sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

QUAL A DIFERENÇA ENTRE FÉ E SENTIMENTO RELIGIOSO?



A natureza não pode elevar-se sozinha; o sentimento religioso puramente natural não pode, de modo algum, levar o homem a Deus nem tirá-lo do pecado.

Esse sentimento nada vê; nada quer, nada pode contra o pecado. O sentimento religioso quando permanece em estado natural, é indiferente em matéria de religião. O sentimento religioso se acomoda a tudo, se arranja com tudo, se presta a tudo e não se entrega a nada.

- A Fé esclarece o espírito e o despoja do erro; levanta o homem caído, recoloca-o no caminho de Deus: a Fé põe as bases da obra da salvação, encaminha o homem para o bem.

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QUAL A DIFERENÇA ENTRE FÉ E SENTIMENTO RELIGIOSO?





A senhora leu com atenção minha carta anterior e pede-me para que eu a ajude a compreender bem a diferença que há entre Fé e sentimento religioso. A tarefa será fácil, desejo que meu trabalho lhe seja útil.

Lembre-se das breves palavras do Pe. Lacordaire: A Fé é a Fé.

O sentimento é assim o respeito que temos, como criaturas, por nosso Pai que está no Céu e que, unicamente porque a nós criou, olha-nos como filhos, dá-nos o pão de cada dia, a luz de seu sol, os frutos da terra, a vida, a saúde, e mil outros bens igualmente da ordem natural.

O sentimento religioso, sendo natural ao homem, encontra-se em todos os homens fiéis ou infiéis; pois todos têm esse fundo comum de respeito a Deus, que algumas vezes se traduz por um ato religioso fundado sobre a verdade, como entre os cristãos; outras vezes por um ato religioso manchado de erros como entre os infiéis, os idólatras, etc..

Entre os povos, há alguns cujo sentimento religioso é naturalmente muito profundo, por exemplo, os árabes.

Um árabe não faltará à prece da manhã, à do meio dia e à da noite. Ao escutar o muezzin gritar do alto do minarete a fórmula sagrada: La Allah, etc., imediatamente ele se põe a rezar, esteja na companhia de quem quer que seja, no lugar que for, no meio de uma praça ou no trabalho; quando chega a hora, ele reza. Por este mesmo sentimento religioso, o árabe relaciona tudo à vontade de Deus; os acidentes da vida, a saúde, a doença, mesmo a morte, ele relaciona com Deus e em todas as circunstâncias ele repete: Deus é grande!

Eis o sentimento religioso em todo seu poder.

Mas lembre-se que nossa natureza decaiu com Adão, e uma natureza decaída só pode ter um sofrimento religioso também abatido pela decadência. A natureza não pode elevar-se sozinha; o sentimento religioso puramente natural não pode, de modo algum, levar o homem a Deus nem tirá-lo do pecado.

Com toda a religiosidade natural, este mesmo árabe conservará todos os vícios que, infelizmente, são-lhe também naturais: ele será vaidoso, mentiroso, ladrão; praticará, por exemplo, a hospitalidade, mas sabendo por onde seu hóspede vai passar, mandará alguém para assaltá-lo, ou irá ele mesmo fazer ao longe o que não faria estando em sua tenda. Por este traço característico a senhora poderá reconhecer o sentimento natural; este sentimento nada vê; nada quer, nada pode contra o pecado. O sentimento religioso quando permanece em estado natural, é indiferente em matéria de religião. O sentimento religioso se acomoda a tudo, se arranja com tudo, se presta a tudo e não se entrega a nada. Perdão, pode até entregar-se à maçonaria, ao menos quando os maçons reconhecem o Grande Arquiteto, como dizem.

Tendo mostrado o primeiro quadro, chego ao segundo.

- A Fé não é um sentimento, a Fé não é da ordem natural.

- A Fé é um assentimento de nosso espírito à verdade revelada por Deus. É um bem que não deriva de nossa natureza, mas lhe é dado para curá-la.

- A Fé é essencialmente purificante. Fidepurificans corda – Purificando, pela Fé, os corações(At. 15,9).

