terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O impacto da pornografia sobre os meninos — Um grande desafio da educação atual


DESTAQUE
Graças a este veneno, a ilusão e a culpa estão amolecendo o caráter de nossos meninos. Como dizia meu antigo diretor, “você não pode esculpir numa gelatina”. Meninos sempre tiveram dificuldades com motivação e atenção. A pornografia agrava esses problemas ao conduzir os garotos a um mundo turvo onde eles, apenas eles, estão no controle. A escola tenta ajudar os meninos a saírem de si. A pornografia puxa-os para dentro de si, e depois de um tempo, acorrenta-os para mantê-los ali, presos em si mesmos e separados do mundo que eles estão chamados a conhecer como homens de garra e sensibilidade.


*** * ***

Por Sean Fitzpatrick


O diretor da escola onde estudei na minha adolescência era sempre muito reticente quanto à admissão de alunos que tinham sido expostos à pornografia.
Ele sabia que meninos que tinham contato com pornografia frequentemente tinham seu processo de educação prejudicado. Hoje sou diretor da mesma escola e estou cada vez mais convencido de que meu antigo diretor estava certo. A pornografia destrói a inocência própria de certos anos da vida do menino, um componente importante na sua educação – especialmente quando essa educação é fundamentada na pedagogia clássica do encanto, da imaginação e da satisfação. Além disso, estou cada vez mais convencido de que estou enfrentando uma crise que o meu antigo diretor não teve de enfrentar. Enquanto ele considerava a possibilidade de que algum menino talvez tivesse tido contato com pornografia, eu tenho de considerar a possibilidade de que todo menino já teve algum contato com pornografia.
A pornografia avançou muito nas últimas décadas. Há uma cena em um filme de Woody Allen da década de 70 em que ele examina e compra material pornográfico em uma banca de esquina. Ele é forçado a encarar as censuras de um balconista sem tato e o escrutínio de um cliente antipático. Esses dias já se foram. As revistas não ficam mais guardadas no topo das estantes. Já não é necessário fazer compras em público. Já não há mais evidências físicas. Tudo é anônimo, instantâneo e fácil. A grande disseminação da pornografia veio com os avanços da tecnologia da informação. Hoje temos a internet e, para muitos, internet é sinônimo de pornografia.
Não há dúvida de que desde o advento da internet a pornografia está amplamente mais acessível e mais difundida. Tornou-se uma tentação padrão, sistemática: um fato impregnado à vida das pessoas, especialmente à vida dos mais jovens – e, especificamente, à vida dos homens. Há inúmeras pesquisas que analisam o número de páginas de internet dedicadas à pornografia, seu poder viciante ou seu impacto nos relacionamentos, no corpo e no cérebro. Mas uma coisa é certa, mesmo sem dados científicos ou estudos acadêmicos: a pornografia da internet está prejudicando a vida e as mentes de possivelmente todos os meninos neste país, levantando obstáculos a sua capacidade para se tornarem virtuosos e sábios – em outras palavras, impedindo sua educação.
Supor que meninos em geral – e até mesmo meninos de boas famílias – não estão expostos a alguma forma de pornografia é ingenuidade. Em nossos dias, a presença da pornografia é um fato consumado. Ela tem sido amplamente difundida, de forma estratégica e insidiosa. A pornografia é inescapável, pois está imediatamente acessível. Está a apenas um clique de distância e, portanto, em todo lugar. Essa é a realidade que precisa ser encarada antes de ser combatida e a prudência requer que pais e educadores já levem em conta os efeitos da pornografia nos meninos de hoje. De forma intencional ou não, hoje em dia é difícil imaginar que a maioria dos meninos – senão todos – não tenha encontrado material pornográfico e não tenha se tornado vítima de suas mentiras.
