quarta-feira, 31 de julho de 2013

A reencarnação sob o olhar da fé






Em 1982, uma sondagem do instituto Gallup revelava um fenômeno impressionante da mentalidade ocidental. Um em cada quatro europeus declarava ser adepto da teoria da reencarnação. O fenômeno tinha todas as oportunidades para se expandir, uma vez que, no mesmo ano, 28% dos britânicos apoiavam esta doutrina enquanto, dez anos antes, não eram mais de 18%.

As cifras crescem sem parar nos últimos 12 anos. Mostram de modo evidente que essa crença não se limita às margens do Ganges, mas que exerce uma real força de sedução nas mentalidades ocidentais. A multiplicação dos livros, artigos, programas televisivos, filmes, que se prestam a gravá-la na inteligência, convida-nos a examiná-la atentamente.

Apresentação geral

A reencarnação, ou metempsicose, é uma doutrina filosófica que prega a transmigração da alma, ao considerá-la suficientemente independente do corpo para que não esteja ligada a ele de modo exclusivo. Depois da morte, ela une-se a outro corpo para começar nova vida. A alma é semelhante a um homem que tem de mudar-se regularmente. Em uma determinada data, deixa necessariamente uma morada para ir habitar em outra. A metempsicose distingue-se da reencarnação no que admite a migração das almas nos animais e nas plantas, enquanto esta última a restringe ao gênero humano.

Uma breve exposição nos ajudará a conhecer melhor tais doutrinas1. As tribos animistas da África conservaram a religião das hordas ancestrais. Na morte, a alma lamenta pelo seu corpo, desejando assim unir-se seja aos objetos a que era apegada, seja aos animais ou mesmo aos seres humanos. As coisas ou animais tornavam-se protetores da família dos descendentes. A metempsicose encontra-se aqui mais próxima da superstição que da religião. Ainda que de modo secundário, essa crença ressurge em uma forma mais elaborada no Egito das pirâmides. Para os egípcios, a alma, depois da morte, vai juntar-se às estrelas incontáveis (versão mais antiga), ou fundir-se na alma universal que habita o sol (versão panteísta mais tardia). Por vezes, todavia, a alma do pecador pode ser constrangida a entrar no corpo de um porco para que ali leve uma vida miserável sobre a terra.

Tal doutrina aparece na Grécia por volta do século VI a.C.. Desconhecida até então, logo adota um novo formato, elaborado através do mito de Orfeu. Composto de um elemento mal e outro divino, o homem deve se libertar do princípio maligno que quer governá-lo, para permitir o triunfo da força divina. Logra-o por purificações sucessivas, reiteradas ao longo de uma série de existências terrestres, até o ponto em que se escuta dizer esta sentença liberadora: Bem-aventurado e feliz, serás deus e não mais mortal2.

Pitágoras faz sua a teoria. Mais ainda, afirma lembrar-se de todas as vidas anteriores, que faz começar em Aitalides, filho de Hermes. Platão é mais prudente em seus escritos: Em tal matéria, é impossível, ou pelo menos dificílimo, chegar a uma evidência. (Fédon, 85) Contudo, sua concepção da metempsicose não é menos precisa. Na morte, a alma passa uma estada no inferno para um tempo de provações, depois do que se une por iniciativa própria aos seres que se lhe assemelham. Se a alma se encontra pura no momento da morte, isto é, isenta de todas as máculas do corpo, é-lhe imposta não obstante uma provação de três mil anos, em meio de que precisará sofrer três outras vidas terrestres, conservando a inocência. Só então será fundida para sempre em um espírito divino, imortal e cheio de sabedoria. Por outro lado, a alma dos tiranos e dos incorrigíveis viverá em uma eterna infelicidade, unida aos seres corrompidos que se lhe assemelham. Quanto àqueles cuja malícia não é invencível, podem reencarnar para se purificar e avançar até à sabedoria. A despeito disso, mil anos de provação separam duas encarnações sucessivas. Aristóteles considera com desdém o que chama de “fábulas pitagóricas”3 Recusa-as baseado em graves razões filosóficas, que iremos examinar. A alma não é estranha ao corpo. Constitui, com o corpo, um todo substancial, uma só realidade concreta. Uma alma determinada dá o ser e aperfeiçoa um determinado corpo: “Uma alma não pode entrar num corpo qualquer”4

No final do século II antes de nossa era, a metempsicose passou da Grécia para Roma por intermédio do poeta Ênio (239-169 a.C.). Aí parece ter sido admirada, já que descobrimos menções a seu respeito em Horácio, Ovídio e Virgílio.