- A Fé esclarece o espírito e o despoja do erro; levanta o homem caído, recoloca-o no caminho de Deus: a Fé põe as bases da obra da salvação, encaminha o homem para o bem.

- A Fé é essencialmente fortificante. Confortusfide, diz São Paulo (Rom. 4,20). E ainda, Fidestas:se estás em pé, é pela Fé (id. 11,20).

- A Fé é vivificante: o justo vive da Fé, diz São Paulo (Gal. 3,11)

- Se o sentimento religioso nos deixa frios em relação a Nosso senhor Jesus Cristo, já não é assim com a Fé; pela Fé, Nosso Senhor Jesus Cristo se torna presente, vivo em nossos corações: Christumhabitare per fidem in cordibusvestris – Cristo habite pela Fé em vossos corações. (Ef. 3,17).

- A Fé é o princípio de um mundo novo, regenerado em Jesus Cristo Nosso Senhor; a Fé é a luz que anuncia os esplendores da eternidade onde veremos Deus; a Fé é a mãe da santa Esperança e da divina Caridade.

- A Fé é, sobre a terra, a fonte pura de todas as verdadeiras consolações. É ainda São Paulo quem nos diz: Simulconsolari per eamquaeinvicem est, fidemvestramatquemeam - Consolemo-nos juntos na Fé que nos é comum, a vós e a mim (Rom. 1,12).

Quando se fala da Fé, São Paulo é um mestre incomparável. Dele é que tomo uma última palavra para terminar esta carta: Salutaeosqui nos amant in fide - Saudai os que nos amam na Fé.

Digamos juntos: Credo.


Cartas sobre a Fé Pe. Emmanuel-André.


Papa São Pio X - Profeta da Grande Guerra



Cem anos atrás, il Guerrone - São Pio X prevê, meses antes, a eclosão da Primeira Guerra Mundial


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Para colocar de uma forma simples: a I Guerra Mundial começou quando Yanushkyevitch, com a ajuda do ministro russo da Guerra, Sukhomlinov, transformou o conflito armado austro-sérvio em uma guerra mundial preparando, portanto, para a vinda do comunismo e da "propagação dos erros da Rússia" em todo o mundo.

É isso, talvez, este pensamento que São Pio X tinha em mente quando, em 28 de julho de 1914, o embaixador austríaco apareceu diante de Pio X para informá-lo que o Império tinha formalmente declarado guerra contra o Reino da Sérvia. Durante esta reunião, o embaixador pediu ao Papa para abençoar as armas do exército imperial e real da Áustria e Hungria. A isso Pio X respondeu: "Diga ao Imperador que eu não posso abençoar nem a guerra, nem aqueles que desejaram a guerra. Eu abençôo a paz". Quando o embaixador então seguiu com um pedido de bênção pessoal para o imperador, Franz Josef, o Papa afirmou: "Eu só posso rezar para que Deus possa perdoá-lo. O Imperador deve considerar-se sortudo por não receber a maldição do Vigário de Cristo!".

Qual teria sido o resultado de uma bênção papal ou de uma maldição papal nunca se saberá. O que está claro, porém, é que o Papa São Pio X percebeu o que imperador Franz Josef e a maioria dos generais europeus parecem ter se esquecido, pela declaração de guerra contra a Sérvia, o monarca Habsburgo havia soltado os cachorros de uma luta longa e assassina que iria nivelar tudo o que sua dinastia tinha construído ao longo de cerca de 700 anos.



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Papa São Pio X - Profeta da Grande Guerra


