terça-feira, 1 de outubro de 2013

Papa Francisco institui o Conselho de Cardeais



Órgão consultivo, que não tem poderes de governo, se reunirá pela primeira vez nesta semana
Rocio Lancho García, Sergio Mora





ROMA, 30 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - O papa Francisco instituiu um conselho de cardeais que tem natureza consultiva e duas finalidades concretas: ajudar no governo de toda a Igreja e estudar um projeto de revisão do funcionamento da cúria romana. O texto manuscrito do decreto foi assinado em 28 de setembro e publicado hoje. O conselho de cardeais não é um órgão de governo, mas apenas consultivo. O anúncio da criação do grupo foi feito no dia 13 de abril, quando também foram divulgados os nomes dos cardeais que o formariam.

A cúria romana é a estrutura por meio da qual o santo padre governa a Igreja, comparável até certo ponto com os ministérios dos governos de outros países. Os “ministérios”, no Vaticano, se chamam dicastérios. Alguns mudam de nome, como o de Assuntos Exteriores, que na Igreja é chamado de departamento de Relações com os Estados. Há “ministérios” específicos para o trabalho pastoral, como o da Doutrina da Fé, o do Clero, o dos Processos de Canonização, o da Justiça e Paz, etc.

Os oito cardeais nomeados pelo santo padre se reúnem em sua primeira sessão nesta semana, até a próxima quinta-feira, 3 de outubro. Eles ficarão hospedados na Casa Santa Marta e o idioma de trabalho será o italiano. “O papa deverá fazer uma breve introdução e logo em seguida escutará o conselho, que tem muito a contribuir, porque o material é volumoso. Não está previsto por enquanto nenhum encontro da comissão com pessoas externas”, explica o pe. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano. Excetuam-se a quarta-feira de manhã, dia da audiência geral, e a quinta-feira, em que acontece uma audiência do congresso Pacem in Terris.

Os oito cardeais que compõem o conselho são o italiano Giuseppe Bertello, o chileno Francisco Javier Errazuriz Ossa, o indiano Oswald Graças, o alemão Reinhard Marx, o congolês Laurent Monsengwo Pasinya, o estadunidense Sean Patrick O'Malley, o australiano George Pell e o hondurenho Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, que será o coordenador do grupo, auxiliado por dom Marcello Semeraro, bispo de Albano.

O porta-voz especificou que eles constituem um “novo instrumento que enriquece o governo da Igreja”. Todos são arcebispos de grandes dioceses, menos o de Albano.

O conselho “foi criado pelo papa, que é livre para ampliar ou modificar a equipe. Ele os consulta de maneira coletiva, mas também individualmente. Os cardeais darão os seus conselhos e o santo padre tomará as decisões que considerar oportunas”, esclareceu Lombardi. “O papa realiza também outras formas de consultas: reuniões com os chefes dos dicastérios da cúria, com as comissões e com pessoas que ele considera proveitoso consultar”.

“Além disso, o papa também falou de outra reforma importante: o método de trabalho do sínodo”. Neste sentido, “as palavras-chave para pensar neste método de governo são sinodalidade e caminhar juntos como Igreja [...] O papa procura discernir a vontade de Deus também através da consulta”.

Interrogado sobre a preparação dos trabalhos, o representante do Vaticano explicou que “o trabalho começou com o recebimento atencioso de sugestões e propostas, feitas pelos oito membros do conselho de cardeais, cada um de acordo com as suas áreas de competência. Também estão contribuindo os chefes dos dicastérios, o colégio cardinalício e a Secretaria de Estado”.

“São cerca de oitenta os documentos que já chegaram até o secretário antes da reunião, e uma parte desse material está sendo estudada pelos membros do conselho cardinalício”. Além disso, acrescenta Lombardi, “o secretário preparou uma síntese. No sábado foi feita uma reunião informal entre os membros que já tinham chegado e hoje haverá outra, para que exista um intercâmbio de informação antes de começar”.

O porta-voz encerrou a coletiva informando que “este é um primeiro encontro, é uma realidade que vai continuar. Não devemos esperar desses três dias conclusões ou publicações de documentos e decisões, já que é a primeira vez que eles se encontram deste modo para discutir temas de grande complexidade e amplidão, com uma documentação muito vasta. Sejamos realistas”, sugeriu.


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