quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Mais martírios de católicos na Síria


Fonte: Valores inegociáveis






Verdadeiros martírios de católicos em mãos de fundamentalistas islâmicos aconteceram em Maalula, aldeia situada ao norte de Damasco, na Síria.

O testemunho de uma mulher católica, cujo nome é preservado no anonimato por razões de segurança, permitiu à agencia vaticana Fides reconstituir detalhadamente o martírio. 

No dia 7 de setembro, os seguidores de Maomé foram violando casas dos católicos: destruíam imagens religiosas, objetos familiares e semeavam o terror.

Numa casa estavam os católicos Mikhael Taalab, seu sobrinho Antoun Taalab e seu neto Sarkis el Zakhm, além da mulher A., única sobrevivente.

Os devotos do Corão intimaram os presentes a se perverterem ao Islã, ameaçando matá-los se não o fizessem. 























Sarkis respondeu alto e bom som: “Sou cristão, e se quereis me matar-me porque sou cristão, fazei-o!”. 

O jovem e seus parentes foram fuzilados a sangue frio. A mulher ficou ferida, mas foi salva num hospital de Damasco como que por milagre.


“O que aconteceu com Sarkis é um verdadeiro martírio, um assassinato por ódio à fé (in odium fidei)”, disse à Fides a Irmã Carmel.


Houve grande emoção entre os cristãos de Damasco – onde há muitos fugitivos de Maalula –, especialmente entre os presentes ao funeral.

As exéquias foram celebradas pelo Patriarca Gregório III Laham na catedral católica do rito greco-melquita.

O Juramento Antimodernista




PROPOSIÇÃO IMPUGNADA: O Vaticano II não está de acordo com esse ‘juramento antimodernista’, como se depreende dos próprios documentos emanados pelo sobredito Concílio. Logo, tendo sido superado pelo tempo, já não pode ser levado em consideração. A Igreja “já não é bem isso”.

PROPOSIÇÃO AFIRMADA: Quando alguém afronta o juramento antimodernista de São Pio X, argumentando que "a Igreja não é mais bem isso", acaba por defender exatamente o modernismo.
Com efeito, dizer que a Igreja mudou significa acreditar que Deus mudou, pois ela é Corpo Místico de Cristo. Antes que a Igreja mude, primeiro é preciso que Cristo evolua. A Igreja, sendo o Cristo propagado, mudará tão-só se Cristo mudar.
Ademais, a doutrina católica tem por objeto a Revelação divina, de modo que a fé muda se a Revelação mudar. Ora, é exatamente o oposto o que afirma o próprio Cristo, Verbo de Deus: "céus e terras passarão, mas as minhas palavras não passarão" (Mt 24,35).
Agredindo o juramento antimodernista, argumenta exatamente como um modernista. Afinal, a heresia condenada por S. Pio X defendia a evolução do dogma, da fé e da Igreja. Ora, isso não é admissível. O modernismo supõe que a verdade tem prazo de validade, quando joga a fé no fluxo do tempo.
Mas defendendo uma tese modernista, esse argumento torna-se suicida. Com efeito, pela própria lógica desse raciocínio, se a verdade pode modificar-se no tempo — como se Deus pudesse mudar —, também esse argumento anti-anti-modernista (ou seja, pró Vaticano II) ficará perempto, pois, decorrido algum tempo, também será “ultrapassado”. Se o juramento antimodernista está caduco, o seu argumento também irá, mais cedo ou mais tarde, caducar. É apenas uma questão de tempo para que a impugnação do ‘juramento anti-modernista’ se torne tão transata (logo, igualmente errada) quanto é tido por alguns o juramento de S. Pio X em si mesmo.
Ele disse: “... Eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt. 28, 19-20).
Ora, se a Igreja houvesse errado durante todo esse tempo (dois mil anos, praticamente), significa que o Espírito Santo teria deixado de dirigir a Igreja durante todo esse período. Se assim fosse, seria forçoso concluir daí que a promessa de Nosso Senhor [sobre a assistência divina à Igreja] constituiu uma mentira. Portanto, Ele próprio, tendo mentido, não poderia ser Deus. 

Raphael de la Trinité





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O Juramento Antimodernista

Fonte: São Pio V






Ego N. firmiter amplector ac recipio omnia et singula, quae ab inerranti Ecclesiae magisterio definita, adserta ac dedarata sunt, praesertim ea doctrinae capita, quae huius temporis erroribus directo adversantur.

Ac primum quidem: Deum, rerum omnium principium et finem, naturali rationis lumine per ea quae facta sunt (Rom 1,20), hoc est, per visibilia creationis opera, tamquam causam per effectus, certo cognosci, ideoque demonstrari etiam posse, profiteor.

Secundo: externa revelationis argumenta, hoc est facta divina, in primisque miracula et prophetias admitto et agnosco tamquam signa certissima divinitus ortae Christianae religionis, eademque teneo aetatum omnium atque hominum, etiam huius temporis, intellegentiae esse maxime accommodata.

Tertio: firma pariter fide credo Ecclesiam, verbi revelati custodem et magistram, per ipsum verum atque historicum Christum, cum apud nos degeret, proxime ac directo institutam eamdemque super Petrum, apostolicae hierarchiae principem, eiusque in aevum successores aedificatam.

Quarto: fidei doctrinam ab apostolis per orthodoxos patres eodem sensu eademque semper sententia ad nos usque transmissam, sincere recipio; ideoque prorsus reicio haereticum commentum evolutionis dogmatum, ab uno in alium sensum transeuntium, diversum ab eo, quem prius habuit Ecclesia; pariterque damno errorem omnem quo divino deposito, Christi sponsae tradito ab eaque fideliter custodiendo, sufficitur philosophicum inventum, vel creatio humanae conscientiae, hominum conatu sensim efformatae et in posterum indefinito progressu perficiendae.