Como qualquer mentira, a pornografia é inimiga da verdade e portanto inimiga de uma educação autêntica. A pornografia impede que o menino aceite e aprecie a educação pois cria uma barreira à imaginação ao entorpecer a capacidade de admiração e contemplação. Sem essa capacidade, a educação é, na melhor das hipóteses, manca. Sócrates ensinou que a capacidade de contemplar é o princípio da sabedoria, o pré-requisito para a educação. A pornografia fere a habilidade de contemplar por meio do desnudamento descarado de uma das fontes mais sagradas de admiração. Torna os garotos indiferentes à beleza, subtraindo dos meninos sua inocência por meio da eliminação dos mistérios do coração, prejudicando gravemente sua capacidade de sentir prazer e veneração pelo belo. Espíritos que perderam a sensibilidade não são maleáveis à formação. O cinismo logo se desenvolve como uma defesa. Os meninos finalmente são derrotados pela apatia em um mundo que não mais os encanta. A fantasia – ou a blasfêmia – do simulacro produzido pela pornografia traz consigo a perda do desejo pela realidade, fundamento de toda a educação. A educação por meio da exposição à realidade é uma ferramenta particularmente poderosa para educar meninos, já que os meninos são normalmente muito sensoriais e ativos. A experiência do mundo e seus mistérios é a arena da imaginação e da contemplação. A pornografia erradica o mistério e, sem mistério, os meninos perdem sua habilidade de admirar e, por conseguinte, de alcançar a sabedoria – principal finalidade da educação.
Evidentemente, a pornografia afeta garotos e homens com enorme força devido à particular fraqueza masculina para estímulos sexuais visuais. Mas, além disso, a pornografia também distorce o impulso masculino de exercer controle, transformando-a em um vício. A pornografia cria um falso mundo de supremacia masculina, distorcendo a balança da verdade – de atividade e passividade – que a educação introduz e fomenta. Homens têm uma natural predisposição para proteger a mulher, mas a pornografia introduz um elemento de violação da dignidade da mulher – quase um estupro – que destrói o senso do garoto de uma identidade essencial da masculinidade. Essas perversões no auto-conhecimento inibem o conhecimento das coisas do mundo exterior. Garotos aprendem bem por meio da experiência pessoal e, se essa experiência está deturpada, as demais experiências também sofrerão uma deturpação. Além disso, o senso hipertrofiado de domínio e manipulação que a pornografia cria pode provocar um bloqueio instintivo para a recepção de verdades supremas e sólidas. A realidade não pode ser escravizada como uma fantasia. Como consequência, a realidade é rejeitada tão logo se instala o gosto pela ilusão pornográfica.
O veneno da pornografia pode ser descrito como a mistura de um paradigma anti-masculino e uma propaganda anti-feminina. Graças a este veneno, a ilusão e a culpa estão amolecendo o caráter de nossos meninos. Como dizia meu antigo diretor, “você não pode esculpir numa gelatina”. Meninos sempre tiveram dificuldades com motivação e atenção. A pornografia agrava esses problemas ao conduzir os garotos a um mundo turvo onde eles, apenas eles, estão no controle. A escola tenta ajudar os meninos a saírem de si. A pornografia puxa-os para dentro de si, e depois de um tempo, acorrenta-os para mantê-los ali, presos em si mesmos e separados do mundo que eles estão chamados a conhecer como homens de garra e sensibilidade.
A pornografia retrata as mulheres como objetos sexuais descartáveis, distanciando os meninos da ideia de permanência. A educação, por outro lado, versa sobre coisas permanentes, eternas. Tudo aquilo que afasta de realidades transcendentes impede o trabalho da educação. Sem os mistérios da beleza e do amor intactos, surgem obstáculos graves para a educação, onde toda a atração é fruto do mistério e do desejo. A pornografia, e o acesso à pornografia, solapa os domínios mais sagrados da mente jovem e pode transformar qualquer objeto belo em algo dúbio e sujo, indigno de ser considerado seriamente, respeitado, admirado e venerado.
A pornografia mata a imaginação e o sentido do sagrado, tornando a educação algo ainda mais difícil do que já é, especialmente para os meninos. Os meninos buscam um sentido, especialmente na educação. Os danos e a insensibilidade causados pela pornografia impedem que meninos encontrem um caminho para fora da caverna das sombras, para fora de uma realidade virtual, para um mundo que Deus fez bom: um mundo cheio de sentido, repleto dos mistérios da beleza onde Ele pode ser encontrado e dar a verdadeira satisfação.
(Texto publicado em 31/10/2014 na revista Crisis Magazine.)
Retirado de: Igreja Hoje

Há 220 anos, PIO VI ensina o antídoto contra o Concílio Vaticano II



DESTAQUE


“Contra tais insídias, apesar de tudo renovadas em toda época, não foi colocada obra melhor em ação do que aquela de expor as sentenças que sob o véu da ambiguidade envolvem uma perigosa discrepância de sentidos, assinalando o perverso significado sob o qual se acha o erro que a Doutrina Católica condena” (Pio VI, Bula Auctorem Fidei, de 29 de Agosto de 1794). 


