BEATIFICAÇÃO DE PAULO VI?
- Carta aos Cardeais -
Eminência
Reverendíssima:
Li na
Imprensa que, em 11 de Dezembro[1], os Cardeais e os Bispos,
ultrapassado o obstáculo dos teólogos, darão o seu “sim” à
beatificação de Paulo VI, apesar de não ter tido, durante a sua vida, fama de
santidade e de ter sido, para muitos, o primeiro responsável pelos problemas
atuais da Igreja, isto para não dizer que o seu Pontificado foi, na realidade,
catastrófico!
Então,
seja-me concedido citar o que foi relatado, em letras garrafais, na revista “Avvenire”
de 19 de Março de 1999, página 17, acerca de Mons. Montini: “Ruini[2] traça
o perfil do Papa [Paulo VI] que mudou a
Igreja”.
Certíssimo!...
Já o havíamos demonstrado com a nossa “Trilogia Montiniana”[3], nunca tida nem como falsa nem pouco fiável pelos meus
opositores, limitando-se a graçolas e insultos, sem nunca denunciarem em
público o “como”, o “onde”, o “porquê” de os nossos argumentos e documentos
serem contrários à verdade.
Decerto,
dizer a Verdade não é, de modo algum, uma ofensa, nem sequer à
pessoa de Paulo VI, já entrado na História, motivo pelo qual toda a sua vida é
objeto de estudo, sem reticências nem mistificações, sem lhe colocar a auréola
na cabeça, o que significaria colocá-la igualmente na sua“revolução” operada
pela Maçonaria, por seu intermédio, em nome do Vaticano II.
***
Deve-se,
assim, apresentar o esboço das suas presumíveis virtudes, necessárias para uma
beatificação. O Cardeal Ruini, no discurso de encerramento do Processo
Diocesano, disse: “A sua Fé resplandece através da
sua pessoa, brilha nas suas palavras. Em 1967, inicia o Ano da
Fé. Em 1968, no átrio de São Pedro, proclama o Credo do
povo de Deus[4]; uma Fé
baseada no Credo de Niceia”.
Todavia,
quanto a essa presumível Fé, que o Cardeal inclusivamente qualificou como “apaixonada”, desmente-a
o mesmo Paulo VI, no seu famoso discurso sobre a autodemolição da
Igreja, durante o qual disse: “A Igreja encontra-se numa hora de
interrogação, de autocrítica. Dir-se-ia mesmo de autodemolição. Uma Igreja que
quase, quase fere a si mesma. Todos esperam do Papa gestos clamorosos e
decisivos. Mas o Papa não considera que deva seguir linha diferente daquela da
confiança em Jesus Cristo, que se preocupa com a Sua Igreja mais do que
qualquer outro. Será Ele que acalmará a tempestade”.
Esta sua
declaração soa à traição ao seu dever de Vigário de Cristo, o Qual, para a
defesa da Fé, se serviu sempre de Seus sucessores, a começar por São Pedro, Seu
primeiro Vigário na Terra.
Logo, essa
decidida recusa de Paulo VI em defender ele próprio a Fé foi uma aberta recusa
de fazer aquilo que era, contudo, o seu primeiro dever. Portanto, a sua
política de “não intervenção” foi uma abdicação do seu ofício
próprio, no dever de intervenção na autodestruição da Igreja, que ELE mesmo
conduzia. Uma recusa, assim, que constitui autêntico pecado de omissão.
Como
pensar, então, em levar aos altares, à veneração dos fiéis, um Papa que tão
gravemente faltou ao seu principal dever, que é, de fato, a defesa do
“depositum fidei”?
Paulo VI
abdicou do seu principal dever, não o cumprindo como Cabeça da
Igreja Católica, a fim de se colocar ao serviço da Humanidade
e conciliar todas as crenças e todos os cultos numa única religião universal.
Sonhando converter-se no grande unificador dos povos, sacrificava a Igreja Católica,
a Tradição, as Instituições, os próprios fiéis, para formar esse movimento de
animação espiritual da Democracia Universal, que deve
escravizar a Igreja a o mundo.
