quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas! — 26 de Novembro: O cemitério (Parte XXVII)



Nota do blogue:  Acompanhe esse Especial AQUI.

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
30 meditações e exemplos sobre o Purgatório e as Almas
por Monsenhor Ascânio Brandão

Livro de 1948 - 243 pags
Casa da U.P.C.
Pouso Alegre





26 de Novembro

O CEMITÉRIO


Que é um cemitério?


O cemitério é simplesmente o lugar do repouso dos mortos. A palavra cemitério vem do latim: caemeterium, que literalmente significa dormitório, co­mo a palavra grega donde se origina. Dormitório! Lugar de descanso. Lá estão aqueles sobre os quais reza a Igreja, dizendo: Requiem aeternam dona eis, Domine! — Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno. Os corpos dos fiéis cristãos dormem, à espera da res­surreição. A Igreja chama o cemitério o lugar onde dormem os fiéis. O Ritual Romano fala na bênção “do lugar onde dormem os fiéis”... Que expressões!

Na linguagem cristã, o cemitério chama-se tam­bém campo santo. E há lugares onde o denominam também campo de Deus. Os povos pagãos tinham do cemitério uma idéia ou supersticiosa ou muito gros­seira e materialista. Os romanos o denominavam putreolli — lugar onde se apodrece. Os pagãos moder­nos têm horror do cemitério e pensam mesmo em aboli-lo, substituindo-o pelos macabros fornos cre­matórios. Entretanto, é um lugar sagrado, uma lição perene para os vivos, é a recordação do nosso nada, da nossa miséria, mas também da nossa imortalida­de e da ressurreição da carne. É um lugar sagrado.

Tem este caráter sagrado, por mais que o laicismo tente reduzi-lo a um simples depósito de cadáveres destinados ao apodrecimento. Nosso corpo e sagrado, é o templo do Espírito Santo. Ainda depois de sepa­rado da alma, há de merecer todo respeito, porque um dia ressuscitará.

A Liturgia tem uma bênção solene para os ce­mitérios, reservada aos Bispos. Nele se planta uma cruz bem grande. É a lembrança de nossa Redenção. O cemitério é a terra da cruz. Tudo ali nos fala da cruz de Jesus Cristo. Em cada sepultura, o símbolo da Redenção. Como é triste verem-se, ainda hoje, tú­mulos pagãos donde baniram a cruz, substituída por uma coluna partida ou qualquer outro símbolo de dor e desespero. O cristianismo santificou a sepultura. Os primeiros cristãos eram sepultados nas catacum­bas, com honras e piedosas preces. Como são belas as inscrições que nos deixaram! Todas falam da imortalidade e do céu. Às vezes uma só palavra dizia tudo: Vixit! Viveu!

A Igreja, que consagra os cemitérios, abençoa as sepulturas cristãs e pede ao Senhor mande um An­jo guardar cada uma delas. Eis a bela oração da bên­ção do túmulo: “Ó Deus, cuja misericórdia dá o re­pouso às almas dos fiéis, dignai-vos abençoar esta sepultura e enviar o vosso Anjo para a guardar. Dig­nai-vos também livrar dos laços dos seus pecados as almas daqueles cujos corpos estão aqui sepultados, a fim de que gozem continuamente e eternamente a felicidade junto com os vossos Santos”...

Que laços são estes dos pecados? Naturalmente os laços que prendem as pobres almas na expiação, nas chamas do purgatório. Eis como a Igreja san­tifica o cemitério e nossa sepultura, e deseja que aprendamos ali o que somos: pó! E... uma alma imortal destinada à felicidade eterna no seio de Deus.

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas! — 25 de Novembro: A Missa dos defuntos (Parte XXVI)



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Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
30 meditações e exemplos sobre o Purgatório e as Almas
por Monsenhor Ascânio Brandão

Livro de 1948 - 243 pags
Casa da U.P.C.
Pouso Alegre





25 de Novembro

A MISSA DOS DEFUNTOS


As cerimônias


O simbolismo tocante e belo das cerimônias da Missa dos defuntos não pode ser ignorado de quantos querem assistir com proveito ao melhor e o maior dos sufrágios que se pode oferecer pelos mortos — o San­to Sacrifício dos nossos Altares.

Esta Missa é celebrada com o paramento de cor preta, simbolizando o luto. Não tem o Glória. É se­melhante às Missas do tempo da Paixão. Mostra a dignidade do cristão assemelhado a Jesus Cristo na Paixão. Não tem o Salmo Judica me, porque nele se diz: quare tristis est anima mea et quare conturbas me? Por que perguntar à alma porque esta triste quando já foi julgada?

O sinal da cruz que o sacerdote faz sobre si nas outras Missas, aqui é feito sobre o Missal, para di­zer que tudo é agora para os mortos, os frutos e mé­ritos da cruz. Nem o padre nem o diácono beijam o Missal, simbolizando que as almas não receberam o ósculo da paz de Deus no céu.