Quinto: certissime teneo ac sincere profiteor, fidem non esse caecum sensum religionis e latebris «subconscientiae» erumpentem, sub pressione cordis et inflexionis voluntatis moraliter informatae, sed verum assensum intellectus veritati extrinsecus acceptae ex auditu, quo nempe, quae a Deo personali, creatore ac Domino nostro dicta, testata et revelata sunt, vera esse credimus, propter Dei auctoritatem summe veracis.

Me etiam, qua par est reverentia, subicio totoque animo adhaereo damnationibus, declarationibus, praescriptis omnibus, quae in encyclicis litteris Pascendi et in decreto Lamentabili continentur, praesertim circa eam quam historiam dogmatum vocant.

Idem reprobo errorem affirmantium, propositam ab Ecclesia fidem posse historiae repugnare, et catholica dogmata, quo sensu nunc intelleguntur, cum verioribus Christianae religionis originibus componi non posse.

Damno quoque ac reicio eorum sententiam, qui dicunt Christianum hominem eruditiorem induere personam duplicem, aliam credentis, aliam historici, quasi liceret historico ea retinere, quae credentis fidei contradicant, aut praemissas adstruere, ex quibus consequatur, dogmata esse aut falsa aut dubia, modo haec directo non denegentur.

Reprobo pariter eam Scripturae sanctae diiudicandae atque interpretandae rationem, quae, Ecclesiae traditione, analogia fidei et apostolicae Sedis normis posthabitis, rationalistarum commentis inhaeret, et criticam textus velut unicam supremamque regulam haud minus licenter quam temere amplectitur.

Sententiam praeterea illorum reiicio, qui tenent, doctori disciplinae historicae theologicae tradendae aut iis de rebus scribenti seponendam prius esse opinionem ante conceptam sive de supernaturali origine catholicae traditionis, sive de promissa divinitus ope ad perennem conservationem uniuscuiusque revelati veri; deinde scripta patrum singulorum interpretanda solis scientiae principiis, sacra qualibet auctoritate seclusa eaque iudicii libertate, qua profana quaevis monumenta solent investigari.

In universum denique me alienissimum ab errore profiteor, quo modernistae tenent in sacra traditione nihil inesse divini, aut, quad longe deterius, pantheistico sensu illud admittunt, ita ut nihil iam restet nisi nudum factum et simplex, communibus historice factis aequandum: hominum nempe sua industria, solertia, ingenio scholam a Christo eiusque apostolis inchoatam per subsequentes aetates continuantium.

Proinde fidem patrum firmissime retineo et ad extremum vitae spiritum retinebo, de charismate veritatis certo, quad est, fuit eritque semper in episcopatus ab apostolis successione (1), non ut id teneatur, quod melius et aptius videri possit secundum suam cuiusque aetatis culturam, sed ut numquam aliter credatur, numquam aliter intellegatur absoluta et immutabilis veritas ab initio per apostolos praedicata (2).

Haec omnia spondeo me fideliter, integre sincereque servaturum et inviolabiliter custoditurum, nusquam ab us sive in docendo sive quomodolibet verbis scriptisque deflectendo. Sic spondeo, sic iuro, sic me Deus adiuvet, et haec sancta Dei Evangelia.
Eu, N., firmemente aceito e creio em todas e em cada uma das verdades definidas, afirmadas e declaradas pelo magistério infalível da Igreja, sobretudo aqueles princípios doutrinais que contradizem diretamente os erros do tempo presente.

Primeiro: creio que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza e pode também ser demonstrado, com as luzes da razão natural, nas obras por Ele realizadas (Cf. Rm I 20), isto é, nas criaturas visíveis, como [se conhece] a causa pelos seus efeitos.

Segundo: admito e reconheço as provas exteriores da revelação, isto é, as intervenções divinas, e sobretudo os milagres e as profecias, como sinais certíssimos da origem sobrenatural da razão cristã, e as considero perfeitamente adequadas a todos os homens de todos os tempos, inclusive aquele no qual vivemos.

Terceiro: com a mesma firme fé creio que a Igreja, guardiã e mestra da palavra revelada, foi instituída imediatamente e diretamente pelo próprio Cristo verdadeiro e histórico, enquanto vivia entre nós, e que foi edificada sobre Pedro, chefe da hierarquia eclesiástica, e sobre os seus sucessores através dos séculos.

Quarto: acolho sinceramente a doutrina da fé transmitida a nós pelos apóstolos através dos padres ortodoxos, sempre com o mesmo sentido e igual conteúdo, e rejeito totalmente a fantasiosa heresia da evolução dos dogmas de um significado a outro, diferente daquele que a Igreja professava primeiro; condeno semelhantemente todo erro que pretenda substituir o depósito divino confiado por Cristo à Igreja, para que o guardasse fielmente, por uma hipótese filosófica ou uma criação da consciência que se tivesse ido formando lentamente mediante esforços humanos e contínuo aperfeiçoamento, com um progresso indefinido.

Quinto: estou absolutamente convencido e sinceramente declaro que a fé não é um cego sentimento religioso que emerge da obscuridade do subconsciente por impulso do coração e inclinação da vontade moralmente educada, mas um verdadeiro assentimento do intelecto a uma verdade recebida de fora pela pregação, pelo qual, confiantes na sua autoridade supremamente veraz, nós cremos tudo aquilo que, pessoalmente, Deus, criador e senhor nosso, disse, atestou e revelou.

Submeto-me também com o devido respeito, e de todo o coração adiro a todas as condenações, declarações e prescrições da encíclina Pascendie do decreto Lamentabili, particularmente acerca da dita história dos dogmas.

Reprovo outrossim o erro de quem sustenta que a fé proposta pela Igreja pode ser contrária à história, e que os dogmas católicos, no sentido que hoje lhes é atribuído, são inconciliáveis com as reais origens da razão cristã.

Desaprovo também e rejeito a opinião de quem pensa que o homem cristão mais instruído se reveste da dupla personalidade do crente e do histórico, como se ao histórico fosse lícito defender teses que contradizem a fé o crente ou fixar premissas das quais se conclui que os dogmas são falsos ou dúbios, desde que não sejam positivamente negados.

