terça-feira, 30 de abril de 2013

"Sim, Santo Padre, somos teimosos, permaneceremos católicos, afinal, não entendemos nada de carnaval e revolução"


Judeus argentinos dançam na sinagoga comemorando a eleição do Papa Francisco. Foto: Espolon 



Fonte: Annales Historiæ



Em uma homilia proferida hoje, na casa de Santa Marta, em Roma, o papa Francisco disse que "o Concílio foi uma linda obra do Espírito Santo... Mas depois de 50 anos, fizemos tudo o que o Espírito Santo nos disse no Concílio? Não. Comemoramos este aniversário, erguemos um monumento, mas desde que não incomode. Nós não queremos mudar, e o pior: alguns querem voltar atrás. Isto é ser teimoso, significa querer domesticar o Espírito Santo; ser tolo, de coração lento".

Em respeito à Sua Santidade, dizemos que sim, Santo Padre, somos muito insistentes, afinal, parece que estamos falando com surdos que não veem a realidade ao redor. Uma obra divina jamais poderia gerar tantos frutos podres, jamais poderia gerar tantos padres afeminados, jamais poderia criar tanta deformação, tanta mazela, tantas blasfêmias e tantos escândalos. O Espírito Santo jamais poderia operar a dessacralização da Igreja, jamais poderia introduzir moças seminuas dançando ao redor do altar, jamais poderia falar de lutas de classes, nem fazer propaganda sobre uma pretensa humildade. Não, Santo Padre, os verdadeiros teimosos são todos aqueles que defendem este concílio pastoral, que querem introduzi-lo a todo custo e acabar com o que sobrou da Igreja Católica.

Quanto a nós, nós somos católicos, e defenderemos a todo custo as verdades que sempre foram defendidas e cridas pela Igreja. Defenderemos a Igreja monárquica, cujo rei é Cristo, e que tem um papa com Tiara e Pluvial. Sim, Santo Padre, somos católicos e permaneceremos católicos, continuaremos a acreditar em Adão e Eva, a defender o Santo Sacrifício da Missa e a combater a Ceia Protestante que se celebram hoje na Igreja. Continuaremos a falar de modéstia, de pudor, de gentileza, de autoridade, de moral, de pecado, de família, de casamento, de abstinência, de zelo, de penitência, de piedade, enfim, continuaremos a dizer com Pedro: importa obedecer antes a Deus do que aos homens (Atos 5, 29).

E, por fim, não pretendemos domesticar o Espírito Santo, afinal, não somos nós que estamos passando com um trator sobre tudo aquilo que já foi ensinado, muitas coisas, inclusive, de forma definitiva, para agradar o mundo, sim, este mundo que “me odeia porque Eu testemunho contra ele e suas obras más” (Jo 7, 7). Não somos nós que operamos a Revolução dentro da Igreja (Cfr. Cardeal Joseph Ratzinger); não fomos nós que fizemos um anti-syllabus. Afinal, Santo Padre, de qual espírito estamos falando, do Espírito Santo, 3ª pessoa da Santíssima Trindade, ou do espírito distribuído a atacado pelos hereges? 

Simplesmente não podemos dizer que dom Marcel Lefebvre não tinha razão, e, com ele, Nossa Senhora de La Salette: Rome est dans l'apostasie.

A corrupção do verdadeiro amor








Nota do blog: 

Um leitor enviou-nos duas matérias, estabelecendo uma curiosa conexão entre ambas: recente homilia do Papa Francisco e um artigo sobre os Fiéis do Amor (Fedele d'Amore), sociedade secreta cujos representantes são atestados no século XII tanto na Provença e na Itália como na França e na Bélgica. 

De fato, os Fedele d'Amore constituíam uma milícia secreta e espiritual, que tinha por fim o culto da "Mulher única" e a iniciação no mistério do "amor". Todos os seus membros utilizavam uma "linguagem oculta" (parlar cruz), para que a sua doutrina não fosse acessível  "a la gente grossa" ("gente graúda"), como afirma um dos mais ilustres dos Fedeli, Francesco da Barberino (1264-1348). Outro Fedele d'Amore, Jacques de Baisieux, prescreve em seu poema — C'est des fiez d'Amours — "que não se devem revelar os conselhos do Amor, e sim guardá-los com muito cuidado". 



Sem nenhum objetivo definidamente polêmico, limitamo-nos a transmitir a informação.



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‘A Igreja não é uma ONG, mas uma história de amor’

Na missa de hoje na Casa Santa Marta, Papa Francisco recorda que o verdadeiro caminho da Igreja é o amor e não a organização, a burocracia ou os grandes números


Cidade do Vaticano, 24/4/2013 (Zenit.orgSalvatore Cernuzio


Nas missas matinais, na Domus Sanctae Marthae, Papa Francisco dá o melhor de si mesmo. Além das famosas "frases de efeito" e as características metáforas tão amadas e citadas por jornalistas, o Papa dá a cada dia, em pílulas, uma visão clara do que a Igreja, da qual ele é a cabeça, deveria ser e fazer.

A mensagem da homilia desta manhã foi mais clara do que nunca: "A Igreja não é uma ONG", mas é "uma história de amor." É estranho pensar que estas palavras, o Papa falou na frente de alguns funcionários do IOR. Tanto é assim que o próprio Papa disse-lhes: "Desculpe-me, hein! ... [SIC! SIC! SIC!] Tudo é necessário, os departamentos são necessários... eh, tudo bem! Mas são necessários até certo ponto: como ajuda para esta história de amor”. “Quando a organização toma o primeiro lugar – destacou – o amor vem pra baixo e a Igreja, pobrezinha [SIC! SIC! SIC!], se torna uma ONG. E este não é o caminho".