Deste
modo, Paulo VI, não distinguindo já a Igreja de Cristo, que é “uma e
não duas ou mais”, foi o primeiro Papa que, no discurso de abertura da
Terceira Sessão[5], em 14 de Setembro de 1964,
conclamou as comunidades religiosas cismáticas e heréticas, dizendo:
“Oh
Igrejas distantes e tão perto de nós! Oh Igrejas objeto do nosso sincero
pensamento! Oh Igrejas da nossa incessante nostalgia! Igrejas das nossas
lágrimas!”… E anunciou, logo e em muitas
ocasiões, o mútuo perdão pelas culpas recíprocas[6].
Posteriormente,
a sua incessante propaganda ecumênica foi só para levar ao reconhecimento das
outras comunidades cristãs, e não para conduzi-las à verdadeira comunidade de salvação[7].
Prova
disso é a sua visita ao Conselho Ecumênico das Igrejas[8], em 10 de Junho de 1969, onde foi recebido por cerca de 230
comunidades religiosas. Ali, Paulo VI assumiu a linguagem deles e
ainda participou desse cisma geral com esta afirmação: “a fraternidade
cristã (…) entre as Igrejas que formam o Conselho Ecumênico e a Igreja Católica”…ignorando
que não pode haver fraternidade entre a Igreja Católica e osdissidentes. Por
outro lado, ele mesmo levantou a questão, dizendo: “A Igreja Católica
deve tornar-se membro do Conselho Ecumênico”. E disse logo: “em tão
grande fraternidade, não cremos que a questão da participação Católica no Conselho
Ecumênico esteja madura a ponto de que se possa e deva dar uma
resposta positiva. A questão fica no campo das hipóteses (…) graves implicações
(…) caminho largo e difícil”.
Foi um
discurso “balão de ensaio”, porque, no fundo, lá estava o seu “sim”;provou-o
ao dizer: “O espírito de um são Ecumenismo[9], que
anima uns e outros (…) reclama, como condição primeira para o contato frutuoso
entre diferentes confissões, que cada um professe lealmente a própria
fé”; e, aqui, Paulo VI convidou ao
reconhecimento dos valores positivos cristão-evangélicos que se encontram nas
outras confissões e à abertura de todas as possibilidades de colaboração… como
no campo da caridade e da busca da paz entre os povos.
Finalmente,
à pergunta sobre se há salvação em uma ou outra das 234 “igrejas” membros
do CEI, ao passo que a doutrina da Igreja Católica sempre
tinha respondido negativamente, Paulo VI, pelo contrário, responde
afirmativamente! Vê-se sempre esta “mens” sua quando acolhe judeus, muçulmanos,
bonzos, budistas… e visitando-os durante as “viagens
apostólicas”, com o fim do “diálogo”.
Mas, antes
de Paulo VI, nenhum Papa tinha declinado a Fé no plural; Paulo VI, contudo,
dizia que as “confissões” se homenageavam mutuamente.
Durante a
sua viagem ao Uganda, Paulo VI falou dos “mártires ugandeses”; foi, pois,
visitar esses “mártires católicos”, mas confundidos, indiscriminadamente, com os
muçulmanos, com os protestantes; segundo ele, morreram em “espírito
ecumênico”, unidos para além dos conflitos dogmáticos. Igualmente, na
sua viagem a Bombaim (onde os hindus lhe ofereceram um pequeno ídolo, e os
budistas, um Buda!), Paulo VI não mostrou nenhum discernimento entre as
religiões humanas e a Católica.
E mais se
poderia continuar sobre este tema da Fé. Bastará mencionar, por agora, esse seu
escandaloso gesto da entregar aos turcos, com um pedido de desculpas por
escrito, o “glorioso estandarte de Lepanto”, quase se
desculpando de que não tivessem tido liberdade para ocupar e entregar ao Islã
toda a Europa Católica.