Mas é na Índia e no Oriente Distante que a teoria da reencarnação encontrou sua terra de predileção, conhecendo sucesso prodigioso. Notemos, antes de tudo, que os livros védicos, levados pelos Arianos ao norte do país (2000 anos a.C.), não davam qualquer sinal da metempsicose. Essa só aparece com os Upanishads (700 anos a.C.). Tal moral está subtendida por um princípio primordial: a felicidade das almas consiste na fusão com a alma universal do tudo. A boa ação é a que favorece o aniquilamento da personalidade, dos apetites, da atividade própria. E, já que a fonte de todo mal é a sede de existência, o ato mal é o que a alimenta. Enquanto a soma dos atos maus não for compensada pela dos atos bons, a alma deverá renascer à vida terrestre. Ela será liberada dessa fatalidade quando tiver apagado todo desejo de existir, quando tiver atingido a inação absoluta, o vazio completo. É a absorção na alma universal (o brahma) ou nirvana.

O budismo na China retoma o mesmo pensamento, radicalizando-o. Como seu predecessor, segue a destruição da personalidade, mas parece ignorar a alma suprema, a ponto de só se interessar pelo nirvana em si mesmo. Acentua, destarte, o niilismo hindu. Métodos ascéticos mui austeros são estabelecidos, a fim de se realizar o nada, não mais obstando a reminiscência das vidas passadas.

No Oriente assim como no Ocidente, a metempsicose nos parece como um fenômeno em contínua expansão. Nada parece deter sua progressão. Nada, salvo o cristianismo. Com efeito, só o formidável esforço da Igreja nos dois primeiros séculos de nossa era pôde estancar tal doutrina. Em todo lugar onde o Evangelho foi pregado, ela caiu no esquecimento ou teve de se esconder. No Ocidente, vemo-la refugiar-se na cabala do século II. Qualquer alma, ensina, possui em si o princípio de seu próprio aperfeiçoamento, devendo conduzi-la até à substância divina, onde entrará depois de uma ou várias vidas terrestres.

Os gnósticos retomam a mesma concepção dinâmica da reencarnação. Esta não é tão-somente punição pelas faltas de vidas passadas, mas uma etapa da ascensão da alma à divindade pelo impulso de seu próprio dinamismo interior.

Veiculada pela cabala e pela gnose, tal pensamento é retomado, no século XVI, pelo matemático Jerome Cardan (1501-1576) e pelo filósofo Giordano Bruno (1548-1600). O século XIX fornece vários adeptos notórios desse pensamento, mas é contudo com a teosofia e a antroposofia, no século XX, que o movimento toma um formidável alcance.

Tal é, por exemplo, o vaticínio de Rudolf Steiner5, fundador da antroposofia: “Quando superamos a ilusão do EU terrestre habitual, escreve ele, quando logramos a visão espiritual, podemos reconhecer o EU tal como atravessou o mundo espiritual entre a morte e um novo nascimento, e como no seio desse mundo dotado de impulsos morais, ele se comporta em função de sua vida terrestre precedente, e como introduz na vida terrestre atual tudo o que vimos exprimir-se nas inclinações do ser humano (...). “Quando observo uma planta, me é possível perceber que ela tem em si um impulso vital durável, que reaparecerá em uma outra planta quando a primeira já estiver, muito tempo depois, reduzida a cinzas.”6

Nos anos 60, com a fascinação pela Índia, a expansão toma aspecto de um grande contágio. Assistimos a uma verdadeira campanha orquestrada por todos os meios de comunicação. Os livros se multiplicam, os testemunhos mais perturbadores são transmitidos pelas ondas e telas7. Logo, a “Nova Era” faz disso um de seus temas favoritos, dando a ele a eficaz sustentação de sua organização e finanças. A propaganda alcançou um formidável sucesso, o que constatamos até à hora presente.

