quarta-feira, 24 de abril de 2013

Clicar, em vez de viver, tornou-se norma

Por Marsílea Gombata
Fonte: Carta Capital

Em meio ao burburinho da sala onde fica o quadro Mona Lisa, no Museu do Louvre, em Paris, o fotógrafo Fabio Seixo percebeu algo não exatamente errado, mas exagerado. Os visitantes se espremiam para disparar os flashs da máquina e ter a foto de uma das imagens mais intrigantes e conhecidas do mundo. A guerra para fotografar a musa enigmática imortalizada por Leonardo da Vinci revelava, ali, algo maior: a necessidade de se vivenciar, por meio da foto, a experiência do presente.
“É uma imagem tão icônica quanto aquela de Che Guevara (feita por Alberto Korda em 1960). Pensei: ‘Nossa, que loucura. Será que as pessoas não conhecem a Mona Lisa?’ Então tive um estalo e vi que elas, na verdade, viajam muito mais para marcar território e dizer que estiveram lá do que para curtir a viagem”, reflete.



As redes sociais aumentaram a febre da fotografia. Fotos: Fábio Seixo
As redes sociais aumentaram a febre da fotografia. Fotos: Fábio Seixo


A experiência em 2005 fez germinar uma semente batizada de Photoland. O projeto, que tem pretensão de virar livro depois de ter ganho exposições no Rio de Janeiro e espaço no festival Paraty em Foco, busca refletir de que modo o ato de fotografar se tornou mais importante do que a vivência e como, em uma espécie de compulsão, ganha fôlego no fértil terreno da tecnologia digital. “Quando você está na Torre Eiffel, se fotografa ali e posta essa imagem, está afirmando sua presença nesse lugar, dizendo que esteve lá”, fala o autor sobre o que considera uma experiência narcisista. “A câmera é um anteparo entre você e as coisas. Então, quando se fotografa, deixa-se de viver o presente para vivenciar a experiência de estar fotografando.”
Foi a possibilidade de mergulhar no universo da escrita com luz que lhe permitiu a reflexão sobre essa dinâmica. O fotógrafo nascido no Rio de Janeiro tem contato com o ofício desde a infância, quando frequentava a redação da extinta Iris Foto, revista histórica com auge nos anos 1970 e 1980, cuja editora era da família de sua tia. Ao concluir a faculdade de jornalismo, não teve dúvida sobre qual caminho seguir e foi trabalhar como fotógrafo de jornal diário. A experiência durou cinco anos. Em 2004, tornou-se autônomo.
Ao refletir sobre a experiência do mundo da fotografia digital atrelada ao narcisismo, existe a intenção de transformar o ato de fotografar em paisagem. A fotografia passa a fazer o papel da natureza, instaurando-se como realidade física. Seixo observa que a intenção de debater os fotógrafos amadores em ação como se fossem paisagem vem da própria imagem autobiográfica. Até que ponto o autor da foto faz parte da cena? “Nesse ato, acabamos perdendo a paisagem. É como se ela não tivesse importância e nós nos tornássemos a própria.”


Metalinguagem. "Você fotografa não mais para guardar o momento, mas para esquecer", afirma Fábio Seixo, do projeto Photoland
Metalinguagem. “Você fotografa não mais para guardar o momento, mas para esquecer”, afirma Fábio Seixo, do projeto Photoland


