptos do aggiornamento
pós-Vaticano II, afirmações como estas não estão longe de ser admitidas, por
muitos até, como verdades de... fé!
g) Na
turbulenta conjuntura histórica em que vivemos, será que o maquiavélico plano de
Gramsci virá à tona?
Só o tempo
dirá.
Obrigado pela observação.
ResponderExcluir