Para explicar este conceito, o Santo Padre partiu das leituras do dia, que contavam as histórias da primeira comunidade cristã que vê sempre mais crescer o número dos seus discípulos. Um aspecto positivo, que se torna negativo – disse o Papa – no momento em que força a fazer “pactos” para ter ainda mais “sócios nesta empresa”.

O caminho que Jesus quis para a sua Igreja é, pelo contrário, sublinhou o Santo Padre: “o caminho das dificuldades, o caminho da cruz, o caminho da perseguição... E isso nos faz pensar: mas o que é essa Igreja? Essa nossa Igreja, porque parece que não seja um empreendimento humano".

"Não são os discípulos que fazem a Igreja – acrescentou – são enviados, enviados por Jesus”, enviados ao mesmo tempo pelo Pai. E é “no coração do Pai” que começa esta ideia da Igreja: “Não sei se o Pai teve uma ideia [SIC! SIC! SIC!] – disse Bergoglio – o Pai teve amor e começou esta história de amor tão longa nos tempos e que ainda não terminou”.

"Nós, mulheres e homens de Igreja - continuou - estamos no meio de uma história de amor: cada um de nós é um elo desta cadeia de amor. E se nós não entendemos isso, não entendemos nada do que seja a Igreja".

É o caminho do amor, na verdade, o único caminho que a Igreja pode percorrer e onde pode fortificar-se. Ela “não cresce com a força humana”: este foi o erro de muitos cristãos ao longo dos séculos “erraram por razões históricas, erraram o caminho, fizeram exércitos, guerras religiosas” [SIC! SIC! SIC!]. E também nós hoje “aprendemos com os nossos erros como vai a história de amor”. Uma história que cresce “como a semente de mostarda, cresce como o fermento na farinha, sem ruído” como disse Jesus Cristo.

A Igreja, portanto, cresce "de baixo, lentamente” sublinhou o Santo Padre, e quando “quer vangloriar-se da sua quantidade e cria organizações, departamentos e se torna um pouco burocrática, a Igreja perde a sua principal substância e corre o perigo de transformar-se numa ONG. E a Igreja não é uma ONG...”

Então, o que é a Igreja no concreto? "É Mãe", afirmou o Papa Bergoglio:" Há tantas mães nesta missa. O que vocês sentiriam se lhes dissesse: ‘Mas, a senhora é uma organizadora da sua casa? 'Não, eu sou a mãe".

A Igreja, portanto, não é uma organização - disse - não cresce “com os militares”, [SIC! SIC! SIC!] mas com a força do Espírito Santo. E nós, acrescentou, “todos juntos, somos uma família na Igreja que é a nossa Mãe”. Papa Francisco, como em todos os dias no final da Missa, elevou uma oração à Maria, mãe de Deus e mãe nossa, para que “nos dê a graça da alegria, da alegria espiritual de caminhar nesta história de amor”.

[Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]
(24/4/2013) © Innovative Media Inc.




Pergunta do blogSe a Igreja errou no passado, qual a prova de que hoje estaria no caminho certo? 



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O artigo abaixo (que publicamos no original em francês) estabelece, ainda que de passagem, uma forte conexão entre Averróes, sufis, trovadores provençais, templários (decadentes), Novalis (românticos alemães do século XIX em geral), Beatles... 

O papa Francisco presidiu pela primeira vez a cerimônia da Via Crúcis em torno do Coliseu Romano. "Tudo é amor", com essas palavras o Pontífice encerrou a cerimônia. 
(Jornal do Brasil - 29/3/2013)




Fidélité d'Amour



Origine


L'Ordre des Fidèles d'Amour est une société secrète de gens de lettres à laquelle appartenait Dante et au sein de laquelle Guido Cavalcanti apparaissait comme un maître. Il se situe à l'intersection creusée de deux cultures : l'une, provençale, est la longue lignée des troubadours et trouvères que Cavalcanti et Dante achèvent ou parachèvent ; l'autre, qui la macule d'une mystique nouvelle, est celle des soufis.



La poésie des soufis a rencontré l'Occident à travers les croisades. Dans la quête des chevaliers chrétiens appartenant à l'Ordre du Temple, un écho a retenti, et derrière l'hostilité historique apparente, une rencontre invisible porta la parole d'Ibn' Arabi, comme la pensée d'Averroès, et le caractère des 'âshiq, à l'Occident. Les Fidèles d'Amour sont apparus aux yeux de soufis ultérieurs comme une variante inattendue et florentine des Shadhiliyya quant à la voie privilégiée (mêlant amour et poésie) et jusqu'au symbolisme commun des systèmes (tournant - c'est le cas de le dire - autour du mystérieux nombre neuf).


