terça-feira, 11 de junho de 2013

Livrarias não vendem cultura


Tempos atrás liguei para um livreiro oferecendo um livro independente que havia acabado de produzir. Ele disse: claro, com prazer! Trabalhamos com 50%. 
E, para quem gosta de livros, bacanas são as pequenas livrarias e, em especial, os sebos, aqueles onde o dono te atende e fala dos livros que vende, porque os leu, conhece autores, conhece o vendedor da editora, sabe de edições anteriores, vai direto com a mão no exemplar que você pediu porque sabe onde está.

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Causou [SIC!] espanto a muita gente as recentes demissões na livraria cultura e fico me perguntando o porquê disso.

Livrarias vendem livros como farmácias vendem analgésicos e [preservativos], [assim] como padarias vendem pães e cigarros.

Livrarias tratam os livros como produtos e não estão erradas nisso [SIC! SIC! SIC!]. Estão erradas em tentar convencer seus clientes que estão só preocupadas com o saber ou com a informação.

Nas vitrines, os mais vendidos, os mais bem relacionados na lista da VEJA, ou ainda os de futebol, na época de copa; os fofinhos para o dia das mães, meiguinhos para o dia dos namorados. e muito de auto-ajuda, claro!

O livro é um 
produto e como tal é tratado.

Tempos atrás liguei para um livreiro oferecendo um livro independente que havia acabado de produzir. Ele disse: claro, com prazer! Trabalhamos com 50%.

Seco assim, sem beijinho, abraço, ou ver do que se tratava.
[Valor de] 50% é o [com] quanto ele fica do preço de capa.

Se eu ou a editora pagamos pela produção, pela impressão, pela entrega na loja, [nada disso] importa. O fato de ele colocar meu livro em algum lugar perdido, em suas prateleiras, já vale os 50tinhas.

Se você quiser seu livro na vitrine, num totem, num destaque qualquer o que acontece?

Claro, você
paga.

E livraria não compra: recebe tudo em consignação, vende e acerta depois. N
egocião!

Livrarias, as grandes livrarias, foram para os shoppings, servem café e pãozinho de queijo; têm espaços para pequenas palestras, lançamentos e para crianças folhearem livros espreguiçados, em almofadas coloridas, nos 
sábados de manhã, quando pais não sabem o que fazer com elas.

Espaços assim, [como] o macdonalds, também têm mais livrarias... Atraem pessoas que acreditam ainda no poder das palavras escritas umas atrás das outras. acreditam que livros podem fazer a diferença e têm uma fé cega neles como os hipocondríacos que visitam farmácias numa crença quase religiosa. [SIC! SIC! SIC!]


Posso estar sendo um pouco injusto. Eu mesmo adoro livrarias e frequento esses carrefours dos livros onde você encontra de tudo; às vezes, compro. Às vezes, anoto os nomes, editoras e encomendo pela amazon pela metade do preço. Tem que esperar um pouco, mas nem tudo é como a gente quer…

E pra quem gosta de livros, bacanas são as pequenas livrarias e, em especial, os sebos, aqueles onde o dono te atende e fala dos livros que vende porque os leu, conhece autores, conhece o vendedor da editora, sabe de edições anteriores, vai direto com a mão no exemplar que você pediu, porque 
sabe onde está.

Continua sendo livro, [continua] sendo produto [SIC! SIC! SIC!], continua sendo negócio, mas é como bolo de [a]vó, cheio de um carinho que você merece.

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