Na fotografia da fotografia, os cartões-postais não são a Torre Eiffel, o Coliseu, o Empire State Building ou o Buckingham Palace. São, no lugar, quem ali esteve na busca por um arquivo fotográfico cada vez mais amplo. Os traços sobre a necessidade de ser visto são propositais na obra. “O projeto esbarra na questão da visibilidade. Não basta ser um bom médico, um bom professor ou um bom jornalista se você não estiver referendado pelos dispositivos de visibilidade, como mídia e redes sociais”, analisa. “Isso, paradoxalmente, denota o quanto estamos nos tornando uma fotografia de nós mesmos. Não sabemos mais quando estamos posando ou sendo natural. É como se estivéssemos o tempo todo representando um personagem.”
A ideia é refletida de forma parecida em projetos de outros artistas pelo mundo, como o Into The Light, do alemão Wolfram Hahn, que busca imortalizar o momento em que os indivíduos tiram fotos de si mesmos, ou o Too Much Photography, no qual o britânico Martin Parr retrata o frenesi de turistas em pontos conhecidos pelo mundo. Ambos são apreciados por Seixo.
Da observação na sala do Louvre até hoje, Seixo viajou a várias partes do mundo para realizar o projeto. Além da França, passou por Estados Unidos, México, Inglaterra, Itália, Peru, e, é claro, sua cidade natal. O próximo destino do Photoland é o Japão, país-chave do projeto cujo nome faz alusão à Disneyland.
“Hoje estamos todos virando meio japoneses, que têm uma semana de férias e viajam com a câmera fotografando tudo. É como se tivessem a experiência da viagem somente depois, vendo as fotos.”
Soma-se a isso a proporção alcançada graças às redes sociais, alimentadas pela necessidade de likes sobre comentários e fotografias postadas na internet. Uma febre ligada ao desejo de registrar tudo para todos que, ele confessa, cansa. “Quando você fotografa muito, o excesso de imagens gera um ruído e anula qualquer possibilidade de memória por causa da quantidade. Assim, quanto maior seu arquivo pessoal, menos sentido ele faz.”



Clicar, em vez de viver, tornou-se norma
Clicar, em vez de viver, tornou-se norma



Na busca pelo silêncio e pela distância dos ruídos, Seixo tenta formas de escapar desse ciclo, como correr e observar o raiar do dia. É o momento em que se permite desligar o celular e deixar o tempo passar, sem registro, horário ou compromisso. Além do trabalho com moda e publicidade, é professor de Fotografia e desenvolve outros trabalhos autorais, entre eles Marca-D’água, que mostra o impacto das chuvas de 2011 na região serrana do estado do Rio de Janeiro por meio das lonas utilizadas pelos moradores para cobrir as encostas e se proteger.
Segundo ele, o fato de a fotografia ser o maior hobby do mundo e estar, cada vez mais, facilitada pelo acesso à tecnologia enfraquece a ferramenta: “A fotografia, que sempre foi um instrumento de memória, passa a ser um dispositivo do esquecimento. Você fotografa não mais para guardar o momento, mas para poder esquecer. É como se cada vez que você apertasse o botão, aquela imagem fosse para um buraco negro”.

Assim morreu Bayard, "o cavaleiro sem medo e sem mancha"






Bayard, estátua em St. Anne d'Auray, Bretanha, França
Pierre Terrail, senhor de Bayard (1476 – 30 de Abril 1524) foi um cavaleiro francês que nascido no fim da Idade Média levou o espírito medieval até a era seguinte, i. é, a decadente Renascença. Ele ficou geralmente conhecido como o Cavaleiro de Bayard. Desde sua morte é lembrado como "o cavaleiro sem medo e sem mancha", (le chevalier sans peur et sans reproche). Ele porém, preferia ser tratado apenas como "le bon chevalier", i. é, "o bom cavaleiro".
Faleceu na passagem alpina de Sesia protegendo a retaguarda do exército real francês, acossada por tropas espanholas comandadas pelo marqués de Pescara.



Os atiradores eram excelentes. Dois tiros simultâneos: um prostrou por terra mortalmente Jean de Chabannes, senhor de Valdenesse; o outro atingiu Bayard e lhe quebrou a espinha dorsal.




“Senhor Jesus!” — bradou, agarrando-se no arção de sua cela para não cair. Aqueles que o rodeavam ouviram-no ainda exclamar: “Senhor Deus, vou morrer!”



Correram para auxiliá-lo, mas todo socorro humano era impotente. Sentindo que suas forças o abandonavam, Bayard tirou sua espada, que havia tanto tempo o acompanhava em todas as pelejas, e que tão bem lutara pela França. Ergueu-a, contemplou-a, depois osculou a cruz que havia no punho, como se quisesse associar, neste gesto, a devoção pelo Redentor e o amor pela arma do cavaleiro.


