sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas! — 22 de Novembro: Os pecadores ou as almas? (Parte XXIII)



Nota do blogue:  Acompanhe esse Especial AQUI.

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
30 meditações e exemplos sobre o Purgatório e as Almas
por Monsenhor Ascânio Brandão

Livro de 1948 - 243 pags
Casa da U.P.C.
Pouso Alegre





22 de Novembro

OS PECADORES OU AS ALMAS?


A questão


Levanta-se a questão célebre — o que será mais útil e necessário: rezar pela conversão dos pecadores ou pela libertação das almas do purgatório?

A dizer a verdade, penso que não há escolha en­tre as duas obras. Ambas são necessárias e não é possível que quem ame a Nosso Senhor possa ficar indiferente à sorte de tantos miseráveis pecadores arriscados a se perderem eternamente. Que zelo não precisamos ter pela salvação das almas remidas pelo Sangue de Cristo! “Os pecadores estão arriscados a se perderem, e no caminho da eterna condenação, di­zem, e as almas estão já na segurança do céu. Sob este aspecto parece mais necessária realmente a ora­ção pelos pecadores. Todavia, sabemos que a glória de Deus exige a libertação das pobres almas, almas queridas, cuja sorte depende de nós somente. Que será delas sem nós? O pecador abusa da graça, está no tempo de poder lucrar méritos e graças e não aproveita, põe obstáculo aos nossos esforços, não aproveita muita vez o que fazemos por ele. Pela opi­nião de vários autores piedosos e teólogos, e entre outros o rei dos teólogos, Santo Tomás de Aquino com a sua autoridade de maior Doutor da Igreja, afirma que Deus acolhe com mais fervor a oração que Lhe fazemos pelos mortos do que a que Lhe di­rigimos pelos vivos.

Eis a razão porque às vezes não alcançamos gra­ças por nenhum outro meio senão pelo sufrágio das benditas almas do purgatório. Deus que tanto dese­ja a posse no céu das almas queridas, abençoa mil vezes tudo quanto fazemos por elas. Santo Agosti­nho, outro Doutor da Igreja, diz: “Nada há mais agradável ao Senhor que o alívio dos fiéis defuntos”. E o grande orador sacro Bourdaloue o prova com sé­rios argumentos: “Não há um apostolado mais belo, mais meritório. É mais belo e mais meritório ainda que a conversão dos pecadores, dos infiéis e dos pagãos”.

Trabalhar pelas almas do purgatório é ter a doce certeza de que não trabalhamos em vão, porque nada se perde de nossos sufrágios. Os pecadores resistem à graça. As santas almas aproveitam todos os nossos sufrágios. No purgatório, diz o Pe. Faber, não se co­nhece a ingratidão.

Tudo será retribuído magnificamente um dia aos benfeitores.

O mais prático, então, será trabalharmos com grande zelo pela conversão dos pecadores, fazermos um bom apostolado, um generoso sacrifício para le­var almas a Nosso Senhor e oferecermos todos os méritos desta obra divina, desta obra de caridade es­piritual pelas almas do purgatório. Está solucionada a questão, sem inúteis e sutis discussões. — O mais perfeito e o melhor, é trabalhar pela conversão dos pecadores em sufrágio das almas do purgatório. E em nossas orações fazermos a mesma coisa. Unir nosso grito de compaixão pelas almas sofredoras, ao grito de compaixão pelos pecadores.

PODE O CATÓLICO TRADICIONAL FAZER USO DE QUALQUER VOCÁBULO, MESMO DE TERMOS OBSCENOS OU DE BAIXO CALÃO?








Raphael de la Trinité



‘A LÍNGUA FALA DA ABUNDÂNCIA DO CORAÇÃO’ – EXCERTOS PARA ANÁLISE





Livro do Eclesiástico (cap. 28): "As chicotadas produzem vergões, mas os golpes da língua quebram os ossos... Faze uma porta e fechadura diante da tua boca: Funde o teu ouro e a tua prata e faze com isso uma balança para pesares as tuas palavras e um freio bem ajustado para a tua boca".

"Ouvi, filhos, as regras que vos dou sobre a moderação da língua: aquele que as guardar não perecerá pelos lábios, nem cairá em ações criminosas" (Ecli., 23,7)

"Que as palavras desonestas sejam banidas da vossa boca". (Col. 3-8)

São Tiago: “Observai como uma faísca é capaz de incendiar uma floresta inteira. Ora, a língua, também é um fogo. Como um mundo de injustiça, a língua, instalada entre nossos membros, contamina o corpo inteiro e, alimentada pelo fogo do inferno, inflama o curso da existência”. (Tiago 3, 6-7).

Santo Inácio, mártir, no meio dos seus suplícios, repetia sem cessar o nome de Jesus, e, quando morreu, encontraram este nome bendito gravado no seu coração. Assim, cada um fala voluntariamente daquilo que mais ama: "tal é o coração, tais são as palavras" (São João Crisóstomo). Um modelo acabado de verdadeiro religioso, "Santo Inácio de Loiola, parecia só saber falar de Deus, de tal modo que o tinham cognominado de 'o padre que não tem na boca senão a Deus'" (Santo Afonso Maria de Ligório).