Initiation

L'initiation des Fidèles d'Amour commençait avant leur entrée dans cette petite société : il s'agissait de l'expérience amoureuse elle-même, vécue alors comme une mystique à part entière, abolissant éventuellement, invisiblement, la chrétienne. « L'amour est une religion dont le dieu est faillible » dira avec élégance Borges. Tomber amoureux (et si possible d'une jolie jeune fille, d'une « jouvencelle ») était la clé qui ouvrait la porte énigmatique du coeur. Des troubadours jusqu'aux Beatles, l'amour, à chaque fois qu'il s'agira de le consacrer dans l'idiome naturel, dans la scansion produite par un langage familier qui s'étrange lui-même à mesure qu'il avance dans l'amour, pourra porter ce double sens : celui d'une sacralisation de l'immanence comme d'une destitution des privilèges de la transcendance. L'autre monde est dans ce monde, vécu comme un miroir à double sens, et c'est l'amour qui est la clé du voyage, l'amour qui permet de raccrocher le temps qui bifurque dans les deux sens et de matérialiser l'Aïon dans un corps. La deuxième étape était d'échouer dans son entreprise galante, en vue de conserver la tension érotique sans la satisfaire (proche en cela de l'extase masochiste ou des pratiques taoïstes). La troisième commençait avec la familiarité à la poésie, l'acquisition d'une pratique langagière qui se calque sur le sentiment amoureux : un style passionnel qui fasse prélude au sens de la vie.

Comme on peut aisément le comprendre, la moitié des adolescents (garçons et filles) de l'histoire de l'humanité ont les prétentions suffisantes à devenir des Fidèles d'Amour. A la différence du Paradis chrétien (que Dante visitera), beaucoup d'élus. Mais c'est lorsque la poésie rentre en jeu que la plupart des élus manquent à l'appel et se retirent. Car la poésie, telle qu'elle est pratiquée par Dante Alighieri, Cino da Pistoia, Lapo Gianni, Gianni Alfani, Dino Frescobaldi ou Guido Cavalcanti, demande un effort intellectuel, une rigueur théorique qui va de pair avec l'invention d'un style où faire couler la pensée. La recherche est celle d'une perfection formelle où sens et son arrivent à leur pointe blessante, le tour, à la fois mystérieux et magique, où mélopée, phanopée et logopée atteignent, dans une parole douce et à voix basse, leur acmé.

L'initiation de Dante

C'est dans le chapitre XVIII de la Vita Nova, que Dante franchit cette étape cruciale. Alors qu'un groupe de jeunes filles, mené par Jeanne Primavera, lui demande pourquoi il aime Béatrice alors qu'il s'effondre à sa vue et la fuit depuis qu'elle a répondu à son salut par le dédain, Dante répond : « Mes dames, la fin de mon amour a été naguère le salut de cette dame de qui peut-être vous voulez parler, et c'est en lui que résidait ma béatitude laquelle était la fin de tous mes désirs. Mais depuis qu'il lui a plu de me le refuser, mon seigneur Amour, grâces lui soient rendues, a placé toute ma béatitude en ce qui ne me peut m'être ôté ». Jeanne et ses amies se concertent et finalement lui demandent de préciser d'où il tire cette béatitude. Dante réplique, avec son orgueil habituel et le plus naturellement du monde : « Dans les paroles qui louent ma dame ». Mais Jeanne lui dit : « Si cela était vrai, les vers en lesquels tu as dépeints ton état, tu les aurais tournés d'une toute autre manière ». Alors Dante repart, la queue entre les jambes, demeurant plusieurs jours anxieux et excité jusqu'à trouver, dans le chant suivant, les vers qui feront trembler les gens d'amour...

D'hier à aujourd'hui

L'organisation initiatique des Fidèles d'Amour a disparu officiellement en Occident dès la fin du moyen âge. Parmi ses membres, certains ont choisi d'émigrer dans les pays du Moyen Orient, en Syrie ou en Égypte, mais d'autres ont préféré la clandestinité la plus rigoureuse. Pourtant, il existe des preuves que cette organisation s'est simplement occultée et qu'elle a perduré à travers les siècles, au cœur de l'Occident, jusqu’à nos jours. A ce qu'on en sait, cette organisation n’existerait plus en tant qu'ordre initiatique car, depuis le moyen âge, on pense qu'il ne s’agit plus que de cas singuliers et d’expériences individuelles. Alors, que signifie être un fidèle d'amour de nos jours ? Pour l'être, faut-il obligatoirement appartenir à une organisation constituée comme telle, avec sa hiérarchie, ses rites initiatiques et son langage secret ? A propos des Rose-Croix, René Guénon nous met en garde contre cette erreur : « Le terme de Rose-Croix est proprement la désignation d’un degré initiatique effectif, dont la possession, évidemment, n'est pas liée d’une façon nécessaire au fait d’appartenir à une certaine organisation définie ». Il en est sans doute de même pour les fidèles d’amour d'aujourd'hui.

Quand on parle de la Fidélité d'Amour aujourd'hui, il faut penser, bien sûr, à cette ancienne organisation qui s'est transportée en Orient, et dont quelques uns des membres occidentaux sont bien connus : Dante, Cavalcanti, Pétrarque, mais il faut y voir aussi une voie et un mode de réalisation spirituelle que quelques individus ont emprunté depuis son occultation, dans des conditions qui demeurent aussi mystérieuses qu'à l'époque où cette organisation existait au grand jour : Raphaël, Pic de la Mirandole, Giordano Bruno. Ce qui distingue, en effet, l'organisation des Fidèles d'Amour, c'est son secret, ce qui explique pourquoi ses membres ont laissé si peu de traces, hormis bien sûr l'œuvre toute entière de Dante, à condition de savoir en percer les mystères. A ce propos, René Guénon nous fait remarquer que notre temps, aussi obscur et peu propice à la connaissance ésotérique soit-il, pourrait toutefois en autoriser une meilleure compréhension.