Concluamos este sobrevôo de séculos e civilizações por um comentário geral. O cônego Vernette observa, com justeza, que a teoria da reencarnação não aparece nas diversas religiões, nem no seu nascimento nem à sua idade de ouro, mormente em seu declínio. Denuncia certo desgaste, marca o fim de uma era. “A crença na reencarnação parece surgir no momento das grandes crises de sentido: quando buscamos uma nova resposta religiosa às questões metafísicas a respeito da origem e do fim do homem, sobre o mal e o sofrimento”. A religião é sufocada e torna-se impotente para responder as inquietudes do homem. Este, pois, se refugia na metempsicose. Graças a ela, em primeiro lugar, nossos mortos não nos deixam mais, porém continuam a viver entre nós. Ela também nos vem consolar de nossos fracassos e de nossa impotência em fazer o bem, fazendo-nos crer que outra vida nos tornará melhores. Nada está definitivamente decidido. O sofrimento toma um novo sentido. Não é mais um escândalo revoltante para aqueles que  não são cristãos, mas a justa expiação de uma vida anterior. Enfim, essa doutrina nos dá serenidade para enfrentar os males do tempo presente. Os cataclismos e a morte são apenas passagens obrigatórias para uma nova existência mais feliz. O “paraíso terrestre” permanece sempre possível. Compreendemos melhor a força de sedução que essa doutrina exerce sobre os espíritos deste fim de século XX. Mas a metempsicose cumpre suas promessas? Tem alguma possibilidade de conduzir o homem à felicidade? É crível? É verdadeira?

Para responder, devemos examinar tal doutrina de um duplo ponto de vista: o da fé e o da razão natural.

Súmula bíblica contra protestantes


Fonte
Permanência
 Pe. Antônio Miranda, S. D. N.Manhumirim, 1960




ABSOLVIÇÃO


1 ― JESUS PROMETEU CONFERIR O PODER DE PERDOAR PECADOS

MAT. XVI, 19 ― “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: e tudo o que ligares sobre a terra será ligado nos céus e tudo o que  desligares sobre a terra será desligado também nos céus”.

Aqui vemos o poder de perdoar, conferido primeiramente ao chefe dos Apóstolos, no singular; depois, Jesus conferirá o mesmo poder a todo o Colégio Apostólico, no plural. Leia-se o texto seguinte:

MAT. XVIII, 18 ― “Em verdade, vos digo: tudo que ligares sobre a terra, será ligado também no céu: e tudo o que desligardes sobre a terra será desligado também no céu”.


2. JESUS CONFERIU ESTE PODER, APÓS A RESSURREIÇÃO

JOÃO, XX, 22-23: ― “Tendo dito estas palavras, soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem vós perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”.

NOTA-SE que, no texto último, Jesus faz questão de, antes de conferir aos Apóstolos o poder de perdoar pecados, soprar sobre eles, conferindo-lhes o Espírito Santo.  Logo, o poder de perdoar não convém, de maneira nenhuma, a todo e qualquer indivíduo, como o entendem os protestantes, mas é um poder sacramental, conferido mediante a colocação do Espírito Santo.

Vide também o verbete CONFISSÃO.


ADORAÇÃO

1 ― EM SENTIDO ESTRITO, SÓ SE PODE ADORAR A DEUS
MAT. IV, 10 e LUC. IV, 8: “Está escrito: Adorarás ao Senhor teu Deus e a Ele só servirás”.

ATOS, X, 25, narram que Cornélio, ao receber S. Pedro, “prostrou-se para adorá-los, mas S. Pedro lhe disse: “Levanta-te. Também eu sou um homem”

APOC. XIX, 10, narra também que São João se prostrou aos pés de um Anjo para o adorar, mas este lhe disse: “Não faças isto !  Eu sou um servo como tu e teus irmãos, que tem o testemunho de Jesus. Adora a Deus”.

2 ― MAS, EM SENTIDO IMPRÓPRIO, A ESCRITURA FALA DE ADORAÇÃO EM VÁRIOS LUGARES

GEN.  XXXIII, 1 :  ― “Levantando, porém, Jacó os seus olhos viu Esaú,  ...  3. E ele, adiantando-se, adorou-o sete vezes prostrado por terras”.

NÚMEROS, XXII, 31: ― “No mesmo ponto abriu o Senhor os olhos a Balaão, ele viu  o Anjo parado no caminho com a espada desembainhada, e, prostrado por terra, o adorou”.