Por Dr. Peter E. Chojnowski
Traduzido por Andrea Patrícia



O Papa São Pio X, Giuseppe Melchior Sarto, parou diante da gruta de Lourdes, durante seu passeio nos jardins do Vaticano, na primavera do ano de 1914. Virou-se para Dom Bressan, seu confessor, e disse: "Eu estou pesaroso pelo próximo Papa. Eu não vou viver para ver isso, mas, infelizmente, é verdade que a religio depopulata está chegando muito em breve. Religio depopulata". O termo "religião despovoada", refere-se a profecia vinda do irlandês São Malaquias, e deveria ser aplicada ao reinado do sucessor no trono de São Pedro do próprio Pio X. Que São Pio X poderia prever o despovoamento da Europa, especialmente na medida em que essa tragédia iria afetar a Igreja Católica é realmente uma das características mais marcantes da relação entre este papa e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Muitos geo-políticos e estrategistas observadores de alto nível poderiam claramente vislumbrar algum tipo de briga entre duas ou mais das seis grandes potências da Europa (ou seja, Rússia, Grã-Bretanha, França, Áustria-Hungria, Itália e Alemanha), ninguém previu a queda da civilização cristã tradicional, exceto o Papa São Pio X. Mesmo seu próprio secretário de Estado e confidente íntimo, o anglo-espanhol Cardeal Merry del Val, ficava perdido ao tentar explicar a insistência do Papa de que o que ele previu não era guerra justa e sangue, mas a perda da Casa Comum Europeia; uma perda que explicita as dores para a Igreja Católica e a miséria e perda para a preponderância da humanidade.

Uma situação muito semelhante, envolvendo uma visão do Papa em um acontecimento geopolítico futuro, ocorreu durante sua audiência com a futura imperatriz austríaca Zita, no verão de 1911. A Princesa Zita da casa real franco-italiana de Bourbon-Parma acabara de se tornar noiva do futuro herdeiro do trono imperial austríaco, o arquiduque Charles. Charles, em 1911, era o segundo na linha sucessória do trono de seu tio-avô Franz Josef que reinou sobre o Império multi-nacional da Áustria desde 1848. O Papa, que, juntamente com o Cardeal Merry del Val foi um grande defensor da tradição européia dos Habsburgos, parabenizou a princesa por suas próximas núpcias. No final de uma conversa que começou com: "Eu estou muito feliz com esse casamento e eu espero muito dele para o futuro... Charles é um dom do Céu pelo que a Áustria fez para a Igreja", o Papa parecia vagar seu pensamento quando ele se referiu ao futuro marido de Zita como o herdeiro do trono. Quando a jovem princesa apontou gentilmente que seu futuro marido não era o herdeiro direto do trono, vindo primeiro seu tio, o predestinado Franz Ferdinand, São Pio X olhou sério e insistiu que Charles em breve seria imperador. Quando ela garantiu que Franz Ferdinand certamente não abdicaria dado o fato de que ele estava no auge da vida, o Papa parecia perturbado e ponderadamente disse em voz baixa: "Se é uma abdicação... Eu não sei".

Que o Papa São Pio X deve ter tido pressentimentos precisos sobre os dois grandes acontecimentos do ano de 1914, anos antes que esses eventos realmente de fato tenham ocorrido, é simplesmente fantástico e uma manifestação de sua intimidade com o Divino e sua preocupação paterna com as vidas diárias dos fiéis Europeus. O que essas ideias também revelam é o claro reconhecimento do Papa do fato primário europeu de seu tempo, que Áustria Habsburgo era a pedra angular da Europa. Para mover o edifício, era preciso cavar e remover a pedra. A Primeira Guerra Mundial ou a Grande Guerra foi simplesmente a erradicação desta pedra. Foi uma guerra em que o coração político da cristandade católica foi destruído, aparentemente para sempre.

Éssa é a nossa tese, que a Áustria foi a razão para a Grande Guerra e que o resultado mais tangível do conflito foi o desmembramento do Império. Além disso, em artigos posteriores sobre os papas e a sua relação com o Grande Conflito, vou tentar mostrar como o destino da Áustria tem muito a ver com sua ligação com o Papado e como, nos anos mais críticos de 1917-1918, a política da Áustria estava em pleno acordo com os objectivos do Papa Bento XV. Que o fracasso da Áustria-Hungria marcou a exclusão da voz dos papas dos conselhos da Europa moderna, simplesmente confirma o fato de que, historicamente falando, o prestígio e a influência do altar e do trono têm aumentado e diminuído em conjunto.