D'Orient et d'Occident

Comme nous l'avons dit, il fut un temps, en Occident, où l'ordre des Fedeli d'Amore existait en tant qu'organisation initiatique et ce temps reste lié à l'histoire des Croisades. Si l'on veut bien considérer, comme René Guénon, que cette époque a produit « d'actifs échanges intellectuels entre l'Orient et l'Occident », on en conclura que l’initiation des fidèles d’amour les rendait aptes à entrer en relation avec ceux d'Orient. Mais de tels échanges se sont interrompus pendant plusieurs siècles à cause de la « dégénérescence » de l'Occident en matière d'ésotérisme. En revanche, le vingtième siècle a permis l'accès à des textes d'auteurs orientaux qui étaient restés inédits en Occident. Leur existence favorise désormais une meilleure connaissance de la Fidélité d'Amour, qui est fondamentalement d'Orient et d'Occident. Cela signifie-t-il que l'initiation à l'ordre des Fedeli d'Amore en serait devenue possible ? Ce serait méconnaître la nature même de l'initiation - qui est transmission - que de le penser, et pourtant, René Guénon lui-même nous fait remarquer, en conclusion de son Roi du Monde, que « dans les circonstances au milieu desquelles nous vivons présentement, les événements se déroulent avec une telle rapidité que beaucoup de choses dont les raisons n'apparaissent pas encore immédiatement pourraient bien trouver, et plutôt qu'on ne serait tenté de le croire, des applications assez imprévues, sinon tout à fait imprévisibles. »

L'histoire de la Fidélité d'Amour en Occident ne s'arrête donc pas à la disparition ou plutôt à l'occultation de l'ordre des Fidèles d'Amour. Ici, il faut entendre le mot « Occident » à la manière dont René Guénon en parle, dans Orient et Occident, par exemple, comme de l'espace géographique, de tradition chrétienne par rapport à un « Orient » qui est de tradition sémitique, musulmane ou juive. C'est d'ailleurs ce qui explique que Henry Corbin en ait poursuivi la piste en direction de Ibn ‘Arabî, des théosophes et des poètes persans, comme Rûzbehân Baqlî, Hâfez ou encore Fakhr ‘Erâqî. Mais la tradition des Fidèles d'Amour est aussi une tradition occidentale, en ce sens qu'elle concerne les trois religions monothéistes ou plutôt leurs ésotérismes respectifs que sont la Kabbale, tradition hébraïque, l'ésotérisme islamique et l'ésotérisme chrétien. Julius Evola et René Guénon soutiennent qu'elle a son équivalent en Extrême Orient, spécialement en Inde.

Quoi qu'il en soit, l'histoire des Fidèles d'Amour s'étend en Occident au-delà du terme fixé par René Guénon – qui cite encore Boccace et Pétrarque, après Dante et les Fedeli d'Amore. C'est pourquoi il convient ici d’évoquer les « chaînons manquants » qui font perdurer cette histoire jusqu'à nos jours. Peu importe qu'ils se désignent de nos jours sous le nom de disciples de Foi et Amour, en référence à un recueil de fragments philosophiques du poète allemand Novalis. Ils s’inscrivent bien dans la même lignée spirituelle qui est celle desFedeli d'Amore. Il suffira d'en citer deux, un poète et un peintre, Novalis et Raphaël : « Le poète romantique allemand et le peintre italien appartiennent à la même généalogie spirituelle, celle des artistes visionnaires qui ont été initiés à la Fidélité d'amour par l'apparition providentielle, dans leur vie, d'un certain visage de beauté, visage humain, comme celui de Sophie, pour Novalis, que ce dernier a contemplé avec les yeux de son âme, ou image divine, celle de la Vierge Marie, pour Raphaël, qui en reçu, une nuit, la révélation. »

Il existe d'ailleurs des preuves de leur appartenance à la lignée des Fedeli d'Amore. C'est, par exemple, Wackenroder rapportant cette citation d'une lettre du peintre italien au comte de Castiglione : « Comme on voit si peu de belles formes féminines, je me tiens en esprit à une certaine image qui naît dans mon âme », ou transcrivant quelles feuillets de Bramante, à propos de la vision d'une Image de la Vierge Marie survenue une nuit à Raphaël. Il faudrait citer intégralement ce texte mais on retiendra que « le plus merveilleux est qu'il lui sembla que cette image fût justement ce qu'il avait toujours cherché, bien qu'il n'en eût jamais eu qu'un pressentiment obscur et confus » et aussi que « l'apparition était restée pour toujours gravée dans son coeur et dans ses sens, et il avait alors réussi à reproduire les traits de la Mère de Dieu comme toujours ils avaient flotté devant son âme, et il avait toujours eu un certain respect même pour les images qu'il peignait ». S'il devait y avoir un doute quant à la présence de la Vierge Marie, dans l’expérience initiatique des Fidèles d'Amour, on rappellera, avec René Guénon, qu'il existe de nombreux symboles initiatiques de la Mère de Jésus dont l'application « est parfaitement justifiée par les rapports de la Vierge avec la Sagesse et avec la Shekinah ».



Quant à Novalis, quelques extraits du dialogue de Henri et Mathilde, dans son unique roman, inachevé, Henri d'Ofterdingen (1801), permettront de comprendre pourquoi il est tenu comme le représentant le plus pur de la tradition occidentale de la Fidélité d'Amour : « Tu es la sainte qui présente mes demandes à Dieu, l'intermédiaire à travers qui Il se révèle à moi, l'ange par lequel Il me donne à connaître la plénitude de Son amour. Qu'est-ce que la religion, sinon une intelligence infinie, une éternelle communion des cœurs aimants ? Où deux sont réunis, Il est au milieu d'eux. J'ai éternellement à respirer en toi, et ma poitrine ne finira jamais de se remplir de toi. Tu es la divine splendeur, la vie éternelle dans l'enveloppe la plus adorable. Si seulement tu pouvais voir comment tu m'apparais, quelle rayonnante image émane de ton corps et vient partout illuminer mes regards, tu ne redouterais nulle vieillesse. Ta forme terrestre n'est qu'une ombre de cette image ; et certes, les forces de la terre luttent et se prodiguent pour la concrétiser, la confirmer, mais la nature est encore insuffisamment mûre : l'image est l'archétype éternel qui participe du saint monde inconnu ».