Quanto ao
seu “Credo do povo de Deus”, que o Cardeal Ruini comparou ao“Credo
de Niceia” e apresentou como o non plus ultra da Fé
de Paulo VI, tem de se dizer que o citado “Credo”, recitado em público no átrio
de São Pedro, foi precedido por “dois esclarecimentos” de Paulo VI: o primeiro,
que ele queria dar um “firme testemunho da verdade divina confiada à Igreja”
(isto é louvável!); mas o segundo esclarecimento punha tudo em discussão,porque
excluía, expressamente, que o seu “Credo” fosse uma “definição
dogmática”. Disse, de fato: “Vamos fazer uma profissão de Fé,
pronunciar um ‘Credo’ que, sem ser uma definição dogmática (…),
com algum desenvolvimento requerido pelas condições espirituais do nosso tempo”[10].
Ora, esta
sua expressão eliminava do nosso Credo Católico a nota de
infalibilidade, por ser este de “Verdade revelada”, de
Fé Divina e de Fé Católica, atestada pela Sagrada Escritura e pela Tradição.
Em São
Pedro lê-se: “Inde oritur unitas sacerdotii”[11], ou seja, o Papa deve ser o vínculo da Caridade e,
portanto, da união. Todavia, Paulo VI honrava e preferia “aqueles que
estão distantes” aos próximos na Fé, mostrando, em relação a estes,
uma fria amizade; admirava a linguagem, os ritos religiosos e as tradições dos
“outros”, enquanto perseguia os que pertencem à antiga Tradição Católica. As
portas da sua casa estavam sempre abertas para os teólogos aventureiros, para
os agitadores, para os que espalhavam escândalos e heresias, não dissimulando
nunca, pelo contrário, a sua animosidade em relação aos tradicionalistas e
integristas que defendiam o que ele queria destruir. Não os excomungou porque
não tinha razões canônicas para tal, mas precavia-se em não manter contato
pessoal direto com eles. O que é mais do que uma excomunhão, porque é aanulação e supressão
dialética do adversário, como o que este texto assina, que não se
vergou jamais às loucuras, aos caprichos, às distorções, às extravagâncias de
tanto clero progressista de obediência servil em levar a termo, como disse o
Cardeal Garrone, “a derrota do outro partido”.
Dos muitos
feitos da sua falsa Caridade, podem se ler uns quantos nos meus três livros
sobre Paulo VI, a respeito do seu sectarismo que tinha todo o sabor do cisma.
Sim, porque o cisma, sendo a separação da Igreja Católica de uma parte dos
fiéis, pode se definir como um “pecado-delito” contra a Caridade,
que é amor guiado pela Fé e pela Esperança; e que,
necessariamente, implica ódio contra o Reino de Deus e a Igreja, para debilitar
esta e arrancar-lhe as almas mediante excisões e heresias!
Por isso,
jamais Paulo VI poderia ter lançado este grito:
“CHARITAS
CHRISTI URGET NOS!”[12].
***
Depois do
que escrevo sobre Paulo VI, sou obrigado a colocar em
evidência o profundo mistério da “mens” de Paulo
VI modernista, por meio dos seus“feitos” e “ditos, porque
constituem a razão da minha reação espiritual, que tanto me faz sofrer”.
Digne-se,
Eminência, tomar em consideração o meu trabalho, expressão do meu respeito e da
minha oração.
Pbro.
Luigi Villa
LISTA DOS “FEITOS” Y “DITOS” DE
PAULO VI
PAULO VI E A DUPLA MISSA NEGRA
A eleição
ao papado do Cardeal Montini (21 de Junho de 1963) foi devida
à intervenção de alguns representantes da Alta Maçonaria Hebraica da B’nai
B’rith[13].
Em 29 de
Junho de 1963, oito dias após a eleição de Paulo
VI, foi celebrada, na Capela Paulina e numa
capela de Charleston (Carolina do Sul – EUA) uma dupla missa negra, com o fim
de entronizar Lúcifer na Capela de São Paulo, coração do
Catolicismo.