A) Europa Pré-1914: A Torre Orgulhosa

Quando olhamos para a Europa de 1914, somos forçados a admitir um fato incontestável: funcionava. Com isso, quero dizer que existia uma sociedade, sustentada pelas mesmas instituições que tinham-na amparado por mais de um milênio (por exemplo, a aldeia rural, a Igreja, as dinastias reais, as aristocracias transnacionais). Esta sociedade estava confiante em si mesma, testemunhando a colonização européia do mundo este ano. Suas taxas de natalidade eram muito altas; seus reis eram venerados e, mesmo, amados. A indústria, mesmo na Rússia agrária, foi se expandindo a uma taxa desconhecida na anterior história da humanidade.


Por que, em um mundo em que as luzes estavam finalmente brilhando, elas tão de repente se apagaram? Estou, é claro, referindo-me aqui a famosa declaração de Sir Edward Grey, secretário britânico das Relações Exteriores em 1914 e, ironicamente, um dos homens mais responsáveis ​​pelo início do conflito sangrento, no qual ele comentou sobre as luzes de Whitehall gradualmente sendo extintas à noite, em agosto de 1914, quando o Império Britânico e o Império Alemão foram à guerra. "As luzes estão se apagando por toda a Europa; não vamos vê-las acesas novamente em nossa vida".

Como pode ser que as luzes da "Torre Orgulhosa", como Barbara Tuchman nomeou seu livro sobre a Europa pré-guerra, tenham ido embora? Como é possível que uma civilização que estava melhor alimentada, alojada melhor que qualquer outra no passado, uma de alfabetização quase universal --- foi afirmado por alguns historiadores contemporâneos que há mais analfabetismo na Inglaterra hoje do que em 1914 - uma civilização em que as normas da cultura e do debate parlamentar eram tão altas que, na década de 1890, em Berlim, havia até um mercado negro de ingressos para as galerias públicas do Parlamento alemão, caiu no esquecimento devido ao auto-abate?

Aqui, pode-se dar fatos históricos e opiniões sobre bastidores da diplomacia, os níveis de tropas, o estado das estradas de ferro, e postura geopolítica, no entanto, estas coisas somente eram apenas manifestações de uma desorientação mais fundamental na vida européia, aquela que São Pio X identificou em sua encíclica inaugural E Supremi Apostolatus em 4 de outubro de 1903. Aqui, o Papa, falando de sua própria época, diz: "como se poderia esperar encontramos extinto entre a maioria dos homens todo o respeito ao Deus Eterno, e nenhuma consideração prestada nas manifestações da vida pública e privada à Suprema Vontade."

É isso, talvez, este pensamento que São Pio X tinha em mente quando, em 28 de julho de 1914, o embaixador austríaco apareceu diante de Pio X para informá-lo que o Império tinha formalmente declarado guerra contra o Reino da Sérvia. Durante esta reunião, o embaixador pediu ao Papa para abençoar as armas do exército imperial e real da Áustria e Hungria. A isso Pio X respondeu: "Diga ao Imperador que eu não posso abençoar nem a guerra, nem aqueles que desejaram a guerra. Eu abençôo a paz". Quando o embaixador então seguiu com um pedido de bênção pessoal para o imperador, Franz Josef, o Papa afirmou: "Eu só posso rezar para que Deus possa perdoá-lo. O Imperador deve considerar-se sortudo por não receber a maldição do Vigário de Cristo!".

Qual teria sido o resultado de uma bênção papal ou de uma maldição papal nunca se saberá. O que está claro, porém, é que o Papa São Pio X percebeu o que imperador Franz Josef e a maioria dos generais europeus parecem ter se esquecido, pela declaração de guerra contra a Sérvia, o monarca Habsburgo havia soltado os cachorros de uma luta longa e assassina que iria nivelar tudo o que sua dinastia tinha construído ao longo de cerca de 700 anos.