Dans ces conditions, on peut affirmer que la généalogie spirituelle des Fedeli d'Amore, en Occident, ne s'est pas interrompue, même s'il n’est plus question ici de parler d'Ordre – et d’ailleurs cet Ordre a-t-il jamais existé comme tel, n'a-t-il pas été plutôt une organisation initiatique, au sens où l'entendait René Guénon ? Que cette organisation demeure toujours active, même invisible, n'en reste pas moins une certitude. Et c'est ce qui importe finalement. D'autant que son existence en Occident est un signe manifeste de l'appartenance, de nos jours, de Fidèles d'Amour d'Occident à « une élite spirituelle commune aux trois rameaux de la tradition abrahamique », dont l'éthique « prend origine aux mêmes sources et vise la même hauteur d'horizon. »

Alors se pose une dernière question : « Rapprochés dans cette communauté de culte et de destin, les Fidèles d'Amour, ceux de l'Occident et ceux de l'Iran, nous font mieux distinguer au moins l'orée du chemin dans lequel ils s'étaient tous engagés, mystiques, poètes, philosophes. Se demandera-t-on si le parcours de leur Voie a encore une signification autre qu'historique, pour les conditions de notre propre présent historique ? ». Henry Corbin remarque qu'« il n’y a pas de réponse générale ni de programme théorique à fournir à ce genre de question ». Pourtant il existe une réponse qui est celle donnée par l'existence même de la Fidélité d'amour, de nos jours, en Occident, d'une tradition qui est donc demeurée vivante et qui reste fondamentalement une tradition d'Orient et d'Occident.


segunda-feira, 29 de abril de 2013

O Dalai-lama diz que é marxista






Fonte: Perspectivas





Marx não era contra a religião ou filosofia religiosa em si, mas contra as instituições religiosas aliadas à classe dirigente europeia”. — ‘Sou marxista’, diz Dalai Lama a estudantes chineses.
O Dalai-lama teria que ler alguns livros de Karl Marx para não dizer asneiras. Normalmente dizemos asneiras mesmo lendo (errar é humano), mas quando a gente não sabe do que fala, então insultamos amiúde a inteligência dos outros.
Karl Marx não era só contra a religião: era também contra a filosofia.
“Feuerbach parte do facto da auto-alienação do homem, do desdobramento do mundo em um mundo religioso e um mundo terreno (1). O seu trabalho (de Feuerbach) consiste em reduzir o mundo religioso ao seu fundamento terreno. Mas o facto de que o fundamento terreno se separe de si próprio para se plasmar como um reino independente que flutua nas nuvens, é algo que só pode explicar-se pelo próprio afastamento e contradição deste fundamento terreno consigo mesmo.
Portanto, é necessário tanto compreendê-lo na sua própria contradição como revolucioná-lo praticamente. Assim, pois, por exemplo, depois de descobrir a família terrena como o segredo da família sagrada, há que destruir teórica e praticamente a primeira. — Karl Marx, Manuscritos Económicos-Filosóficos, Porto, 1971.
Neste trecho, Karl Marx não só nega qualquer metafísica (o que é, em si mesmo, uma forma de metafísica), como defende abertamente a destruição teórica e prática da família — que é o que está a acontecer actualmente na Europa e nos Estados Unidos.
“Feuerbach resolve a essência religiosa na crença humana. Mas a essência religiosa não é alguma coisa que seja abstracto e imanente a cada indivíduo. É, na sua realidade, o conjunto de relações sociais.
(…)
Feuerbach, não vê, por conseguinte, que o “sentimento religioso” é, por sua vez, um produto social e que o indivíduo abstracto que ele (Feuerbach) analisa pertence a uma determinada forma de sociedade.”
 (ibidem).
Em primeiro lugar, Karl Marx confunde “comunidade religiosa”, por um lado, com “religiosidade humana”, por outro lado. A comunidade religiosa é a que decorre da intersubjectividade ou daquilo a que Karl Marx chama de “relações sociais”. Mas a religiosidade é inerente à natureza fundamental do ser humano entendido como indivíduo e pessoa, e independente de este pertencer a uma comunidade religiosa ou não. Em segundo lugar, Karl Marx não se dá conta ou não reconhece a sua (dele) própria religiosidade (imanente e monista), ou seja, incorre em uma contradição em termos. Em terceiro lugar, é impossível erradicar o “sentimento religioso” inerente à natureza humana, a não ser substituindo a religiosidade natural e trascendental do ser humano (cosmovisão e cosmogonia) por uma religião política totalitária, imanente e monista, idêntica ou semelhante à que prevalece hoje, por exemplo, na Coreia do Norte ou na Alemanha nazi.
“Toda a vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios induzem à teoria do misticismo encontram a sua solução racional na prática humana e na compreensão desta prática.” (ibidem)
Em primeiro lugar, Karl Marx reduz todo o universo e a sua existência, à prática humana, o que é irracional. Em segundo lugar, Karl Marx nega a ciência, porque também existem mistérios em ciência que induzem a uma espécie de misticismo científico — porque “a maior fé é a do cientista, porque é inconfessável” (Roland Omnès). Um exemplo de um mistério científico é o bosão de Higgs; ou a complexidade irredutível (não se tratam de enigmas, porque estes podem ser resolvidos pela razão). Por fim, a ciência não se reduz à prática, porque do empirismo só podemos esperar resultados empíricos; e neste sentido podemos dizer que Karl Marx é anti-científico.
“Os filósofos limitaram-se até agora a interpretar o mundo de diferentes modos; do que se trata é de o transformar.”(ibidem)
E transformando o mundo, o marxismo foi responsável por mais de 100 milhões de vítimas inocentes directas; só na China estima-se que tenham morrido mais de 50 milhões de pessoas às mãos de Mao Tsé Tung. A transformação do mundo, segundo o marxismo, é a materialização do apocalipse. E é nisto que o Dalai-lama acredita; e eu não sei quem é mais burro: se Marx, se o Dalai-lama.