Condeno igualmente aquele sistema de julgar e de interpretar a sagrada Escritura que, desdenhando a tradição da Igreja, a analogia da fé e as normas da Sé apostólica, recorre ao método dos racionalistas e com desenvoltura não menos que audácia, aplica a crítica textual como regra única e suprema.

Refuto ainda a sentença de quem sustenta que o ensinamento de disciplinas histórico-teológicas ou quem delas trata por escrito deve inicialmente prescindir de qualquer idéia pré-concebida, seja quanto à origem sobrenatural da tradição católica, seja quanto à ajuda prometida por Deus para a perene salvaguarda de cada uma das verdades reveladas, e então interpretar os textos patrísticos somente sobre as bases científicas, expulsando toda autoridade religiosa, e com a mesma autonomia crítica admitida para o exame de qualquer outro documento profano.

Declaro-me enfim totalmente alheio a todos os erros dos modernistas, segundo os quais na sagrada tradição não há nada de divino ou, pior ainda, admitem-no, mas em sentido panteísta, reduzindo-o a um evento pura e simplesmente análogo àqueles ocorridos na história, pelos quais os homens com o próprio empenho, habilidade e engenho prolongam nas eras posteriores a escola inaugurada por Cristo e pelos apóstolos.

Mantenho, portanto, e até o último suspiro manterei a fé dos pais no carisma certo da verdade, que esteve, está e sempre estará na sucessão do episcopado aos apóstolos¹, não para que se assuma aquilo que pareça melhor e mais consoante à cultura própria e particular de cada época, mas para que a verdade absoluta e imutável, pregada no princípio pelos apóstolos, não seja jamais crida de modo diferente nem entendida de outro modo².

Empenho-me em observar tudo isso fielmente, integralmente e sinceramente, e em guardá-lo inviolavelmente, sem jamais disso me separar nem no ensinamento nem em gênero algum de discursos ou de escritos. Assim prometo, assim juro, assim me ajudem Deus e esses santos Evangelhos de Deus.

<>Acta Apostolicæ Sedis, 1910, pp. 669-672

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1: IRENEU, Adversus haereses, 4, 26, 2: PG 7, 1053.
2: TERTULIANO, De praescriptione haereticorum, 28: PL 2, 40.


A Versão em português foi traduzido do italiano de: http://www.amiciziacristiana.it/giuramenti.htm

Duas cartas e NENHUMA resposta









Carta de Silvana De Mari ao papa Francisco.

Antes de qualquer coisa, quero dizer que recebi esta carta por e-mail, e achei por bem transmiti-la, para proveito de todos. 

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Caríssimo Papa Francisco,
         Dirijo-me ao senhor de forma bastante familiar, pois já percebi como o senhor gosta de ser uma pessoa comum, sem ornatos, sem ouro e sem arminho; uma pessoa comum, como tantas outras.
         Uma pessoa comum que gosta como muitas de assistir futebol.
         Uma pessoa comum que – como muitas – conversa amenamente no avião. Uma pessoa comum como muitas outras.
         Precisamos de um Papa.
         Perdoe-me, caro Papa Francisco, não é mesmo para chamá-lo de Santidade, eu acredito que o senhor seja uma pessoa agradável, o vizinho ideal, mas precisamos de um Papa.
         Cristãos são mortos como cães, Santidade. Entre um jogo de futebol e outro, entre um beijo a uma criança deficiente e outra, poderia fazer algo mais que corresponda ao seu papel? Só nos últimos dias, 10 igrejas foram queimadas no Egito. O senhor poderia fazer alguma coisa?
         Poderia se vestir com seus ornamentos, o ouro e o arminho, que não são lixo, Santidade, mas símbolos com dois mil anos de história. E assim revestido, ir ao Egito em vez de assistir futebol? Não é apenas Balotelli que deseja muito falar com o senhor.
         Há também os párocos das igrejas católicas da Nigéria que teriam algo a falar ao senhor; isto é, aqueles que sobreviveram, pois os mortos já não têm o que dizer.
         Numa época em que a cristandade se encontra como nunca sob ataque, Santidade, nós precisamos de um Papa. Precisamos de alguém que tenha como primeira preocupação saber os nomes dos cristãos massacrados na Nigéria, dos cristãos massacrados no Paquistão na homilia de Páscoa, porque aqueles mortos, Santidade, eram homens, e, pelo fato de serem mortos, foi morta a liberdade à dignidade do homem.
         Santidade, eu não gostaria de lhe ensinar o ofício, pois entendo que o senhor é um profissional em matéria de cristianismo, e eu uma amadora inexperiente; mas às vezes acontece de os amadores serem mais lúcidos no julgamento.
         A Arca de Noé, por exemplo, foi construída e conduzida por amadores, e o Titanicconstruído e guiado por profissionais. Não quero fazer má comparação, mas o cristianismo dá-me a impressão do Titanic. O iceberg é o Islã, o qual o senhor diz que é muito bom e espiritual; isso afirma o senhor, que é um especialista. Será também assim, insisto, pois também o capitão do Titanic era um especialista, e um dos melhores?

         Um amador, no entanto, foi São Pedro, metade de cuja vida tinha sido de pescador, estudos teológicos zero, um patinho se comparado com o senhor.
         São Pedro disse aos romanos que enquanto seres humanos eles eram irmãos, filhos do mesmo Deus, mas que sua religião era falsa. A tarefa dele era converter ou morrer na prova da única fé verdadeira.
         Encontrar mérito numa falsa fé pode conduzir aqueles que nela nasceram a nunca a abandonar. São Pedro morreu na tentativa, mas finalmente os converteu. Não deveria este ser o Seu papel? Converter ao cristianismo ou morrer nessa tentativa?
         Em Lampedusa o senhor deveria pronunciar uma única frase: Trago-vos o amor de Deus.