“Miserere mei, Deus, secundum magnam misericordiam tuam” — escapa de seus lábios contritos. Repentinamente calou-se. Estava mortalmente pálido e oscilava na sela. Jean Joffrey, seu escudeiro, que havia muito tempo o servia fielmente e o escoltava em todas as suas proezas, ajudou seu senhor a descer do cavalo.


À sombra do carvalho


Bayard reabriu os olhos. Com um gesto mostrou um carvalho que havia por perto, e fez sinal de que queria repousar à sombra da árvore venerável. “Desejo esperar a morte vendo de frente meus inimigos — murmurou —. Eu nunca lhes voltei as costas. Pela honra de cavaleiro católico, não é agora que o farei”. Um nobre aliado seu aproximou-se, suplicando a Bayard que se deitasse na maca que os soldados haviam feito com suas lanças; mas ele recusou.

Bayard se aproximava de sua última proeza: o encontro face a face com Deus. Por entre seus últimos esforços, ouviram-se dele estes gemidos: “Em cada movimento sinto as dores da morte que me vem buscar”.

Seu escudeiro chorava, ajoelhado junto a seu senhor. Bayard, apesar de seu estado, demonstrando um afeto especial, afagou-lhe a cabeça: “Jacques, amigo, enxuga essas lágrimas. É vontade de Deus que eu deixe este mundo. Por Sua graça eu nele fiquei muito tempo, e recebi bens e honras imerecidos. A única coisa que lamento é não ter cumprido meu dever tão bem quanto deveria. Se tivesse mais tempo, corrigiria as faltas passadas; mas se Ele me quer chamar agora, suplico que Ele tenha piedade de mim, pela sua imensa misericórdia. Confio que, pela intercessão de sua Mãe Santíssima, ele olhará para sua misericórdia, e não para meus pecados, que pediriam Sua Justiça punitiva”.

Os inimigos assomam ao longe, dirigindo-se em carga de cavalaria a Bayard e seus companheiros. Querendo poupar sacrifícios a seus pares e súditos, Bayard logo pediu que o deixassem, mas eles com galhardia não acederam.

Então o nobre cavaleiro pediu a seu escudeiro que o ouvisse em confissão, pois ali não havia sacerdote que pudesse escutar suas faltas e lhe dar a absolvição. Ao preboste de Paris, Sr. d’Alègre, ele confiou seus últimos desejos.


Despedida dos seus



Bayard, estátua em Grenoble, detalhe
Depois disso ele suavemente afastou de si os que o rodeavam:


“Senhores, eu vos suplico, ide-vos. Do contrário, caireis nas mãos dos inimigos, e isto não me será de nenhum proveito, porque me sentirei culpado. Adeus, meus bons senhores e amigos. Recomendo às vossas orações minha alma pecadora. Eu vos suplico, senhor d’Alègre, que saudeis por mim o rei, nosso senhor. Dizei-lhe quanto lamento não ter podido servi-lo por mais tempo e como eu muito gostaria. Saudai também os senhores príncipes, todos os meus companheiros e todos os gentis-homens da doce França, quando os virdes”.


Eles insistiram em ficar, segurando mesmo suas vestes, mas ele os repeliu com uma afetuosa insistência; e como quisessem resistir, fez um gesto: “Eu ordeno!” Docilmente eles se despediram. Entre lágrimas, beijaram-lhes as mãos, enquanto crescia o grupo de cavaleiros inimigos. Via-se o brilho dos capacetes e o movimento dos estandartes.

Joffrey era o único junto dele. Bayard, exausto, fechara os olhos. O vento agitava os ramos do carvalho.


O inimigo espanhol



Quando Bayard, com dificuldade, reabriu os olhos, um cavaleiro coberto de esplêndida armadura, refulgente de sedas e penachos, estava diante dele. Bayard sorriu. Era um adversário digno dele, um bravo guerreiro: o marquês de Pescara. O general espanhol estava admirado de ver um homem reclinado num tronco, junto ao qual chorava o escudeiro. Quando reconheceu o “cavaleiro sem medo e sem mácula”, o marquês desmontou rapidamente e se aproximou, cheio de respeito e compaixão.

