“Será que o papa é católico?” eis o sarcasmo que a maioria dos fiéis católicos nunca iria perguntar; pelo menos não seriamente.
Mas com uma série de recentes pronunciamentos e decisões que atacam a tradição papal, o Papa Francisco deixou muitos católicos se perguntando se a Igreja Católica irá sobreviver a este papado.
Tais são as contundentes palavras do jornalista Jerome R. Corsi, em matéria de Nova Yorque, intitulada “Obama em Washington e Francisco em Roma – O Papa é Católico? - O bispo de Roma resolve balançar a Igreja”.
(Ler a matéria na íntegra no final da página)
*** * ***
Para os menos instruídos em matéria
religiosa, imprescindível recordar, a esta altura dos acontecimentos, quem é o
Papa. “Doce Cristo na Terra”, segundo a magnífica expressão de Santa Catarina
de Siena.
O que nos ensina a Igreja e
a história sobre a fundação da Igreja Católica?
“E eu te digo que tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos Céus: e tudo o
que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus.” (Mt. 16, 18).
Todos os sucessores dos Apóstolos
atestam o primado de Pedro e dos seus sucessores, como, por exemplo: 1)
Tertuliano: “A Igreja foi construída sobre Pedro“; 2) S. Cipriano: “Sobre um só
foi construída a Igreja: Pedro“; Santo Ambrósio: “Onde há Pedro, aí há a Igreja
de Jesus Cristo“.
São Mateus, enumerando os
apóstolos, confirma o primado de S. Pedro: “O primeiro, Simão, que se chama
Pedro“ (Mt 10, 2).
No século I, o Bispo de
Roma, Clemente, escrevendo aos Coríntios, para chamar à ordem os que
injustamente tinham demitido os presbíteros, declara-lhes que serão réus de
falta grave se não lhe obedecerem. O procedimento de Clemente de Roma tem maior
importância, se considerarmos que nessa época ainda vivia o apóstolo São João, o
qual não deixaria de intervir se o Bispo de Roma estivesse no mesmo plano dos
outros bispos.
No princípio do século II,
Santo Inácio escreve aos romanos que a Igreja de Roma preside a todas as
demais.
Santo Irineu diz ser a
Igreja Romana a “maior, a mais antiga e a mais famosa”, e fundada pelos
apóstolos Pedro e Paulo (Heres. 3. 3. 2). Traz mais a lista dos dirigentes da
Igreja Romana desde São Pedro até o Papa reinante no tempo dele, que era S.
Eleuterio. Ao todo eram doze. Eis a lista, numa sequência ascensional:
Eleuterio; Sotero; Aniceto; Pio; Higino; Telésforo; Xisto; Alexandre; Evaristo;
Clemente; Anacleto; Lino; Pedro. (observe-se que Santo Irineu deve ter vivido
no entre o ano 100 e 200 DC).
São Jerônimo, escrevendo a
S. Dâmaso, Papa, diz: “Eu me estreito a Vossa Santidade, que equivale à Cátedra
de Pedro. É esta a pedra sobre a qual Jesus Cristo fundou a sua Igreja. Seguro
em vossa cátedra eu sigo a Jesus Cristo“. Aludem a isso, direta ou
indiretamente, diversos santos e cristãos dos primeiros séculos, formando a
mais universal das tradições, a mais firme convicção histórica. Citemos alguns:
Santo Epifânio, Osório Pedro de Alexandria, Dionísio de Corinto, São João
Crisóstomo, Papias, etc..
Nosso Senhor Jesus Cristo
disse: “Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu com instância para vos joeirar
como trigo; mas eu roguei por ti, para que não desfaleça a tua fé; e tu, uma
vez convertido, confirma os teus irmãos” (Luc. 22, 31-32). Noutras palavras, é
São Pedro quem tem a missão, dada pelo próprio Messias, de ‘confirmar‘ seus
irmãos. Essa missão supõe, evidentemente, o primado de jurisdição.
São Pedro é nomeado pastor
das ovelhas de Cristo. Após a Ressurreição, Nosso Senhor confia a Pedro a
guarda de seu rebanho, isto é, confia-lhe o cuidado de toda a Cristandade, isto
é, dos cordeiros e das ovelhas: “Apascenta os meus cordeiros“, repete-lhe duas
vezes; e à terceira: “apascenta as minhas ovelhas” (Jo. 21, 15-17). Ora,
conforme o uso corrente das línguas orientais, a palavra apascentar significa
“governar“. Apascentar os cordeiros e as ovelhas é, portanto, governar com
autoridade soberana a Igreja de Cristo; é ser o chefe supremo; é ter o primado.