         Ao longo do Corão, a palavra amor não é mencionada uma só vez. Teria bastado. O senhor em Lampedusa se curvou diante da “espiritualidade” do Ramadã, curvou-se diante do Islã, e o senhor representa Cristo. Quem representa Cristo não se curva diante de ninguém.
         Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
         Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, mas não importa essa confusão de evangelizar, até mesmo de fazer proselitismo, pois todas as religiões são iguais. Santidade, no meu Evangelho isso não está escrito. Ou o senhor tem um diferente ou existe um excesso de profissionalismo que o esmaga.
         São Pedro disse aos romanos que eles eram irmãos, mas que sua religião era falsa. E fez-se matar pelo fato de ter dito isso.
         Santidade, as pessoas morrem. Pessoas morrem assassinadas de maneira horrível e o senhor vai assistir futebol.
         Precisamos de um Papa. Alguém que seja o herdeiro de Jesus Cristo e de São Pedro, alguém que esteja disposto a ser odiado. Porque está tudo aqui. Jesus Cristo foi morto por pessoas que O odiavam. São Pedro foi morto por pessoas que o odiavam. Quem luta por uma causa será odiado. Odiados foram Martin Luther King e Gandhi, tão odiados que foram mortos. Profetas desarmados, certamente, mas não líderes tolerantes.


         Quem tolera tudo, o contrário de tudo, com a habitual cara de feliz, é um conivente. Ao lutarmos por algo, não podemos ser amados por todos. Se não me trai a memória, também está escrito nos Evangelhos: Não tenhais medo de ser odiado. O seu predecessor foi muitas vezes odiado. Até mesmo condenado à morte por uma fatua depois do discurso de Regensburg. Osama Bin Laden decretou sua morte.

         Aqui em Turim, Sherif Azer foi espancado pelo fato de ter falado em nome de Cristo. Foi espancado por pessoas gritando Allah Akbar. Nem mesmo um padre católico levou-lhe uma palavra de conforto. O bispo de Turim e o de Milão, bem como o senhor, estavam provavelmente demasiado ocupados em homenagear o Ramadã.

         Tenho a honra de pertencer a uma família que em todas as épocas forneceu alguém para morrer pela liberdade de expressão. Estou disposta a continuar a tradição. Minha igreja não vai ficar comigo?
             O senhor é amado por todos, Santidade. Tem certeza de que isso representa uma vantagem? Creio ter chegado a hora de o senhor se fazer detestar. Revista-se de todos os seus ornamentos – eles não são lixo, mas símbolo de dois mil anos de história a dar o peso desses 2.000 anos – e vá para o Cairo, e no Cairo lute pelos cristãos coptas, e chore sobre as suas igrejas queimadas e, em seguida, vá para a Síria e, depois, para o Paquistão.
         Então, se sobrar tempo, pode ir também assistir a uma partida de futebol, mas não creio que haverá tempo. É o momento mais sombrio do cristianismo desde o início dos tempos. Precisamos de um Papa.
         Silvana De Mari




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CONSIDERAÇÕES SOBRE O ISLÃ E CARTA ABERTA AO PAPA FRANCISCO SOBRE SUA MENSAGEM AOS MUÇULMANOS POR OCASIÃO DO ENCERRAMENTO DO RAMADÃ




Recebi esta carta e transmito-a no blog, por julgá-la muito instrutiva, especialmente no que se refere às doutrinas maometanas. Com efeito, muitos ingênuos do Ocidente tentam dialogar com o Islã, acreditando que a concepção das coisas para aqueles equivale às do mundo ocidental. 

Simplesmente falso. O Islã, por ser uma falsa religião, intenta submeter todos os povos sobre seu jugo. O estado na concepção islâmica natural é um promotor da religião, e a sharia deve ser imposta ONDE HOUVER ALGUMA ESPÉCIE DE GOVERNO, como já se verificou em plena Inglaterra (de maneira ilegal, ressalto), em determinados locais onde os muçulmanos tem grandes concentrações. Para o Islã, é inadmissível um mundo onde se permita o convívio de outra religião além da sua. Seu Alcorão é muito claro ao exortar a Jihad (guerra santa) contra todos os que não crêem no profeta Mohammed, e não lhes interessa coisa alguma que seja originária de um ambiente não-islâmico, a menos que possa usar da coisa para promover o próprio Islã. Os pretensos valores ocidentais para eles nada significam. O Ocidente chegou a um ponto de baixeza e anti-naturalidade tão intensa, que pode atraí-los por sua riqueza, mas os seus falsos valores causam aos maometanos – sobretudo os mais praticantes – profundo nojo e repulsa. Se pudessem,  já teriam subjugado a todos.

Logo, os que tratam com o Islã utilizam um pensamento inapropriado, porque julgam a concepção daquela gente segundo a ótica liberal, agnóstica e hedonista do ocidente. Julga-os segundo uma ótica decadente e míope, porque há muito que o Ocidente, cansado de Deus, acostumou-se a conceber a religiosidade como um assunto de fórum íntimo, como um clube que se frequenta apenas de vez em quando e na falta do que fazer.

O Islã não passou por uma “revolução francesa”. A nossa mentalidade ocidental, que há séculos atrás era teocêntrica e cristã foi minada pelas sucessivas revoluções (protestante, liberal, comunista), de forma que tudo o que sobrou foram escombros. A mente ocidental foi “reprogramada”. MAS COM O ISLÃ ISSO NÃO SE DEU. Um muçulmano medieval não pensaria muito diferente de um muçulmano atual, sobretudo se o mesmo vive numa nação muçulmana. Há diferenças de grau, alguns são mais fundamentalistas que outros, mas os princípios são sempre os mesmos.

Enquanto os princípios ocidentais se alteraram, os princípios islâmicos permanecem. Eles não tiveram o azar de ter um Vaticano II para derrubar as defesas da Igreja. Não tiveram uma “Meca II”.  

O islã não é o cristianismo, os valores cristãos não são valores reais aos olhos do Islã. Portanto, para a maior parte dos muçulmanos, a sociedade secularizada do ocidente, longe de lhes atrair por seus pretensos “benefícios”, antes lhes causa uma profunda repulsa e um desejo ainda maior de exterminá-la.