“Prouvesse a Deus, senhor de Bayard, que eu vos fizesse prisioneiro, mesmo que para isso derramasse a quarta parte do meu sangue. Nesse embate que teríamos, conheceríeis o grande apreço que tenho por vossas qualidades. Desde que empunhei armas, não ouvi falar de cavaleiro que, em virtudes, se aproximasse de vós!” Assim falava ele por causa da grande fama que Bayard tinha adquirido, pela sua vida de valor e devotamento, o que obrigava seus próprios inimigos a admirá-lo, respeitá-lo e temê-lo.


Bayard assiste o rei Francisco I na vitória de Marignano
“Eu deveria estar bem aliviado de vos ver assim — disse ainda o marquês — sabendo bem que nas guerras o Imperador, meu senhor, não tem maior nem mais feroz inimigo. Entretanto, quando considero a enorme perda que hoje sofre a Cavalaria, Deus é testemunha de que eu preferiria dar a metade do que possuo, para que tal não acontecesse. Mas como para a morte não há remédio, peço Àquele que nos criou à Sua Imagem que se digne levar vossa alma para junto d’Ele”.

Em seguida insistiu para que o deixasse levá-lo a seu castelo, assegurando-lhe que seus cirurgiões o curariam. Jamais um cavalheiro usou convites tão amáveis e insistentes para atrair a seu castelo um nobre hóspede.

Bayard sabia que Pescara era sincero, e que seria tratado como cavaleiro por esse inimigo honrado. Pressentindo que a morte lhe era certa, Bayard, apesar de seus ferimentos, declinou honrosamente o convite: “Prefiro a simplicidade do campo de batalha, pois desejo morrer como o guerreiro que sempre fui”.

Pescara acedeu. Para atender aos desejos do Cavaleiro, ele fez armar sua própria tenda ao redor da árvore, arrumou um leito e nele colocou, com suas próprias mãos, o inimigo ferido. Então, ali já não estavam dois guerreiros inimigos servindo causas opostas, mas dois cavaleiros, fraternalmente unidos pelo espírito da Cavalaria, animados do mesmo ideal, que as circunstâncias tinham colocado em campos opostos, embora nutrissem mutuamente uma admiração varonil.
Bayard não quis receber os médicos que se apresentaram para tratá-lo. Acolheu devotamente o capelão do marquês, ao qual renovou sua confissão feita minutos antes a Joffrey, seu escudeiro. Depois pediu que o deixassem sozinho.

Bayard, vitral na capela da Universidade de Princeton
Enquanto ele se recolhia, Pescara organizou seu exército em ordem de desfile. As ordens de comando ressoavam de uma extremidade a outra do esquadrão; ouvia-se o galope dos cavalos, o rufar dos tambores, o soar das trombetas. Todos esses sons familiares flutuavam ao redor do agonizante.

Irrompeu o som marcial de uma grande fanfarra, acompanhando o passo cadenciado dos cavalos e a marcha pesada dos inimigos de Bayard.

O exército espanhol desfilava ante o Cavaleiro moribundo, inclinando seus estandartes no momento em que passavam pelo carvalho. Assim era o último adeus de Pescara, a última homenagem de um bravo prestada a outro bravo.


“A França tem uma perda irreparável neste nobre Cavaleiro, dizia François d’Avalos, antes de se despedir dele”.

A noite caía. O rumor do exército em marcha se extinguia ao longe. Novamente a calma do crepúsculo e o silêncio rodeavam o carvalho. Bayard rezava.


Último encontro



Uma voz familiar o arrancou de sua meditação: “Ah! Senhor de Bayard, que sempre estimei por vossa bravura e lealdade, muito lamento ver-vos neste estado!”

O rosto de Bayard tornou-se grave e hostil. Por que ser perturbado por tal homem, em tal momento? O condestável de Bourbon estava à sua frente, e em seu olhar havia uma sincera compaixão e também uma admiração sincera; talvez remorso.