No fim
dessa missa sacrílega, os participantes da Capela Paulina juraram:
“entregar
a Alma nas mãos do onipotente Lúcifer”;
“serem
instrumentos e colaboradores voluntários dos fundadores da ‘Casa do Homem sobre
a Terra’.”;
“modelar a
‘Nova Era do Homem’.”;
“erigir a
‘Igreja Universal do Homem’.”.
Depois
dessa missa negra, que fez Paulo VI nos seus 15 anos
de Pontificado?
Desde a
sua viagem à Terra Santa, em
1964, Paulo VI começou a usar o“Éfode”[14], símbolo da negação da divindade de Jesus Cristo.
Em 1964,
Paulo VI, na presença de 2.000 Bispos, depôs definitivamente a Tiara sobre o altar, repelindo os três poderes
papais, significando, assim, que já não
desejava governar a Igreja.
Lendo
a Trilogia Montiniana de Dom Luigi Villa, descobre-se
que Paulo VI:
- inventou um cristianismo novo, desligado da Cruz;
-
substituiu o “Culto de Deus” pelo “Culto do Homem”, ou seja, o primado do sobrenatural pelo primado
do natural e do temporal;
-
substituiu o primado da “Lei de Deus” pelo primado da “consciência”;
-
substituiu o primado do “Reino de Deus” e da vida eterna pelo primado do
“mundo”, da “Paz” e do “paraíso
na Terra”!;
- inventou
um cristianismo que considera Cristo como um “libertador”,não do pecado, mas do sofrimento e da escravidão;
- inventou
um Evangelho confundido com a “Carta dos Direitos do Homem” e colocado ao serviço da “justiça social”; os “Direitos de Deus”
foram abolidos em favor da exaltação dos “Direitos” e dos “gostos” do homem;
- reduziu
a evangelização do sobrenatural “docete” a um “diálogo” que se apoia apenas nos meios humanos e não procura a conversão;
- inventou
um cristianismo que, idolatrando o homem, proclamou
a “Liberdade religiosa” como direito fundamental e absoluto do homem, e
promoveu um falso amor pelo homem, sobre o qual Paulo VI fundou a sua“Religião do Homem”:
“Devemos
assegurar, no caminho da Igreja, um novo modo de sentir, de querer, de
comportar-se”;
“A
religião deve ser renovada”;
“Já não é
caso de atrair as almas e interessá-las pelas ‘coisas supremas’.”;
“Não se
trabalha para a Igreja, mas trabalha-se para a Humanidade”;
“Não
chegará o homem moderno, um dia (…), a prestar ouvidos à voz maravilhosa do
Espírito que nele palpita? Não será a religião de amanhã?”;
“O nosso
Humanismo transforma-se em Cristianismo, e o nosso Cristianismo transforma-se
em teocêntrico, de modo que podemos igualmente afirmar: para conhecer Deus, há
que conhecer o homem”!;
“O homem
revela-se-nos gigante. Revela-se-nos divino. Revela-se-nos divino não em si,
mas no seu princípio e no seu destino. Honra ao homem, honra à sua dignidade,
ao seu espírito, à sua vida! […]. Honra ao homem; honra ao pensamento! Honra à
ciência! […]. Honra ao homem, Rei da Terra, e agora também Príncipe do Céu!”.
Em 7 de
Dezembro de 1965, Paulo VI, perante
toda a Assembleia Conciliar, pronunciou o discurso no qual proclamou o “CULTO do HOMEM”[15]:
“Para
conhecer Deus, há que conhecer o homem”.
“Toda esta
riqueza doutrinal do Concílio não visa senão uma coisa: servir ao homem”.
“o
Humanismo laico e profano apareceu, finalmente, na sua terrível estatura e, em
certo sentido, desafiou o Concílio. A religião do Deus que se fez Homem
encontrou-se com a religião do homem que se fez Deus… Nós, mais que quaisquer
outros, NÓS TEMOS O CULTO DO HOMEM!”.
“… O homem
revela-se divino. Revela-se-nos divino não em si, mas no seu princípio e no seu
destino”.