O que se “pensa”, ou a carga de importância que palavras como liberdade, caridade, amor, diálogo ou compreensão nos remetem, para eles é indiferente. Não querem assimilar estas coisas, querem fazer-nos simplesmente desaparecer da face da terra. Por outro lado, quantos mercenários ordenados sacerdotes e bispos não lhes cedem igrejas para que os mesmos se alojem, precisamente pessoas que desejam a destruição do cristianismo? E não há caridade nenhuma nisso, porque estes mesmos clérigos que se passam por cristãos católicos, geralmente não desejam em hipótese alguma que eles se convertam, apenas que permaneçam no erro, mas que virem bons vizinhos…

Tempos estranhos, os nossos. Agora, uma considerável parte do clero não apenas renunciou a qualquer esforço para converter os não-católicos, como inclusive desencoraja pessoas de outras religiões a se converter ao catolicismo, e deseja manter os não-católicos na mentira que conduz diretamente ao inferno.

O padre que escreveu a carta aberta logo abaixo, demonstrou uma paciência de Jó, escrevendo-a. Eu não tenho mais estômago para encarar os representantes da Igreja como se fossem homens ingênuos e distraídos, como se seus erros fossem lapsos de memória. 

Eu como católico, diante da sofrível realidade de maçonização da quase totalidade dos membros da Igreja, a começar pelo papa, só posso rezar pela conversão de todos, (a começar pela minha). Mas enfim, passemos abaixo à carta aberta feita por um padre (ao que parece,  francês).




(Publicada em 30 de agosto de 2013 no site francês Islam & Vérité) 


Santíssimo Padre,
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo que Vos confiou a missão de conduzir a Igreja!
Permiti-me, em nome de numerosas pessoas chocadas pela vossa carta aos muçulmanos por ocasião do Id al-Fitr [1] e em virtude do cânon 212 § 3 [2], comunicar-vos as reflexões desta Carta aberta.
Saudando com “um grande prazer” os muçulmanos por ocasião do Ramadã, o qual é considerado um tempo consagrado “ao jejum, à oração e à esmola”, Vós pareceis ignorar que o jejum do Ramadã é tal, que “a cesta média de uma família que faz o ramadã aumenta 30%” [3], que a esmola muçulmana se destina somente aos muçulmanos necessitados, e que a prece muçulmana consiste principalmente em rejeitar cinco vezes por dia a Fé na Trindade e em Jesus Cristo, a pedir o favor de não seguir o caminho dos transviados que são os cristãos… Ademais, durante o Ramadã, a delinquência aumenta de modo vertiginoso [4]. Há realmente nessas práticas algum motivo de elogio possível?

Vossa carta afirma que devemos ter estima pelos muçulmanos, e “especialmente pelos seus chefes religiosos”, mas não dizeis a que título. Uma vez que Vos dirigis a eles enquanto muçulmanos, segue-se daí que essa estima se dirige também ao Islã. Ora, o que é para um cristão o Islã que “nega o Pai e o Filho” (1 João 2.22), senão um dos mais poderosos Anticristos, em número e em violência (Ap 20, 7-10)? Como se pode ter ao mesmo tempo estima por Jesus Cristo e por aquele que se Lhe opõe?
Vossa mensagem nota em seguida que “as dimensões da família e da sociedade são particularmente importantes para os muçulmanos nesse período” de Ramadã, mas o que não está dito é que o ramadã serve de formidável meio de condicionamento social, opressão e denúncia dos insubmissos ao totalitarismo islâmico, em suma, da negação total do respeito que Vós evocais… Assim, o artigo 222 do Código Penal marroquino estipula: “Aquele que, notadamente conhecido por sua pertença à religião muçulmana, rompe ostensivamente o jejum num lugar público durante o tempo do Ramadã, sem motivo admitido por esta religião, é punido com a prisão de um a seis meses e a uma multa”. E trata-se apenas do Marrocos…

Que “paralelos” Vós poderíeis encontrar entre “as dimensões da família e da sociedade muçulmana” e “a fé e a prática cristãs” quando o estatuto da família muçulmana inclui a poligamia (Corão 4.3 ; 33.49-52,59), o repúdio (Corão 2.230), a inferioridade ontológica e jurídica da mulher (Corão 4.38; 2.282; 4.11), o dever do marido de bater nela a seu bel-prazer (Corão 4.34), etc.? Que paralelo pode haver entre a sociedade muçulmana, construída para a glória do Único, e que por isso não pode tolerar a alteridade nem a liberdade, nem tampouco, em consequência, distinguir os domínios religioso e espiritual – “Entre nós e vós, são a inimizade e o ódio para sempre, até que creiais somente em Alá!” (Corão, 60.4) – e a Sociedade Cristã que, porquanto construída para a glória do Deus Uno e Trino, valoriza o respeito às legítimas diferenças? Dever-se-ia então entender por“paralelo” não aquilo que se assemelha e, portanto, converge para um ponto comum, mas aquilo que, pelo contrário, nunca se reúne? Em tal caso, ajuda esse equívoco a clareza de vossa declaração?

          Vós propondes aos vossos interlocutores refletir sobre “a promoção do respeito mútuo através da educação”, deixando crer que eles partilham convosco dos mesmos valores humanitários de “respeito mútuo”. Mas tal não é o caso. Para um muçulmano, não existe natureza humana à qual se referir, nem bem conhecível pela razão: o homem e seu bem são somente aquilo que o Corão afirma. Ora, ele ensina aos muçulmanos que os cristãos principalmente, por serem cristãos, “não são senão impureza” (Corão 9.28), os “piores da criação” (Corão 98.6), “mais vis que os animais”(Corão 8.22; cf. 8.55) [5]…