(1) refere-se à doutrina de S. Agostinho das “duas igrejas”, a terrena e a celestial

Cristãos estão sendo martirizados do Oriente






O cristianismo está perto da extinção no Oriente Médio devido às perseguições religiosas. A afirmação faz parte do relatório de um estudo divulgado em dezembro de 2012 pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e publicado no jornal britânico The Thelegraph.

Segundo o estudo, conduzido pelo professor Rupert Shortt, “os cristãos são o grupo religioso mais perseguido do mundo”. Concluiu-se também que a maior ameaça aos cristãos em países do Oriente Médio vem justamente dos muçulmanos; e que muitas vezes a mídia mundial não faz a devida cobertura do assunto por medo de ser taxada de preconceituosa ao atacar grupos islâmicos.

Shortt explica que aproximadamente 200 milhões de cristãos em todo o mundo sofrem com “perseguição, opressão ou prejuízo social devido à sua fé”. Menciona ainda que, nos países onde casos de perseguição aos cristãos são rotineiros, muitos políticos fazem vista grossa para a questão: “Expor e combater o problema, na minha opinião, deveria ser prioridade política em muitos lugares do mundo. Como este não é o caso, a situação nos diz muito sobre uma hierarquia questionável”, afirmou.

O estudo cita ainda que a “cristofobia” – termo que intitula o relatório – é resultado do medo que os governos orientais têm em relação à religião cristã. Shortt afirma que muitos governantes vêem o cristianismo como uma ameaça a seus governos. A recente divulgação de um documento do governo chinês, que classifica o cristianismo como uma “doença”, reforça a tese. 

Por: (Missionária Verlana de Jesus).

Budismo a serviço do comunismo: TIRANDO A MÁSCARA




'Sou marxista', diz Dalai Lama a estudantes chineses


Dalai Lama, líder espiritual do Tibete - 
Foto: Getty Images

por Isabella Infantine

Dalai Lama, o líder espiritual dos tibetanos, afirma ser marxista. O quê? Isso mesmo, meu caro. O monge budista confirmou sua inclinação política durante conversa com 150 estudantes chineses, neste mês, na Universidade americana de Minnesota.

Durante conversa com os estudantes, Dalai Lama, para surpresa de muitos, disse:  "Em relação às questões sócio-políticas, eu me considero um marxista. Mas não sou leninista", esclareceu.

A voz espiritual Lama também foi questionado se sua declaração política não contradiz a filosofia budista, ele respondeu: "Marx não era contra a religião ou filosofia religiosa em si, mas contra as instituições religiosas aliadas a classe dirigente européia".

Ele relatou sua experiência com ex-presidente chinês Mao Tsé-Tung. O monge disse que durante uma reunião em Pequim, o líder chinês o chamou e disse: "Sua mente é científica!". Uma avaliação que se seguiu à famosa frase, "a religião é veneno".


Fonte: MTV

Descristianização prevista em La Salette: dioceses francesas põem igrejas à venda







Antigo mosteiro à venda em Gacé, Orne, França
No período “pós-conciliar” houve um espantoso abandono da prática religiosa na França. Os católicos, que no início dos anos 70 eram 88% da população, ficaram reduzidos a 60,4% em 2010 (último dado disponível), segundo o instituto americano Pew Research Center. 

Conforme pesquisa do instituto galo Ifop, apenas 4,5% dos franceses vão à igreja todos os domingos e somente 15% a frequentam pelo menos uma vez por mês. 

Imbuídas da ideia de “inserir a Igreja no mundo”, em vez de diante de tamanha queda promoverem o retorno à verdadeira prática religiosa, as dioceses francesas aceleram, pelo contrário, a venda de igrejas e de outros prédios religiosos católicos como conventos, seminários e escolas, noticiou a BBC Brasil. 

Acresce-se a isso o esvaziamento dos seminários modernizados. E como o afastamento dos fiéis não só prejudica gravemente o bem de suas almas, mas também os desanima a doar para a Igreja, o resultado são os milhares de igrejas fechadas por falta de recursos para mantê-las.

“As dioceses estão em uma situação financeira crítica, com cada vez menos fiéis”, explicou Maxime Cumunel, do Observatório do Patrimônio Religioso, entidade civil que tenta preservar essa herança histórica religiosa.

O corretor imobiliário Patrice Besse, especializado na venda de propriedades religiosas, explica que “antes as dioceses se sentiam incomodadas em vender suas igrejas. Afinal, elas foram construídas com o dinheiro de doações. Agora há uma necessidade econômica. É preciso vender algumas para salvar outras”. 



