quarta-feira, 25 de junho de 2014

A arte de escorchar a classe média. Destruindo-se a classe média, a nação definha...


Uma reflexão muito atual






Diálogo sugestivo, perdido na noite dos tempos (entre 1643 e 1715!)


Eis um diálogo, colhido da peça teatral "Le Diable Rouge", de Antoine Rault, que, teria transcorrido entre os personagens Colbert e Mazarino, durante o reinado de Luís XIV, em pleno século XVIII. Apesar dos séculos decorridos, parece bem atual.


Colbert:- Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…

Mazarino:- Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas e não consegue honrá-las, vai parar na prisão. Mas o Estado é diferente! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!

Colbert:- Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criamos todos os impostos imagináveis?

Mazarino:- Criando outros.

Colbert:- Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino:- Sim, é impossível.

Colbert:- E sobre os ricos?

Mazarino: - E sobre os ricos, também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta, faz viver centenas de pobres.

Colbert: - Então, como faremos?

Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um caipira, um quadrúpede peludo! Há uma massa enorme de gente que está entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais!
Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!
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