Por acharem ser o Islã a verdadeira religião (Corão 2.208 ; 3.19,85) que deve dominar todas as demais até erradicá-las completamente (Corão, 2.193), os não muçulmanos só podem ser perversos e malditos (Corão 3.10, 82, 110 ; 4.48, 56, 76, 91 ; 7.144 ; 9.17,34 ; 11.14 ; 13.15,33 ; 14.30 ; 16.28-9 ; 18.103-6 ; 21.98 ; 22.19-22,55; 25.21 ; 33.64 ; 40.63 ; 48.13), aos quais os muçulmanos devem combater sem cessar (Corão 61.4,10-2 ; 8.40 ; 2.193) pelo ardil, (Corão 3.54 ; 4.142 ; 8.30 ; 86.16), pelo terror (Corão 3.151 ; 8.12,60 ; 33.26 ; 59.2) e por todas sorte de castigos (Corão 5.33 ; 8.65 ; 9.9,29,123 ; 25.77) como a decapitação (Corão 8.12 ; 47.4) ou a crucifixão (Corão 5.33), com vistas a eliminá-los (Corão 2.193 ; 8.39 ; 9.5,111,123 ; 47.4), e aniquilar definitivamente (Corão 2.191 ; 4.89,91 ; 6.45; 9.5,30,36,73 ; 33.60-2 ; 66.9). “Ó vós que credes! Combatei até à morte os incrédulos que estão perto de vós, e que eles encontrem em vós a rudeza…” (Corão 9.30 ; cf. 3.151 ; 4.48)…

Santíssimo Padre, ao se dirigir aos muçulmanos pode-se esquecer que eles seriam incapazes de se aventurar fora do que está estipulado no Corão?
Vossos apelos “a respeitar em cada pessoa, [...] primeiro sua vida, sua integridade física, sua dignidade com os direitos que dela decorrem, sua reputação, seu patrimônio, sua identidade étnica e cultural, suas ideias e suas preferências políticas” não seriam capazes de suavizar as imutáveis disposições dadas por Alá, algumas das quais acabo de enumerar. Mas se é preciso respeitar de outrem “suas ideias e suas preferências políticas”, como se opor então à lapidação, à amputação e a toda sorte de outras práticas abomináveis ordenadas pela sharia?

Vosso arrazoado não pode comover os muçulmanos: eles não têm lições para receber de nós, que não somos “senão impureza” (Corão 9.28). E se eles Vos felicitam apesar disso, como o fizeram os da Itália, é porque a política da Santa Sé serve enormemente aos seus interesses, por fazer a religião deles passar como respeitável aos olhos do mundo, fazendo crer que ela os leva a apreciar os valores universais que Vós preconizais… Eles Vos felicitarão enquanto estiverem, como na Itália, em situação minoritária. Mas quando não mais for assim, acontecerá o que sucede em todos os lugares onde eles são majoritários: todo grupo não muçulmano deve desaparecer (Corão 9.14; 47.4; 61.4; etc.), ou pagar a jyzaia para adquirir o direito de sobreviver (Corão 9.29). Vós não podeis ignorá-lo; mas, então, como podeis, ocultando isso aos olhos do mundo, favorecer a expansão do Islã junto aos inocentes ou ingênuos assim enganados?  Considerais porventura os cumprimentos que Vos foram dirigidos como penhor da fecundidade de vossa atitude? Vós ignoraríeis então o princípio da takyia, que ordena a apertar a mão que o muçulmano não pode cortar (Corão 3.28; 16.106).

Mas do que valem no fundo tais trocas de polidez? São Paulo não dizia: “Se eu procurasse agradar aos homens, eu não seria mais o servidor de Cristo” (Gal 1.10)? Jesus denunciou como malditos aqueles que são objeto dos louvores de todos (Lc 6.26). Mas se até vossos inimigos naturais Vos louvam, quem não Vos louvará? A missão da Igreja é de ensinar as boas maneiras de se viver em sociedade? São João Batista teria sido morto caso se contentasse em desejar uma bela festa a Herodes?  Dir-se-á talvez não existir comparação possível com Herodes, porque este vivia no pecado e estava no dever de um profeta denunciar o pecado. Mas se todo cristão se tornou um profeta no dia se seu batismo e se o pecado é não crer em Jesus, Filho de Deus Salvador (Jo 16.9) – do que se glorifica precisamente o Islã –, como poderia um cristão não denunciar o pecado que é o Islã e apelar à conversão “em tempo e contra o tempo” (2 Tim, 4.2)?
Uma vez que a razão de ser do Islã é substituir o Cristianismo – o qual teria pervertido a revelação do puro monoteísmo pela fé na Santíssima Trindade, de sorte que Jesus não seria Deus, não teria morrido nem ressuscitado, não haveria Redenção e Sua obra seria assim reduzida ao nada –, como não denunciar o Islã como sendo o Impostor anunciado (Mt 24.4, 11, 24) e o predador por excelência da Igreja? Ao invés de caçar o lobo, a diplomacia vaticana dá a impressão de preferir alimentá-lo com suas lisonjas, não vendo que ele espera apenas crescer suficientemente para fazer aquilo que faz em todos os lugares onde ele se torna forte e vigoroso. Seria preciso lembrar o martírio vivido pelos cristãos no Egito, no Paquistão e onde quer o Islã esteja no poder?
Como poderá a Santa Sé assumir a responsabilidade de afiançar o Islã apresentando-o como um cordeiro quando ele é um lobo disfarçado de ovelha? Em Akita, a Virgem Maria nos preveniu: “O demônio se introduzirá na Igreja porque ela estará cheia daqueles que aceitam os compromissos.”

Santíssimo Padre, como pode vossa carta afirmar que “principalmente entre cristãos e muçulmanos, o que somos chamados a respeitar é a religião do outro, seus ensinamentos, seus símbolos e seus valores”? Como se pode respeitar o Islã, que blasfema continuamente contra a Santíssima Trindade e Nosso Senhor Jesus Cristo, que acusa a Igreja de ter falsificado o Evangelho e que procura suplantá-la (Apoc 12.4)?

Porventura não se comportaram como bons cristãos um Santo Irineu, que escreveu Contra as heresias; um São João Damasceno que escreveu Das heresias, onde ele ressalta “muitos absurdos tão risíveis relatados no Corão”; um São Tomás de Aquino com sua Suma contra os Gentios, e todos os Santos que se dedicaram a criticar as falsas religiões, para que Vós condeneis hoje retrospectivamente sua ação, como também a de alguns raros apologistas contemporâneos? Deveria ser excluído o tema religioso do campo da cooperação entre a razão e a fé, tão encorajada por Bento XVI?