Qual era exatamente a situação europeia, que deu a São Pio X tal preocupação em 1914? Como a "guerra de curta duração" que todos planejaram, tornar-se-ia a Grande Guerra, que pouquíssimos, exceto o Papa, previram? Para entender a situação europeia, de um modo geral, tal como existia em 1914, deve-se focalizar a atenção sobre duas outras datas, a da Revolução Francesa de 1789 e a da derrota de Napoleão e da restauração do sistema monárquico em 1815. A Revolução Francesa, um ressurgimento de entusiasmo por duas formas antigas de governo, o da república e o da democracia, havia aterrorizado a grande massa de europeus - e americanos - por sua violência, sua estúpida derrubada de antigas instituições, e sua impiedade anticlerical e hostilidade a tudo o que era cristão. Esta aberração política guiada pela inveja teria sido sufocada em 1795, por uma multidão monarquista em Paris, que estava reagindo à guerra, à fome incessante, e ao anticatolicismo da regicida Primeira República, se um corso jovem de origem italiana, Napoleão Bonaparte, não tivesse usado uma metralha sobre a multidão em busca de justiça. Esta intervenção salvou a República, a herança da Revolução, e criou as condições necessárias para espalhar esse fervor Revolucionário em toda a Europa.

Foi exatamente isso que aconteceu quando Napoleão Bonaparte institucionalizou a Revolução no Primeiro Império. Fazendo a si mesmo Jacobino coroado, Napoleão tentou trazer a revolta maçônica para toda a Europa, de Lisboa a Moscou. Ele não conseguiu, após uma geração de guerra devido à vitória do Almirante Nelson na Batalha de Trafalgar e da sua derrota para o Duque de Wellington na Batalha de Waterloo em 1815. Após o Congresso de Viena, as potências europeias da Rússia, Prússia (que viria a se tornar líder do Segundo Reich alemão), Áustria, Grã-Bretanha, e a França monarquicamente reabilitada, estabeleceram-se em uma um tanto tensa e relativamente estável ordem política de impérios multi-nacionais unidos pela lealdade a um monarca e pelo desejo comum de evitar outro surto da barbárie que foi experimentado durante a Revolução Francesa. Por, aproximadamente, 100 anos este sistema foi a Ordem Europeia, apesar de sentimentos democráticos e revoltas, do republicanismo francês e seitas maçônicas sempre agindo como células cancerosas prontas para matar o corpo dessa Ordem.

Foi em participação especial que a Grande Ordem Europeia se viu entrar na incerteza do século XX. Este Sistema firmemente interligado tinha uma especial preocupação e ponto de instabilidade: o Império Otomano, a Turquia, o "Homem Doente da Europa". Os turcos Osmanli, uma tribo turco-tártara islâmica fora da Ásia Central, no início do Renascimento começaram a empurrar os gregos bizantinos para fora da Ásia Menor e, finalmente, cruzaram pela Europa, onde subjugaram os búlgaros, sérvios, gregos e bósnios. O ponto alto do avanço islâmico turco foi em 1683 às portas de Viena, onde o rei polonês Jan Sobieski os parou. A partir de então houve uma retirada lenta e agonizante em toda a Península Balcânica, até o século XIX, quando os otomanos perderam a soberania sobre a Sérvia, Grécia e Romênia. Durante a Guerra dos Bálcãs de 1912-1913, as propriedades europeias do sultão foram reduzidas à Trácia Oriental ou às propriedades que a Turquia tem até hoje. Devido à mistura étnica e religiosa desta área, e a vulnerabilidade dos pequenos reinos, que, como rochas marítimas, surgiram com a recessão do dilúvio islâmico, a instabilidade crônica, que caracterizou a região, teve que ser "resolvida" pelos impérios multinacionais da Áustria ou da Rússia.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Os preparativos para a celebração ecumênica dos 500 anos da Reforma, em 2017

Lançando uma nova luz sobre questões centrais da fé, o documento ecumênico possibilita a superação das controvérsias dos séculos passados [SIC! SIC! SIC!]... a origem de acusações recíprocas não subsiste mais [SIC! SIC! SIC!... com vistas a uma possível declaração comum por ocasião do ano da comemoração da Reforma, em 2017.

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Os preparativos para a celebração ecumênica dos 500 anos da Reforma, em 2017


Cidade do Vaticano (RV) - Em 2017, luteranos e católicos vão celebrar juntos os quinhentos anos da Reforma Protestante e recordar com alegria os cinquenta anos de diálogo ecumênico oficial conduzido a nível mundial, na esteira do Concílio Vaticano II.