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"Se lhe apresentassem à mesa o pão ou qualquer outro manjar, em um prato ou vaso que houvesse servido em coisas que não são para nomear, quanto se indignaria contra o seu criado, por esta grosseria e desatenção! E quem duvida que muito mais repreensível é que a língua de um fiel, que serve de patena ao verdadeiro corpo de Cristo quando comunga, sirva de instrumento a palavras torpes e indecentes? (p. 530)

Quem usa de semelhante linguagem, por mais que se desculpe, dizendo que lhe não entra da boca para dentro, e que é só para rir e passar o tempo, o que dá é claro indício de que o seu interior está corrupto. Porque, oráculo é de Cristo Senhor nosso que a boca fala conforme o de que abunda o coração: Ex abundantia enim cordis os loquitur; e outra vez disse: Que do coração saem os maus pensamentos; e claro é que o que vem à língua, primeiro esteve no pensamento; e ainda Sêneca assentou que o modo com que cada qual fala é o translado ou cópia do seu espírito: Imago mentis sermo est; qualis vir, talis oratio... Logo, quem é acostumado a falar descomposturas, com que verdade afirma que lhe não entram no coração? E se até os sonhos de um adormecido e os delírios de um frenético são ordinariamente das coisas a que a natureza estava acostumada, quanto mais se conhecerá o nosso interior pelas palavras que proferimos, estando em nosso siso e liberdade? (p. 530/531)

Escreve Estrabão que há na Índia um gênero de serpentes com asas como de pergaminho, que, voando de noite, sacodem uns pingos de suor tão pestífero que onde caem causam corrupção. Tais me parecem os que entre conversação soltam palavras e chistes descompostos; que são estes, senão pingos de suor asquerosíssimo, que onde caem geram maus pensamentos e corrompem os costumes dos ouvintes? E se estes são gentes de tenra idade, a corrupção é mais pronta e mais certa, porque meninos são tábuas rasas onde o bem e o mal se pintam facilmente; pelo que mais respeito se deve ter a um menino, para não falar ruins palavras em sua presença, do que a homens de cãs veneráveis, porque estes sabem conhecer e reprovar o mal e aqueles não; neste caso ficará quem falou mal, temeroso de achar repreensão, naquele outro ficará contente de achar imitadores. (Tratado da Virtude da castidade – Padre Manuel Bernardes - II – p. 532.)

"Primeiramente, a matéria das nossas palavras há de ser planaonde não ache tropeços a consciência, e limpa, onde não haja sombras e manchas contra a pureza do coração. Ó grande engano o nosso! Nós não queremos falar coisas boas, e queremos falar bem?"  O valor do silêncio (Padre Manuel Bernardes)

"Sejamos circunspectos antes de falar, e não profiramos uma só palavra sem primeiro a ter pesado, conforme este belo dito de Santo Agostinho: "omnia verba prius veniant ad limam quam ad linguam;" o que não acontece com os que, falando sempre precipitadamente, começam de atirar suas escumas, em vez de chorar o mal irreparável que elas causam. É a necessidade que sente o padre santo, em si mesmo, de dar bom exemplo a todo o mundo por suas conversas, que o leva a regular de tal modo sua língua, que não deixa nunca escapar voluntariamente um só palavra que ofenda o decoro ou uma qualquer virtude, impondo-se pelo cortejo de virtudes, que o acompanha sempre por toda a parte, onde se encontra!"  (O Padre e o bom exemplo, Padre. A.A. Moraes Junior).

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OBJEÇÕES:

- "Para este gênero de conversações, a consciência já está formada".
Formada ou deformada?

- "Não podemos, contudo, trazer sempre algodão nos ouvidos".
“Não ter algodão nos ouvidos” quereria dizer alforria para provocar ou alimentar conversações picantes?

- "Com certeza, hão de tachar-me de carola".
Evangelho de São Mateus “Aquele que se envergonhar de Mim diante dos homens, Eu também me envergonharei dele diante do Meu Pai” (10, 33).
Deus há de chamar-lo corajoso. Esse é o soberano juízo.

- "Que pensarão de mim"?
Hão de admirá-lo.



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A quem se pede um conselho sério? Ao amigo de farras, emulação no vício ou na pândega? Isso jamais ocorrerá a ninguém com um mínimo de bom senso.

Só pode gozar de credibilidade e juízo quem pratica a temperança verbal. Ao parecer deste, justo e desassombrado, fazendo-se necessário, saberemos recorrer.

Todo ser humano, antes da estima, busca respeito. Ora, só infunde respeito quem demonstra ter juízo. Isso se revela por todo o seu comportamento, mormente pelas palavras.

Eclesiástico XIX, 27: "A veste do corpo, o riso dos dentes e o andar do homem, dão a conhecer o que ele é". 

Se alguém não peca por palavras, é um homem perfeito, diz São Tiago.

Não se conhecem textos na Sagrada Escritura que nos recomendem a melancolia; são muitos, porém, os que nos recomendam a amabilidade e a alegria.

"Fala, pois, muitas vezes de Deus e experimentarás o que se diz de São Francisco  que, quando pronunciava o nome do Senhor, sentia a alma inundada de consolações tão abundantes que até sua língua e seus lábios se enchiam de doçura".

"Regozijai-vos no Senhor, sem cessar: regozijai-vos em alegria". (II Cor. 13-11).

"Andai sempre alegres". (I Tes. 5-16)

"Vosso coração se alegrará e ninguém arrebatará a vossa alegria... Que a vossa alegria seja perfeita". (Jo. 16-22)

"Bem-aventurados os puros" (Ps. 118)
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