Noutros termos, o Papa tem jurisdição sobre os Bispos e sobre os fieis (ou
seja, cordeiros e ovelhas). Ademais, a imagem do “pastor”, nas Sagradas
Escrituras, designa o Messias e sua obra (cf. Mq 2,13; 4,6s; Sf 3,18s, Jr 23,3;
31,19; Is 30,11; 49,9s). Ora, confiando a São Pedro a missão de pastor, Nosso
Senhor o constituiu seu representante visível na Terra.
Na relação dos apóstolos
(Mt 10, 2-4; Mc 3, 16-19; Lc 6, 13-16; At 1, 13), São Pedro sempre é nomeado em
primeiro lugar. Em Mt. 10, 2, lê-se explicitamente que Pedro é o primeiro (“Protos“).
Ora, “protos” tanto quer dizer o primeiro numericamente como o primeiro em
dignidade e honra (v. Mt 20, 27; Mc 12, 28,31; At 13, 50; 28,17).
Em Mt. 17, 24-27,
curiosamente, Nosso Senhor mandou pagar o tributo ao templo em nome Dele e de
S. Pedro, demonstrando a importância daquele que seria o Seu representante
visível na terra. Ele não manda que se pague em nome dos outros apóstolos,
apenas em nome de São Pedro.
São
Pedro foi o primeiro Bispo de Roma:
A
esse respeito, poderíamos mencionar longas passagens de São Irineu, Caio, São
Cipriano, Santo Agostinho, São Optato, São Jerônimo, Sulpício Severo, que
atestam “unânimes” o múnus episcopal do príncipe dos apóstolos sobre a Cidade
Eterna.
Limitemo-nos
a umas curtas citações:
Caio:
falando de S. Vitor, Papa. diz: “Desde
Pedro ele foi o décimo terceiro Bispo de Roma”(ad Euseb. 128).
São
Jerônimo: “Simão
Pedro foi a Roma e aí ocupou a cátedra sacerdotal durante 25 anos”
(De Viris Ill. 1, 1).
Santo
Agostinho: “S. Lino
sucedeu a S. Pedro” (Epist. 53)
Sulpício
Severo, falando dos tempos de Nero, afirma: “Neste
tempo, Pedro exercia em Roma a função de Bispo” (His. Sacr., n. 28).
S.
Ireneu: “Os apóstolos
Pedro e Paulo fundaram a Igreja, e o primeiro remeteu o episcopado a Lino,
a quem sucedeu Anacleto e depois Clemente”.
Convém
novamente acentuar que, quando é feita a enumeração dos Bispos de Roma, desde os
documentos primitivos, o nome de Pedro aparece à frente de todos.
A
Sucessão Apostólica
Nos
textos das Sagradas Escrituras, não só a investidura de São Pedro como Chefe
visível da Igreja é que consta, mas também a investidura perpétua dos
apóstolos, como “enviados”
de Cristo (Mt. 28, 18 – 20): “É-me
dado todo o poder no céu e na terra; ide, pois, e ensinai a todos os povos, e
eis que estou convosco todos os dias até a consumação do mundo”.
Que
significam tais palavras?
1
– Jesus Cristo possui tem todo poder — a primeira parte;
2
– Jesus Cristo transmite esse poder — a segunda parte (Lembremo-nos, no
mesmo sentido, da frase: “tudo que ligares na terra será ligado no céu e tudo o
que desligares na terra será desligado no céu”).
3
– A quem Ele transmite? Aos apóstolos.
4
– Até quando? Até a consumação dos séculos, ou seja, até o fim do mundo.
Ora, Cristo
poderia ter transmitido esse poder unicamente aos apóstolos ali presentes?
Inconcebível, pois os apóstolos deviam morrer um dia, como todos os homens
morrem. Ele diz: “estarei
convosco até à consumação do mundo”.
Se
Ele promete estar com os apóstolos até o fim do mundo, é claro que não
está se dirige aos apóstolos enquanto pessoas físicas, mas como uma “linhagem moral“, que deve perpetuar-se nos
seus sucessores, e que há de perdurar até o fim dos tempos.