O momento não era para explicações. Bayard não queria saber as razões que haviam levado esse homem a combater num exército estrangeiro e contra seu rei. Sem dúvida, Bourbon viera para se justificar, para explicar, mas Bayard não queria ouvi-lo, não queria conhecer as explicações de um homem que havia cometido uma felonia em relação ao seu rei.

Bourbon esperava uma palavra: um julgamento ou um perdão. Queria partir absolvido por este homem de honra, mas Bayard desdenhou discutir.

“Senhor, eu vos agradeço. Não tenhais piedade de mim, que morro como homem de bem, servindo meu rei. Mas ai de vós, que empunhais armas contra vosso príncipe, vossa pátria e vossa Fé”.

Dito isto, calou-se. Já estava acima de vãs querelas humanas, de ambição e de interesse; de guerras absurdas, de intrigas mesquinhas, de matanças inúteis. Bayard pertencia agora a Deus, e para Ele dirigia seus últimos pensamentos. À medida que se afastava da terra, ele se aproximava da pura luz da suprema Verdade, das certezas definitivas. Rezava.

“Meu Deus, Vós que dissestes, eu o sei, que aquele que se voltasse para Vós, embora pecador, estaríeis sempre pronto a recebê-lo e perdoá-lo. Ah!, meu Deus, Criador e Redentor, eu vos ofendi gravemente durante minha vida. Peço-vos perdão, com o coração contrito. Reconheço que, se me retirasse por mil anos no deserto, vivendo a pão e água, isso ainda não seria bastante para entrar em vosso reino, se, por vossa grande e infinita bondade não vos dignásseis ali me receber, porque ninguém pode merecer neste mundo tão alta recompensa. Meu Pai e Salvador, eu vos suplico que não considereis as faltas que cometi. Julgai-me segundo vossa grande misericórdia, e não segundo os rigores de vossa justiça”.


O sol desaparecera. A noite caíra. A oração de Bayard interrompeu-se. O Cavaleiro estava na presença de Deus...




(Fonte: Marcel Brion, "Historia", nº 329, abril de 1974)

O MISTÉRIO NOS OLHOS DA VIRGEM DE GUADALUPE





Apareceu a Virgem Maria[1] ao índio Juan Diego na colina do Tepeyac, ao norte da Cidade do México em dezembro de 1531 e lhe pediu para que ali fosse construído um templo. Dirigiu-se o índio ao Bispo, Juan de Zumárraga, que cético solicitou uma prova efetiva de tal aparição. A Virgem Maria apareceu novamente ao índio e solicitou que colhesse as rosas e outras flores que estavam na colina, insólitas para o inverno e o solo árido, e as colocasse em seu tilma – o avental típico dos camponeses astecas, pedindo para que somente o abrisse diante do Bispo, como prova da aparição. Quando Juan Diego abriu o tilma, as rosas e as outras flores caíram e nele apareceu estampado a fulgurante imagem de Nossa Senhora, conservado intacto até hoje. O Bispo se ajoelhou maravilhado e arrependido, pediu perdão à Virgem Maria pela desconfiança e colocou-a na capela.





Dr. Adolfo Orozco [2]  , físico e pesquisador, assegura que não há explicações científicas para quase cinco séculos de alta qualidade de preservação da tilma ou para os milagres que ocorrerão garantindo a sua preservação.  Segundo ele: “Todos os tecidos semelhantes com a Tilma que foram submetidos a ambientes salinos e à umidade em torno da Basílica não duraram mais do que 10 anos”. Uma pintura da imagem miraculosa, criada em 1789, estava em exposição em uma igreja próxima da basilica onde a Tilma foi colocada. “Esta pintura foi feita com as melhores técnicas daquele tempo, a cópia é linda e feita com uma tela muito parecida com aquela da Tilma. A imagem também foi protegida com vidro desde a primeira vez que foi colocada lá.”. No entanto, oito anos depois, a cópia da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe foi descartada porque as cores estavam desbotando e os fios se rompendo. Em contraste, Dr. Orozco diz,“a Tilma original foi exposta por aproximadamente 116 anos sem nenhum tipo de proteção, recebendo todas as radiações infravermelhas e ultravioletas das dezenas de milhares de velas próximas dela e exposta à umidade e salinidade do ar ao redor do templo.” 