Escreveu o piedoso Mons. Olier: “Não se beija o Missal no fim do Evangelho primeiro, porque as al­mas do purgatório morreram em sinal da fé — insigno fidei — não têm necessidade de uma profissão de fé no Evangelho Pelo mesmo motivo a Missa dos defuntos não tem Credo, que é a manifestação públi­ca da nossa fé. No ofertório não há bênção da água que é posta no cálice com o vinho, porque a água sim­boliza os fiéis, e a Igreja não tem jurisdição sobre os fiéis defuntos na outra vida, pois estão em Graça com Deus. No Agnus Dei não há paz, a cerimônia do Pax tecum. As almas já estão na paz de Deus e livres dos perigos do pecado que tira a verdadeira paz. Elas sofrem muito, mas em doce paz. No Agnus Dei não se diz Miserere nobis, mas “dai lhes o descanso”. Im­ploramos o eterno descanso para as pobres almas so­fredoras e em tormentos do purgatório. Elas não pre­cisam de paz, mas de um descanso eterno no seio do Deus. Não há bênção no fim da Missa porque as al­mas não ouviram ainda de Nosso Senhor: “Vinde, benditas de meu Pai, receber a recompensa...”.

Ao invés do Ite, Missa est — “acabou-se a Mis­sa”, a ordem de dispersar os fiéis e anunciar o fim da Missa, diz o sacerdote: Requiescant in pace — “Descansem em paz”. É um convite ao povo, também, para que reze pelos fiéis defuntos e para dizer que todo aquele Augusto Sacrifício foi oferecido para descan­so dos pobres irmãos do purgatório. Eis as cerimô­nias especiais e variantes das Missas dos defuntos. O Introito é uma súplica pelo descanso das almas. “Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno e que lhes res­plandeça a luz perpétua”. No gradual, a mesma sú­plica. No Trato: “Livrai, Senhor, as almas dos fiéis defuntos das cadeias dos seus pecados. E que o so­corro da vossa graça consiga evitar o Juízo da Vin­gança e gozem a bem-aventurança da luz eterna”. Na Communio é ainda o pedido do eterno descanso: “Que a luz eterna lhes resplandeça com os vossos Santos por todos os séculos, ó Senhor, pois sois tão bom!”.

E pede de novo: “dai-lhes o descanso e a luz perpétua, pois sois tão bom, Senhor”.

Que belas súplicas pelas pobres almas!

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas! — 24 de Novembro: Liturgia dos funerais (Parte XXV)



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Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
30 meditações e exemplos sobre o Purgatório e as Almas
por Monsenhor Ascânio Brandão

Livro de 1948 - 243 pags
Casa da U.P.C.
Pouso Alegre







24 de Novembro

LITURGIA DOS FUNERAIS


Ofícios fúnebres


Funerais vem da palavra “funus”, que por sua vez deriva de “funalia”, tocha, porque outrora se fa­ziam os enterros à noite, e eram acompanhados com tochas acesas ou archotes. O cristianismo purificou esta cerimônia pagã, santificando-a com as luzes em­pregadas nos ofícios fúnebres, mas as luzes agora simbolizavam, diz São João Crisóstomo, alegria e esperança na ressurreição da carne.

Nos primeiros dias do cristianismo, na época das perseguições, a cerimônia do sepultamento dos már­tires era festiva e tinha uma nota de alegria e de triunfo. Era a festa da entrada do céu e da glorifi­cação dos que sofreram e morreram por Cristo. “Os mártires, dizia São Cipriano, passavam da prisão pa­ra a imortalidade. De carcere ad immortalitatem transibant. Assim, o dia da morte era celebrado como dia de festa. Adornava-se festivamente o vestibulo da casa mortuária com guirlandas e coroas, escreve São Gregorio Nanzianzeno, e o interior era decorado com verduras, flores e tapeçarias e fachos de luz. Tal eram os funerais dos primeiros cristãos. Os de hoje são bem diferentes. Já não têm mais a nota festiva.

São tristes, são lúgubres. Por quê? Os mártires eram heróis que triunfavam e tinham garantida a salva­ção, eram santos.

Os primeiros cristãos eram de um fervor admi­rável. Morriam mártires da fé, ou deixavam esta vida após muita penitência e uma vida muito santa. Havia razão para que a morte deles fosse um triunfo, assim como hoje a Igreja celebra os funerais das criancinhas que morrem com a inocência batismal. Depois, infelizmente, se introduziram relaxamentos e fraquezas nos costumes, e a Igreja temia a sorte dos seus filhos mortos sem uma penitência suficiente, e sem aquele fervor e santidade dos seus filhos pri­meiros da era gloriosa e santa dos mártires. Eis por­que desde Orígenes, a quem Santo Agostinho atribui a ordem no Ofício dos mortos, se introduziu o espí­rito de satisfação à Divina Justiça pelos mortos, e esta pompa fúnebre que chora sobre os mortos implorando para eles a divina clemência[1].

O espírito festivo foi conservado apenas nos fu­nerais das crianças. Nos funerais dos adultos a Igre­ja quer nos lembrar o dogma do purgatório, quer implorar nossas súplicas pelos que padecem no lugar da expiação. Abreviar ou aliviar este sofrimento, eis o objeto dos ritos fúnebres e de todas as suas preces.

Os antigos, disse São Gregorio de Nisse, embalsamavam os corpos para os sepultar. O cristianismo faz coisa melhor: “embalsama a sua memória e os envolve no perfume das orações e das comemora­ções”[2].

A oração pelos mortos é muito antiga na Igreja.

São Cipriano de Jerusalém, Santo Agostinho e ain­da Tertuliano, asseguram que no seu tempo se faziam preces pelos mortos na convicção de que a oração dos vivos aliviava os mortos.

A Igreja, nossa Mãe, nos acompanha carinhosa e cheia de ternura até a sepultura, e nos segue além-túmulo com suas orações e com o sufrágio dos fu­nerais.

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