Prova
evidente de que o bispo de Roma, o Papa, é o sucessor de S. Pedro e de sua
“jurisdição”.
A
sucessão também é observada nos primeiros cristãos, que nomeavam diáconos e
bispos, transmitindo-lhes as obrigações de seus antecessores.
Fundando
uma sociedade religiosa visível, para durar até o fim do mundo, Jesus
Cristo necessariamente nomearia um chefe, com sucessão, para perpetuar a mesma
autoridade: “Quem vos
escuta, escuta a mim” (Mt 28, 18). Se assim não fosse, Nosso Senhor
não teria podido dizer: “Eis
que estou convosco todos os dias até o fim do mundo“. Ao contrário,
deveria ter dito que estaria apenas com S. Pedro até o fim de sua vida...
Cumpre-se
assim o que claramente se lê: “Um
só senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef. 4, 5).
*** * ***
Verifica-se à saciedade, pelos testemunhos e
comprovações acima, que a Igreja foi instituída sobre a Rocha inabalável de
Pedro, Primeiro Papa.
Como, então, se pode
conceber que, quase dois mil anos depois da fundação da Igreja por Cristo, um
Sucessor de São Pedro venha a público afirmar que “não crê no Deus dos
católicos”?
A indagação resulta
imediata: qual a “fé” que professa o Papa Francisco? Pode-se considerá-lo o representante supremo
na terra de uma Religião em cujo Deus afirma “não crer”?
Não surpreende, pois, que,
à vista disso, haja quem se pergunte se o Papa Francisco, por via dessas
declarações, não se demite de sua condição de Soberano Pontífice.
Raphael
de la Trinité
*** * ***
Obama em Washington e Francisco em Roma – O Papa
é Católico?
O
bispo de Roma resolve balançar a Igreja
Jerome
R. Corsi
NOVA YORK, EUA — “Será que o papa é católico?” eis
o sarcasmo que a maioria dos fiéis católicos nunca iria perguntar; pelo menos
não seriamente.
Mas com uma série de recentes pronunciamentos e
decisões que atacam a tradição papal, o Papa Francisco deixou muitos católicos
se perguntando se a Igreja Católica irá sobreviver a este papado.
Nos
últimos dias, a mídia se ateve a uma declaração que parece sugerir que os
descrentes (ou mesmo os não católicos, ou até ateístas) podem ganhar a salvação
e ser admitidos no céu, enquanto seu recém-nomeado secretário de estado, a
segunda posição mais importante no Vaticano, sugeriu que eles estão prontos
para repensar o celibato e o clero, sugerindo que padres e freiras poderão ter
permissão de se casar.
Agora, o fiel
católico se pergunta, “Será que a Igreja Católica irá sobreviver ao papado de
Francisco?”
O
homossexualismo é pecado?
O choque ao pensamento
tradicional católico começou quando o Papa Francisco decidiu voltar ao avião e
conceder uma entrevista aos repórteres no voo de volta do Brasil para casa em
sua primeira viagem internacional como papa.
Em vez de dizer que
o homossexualismo é um “mal moral intrínseco”, conforme disse seu predecessor
Bento XVI, o Papa Francisco respondeu à pergunta de um repórter, “Se alguém é
gay e procura o Senhor de boa vontade, quem seu ou para julgar?”
Ateus
podem ser salvos?
Então, em 11 de
setembro, em uma carta publicada na primeira página de um jornal de Roma,
o La Repubblica, o Papa Francisco respondeu à pergunta do fundador
do jornal e editor de longa data, Eugenio Scalfari, de 89 anos, que perguntou
se Deus iria perdoar uma pessoa sem fé por um pecado cometido.
Sua resposta saiu
nas manchetes de todo o mundo, concluindo que o Papa abriu as portas para a
salvação para os que não acreditam em Deus.