Demolição da igreja de Abbeville,
diocese de Amiens, Picardia, França, abril 2013








“Há cada vez menos fiéis e menos doações. O fenômeno de venda de igrejas está aumentando”, disse Besse. 

A corretora de Patrice Besse dispõe de seis igrejas à venda, com preços entre € 50 mil e € 500 mil euros (aproximadamente entre R$ 130 mil e R$ 1,3 milhão), muito pouco dinheiro se comparado ao dos imóveis residenciais. 


Capela do século XII transformada em moradia. Fronsac, Gironda, França

Ele acaba de vender por € 125 mil uma igreja na cidade de Soissons, no norte da França. O comprador foi um pianista anglo-taiwanês de 21 anos. 

“A manutenção custa caro, e muitas paróquias preferem vender seus bens para não ter de arcar com despesas de obras”, afirma o corretor. 

É o caso de uma capela na região de Bordeaux, no sudoeste da França. A diocese local explica em seu site que a mesma está fechada por razões de segurança desde julho de 2011. 

As obras necessárias são estimadas em € 400 mil, preço frequentemente gasto por milhares de franceses na restauração de propriedades históricas. 

Uma igreja vendida no ano passado na pequena cidade de Vandoeuvre-les-Nancy, no leste da França, tornar-se-á um centro comercial. “Só uma centena frequentava a igreja, que tem capacidade para mais de 700 pessoas”, justificou a diocese de Nancy, que obteve € 1,3 milhão com a venda. 

Este exemplo toca num ponto muito sensível. Desanimados com a desordem no clero, os católicos temem muito que vários desses templos abandonados possam ser comprados com dinheiro vindo de países islâmicos e se tornarem mesquitas muçulmanas. 

Ex-Carmelo à venda, Macon, França
Teme-se também que, como já sucede, algumas virem residências pessoais – aliás, bastante esquisitas – ou locais para atividades que tocam na irreverência ou na blasfêmia.

O temor é acrescido pela frequente recusa das dioceses em ceder suas igrejas abandonadas para uso dos fiéis que nelas fariam celebrar a Missa no rito extraordinário aprovado pela Santa Sé. 

Esses fiéis se dispõem a arcar com os custos da restauração e manutenção, mas suas propostas são recusadas pelos bispos diocesanos “progressistas”, obrigando os fiéis a apelar a Roma.

Segundo Benoît de Sagazan, do Observatório do Patrimônio Religioso e detentor de um blog sobre o tema, no mês de fevereiro de 2013 havia 43 igrejas e capelas à venda na França.

A descristianização da “filha primogênita da Igreja” avança como consequência da revolução interna dentro do clero e do laicato católico, por vezes mal disfarçada sob o slogan "Igreja dos pobres" ou "para os pobres". 

Franck Talleu: “Eu sou o homem com a blusa contrária aos bons costumes”.