Em 1936, um professor alemão que vivia no México, Fritz Hahn, foi convidado pelo governo a assistir aos jogos olímpicos daquele ano em Berlin. Pouco antes de partir para a Europa, recebeu do Dr. Ernesto Pallanes duas fibras da imagem sagrada, uma vermelha e outra amarela. Ele havia recebidos as mesmas do Bispo de Saltillo, que por sua vez foi presenteado com elas pelo padre da Basilica, Don Feliciano Echavarria, diretamente do relicário dos bispos. Juntamente com as duas fibras, o Professor Hahn levou uma carta de recomendação de Marcelino Junco, professor aposentado de química orgânica na Universidade Nacional do México, para o alemão vencedor do Prêmio Nobel em Química, Richard Kuhn, diretor do departamento de química na Intituição de Kaiser Wilhelm, em Heidelberg.

Kuhn examinou as fibras com a sua meticulosidade de costume e então fez um anúncio inacreditável. Não havia nenhum tipo de corante nas fibras. Os materiais utilizados para produzir o que se parecia com as cores eram desconhecidos pela ciência, não sendo de origem vegetal ou animal, nem corantes minerais. A utilização de corantes sintéticos foi descartada, visto que foram desenvolvidos três séculos após a criação da imagem sagrada.

A hipótese de que a imagem sagrada é uma pintura foi posteriormente desacreditada em 1946 quando uma análise microscópica revelou não haverem traços de pincel. Também não havia qualquer sinal da assinatura do artista no canto inferior da imagem. Em 1954 e novamente em 1966, o professor mexicano Francisco Camps Ribera realizou um estudo exaustivo da Imagem Sagrada e chegou à mesma conclusão. Se, então, a imagem não foi uma pintura, o que é? Sua composição material tinha que ser algo definível, uma vez que foi observado e, na verdade tangível. Mas se ele era de origem sobrenatural, como isso poderia ser equiparado com o mundo material, em termos de ciência física? [3]

Não é uma imagem produzida por mãos humanas, demonstraram os cientistas Jody Brant Smith e Philip Serna Callahan que a analisaram com raios infravermelhos e afirmaram: “A origem da imagem de Guadalupe é inexplicável.”

Dr. Callahan, no fim de seu detalhado estudo, chega a seguinte conclusão:

"A pintura original – incluindo a túnica rosa, o manto azul, as mãos e a face é inexplicável. Em termos deste estudo por infravermelho, não há como explicar, seja o tipo de pigmentos de cor utilizados, seja a preservação da luminosidade da cor e o brilho dos pigmentos através dos séculos. Além disso, quando se considera o fato de que não existe esboço e dimensionamento (...), e que a própria trama do tecido é utilizada para dar profundidade ao retrato, nenhuma explicação do retrato é possível por meio de técnicas de infravermelho. É notável que depois de mais de quatro séculos não haja desbotamento ou rachaduras da pintura original em nenhuma porção do tilma, o qual - sendo de tamanho menor - deveria ter se deteriorado séculos atrás." [4]

Há um Mistério nos Olhos da Virgem Maria.  Seus olhos, na imagem, apresentam uma córnea curva, além de apresentar o fenômeno de Sanson-Purkinje[5], tal qual olho humano, fato este corroborado por uma série de renomados cientistas e oftalmologistas que estudaram o tilma, entre eles: Dr. Javier Torroela-Bueno, Dr. Rafael Torija-Lavoignet, Dr. Enrique Graue, Dr. Jorge A. Escalante Padilla e Dr. Aste-Tonsmann.