Escreveu o papa: “E
assim chego às três perguntas que me coloca no artigo de 7 de agosto. Parece-me
que, nas duas primeiras, aquilo que lhe está no coração é entender a atitude da
Igreja com quem não partilha a fé em Jesus. Antes de mais nada, pergunta-me se
o Deus dos cristãos perdoa a quem não acredita nem procura acreditar. Admitido
como dado fundamental que a misericórdia de Deus não tem limites quando alguém
se dirige a Ele com coração sincero e contrito, para quem não crê em Deus a
questão está em obedecer à própria consciência: acontece o pecado, mesmo para
aqueles que não têm fé, quando se vai contra a consciência. De fato, ouvir e
obedecer a esta significa decidir-se diante do que é percebido como bem ou como
mal; e é sobre esta decisão que se joga a bondade ou a maldade das nossas
acções.”
Devem
os judeus aceitar Jesus?
Na mesma carta, o
Papa Francisco se dirigiu aos judeus, continuando um tema que o tornou famoso
na Argentina desde o ataque a bomba a um centro judeu em Buenos Aires em 1994,
matando 85 pessoas e deixando centenas feridas.
O Papa destaca que
o povo judeu é a “raiz” de onde germinou Jesus.
“Na amizade que
cultivei durante todos esses anos com os irmãos judeus, na Argentina, também eu
muitas vezes questionei a Deus na oração, especialmente quando a mente se
detinha na recordação da experiência terrível do Holocausto.” “O que lhe posso
dizer — com palavras do apóstolo Paulo — é que nunca esmoreceu a fidelidade de
Deus à aliança estabelecida com Israel e que, através das terríveis provações
destes séculos, os judeus conservaram a sua fé em Deus.”
Na ocasião do Rosh
Hashaná (ano novo judaico), o papa desejou aos judeus um feliz ano novo e
encorajou um diálogo aberto em questões de fé.
Ainda assim, Giulio
Meotti, um jornalista italiano, ao escrever um editorial ao Israeli
National News, não ficou satisfeito.
“Mas conforme
mostra essa nova carta, um dos graves perigos no diálogo do Vaticano com o
judaísmo é a tentativa da Igreja de dividir os judeus ‘bons’ e dóceis da
Diáspora e os judeus ‘maus’ e arrogantes de Israel”, escreve Meotti. “O Papa
Francisco nunca se dirigiu aos israelenses nas suas mensagens, nem defendeu
abertamente o Estado Judeu desde que foi eleito pelo Colégio dos Cardeais.
Parece que não há espaço para os sionistas fiéis e obstinados no sorriso
leniente do Papa. Em seus discursos, as aspirações nacionais judaicas são
ignoradas, e até mesmo não denegridas”.
Meotti fez
referência a uma carta que a Conferência de Bispos Católicos dos EUA distribuiu
recentemente junto com a Universidade Católica da América, que condenava a
expansão dos assentamentos israelenses. A carta argumentava que a expansão dos
assentamentos é “uma forte primária de violações dos direitos humanos dos
palestinos”, sugerindo que os palestinos que vivem em Israel sofrem “uma
ocupação militar prolongada” por judeus israelenses.
Padres e freiras podem se casar?
Enquanto o Papa
Bento XVI proibiu um diálogo aberto sobre se padres e freiras deveriam ter
permissão de se casar, o Papa Francisco, que notoriamente disse que o celibato
clerical poderia mudar, pode estar prestes a colocar o assunto na pauta para um
debate sério.
Assim afirma Clelia
Luro, uma mulher de 87 anos cujo romance e eventual casamento com um bispo se
tornou um enorme escândalo na década de 60. Sua história não impediu o Papa
Francisco de ser seu amigo muito próximo, que lhe telefonava todos os domingos
quando era cardeal chefe da Argentina, segundo reportagem da Fox News.
Aquela previsão
pareceu estar se concretizando depois que o arcebispo italiano Pietro Parolin,
núncio da Venezuela que foi recentemente indicado para ser Secretário de Estado
do Papa, segundo no comando do vaticano, disse ao jornal venezuelano El
Universal que o celibato do clero não é um dogma.
Traduzindo para
fora da terminologia formal da Igreja Católica, com esse pronunciamento o
arcebispo Parolin está sinalizando que o celibato para o clero não é um artigo
obrigatório para a fé na qual todos os católicos praticantes devem acreditar,
mas uma prática ou tradição que deveria ser aberta ao debate.
Traduzido
por Luis Gustavo Gentil do original do WND: NO JOKE
THIS TIME: IS THE POPE CATHOLIC?
Trechos
da carta do Papa Francisco ao jornal italiano retirados de News.va.
Fonte: Homem culto & Júlio Severo
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