domingo, 1 de dezembro de 2013

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas! — 30 de Novembro: Meditação final (Parte XXXI)



Nota do blogue:  Acompanhe esse Especial AQUI.

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
30 meditações e exemplos sobre o Purgatório e as Almas
por Monsenhor Ascânio Brandão

Livro de 1948 - 243 pags
Casa da U.P.C.
Pouso Alegre





30 de Novembro

MEDITAÇÃO FINAL


Lições do purgatório


Antes sofrer agora... depois... depois será terrível! Agora, nossas orações, sacrifícios esmolas têm um valor de certo modo infinito, pelos méritos do Sangue Preciosíssimo de Jesus Cristo. Podemos fazer por nós, isto é, ganhar para nossa alma aqui, e para as almas que sofrem no purgatório. Depois... ah!, quando nossa alma se separar do corpo, daremos con­tas até de uma palavra ociosa, como diz o Evangelho, e pagaremos até o último ceitil das nossas dívidas para com Deus. Agora quanto mérito e quanta rique­za para a vida eterna!

Aproveitemos o tesouro da misericórdia de Deus. Não abusemos da graça. Aproveitemos, sobretudo, o tesouro infinito da Santa Missa.

É o que melhor podemos dar às almas de nossos entes queridos. A Santa Missa é o primeiro e o maior dos sufrágios pelos mortos. Por ela se apagam nos­sos pecados e aliviadas são as almas do purgatório.

Afirma São Jerônimo, um dos grandes Doutores da Igreja: Enquanto a sacerdote celebra a Santa Mis­sa, muitas almas são libertadas do purgatório.

E São Leonardo de Porto Maurício, o grande Mis­sionário e apóstolo, fala indignado dos que se esque­cem dos seus mortos queridos e não lhes sufragam as almas, que talvez sofram nas chamas expiadoras: “Permiti que eu vos diga, fala o Santo, se há gente avara e sem coração é a que não serve nem manda celebrar uma só Missa pelos seus mortos e que até desvia legados e esmolas de sufrágios. Piores que os demônios. Os demônios atormentam os condenados e estes atormentam as almas santas do purgatório!”.

Oh! Não nos esqueçamos dos nossos graves de­veres para com nossos defuntos! Pelo amor de Deus, vamos: sufrágios, orações, sacrifícios, esmolas pelas almas benditas do purgatório!

Veremos quantas graças nos virão do céu por esta caridade! A ingratidão nunca entrou no purgatório, disse Santa Margarida Maria. O que fizermos pelas almas, receberemos cem por um e o reino dos céus.

O dogma do purgatório contém ensinamentos de uma verdadeira escola de perfeição. Quem pensa o que é e o que se padece, depois desta vida, para ex­piação e purificação da alma antes de ver a Deus, não teria o orgulho e o descuido da sua perfeição, como vemos hoje em tantas almas, mesmo piedosas, mas esquecidas da tremenda realidade do purgatório.

Quanto mais pensarmos no purgatório, mais o ha­vemos de procurar evitar ou atenuá-lo.

Descendamus in infernum viventes, ne descen­damus morientes, dizia São Bernardo. Isto é: desça­mos ao inferno pela meditação enquanto estamos vivos, para lá não irmos depois da nossa morte.

Assim também façamos com o pensamento do purgatório. Vamos, sim, vamos sempre meditar esta verdade, para que a impressão salutar que ela nos causa nos ajude a tender a perfeição, a procurar ter um pouco mais de zelo pela nossa santificação.

Dizia uma santa alma: Oh! Se os homens sou­bessem o que lhes custará, na outra vida, a vida de pecado que levam, mudariam o modo de proceder!


O Cristo de Bergoglio - sem doutrina nem verdade



(...)

A bisavó “Antonia” de Gnocchi e Palmaro me lembra a minha bisavó. Chamava-se Marietta e aos domingos ia a pé, sozinha, faça chuva ou faça sol, à Santa Missa das cinco da manhã, porque precisava, depois, ficar “livre” para preparar o almoço para sua família, aquela construída sobre a rocha e não sobre a areia. E a rocha era Cristo na Cruz... Santa Missa, Santo Rosário, orações, jaculatórias, procissões... eram a sua força, sua resistência, sua perseverança, sua coerência de vida, eram a Fé vivenciada, não um sentimento religioso que hoje existe e amanhã se vai... Podia desabar tudo ao redor da bisavó Marietta (e muito para ela desabou), mas ela permaneceria de pé, sem necessidade de psicanalistas e psicofármacos... porque sabia discernir entre o que é bem e o que é mal; e não com base em uma consciência “pessoal” (que muitas vezes é levada ao erro porque o homem, por causa do pecado original, é mais dirigido para o mal do que para o bem; ao pecado e ao vício do que à virtude), mas com base e graças a uma trama e urdido católicos.


