sábado, 16 de novembro de 2013

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas! — 15 de Novembro: Penitência pelos mortos (Parte XVI)



Nota do blogue:  Acompanhe esse Especial AQUI.

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
30 meditações e exemplos sobre o Purgatório e as Almas
por Monsenhor Ascânio Brandão

Livro de 1948 - 243 pags
Casa da U.P.C.
Pouso Alegre





15 de Novembro

PENITÊNCIA PELOS MORTOS


Um meio de socorrer as almas



Somos obrigados a fazer penitência se quisermos salvar nossa alma. Só há dois caminhos para en­trar no céu: o da inocência e o da penitência. Nosso Senhor dos adverte: “Se não fizerdes penitência, to­dos vós igualmente perecereis”. Ora, a penitência, além de nos ser necessária, é muito meritória, e a podemos aplicar em sufrágio das pobres almas do purgatório. Tiraremos duplo proveito: nossa san­tificação e o alívio das almas sofredoras.

O sofrimento junto com a prece tem uma eficá­cia extraordinária para alcançar de Deus todas as graças. Outrora, vemos na Escritura, quando os Pro­fetas e o povo de Deus desejavam obter do céu mise­ricórdia ou graças, entregavam-se aos jejuns, cilícios e austeridades. Nossa penitência aqui é muito meritória. Soframos pelos mortos!

“Aliviemos as almas do purgatório, diz São João Crisóstomo, aliviemo-las por tudo o que nos penali­za, porque Deus tem cuidado em aplicar aos mortos os méritos dos vivos”. Escreve Berlioux: “O sofri­mento é a grande satisfação que o Senhor pede aos devedores da Justiça. Logo, soframos pelos nossos mortos, a fim de que eles sofram menos. Oh! Se ti­véssemos uma fé mais viva, uma caridade mais arden­te, que mortificações nos imporíamos a nós mesmos para libertar nossos parentes e amigos do purgatório, eles que tanto nos amaram, que sofreram talvez por nós e estão agora sofrendo de uma maneira tão hor­rível! Já que não somos capazes de tamanhas peni­tências como os santos, tenhamos generosidade para alguns pequenos sacrifícios. O sacrifício de um pra­zer, de uma afeição perigosa, de uma leitura má, de uma vaidade, etc”. “Escolhei a melhor vítima, acon­selha o Pe. Felix, S.J., escolhei-a, sobretudo, no fun­do de vosso coração”. “Por aqueles que amais, sacri­ficai o que tendes de mais caro. Sacrificai-vos a vós mesmos, e que o preço do sacrifício pessoal se torne o resgate do sofrimento”. “Ah! vejo, acrescenta o Pa­dre Berlioux, vejo essas almas felizes elevarem-se para o céu, nas asas de nossos sacrifícios, de nossas austeridades e sofrimentos!”.

Que objeto de consolação e de esperança! Ó, meu Deus! Ó, Jesus Crucificado, fazei-nos compreender o valor do sofrimento!


Aceitação da cruz pelas almas


A idéia da penitência dos Santos e das grandes austeridades nos assustam, mas não podemos ofere­cer a Nosso Senhor a cruz de cada dia pelos nossos mortos? Quem não tem a sua cruz?

O sofrimento é fecundo e vai frutificar além das fronteiras da vida, vai aliviar as chamas do purga­tório. Nesta vida faz tanto bem e repercute tanto nas almas! Pois devemos crer que também na outra vida o sofrimento salva e resgata a dívida das pobres al­mas da Igreja padecente. Ouvi esta página de uma grande alma: “O sofrimento, escreve a admirável Elizabeth Leseur, o sofrimento atua de um modo im­petuoso em nós, primeiro, por uma espécie de renovamento íntimo, em outros também, talvez muito lon­ge e sem que saibamos neste mundo o trabalho que fa­zemos por eles. O sofrimento é um ato. Cristo fez mais na cruz pela humanidade do que falando e trabalhan­do na Galiléia ou em Jerusalém. O sofrimento faz a vida: ele transforma tudo o que toca e tudo o que atinge”.

“O sofrimento é um ato”. Que fórmula impres­sionante! Convém guardá-la. Trabalha quem sofre bem. Pode salvar almas como o apóstolo da palavra, como o sacerdote missionário mais ativo e ardente. A grande missionária dos últimos tempos, o Anjo do Carmelo de Lisieux, pôde dizer e experimentou o va­lor do sofrimento pela salvação das almas. “Pelo so­frimento e a perseguição, disse ela, muito mais que por brilhantes pregações, Deus quer firmar o Seu Reino nas almas. Nossos sacrifícios, nossos esforços e os mais obscuros de nossos atos não estão perdidos, é minha opinião absoluta: todos têm repercussão lon­gínqua e profunda”.

Sim, o sofrimento tem uma repercussão tão lon­gínqua e profunda que vai até o purgatório, vai ali­viar os tormentos das pobres almas, vai ajudá-las a pagar a dívida que contraíram com a Justiça Divina, vai abrir-lhes as portas do céu! Há em família tan­tas cruzes cotidianas, doenças, aborrecimentos, re­vezes, tanta coisa que nos vai crucificando todo dia! Por que não aproveitar tudo isto pelas almas? Ó, meu Deus, digamos na hora da dor, seja tudo por vosso amor e para o alívio das pobres almas! Se não temos coragem para grandes penitências, pelo menos acei­temos a de cada dia pelo purgatório.


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