Se o apelo formulado em vossa carta for seguido, Santo Padre, seria então preciso, juntamente com a Organização da Cooperação Islâmica (OCI) [6], pedir a condenação em todas as partes do mundo de qualquer crítica ao Islã, e cooperar assim com a OCI para a disseminação deste – ele que ensina, repito, que estando o Cristianismo corrompido, o Islã vem substituí-lo… Por que querer amordaçar a apologética cristã, como deseja a OCI?
É evidente que não se semeia entre espinhos (Mt 13.2-9), mas começa-se por arrancá-los antes de semear. Por isso, não se pode simplesmente anunciar a Boa Nova da salvação a uma alma muçulmana, porque desde a mais tenra infância ela está vacinada, imunizada contra a Fé cristã (Corão 5.72; 9.113; 98.6…) e coberta de preconceitos, calúnias e toda sorte de falsidades a respeito do Cristianismo. Portanto, cumpre necessariamente começar por criticar o Islã, “seus ensinamentos, seus símbolos e seus valores”, para desmontar nessa alma as falsas convicções que a tornam inimiga do Cristianismo. São Paulo pede que se utilizem não apenas “as armas defensivas da justiça”, mas também “as armas ofensivas” (2 Cor 6.7). Onde estão estas últimas na vida da Igreja de hoje?

Oh, certamente, associar-se à alegria de uma simpática população ignorante da Vontade de Deus e desejar-lhe um bom ramadã não parece ser uma coisa má em si; era o que achava São Pedro quando foi legitimando os costumes judeus… com medo já então dos protomuçulmanos, que eram os judeus nazarenos! Mas São Paulo o corrigiu publicamente, mostrando-lhe que havia coisa mais importante a fazer do que procurar agradar os falsos irmãos (Gal 2.4, 11-14; 2 Cor 11.26; Corão 2.193; 60.4; etc.). Se São Paulo teve razão, como negar que se deve criticar “a religião do outro, seus ensinamentos, seus símbolos e seus valores”?

Evitando qualquer crítica ao Islã, vossa carta justifica especialmente os bispos que vão colocar a primeira pedra das novas mesquitas, o que também eles fazem por cortesia, com a intenção de agradar a todo mundo e favorecer a paz civil. Quando amanhã seus fieis se tornarem muçulmanos, estes últimos poderão dizer que o fizeram por causa de seus bispos, que ao invés de os proteger lhes indicaram o caminho da mesquita… E poderão também dizer a mesma coisa a respeito da Santa Sé, porquanto ela lhes terá ensinado a não considerar o Islã como ele é verdadeiramente, mas a honrá-lo como bom e respeitável em si…
Vossa carta justifica vossos votos de boas-festas de ramadã, afirmando: “É claro que, quando demonstramos respeito pela religião do outro ou quando lhes oferecemos nossos votos por ocasião de uma festa religiosa, nós procuramos simplesmente compartilhar sua alegria, sem que se trate com isso de fazer referência ao conteúdo de suas convicções religiosas.” – Como se alegrar com uma alegria que glorifica o Islã? A atitude que Vós preconizais, Santíssimo Padre, está de acordo com o mandamento de Jesus: “Que a vossa linguagem seja ‘Sim, sim’; Não, não’: o que se disser a mais provém do maligno” (Mt 5.37)? E ainda que se pudesse crer que desejando um bom ramadã não se peca – em razão de uma restrição mental que pretende negar o vínculo entre o ramadã e o Islã, o que mostra bem que tal comportamento é problemático –, está isso de acordo com a caridade pastoral, segundo a qual um pastor deve se preocupar pelo modo como seu gesto é interpretado pelos seus interlocutores?

Com efeito, ao nos ouvirem lhes desejar um bom ramadã, o que poderão pensar os muçulmanos? De duas uma: ou que somos uns idiotas incompreensivelmente obtusos, malditos por certo por Alá, pelo fato de não nos tornarmos muçulmanos – uma vez que nossos augúrios lhes dão a entender que a religião deles não apenas é boa, pois capaz de lhes dar a alegria que lhes desejamos, mas também superior ao Cristianismo, porque posterior a este –, ou então que somos uns hipócritas que não ousamos lhes dizer na face o que pensamos de sua religião, o que equivaleria a reconhecer que temos medo deles e que eles já se tornaram nossos senhores. Vendo-nos raciocinar como muçulmanos, poderão eles dar outra interpretação ao nosso gesto?
Inúmeros muçulmanos já me comunicaram seu contentamento pelo fato de Vós honrardes a religião deles. Como poderão eles se converter um dia se a Igreja os encoraja a praticar o Islã? Como pensa a Santa Sé anunciar-lhes a falsidade do Islã e o dever que eles têm de abandoná-lo para se salvarem recebendo o santo Batismo? Não está ela favorecendo o relativismo religioso – para o qual pouco importa o que diferencia as religiões, porque o único que conta é a bondade do homem, que o salva independente de sua religião?
Os primeiros cristãos se recusaram a participar das cerimônias civis do Império Romano, que consistiam em fazer queimar um pouco de incenso diante de uma estátua do imperador – rito, entretanto, louvável na aparência, pois que supostamente favorecia a coexistência e a unidade das populações tão diversas e das religiões tão numerosas do imenso Império Romano. Os primeiros cristãos, para os quais a pregação do senhorio único de Jesus era mais importante do que qualquer realidade deste mundo, por mais que ela fosse da estima de seus concidadãos, preferiam assinar com seu sangue a originalidade da mensagem cristã.
É bem verdade que nós amamos ao nosso próximo – quem quer que seja ele, inclusive muçulmano – por ser membro da espécie humana como nós, querido e amado por Deus desde toda a eternidade, resgatado pelo Sangue do Cordeiro sem mancha. Jesus nos ensinou, porém, a negar todo vínculo humano oposto ao Seu amor (Mt 12.46-50; 23.31; Lc 9.59-62; 14.26; Jo 10.34; 15; 25). Assim sendo, em nome de que fraternidade se poderia chamar os muçulmanos de “nossos irmãos” (cf. vossa alocução de 29-03-2013)? Haveria, por acaso, uma fraternidade que transcenderia todos os engajamentos humanos – inclusive a comunhão com Cristo, rejeitada pelo Islã –, fraternidade essa que seria, em definitiva, a única a ter importância? Não, a vontade de Deus, que é de crermos em Cristo (Jo 6.29), faz com que “não conheçamos mais ninguém segundo a carne” (2 Cor 5.16).