Vamos falar sobre Franck Talleu, diretor de educação católica em Soissons, Laon e Saint-Quentin, casado, pai de seis filhos adotivos, abordado em primeiro de abril, levado para a delegacia e multado porque estava no parque com seus filhos vestindo uma blusa com o logotipo estilizado de uma mãe e um pai de mãos dadas com duas crianças. “Manter atitude contrária aos bons costumes, esta foi a primeira coisa de que me acusaram os policiais”, diz Talleu para tempi.it. “Eu apenas ri e respondi: será fácil contestar isto que escreveu”. A blusa trazia o símbolo da Manif Pour Tousuma organização que tomou por duas vezes a ruas com um milhão de pessoas para protestar contra a lei do casamento e adoção gay do governo socialista de Hollande. A lei foi aprovada hoje no Senado e agora retorna à Câmara para aprovação final [ndr: onde foi finalmente aprovada no último dia 22] .
Senhor Talleu, mas eles somente o detiveram porque o senhor usava uma blusa que tinha sobre ela o desenho de uma família normal?
Tudo estava ocorrendo bem. No decorrer de primeiro de abril, que na França é feriado porque é segunda-feira de Páscoa, eu decidi ir com a minha família até o Jardim de Luxemburgo, onde sabíamos que encontraríamos muitas pessoas que participaram da Manif Pour Tous. Temos amigos que vivem perto dos jardins e uma vez que nos encontramos na internet, decidimos usar as blusas do evento para nos reconhecermos.
Mas que tipo de blusa?
Não são em si instrumentos de propaganda, porque nela não está escrito nenhum slogan: apresentamos somente o logo da manifestação, que é um papai e uma mamãe que têm pelas mãos os dois filhos, mostrando de modo claro que a família é constituída da união de um homem e uma mulher. Os jardins estão localizados próximo ao Senado, por isso é considerado um local sensível porque a lei sobre o casamento deveria ser apresentada ao Senado poucos dias depois. Há também os guardas que protegem o Senado. Num certo momento, os guardas vieram e me pediram para tirar a minha blusa ou encobri-la. Eu pedi uma explicação, dizendo que não era minha intenção provocar ninguém, porque eu não vejo nada de chocante ou provocador no símbolo. Em seguida, já com um um tom mais elevado, os guardas disseram que iriam lavrar uma ocorrência e eu respondi que eles não tinham o direito de lavrarem uma ocorrência pelo fato de que eu estava vestindo uma blusa. Então eles me pediram para acompanhá-los até a delegacia, que está localizada no meio dos jardins e lá eles lavraram uma contravenção.
Com qual motivação?
Inicialmente, de acordo com o código de contravenções: “Manter atitude contrária aos bons costumes”. A coisa foi muito divertida, comecei a rir e disse: “Será fácil contestar o que você escreveu”. Então, junto com um de seus colegas, encontraram uma outra razão, que foi esta: “Organização de uma manifestação lúdica sem autorização”. Eu disse a ele: “Mesmo assim a contestarei”. Fizeram-me uma [notificação] de contravenção, eu a contestei e, em seguida, eles me disseram que seria aberto um processo no Tribunal Administrativo. Mas para deixar a delegacia, a polícia obrigou-me a tirar a minha blusa da Manif. Eu cedi à ordem, não havia mais nada a se fazer, a não ser esperar com minha família, que estava do lado de fora. Fiquei detido por cerca de uma hora.
A família na França é contrária aos bons costumes?
Na França a lei sobre o casamento homossexual foi aprovada pelo Senado e agora retorna à Câmara para uma segunda apreciação. É uma lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo e adoção, porque na França o direito de adotar é consequência do casamento. Esta lei é muito perigosa, pois baseia-se na teoria do gênero. Esta teoria tem 30 ou 40 anos e é apoiada pelos movimentos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, trans). São movimentos muito violentos a partir do ponto de vista intelectual e após a publicação de artigos, no meu caso, recebi muitos insultos vindo da parte deles, mesmo que a sua violência seja, antes de tudo, intelectual. Pessoas que enfatizam o fundamento natural da família, defendendo o modelo preferencial da família, são consideradas susceptíveis de criar problemas na França, porque existem aqueles que querem, por todas as maneiras, que um par gay seja colocado no mesmo plano da família. Isto é denunciando, entre outras coisas, pelos apoiadores do casamento republicano, que se opõem a esta nova lei.
Como é que seus seis filhos reagiram vendo o pai de repente sendo levado por agentes?
Minha esposa cobriu imediatamente sua blusa e isso me deixou com raiva porque é uma atitude que vai contra o bom senso. Minha esposa e eu adotamos seis filhos e eles são muito comprometidos na causa contra esse projeto de lei, isto porque eu sei como as crianças precisam de um pai e uma mãe. Meus filhos mais velhos estavam entusiasmados: quando voltei eles me perguntaram se eu havia sido torturado, se eles conseguiram me fazer falar. Eles criaram a imagem de um pai que está resistindo! Minha filha já havia espalhado a notícia da minha desventura no Facebook enquanto eu ainda estava na delegacia de polícia. Entre os nossos filhos, há também dois com síndrome de Down e que não entenderam muito bem o que estava acontecendo. Minha esposa explicou-lhes que seu papai voltaria imediatamente e disse para que eles fossem procurar os ovos de chocolate escondidos, como temos por tradição. Outro filho mais novo, que tem seis anos de idade, começou a perguntar o que estava acontecendo, porque ele tinha notado a discussão um pouco acalorada com os agentes. Não foi fácil, mas tivemos que explicar para ele o que poderia acontecer e que os agentes, ao mesmo tempo que representavam a lei, estavam errados na sua avaliação e que, neste caso, podemos discutir com eles. No que diz respeito à educação e no que diz respeito à autoridade, criou-se uma situação problemática. Mas eu acho que teria sido mais grave obedecer aos agentes e esconder o que é simplesmente um símbolo que representa a família tradicional.
A liberdade de expressão está ameaçada na França hoje?
Houve um grande silêncio sobre a conduta da Manif Pour Tous. Meu caso chegou aos jornais, eu tenho tratado com ironia para não dramatizar, mas foi retomada somente pela imprensa politicamente favorável à família tradicional. Nenhum veículo de imprensa independente publicou a notícia. Sabemos muito bem que a mídia francesa não divulgou os eventos relacionados à Manif Pour Tous de uma forma objetiva. Há uma reclamação formal no Ministério do Interior que diz respeito ao número de manifestantes, pois fazemos um grande esforço para obter as fotos aéreas do evento para termos uma contagem exata. O lobby LGBT é muito presente no mundo da mídia e da cultura, e é sentido por todos. Deixe-me dar um exemplo: A Manif Pour Tous fez um anúncio no jornal de esquerda Le Monde, que se demonstrou aberto a publicá-lo. Mas houve uma reação violenta de um personagem como Pierre Bergé, um amigo homossexual de Yves Saint Laurent, que tem como alvo o jornal por ter publicado o anúncio. Há o desejo de minar a liberdade de expressão.
Como você se sente depois do que aconteceu?
Meu caso permitiu que o público se torne mais consciente do perigo que pode representar a teoria de gênero. Eu sou responsável pela educação católica na minha diocese e colaborador do bispo sobre estas questões. O sexo é inserido nos programas das escolas de ensino médio, através das ciências naturais, a biologia. Que se fale nas escolas não é um problema e nem que se estude esta teoria como uma das muitas ideologias também não é um problema. O problema é que ela foi imposta na biologia, e sendo uma teoria, você deve estudar no campo da filosofia. Por outro lado, o ponto fraco desta teoria é que ela não é estudada no bachalerado de ciências, é simplesmente concebida em disciplinas de ciências literárias. É claro que esta é uma teoria científica do gênero e não pode ser aceita a partir do ponto de vista das escolas católicas, mas você pode discutir a forma de estudá-la. Hoje, no entanto, esta teoria está fazendo sua entrada nas áreas de ensino fundamental, pois o governo está preparando uma legislação a este respeito e isto é um problema, porque os alunos dessa idade não têm um espírito crítico.
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