Em 1975, após analisar a imagem, afirmou Dr. Enrique Graue: “A sensação é de estar vendo um ‘olho vivo’ e realmente não pode ser pensado em algo menos do que sobrenatural.” [6]

Dr. Jorge A. Escalante Padilla também relatou a descoberta de pequenas veias em ambas as pálpebras da Imagem. Na década de 1970, um oftalmologista japonês que estava examinando os olhos desmaiou. Quando se recuperou,  afirmou que os olhos estavam vivos e olhando para ele! [7]

Em 1979, Dr. Jose Aste TonsmannPhD, graduado em engenharia pela Universidade de Cornell (EUA), enquanto trabalhava no Centro Científico da IBM, no processamento por computador de imagens transmitidas por satélites artificiais passou a estudar o manto de Guadalupe, usando uma fotografia de alta resolução do original – após filtrar e digitalizar a imagem, publicou seus magníficos resultados em 1981[8]. Os olhos da Imagem medem de 2 a 5mm de altura por 3 a 7mm de comprimento. Em seu computador, dividiu nas fotografias, cada milímetro quadrado em 1.600 até 27.770 micro-quadrados, e amplicou, de 30 a cerca de 2.000 vezes cada micro-quadrado, confirmando não só a existência do fenômeno de Sanson-Purkinje mas percebeu que haviam várias figuras humanas refletidas em ambos os olhos. E no centro da pupila da Virgem de Guadalupe uma família indígena, uma jovem índia carregando um bebê amarrado nas costas e duas crianças. Mero acaso?

 



A família, dizia o grande escritor inglês G.K. Chesterton, é uma célula de resistência à opressão. Ela é a célula-mater da sociedade e como afirmou Bento XVI é um dos tesouros mais importantes da sociedade humana.

Por que no centro dos olhos da Virgem de Guadalupe se encontra uma família? Por que Deus, em seus desígnios, permitiu que esta descoberta fosse feita diante da loucura insana hedonista hodierna? Seria mais uma coincidência ou tem a Virgem algo a nos dizer perante tantas leis iníquas que visam perverter princípios morais básicos, destruir os lares e sucumbir o ordenamento jurídico?

Quando o ser humano perde a sensibilidade diante da vida e trata os seus como um amontoado de células, mero lixo descartável e chega ao ponto de defender o assassinato de um inocente, a Virgem Maria tem algo a nos dizer. Nos seus olhos, há um grito de desespero e de dor.

Já dizia São Luiz Maria Grignion de Montfort, que foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por ela que deve reinar no mundo. Que Nossa Senhora de Guadalupe, Imperatriz da América, triunfe e proteja os lares do Brasil e livre esta nação da maldição do aborto!




Rafael Volpato

 “Minha certeza de que houve milagres na História humana não é em absoluto uma crença mística. Acredito neles pela evidência humana, do mesmo modo que faço com respeito à descoberta da América (...). De algum modo surgiu a peregrina idéia de que aqueles que acreditam nos milagres aceitam-nos unicamente por força de um dogma. A verdade é totalmente o contrário: os que acreditam em milagres, reconhecem-nos (...) unicamente por que apresentam alguma evidência. Aqueles que não acreditam em milagres, rejeitam-nos (...) inspirados por alguma doutrina contrária."
G.K.Chesterton, Orthodoxy, 1959


[1] A história aqui apresentada compacta encontra-se detalhada nos livros A Handbook On Guadalupe e The Wonder of Guadalupe, cuja leitura recomendo.
[2] Entrevista concedida à CNA: http://www.catholicnewsagency.com/news/our_lady_of_guadalupe_completely_beyond_scientific_explanation_says_researcher/
[3] Francis Johnston, The Wonder of Guadalupe, 1981, pg. 121
[4] Philip Serna Callahan, The Tilma Under Infra-Red Radiation: An infrared and artistic analysis of the image of the Virgin Mary in the Basilica of Guadalupe, 1981, pg.18
[5] Jody Brant Smith, The Image of Guadalupe, 1994, pg. 54
[6] Jody Brant Smith, The Image of Guadalupe, 1994, pg. 55
[7] A Handbook on Guadalupe, Franciscan Friars of the Immaculate,1996, pg. 90
[8] Dr. José Aste Tonsmann, Los ojos de la Virgen de Guadalupe - Un estudio por computadora electrónica, Editorial Diana, 1981
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