Luz nas trevas: respostas irrefutáveis às objeções protestantes
por Pe. Júlio Maria
por Pe. Júlio Maria
Livro de 1955 - 224 pag.
Editora VOZES
Petrópolis
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CAPÍTULO X
SÃO PEDRO ERA
CELIBATÁRIO
A terceira objeção é contra o
celibato de São Pedro, para demonstrar que os padres devem se casar. O pastor
pede, pois: Um texto da Sagrada Escritura
que prove que São Pedro não tinha esposa.
I. Argumento negativo
Provemos, em primeiro lugar, ser
provável que São Pedro não tinha mulher, quando foi chamado por Jesus Cristo,
mas era viúvo. É o argumento
negativo.
O meu amigo crente quer um texto que
prove que São Pedro não tinha mulher: por que não pede um texto que prove que
São Pedro usava calça, turbante, alpercatas, manto, que comia, bebia e dormia?
Na falta deste texto, será preciso
concluir, então que São Pedro andava despido e que não comia, nem dormia?
Que ingenuidade! Para que serve tal
texto?... Então é proibido casar-se?
E se eu lhe pedisse um texto que
provasse que São Pedro tinha mulher, onde iria buscá-lo?
Conhecendo só as palavras da Bíblia,
sem compreender a significação, há de apresentar o texto de São Lucas (Lc 4, 38):
E a sogra de Simão estava enferma.
Isso prova que São Pedro tinha sogra.
É já uma coisa: porém há tanta gente que tem sogra e não tem mais mulher; pois
uma pode morrer e a outra ficar. Isso prova apenas que São Pedro tinha sido
casado, antes de ser chamado por Nosso Senhor, e que talvez era viúvo.
Meu pobre crente nem pensara até aí,
e no triste afã de fabricar objeções viu sogras e mulheres em toda parte.
Então, São Pedro, por ter sogra,
tinha sido casado, era viúvo... Mas diga lá: o viúvo é ou não é gente? Há na
Igreja bastante padres que já foram casados e que, depois de enviuvar, entraram
na milícia eclesiásticas. Há até muitos santos nestas condições.
Haverá qualquer mal nisso? A Igreja
católica exige o celibato dos seus sacerdotes, para seguirem o exemplo de Jesus
Cristo e dos apóstolos, que eram celibatários.
Jesus Cristo não o exigiu dos seus
discípulos; aconselhou-o; porém
parece-me que um conselho do Salvador não é coisa desprezível e deve, ao
contrário, ser de real utilidade.
II. Argumento positivo
O argumento positivo é claro, embora
não resolva completamente a questão. São Pedro tinha sogra; é certo. São Pedro teve mulher; é certo ainda.
Na ocasião de ser chamado por Nosso
Senhor ao apostolado, São Pedro não tinha mais mulher, e se a tinha ainda,
deixou-a de comum acordo, conforme o conselho do Mestre: Todo aquele que tiver deixado, por amor de mim, casa, irmãos, pais, ou
mãe, ou mulher, ou filhos... receberá a vida eterna (Mt 19, 20).
Eis um conselho do divino Mestre,
dirigido aos apóstolos, e, na pessoa deles, aos séculos vindouros. Nosso Senhor
convida os apóstolos a deixarem tudo, por seu amor... até a própria mulher.
Os apóstolos compreenderam o convite
de Cristo, e o compreenderam tão bem que ficaram admirados, e disseram: logo quem pode salvar-se? (Lc 18, 26).
São Pedro, sem hesitação, sem
embaraço, como quem fala com completa certeza, dirige-se ao divino Mestre, e
exclama: Eis que nós deixamos tudo e te
seguimos (Lc 18, 28).
E o Senhor aprova e apoia esta
exclamação de Pedro, respondendo: Na
verdade vos digo, que não há quem deixe, pelo reino de Deus, casa, pais, irmãos
ou mulher não receberá...a vida eterna (Lc 18, 29-30).
Que verdade podia ser articulada,
confirmada mais positivamente do que aquela? O Salvador promete o céu a quem
deixar tudo, inclusive a mulher, por
seu amor! São Pedro exclama ter deixado tudo.
O Mestre o confirma, e promete-lhe o céu em recompensa.
É pois claro e irrefutável que São Pedro,
embora tivesse sogra, não tinha, ou tinha deixado a mulher; era pois celibatário como os outros apóstolos. Se
assim não fosse, São Pedro não podia ter deixado
tudo, visto não ter deixado a mulher,
embora fosse incluída a mulher na enumeração, feita pelo Mestre, daquilo que se
pode deixar por seu amor.
Reflitam sobre isto, caros
protestantes, e vejam como este esdrúxulo desafio se desfia por completo, e
encontra no Evangelho uma resposta clara e irrefutável. O argumento positivo não deixará subsistir a mínima
dúvida: São Pedro era viúvo, ou
separado da Mulher, e como tal seguiu o divino Mestre, deixando tudo, pelo reino de Deus (Mt 19, 20).
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