II REIS, XIV,22: ― “Joab, prostrando-se por terra sobre o seu rosto, adorou e felicitou o rei”.

III REIS, 1, 16: ― “Inclinando-se Betsabé profundamente, adorou o rei”.

IV REIS, IV, 36 e 37: ― “Chegou ela e lançando-se-lhe aos pés (de Eliseu), adorou prostrada em terra”.

IPAR. XXIX,20: ― “E todo o povo bendisse o Senhor Deus; e se prostraram e adoraram a Deus, e depois ao rei”.

A adoração de que fala a Escritura nestes textos não é propriamente adoração, e, sim, veneração profunda que se demonstra com a prostração. A Escritura narra estes fatos sem reprová-los, porque o sentido deles é fácil de entender-se, entre os orientais principalmente.

É neste mesmo sentido que, em português antigo. falavam alguns autores de adoração dos Anjos e Santos. Estavam, pois, muito de acordo com a Sagrada Escritura.

Hoje em dia se usa o termo adoração só para Deus. E para a Sma. Virgem e os Santos se usa o termo veneração.

ADORAR EM ESPÍRITO E VERDADE

JOÃO, IV, 23 e 24: ― “A hora vem, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Por que é destes adoradores que o Pai procura. Deus é Espírito, e em espírito e verdade é que o devem adorar os que o adoram”.

Deste texto os protestantes deduzem contra a Igreja Católica a abolição de todo culto externo, principalmente o culto das imagens. Mas é dar à palavra de Jesus uma extensão que não tem. Jesus apenas quer dizer à samaritana que vai ser abolido o culto da lei antiga e que não será necessário ir mais ao templo de Jerusalém para ali adorar a Deus, porque, em a nova religião cristã, não são as formas antigas, prescritas por Moisés, que vão agradar ao Pai, e sim a adoração “em espírito e verdade” isto é: adoração espiritual e sincera, não só externa, mas partindo do intimo da alma, sobretudo adoração de almas em estado de graça.


ANJOS

1. ― SOMOS CONFIADOS À SUA GUARDA

MAT. XVIII,10: “Vede que não desprezeis a nenhum destes pequeninos; porque eu vos declaro que os seus anjos, no céu contemplam sempre a face do Pai que está no céu”.

HEBR. I, 14: ― “ Não são eles espíritos ministradores, enviados para exercer  o seu ministério em favor daqueles que deverão herdar a salvação ?”

ÊXODO, XXIII, 20: ― “Eis que te envio um anjo (mensageiro), diante de ti para que te guarde no caminho, e te leve ao lugar que te guarde no caminho, e te leve ao lugar que te preparei”.

ÊXODO, XXIII, 21: ― “Guarda-te diante dele e ouve a sua voz, e não provoques a ira. Porque não perdoará a vossa rebelião; porque meu nome está nele”

NOTE-SE a força destes textos. Deus encarregou os Anjos de zelar pelos homens. Eles estão, assim, constituídos intermediários, de algum modo medianeiros entre Deus e nós.

2.  ELES OFERECIAM NOSSAS PRECES A DEUS, A  MODO DE MEDIANEIROS

APOC. VIII, 3:  ― “ Veio, pois, outro anjo, e parou diante do altar, tendo um turíbulo de ouro, e foram-lhe dados  muitos perfumes para oferecer com as orações de todos os santos, sobre o altar de ouro que está ante o trono de Deus”.

APOC. VIII. 4: ― “ E da mão do anjo subiu a fumaça dos perfumes das orações dos santos diante de Deus”.


 ELES ROGAM POR NÓS DIANTE DO TRONO DE DEUS

ZACARIAS, I, 12: ― “ Então o Anjo do Senhor respondeu e disse: ― “ Então o Anjo do Senhor respondeu e disse: “O Senhor dos Exércitos ! Até quando não terás compaixão de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos ?”

GÊN. XL.VIII. 16: ― “ O anjo que me livrou de todo mal, abençoe estes rapazes, seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaac e se multipliquem como peixes em multidão no meio da terra”.

OSÉIAS, XII, 3 E 4: ― “Jacó suplantou seu irmão no ventre materno e com fortaleza lutou com seu anjo. E prevaleceu contra o anjo e ficou vencedor. Chorou e suplicou-lhe”.
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