A Comissão Internacional de Diálogo Luterano-católica pela Unidade, já há alguns anos organizou uma programação
com vistas a uma possível declaração comum por ocasião do ano da comemoração da Reforma, em 2017. Nos últimos cinquenta anos, o diálogo ecumênico realizou grandes esforços buscando relacionar a teologia dos reformadores às decisões do Concílio de Trento e do Vaticano II, avaliando se as respectivas posições se excluem ou se completam mutuamente.

Em 2013, a Comissão de diálogo publicou o documento intitulado 'From Conflict to Communion. Lutheran Catholic Commom Commemoration of the Reformation in 2017', onde após uma detalhada introdução sobre as comemorações comuns, dedica dois capítulos à apresentação dos eventos da Reforma, resume a teologia de Martin Lutero e ilustra as resoluções do Concílio de Trento. A conclusão do documento apresenta um resumo das principais decisões comuns da Comissão de Diálogo Luterano-católico em 1967, particularmente sobre a justificação, a Eucaristia, as Escrituras e a Tradição.

O documento sobre os preparativos às comemorações, foi apresentado em 17 de junho de 2013 durante uma coletiva de imprensa realizada do Centro Ecumênico de Genebra, e contou com a presença, entre outros, do Presidente e Secretário da Federação Luterana Mundial (FLM), de Dom Munib Youan e do Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Lançando uma nova luz sobre questões centrais da fé, o documento ecumênico possibilita a superação das controvérsias dos séculos passados [sic! sic! sic!] e lança bases para uma reflexão ecumênica que se distinga do pensamento dos séculos precedentes, convidando assim os cristãos a considerar esta relação com espírito aberto, mas também crítico, para se avançar ainda mais no caminho da plena e visível unidade da Igreja.

Na primeira metade de 2014 deverá ser publicado o documento "Alegria partilhada pelo Evangelho, confissão dos pecados cometidos contra a unidade e testemunho comum para no mundo de hoje", com textos e subsídios para uma oração ecumênica comum. Os textos foram preparados por um grupo de trabalho litúrgico formado por representantes da FLM e do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade.

Em 2017, o contexto histórico em que se recordará os 500 anos da Reforma é muito diferente do período em que ela foi implementada. A comemoração será realizada, pela primeira vez, numa época ecumênica. Assim, católicos e luteranos não pretendem festejar a divisão da Igreja, mas sim, trazer à memória o pensamento teológico e os acontecimentos relacionados à Reforma, precisamente o que escreve o Documento 'Do conflito à Comunhão', publicado em 2013.

O caminhar da história, tem levado luteranos e católicos a tornarem-se sempre mais conscientes de que
a origem de acusações recíprocas não subsiste mais [sic! sic! sic!], mesmo que ainda não exista um consenso em todas as questões teológicas. Neste sentido, o documento "Do Conflito a Comunhão" conclui propondo cinco imperativos que exortam católicos e luteranos a prosseguirem no caminho em direção a uma profunda comunhão.
Diversos encontros realizados em 2013 marcaram esforços comuns com o objetivo de estreitar o diálogo, com reuniões entre o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e a Conferência dos Bispos veterocatólicos da União de Ultrecht, realizadas em Konigswinter, em julho de 2013 e em Paderbon, em dezembro. As Comissões de ambas as partes continuam os trabalhos sobre os temas: a relação entre a Igreja universal e a Igreja local e o papel do ministério petrino; e a comunhão eucarística.

Em fevereiro do mesmo ano, realizou-se em Viena o primeiro encontro entre a Comunidade das Igrejas Protestantes na Europa e o Pontifício Conselho, o que levou a reflexões sobre o conceito de Igreja e definições do objetivo ecumênico. Encontros sucessivos realizaram-se em Heidelberg e Ludwigshafen am Rhein, com a participação sete teólogos de ambas as partes.

Em 2013, diversas delegações luteranos encontraram-se com o Papa Francisco. Em 2014, uma delegação do Conselho da Igreja Protestante da Alemanha foi recebida em 8 de abril pelo Papa Francisco, encontrando-se sucessivamente com o Cardeal Koch. (JE)


Fonte: News.va 
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