A diplomacia vaticana pensa porventura que silenciando sobre a realidade do Islã ela poupará a vida dos infelizes cristãos nos países muçulmanos? Não, o Islã continuará a persegui-los (Jo 16.2), quanto mais ao perceber que ninguém se opõe aos seus desígnios e porque tal é a sua razão de ser (Corão, 9.30). Não esperam esses cristãos – como todos os demais cristãos – senão que Vós lhes recordeis que ser perseguido por causa de Seu Nome (Mt 16.24; Mc 13.13; Jo 15.20) é a partilha de todo discípulo de Cristo aqui na terra, e uma graça insigne digna de júbilo? Jesus mandou nada temer dos tormentos da perseguição (Lc 12.4), e aos nossos irmãos perseguidos por causa da Fé de se alegrarem pela oitava Bem-aventurança (Mt 5.11-12).
Não é essa alegria o melhor testemunho a ser dado? Que outro melhor serviço prestar aos militantes muçulmanos que não temem morrer – de tal modo estão seguros de que vão gozar dos Houris que Alá lhes promete pelo preço de seus crimes – do que lhes mostrar que os cristãos se ufanam em dar suas vidas por puro amor de Deus e pela salvação de seu próximo? Vossa carta evoca o testemunho de São Francisco, mas não diz que ele enviou frades franciscanos para evangelizar os muçulmanos do Marrocos, sabendo que os mesmos seriam ali muito provavelmente martirizados, como de fato aconteceu, e que ele mesmo empreendeu a tarefa de evangelizar o sultão Al Malik Al Kamil [7]. A verdadeira caridade denuncia a mentira e convida à conversão.

Santíssimo Padre, nós temos dificuldade em encontrar na vossa Mensagem aos muçulmanos o eco da caridade de São Paulo ordenando: “Não vos atreleis de modo disparatado aos infiéis. Com efeito, que relação há entre a justiça e a impiedade? Que união entre a luz e as trevas? Que acordo entre Cristo e Belial? Que associação entre o fiel e o infiel?” (2 Co 6.14-15); ou aquela do doce São João, de não acolher entre nós quem quer rejeite a Fé católica, de nem sequer cumprimentá-lo, sob pena de participar de “suas más obras” (2 Jo 7-11)… Saudar os muçulmanos por ocasião do ramadã não é participar de suas más obras? Quem odeia hoje até a sua túnica (Jud 23)? Por acaso, a doutrina dos Apóstolos não é mais atual?

É verdade que o Concílio Vaticano II convida os cristãos a esquecerem o passado. Mas isso não pode significar senão que é preciso esquecer os eventuais ressentimentos devidos às violências e injustiças sofridas pelos cristãos ao longo dos séculos, as quais foram infligidas, ao que nos consta, pelos muçulmanos. Porque interpretar de outro modo esse “esquecer o passado”, não seria condenar-se a reviver como outrora os mesmos infortúnios? Sem memória poderia sequer haver identidade? Poderíamos sem memória ter um futuro?
Santíssimo Padre, lestes a Carta aberta do Sr. Christiano Magdi Allam [8], ex-muçulmano batizado por Bento XVI em 2006, na qual ele anunciou que deixava a Igreja devido à conivência desta com a islamização do Ocidente? Esta carta é como um reboar de trovão no céu desbotado das negligências e tepidezes eclesiais, e deveria soar para nós como uma formidável advertência!

Santíssimo Padre: é pelo fato de a diplomacia não ser assistida pelo carisma da infalibilidade e por vossa Mensagem aos muçulmanos por ocasião do fim do ramadã não constituir um ato magisterial que eu tomo a liberdade de criticá-la de modo aberto e respeitoso (cânon 212 § 3) [9]. Vós considerastes sem dúvida que melhor do que falar de ‘teologia’ com os muçulmanos conviria dispor seus corações por meio de um ensinamento sobre o dever, entretanto elementar, de respeitar o outro. Sinto-me obrigado a dizer-Vos que, na minha opinião, tal ensinamento deveria se fazer fora de qualquer referência ao Islã, a fim de evitar toda ambiguidade a seu respeito. Por que não por ocasião do Ano Novo ou do Natal? Não é por certo sem razão que Bento XVI havia dissolvido o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso e transferido suas prerrogativas ao Conselho Pontifício para a Cultura…

Dito isto, eu renovo meu compromisso de fidelidade à Cátedra de São Pedro na fé em seu magistério infalível, com a esperança de que todos os católicos que foram abalados em sua fé pela vossa Mensagem aos muçulmanos por ocasião do fim do ramadã façam o mesmo.

Padre Guy Pagès

[2] “Segundo o saber, a competência e o prestígio de que eles gozam, eles têm o direito e mesmo às vezes o dever de dar aos Pastores sagrados sua opinião sobre aquilo que diz respeito ao bem da Igreja e de fazê-la conhecer aos outros fieis, ressalvadas a integridade da fé e dos costumes e a reverência devida aos pastores, e tendo-se em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas” (Cânon 212 § 3).
[5] “… ao mesmo título que o excremento, a urina, o cão e o vinho”, precisa o aiatolá Khomeini, em Principes politiques, philosophique, sociaux et religieux, Éditions Libres Hallier, Paris, 1979.
[9] Cf. Nota 2


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