*** * ***


Papa Pio VI


Raphael de la Trinité

A Igreja sempre condenou a tática empregada pelos hereges de procurar introduzir erros sob a aparência de verdade, mediante o uso de fórmulas ambíguas. Foi o que ensinou o Papa Pio VI, ao condenar o Sínodo de Pistoia:

"Eles [os Papas nossos predecessores, os Bispos, e certos Concílios Gerais] conheciam bem a arte maliciosa própria dos inovadores, os quais, temendo ofender os ouvidos dos católicos, se esforçam por encobrir sob fraudulentos jogos de palavras os laços das suas astúcias, a fim de que o erro, escondido entre sentido e sentido (São Leão Magno., Carta 129 da edição Baller) [NOTA: Quer dizer, entre um sentido e outro], se insinue mais facilmente nos espíritos e aconteça que — alterada a verdade da sentença por meio de um curtíssimo acréscimo ou variante — o testemunho que devia dar a salvação, em consequência de uma sutil modificação, conduza à morte. Se esta indesejável e falaz maneira de dissertar é viciosa em qualquer manifestação oratória, de nenhum modo deve ser praticado num Sínodo, cujo primeiro mérito deve consistir no adotar no ensino uma expressão de tal modo clara e límpida, que não deixe espaço ao perigo de controvérsias. Porém, se no falar se engana, não se pode admitir aquela dolosa forma de defesa [NOTA: Dolo é a vontade conscientemente dirigida ao fim de obter um resultado criminoso ou assumir o risco de o produzir] que se costuma aduzir e pela qual, quando tenha sido pronunciada alguma expressão por demais dura, providencia-se para que se encontre a mesma explicada mais claramente em outra passagem, ou até mesmo corrigida, como se esta desenfreada licença de afirmar e de negar a bel prazer, que sempre foi uma fraudulenta astúcia dos inovadores como cobertura do erro, não tivesse que valer antes para denunciar o erro mais do que para justificá-lo: como se às pessoas, particularmente despreparadas a afrontar casualmente esta ou aquela parte de um Sínodo exposto a todos em língua vulgar, estivessem sempre presentes as outras passagens a contrapor, e que ao confrontá-las cada um dispusesse de tal preparo a reconduzi-las sozinho, a tal ponto de evitar qualquer perigo de engano que difundem erroneamente. É danosíssima esta habilidade de insinuar o erro que Nosso Predecessor Celestino (São CelestinoCarta 13, n. 2, in Coust) descobriu nas cartas do Bispo Nestório, de Constantinopla, e as condenou com duríssimo apelo. O impostor, descoberto, repreendido e alcançado por tais cartas, com o seu incoerente multilóquio, envolvia o verdadeiro com o obscuro e, confundindo de novo uma coisa com outraconfessava aquilo que havia negado ou se esforçava em negar aquilo que tinha confessado.

Contra tais insídias, apesar de tudo renovadas em toda época, não foi colocada obra melhor em ação do que aquela de expor as sentenças que sob o véu da ambiguidade envolvem uma perigosa discrepância de sentidos, assinalando o perverso significado sob o qual se acha o erro que a Doutrina Católica condena” (Pio VI, Bula AuctoremFidei, de 29 de Agosto de 1794). 

Há poucos anos, Dom Schneider, (então) bispo auxiliar de Karaganda, sugeriu ao então Papa Bento XVI a redação de um Syllabus que condene infalivelmente aqueles que, segundo alguns — com os quais, aliás, não concordamos — seriam [apenas] “os erros de interpretação do Concílio Vaticano II”.

De qualquer modo, um empenho dessa natureza não seria de molde a clarear os horizontes, conforme o ensinamento de nosso Divino Redentor: "Seja o vosso falar: sim, sim; não, não. Tudo o que disso passa procede do maligno" (Mt V,17)?
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...