Chesterton[1] escrevia: “O mundo moderno, com os seus movimentos modernos, vive graças ao capital católico que possui. Usa e abusa das verdades que lhe restavam daquele antigo tesouro que é a Cristandade”. Hoje, esta Cristandade está à beira do precipício.

Os católicos não podem aceitar que se abuse da Verdade (única Verdade) trazida pelo Salvador para o verdadeiro bem terreno e eterno de cada um de nós; não podem aceitar, por amor de seu Senhor e da Igreja, que se ultraje a Fé, a única que permite seguir em frente apesar dos problemas, das angústias, das doenças, dos lutos... Aquela Fé que faz descer o Pai do Céu sobre as chagas causadas pelos pecados, e por causa dos quais Ele morreu na Cruz.

As ponderadas e profundas reflexões deste artigo que apresentamos, a assinatura dos corajosos Alessandro Gnocchi e Mario Palmaro, não são Amarcord[2] estéreis, mas o antídoto ao que está acontecendo na Inglaterra, em cuja direção, se Papa Francesco não levar em conta a Tradição da Igreja, toda a Europa se dirige. O relatório anual da agência estatal britânica, que controla os padrões da educação e dos serviços sociais, declarou como“se estão fragmentando os níveis básicos da sociedade [...] na sua tradicional hierarquia: a família que forma a sociedade e a sociedade que sustenta [...], faltam pais que assumam a responsabilidade de criá-los. As crianças sofrem porque não se lhes dão regras claras ou limites. Ninguém lhes ensina a diferença entre um comportamento certo e um errado [...]. Se não voltarmos a reconhecer a importância de famílias estáveis, continuaremos usando o Estado para recolher os cacos” (“Pais, não sabeis educar os filhos”, em “La Stampa”, 17 de outubro de 2013). Quem decide o que é certo e o que é errado? Para “Antonia” e “Marietta” era a Tradição da Igreja, aquela sobre a qual foi construído o Mundo Ocidental. Nós católicos queremos (é nosso direito, porque direito que vem de Deus) um Vigário de Cristo que saiba educar seu rebanho; que indique a verdade e indique o erro; que nos abra, portanto, a porta estreita (Mt. 7,13-14), a que leva para o Céu.

Cristina Siccardi



CRISTO, SEM DOUTRINA NEM VERDADE

Reduzidos a “sans papiers[3] da Igreja, lembremos o que o Cardeal Biffi[4] lembrou: “Jesus é, por vezes, um pretexto para falar de outra coisa”.
Uma pastoral do íntimo, sem mediação racional do dogma? Não.


Por Alessandro Gnocchi e Mario Palmaro – 22-10-2013, Il Foglio.







Pobre bisavó Antonia, que viveu uma vida feita por pateravegloria[5], rosários, Missas às cinco da manhã, sinais da cruz em cada “santella[6], catecismo aprendido de cor e preceitos morais praticados escrupulosamente e ensinados com zelo. Pobre bisavó Antonia, e pobres seus oitenta e quatro anos passados a “dizer orações” e a observar “prescrições” na esperança de um dia abraçar Jesus, com quem utilizava o “Vós”, como usavam as gerações respeitáveis. Pobre bisavó Antonia, e pobre sua fé que, não fosse pela pureza ingênua e inerme típica das velhinhas do campo, poderia hoje ser tomada por uma cristã ideológica, moralista, farisaica, sem coração. Contudo, aquela senhorinha sempre vestida de negro, que só falava o dialeto e um latim todo seu, havia mostrado quanto amor por Deus e pelos homens jorra de uma vida passada a “dizer orações”. Ao marido, que em seu leito de morte lhe pediu perdão por tudo o que ele lhe havia feito e que ela havia suportado em silêncio e na paciência, a pobre bisavó Antonia havia respondido que não tivesse medo: “Quando chegardes do lado de lá, vereis quanto bem fizeram as orações que vossa esposa recitou por vós”.

A dureza da homilia de Santa Marta, onde Papa Francisco estigmatiza uma fé que passa “por um alambique e se torna ideologia”[7], e na qual julga as consciências daqueles que, hoje, se obstinam a viver um Cristianismo como o de seus antepassados, acaba por atropelar o passado que continua a viver no presente. É difícil supor que o alvo não seja aquele sentir tradicional que se pretende impedir que se torne um movimento capaz de agregar pessoas e ideias. Isso foi festivamente explicado pela jubilosa máquina de guerra dos hermeneutas do dia seguinte. Mas o havia inequivocamente antecipado o próprio papa, na entrevista a “Civiltà Cattolica”, condenando duramente um “uso ideológico” do rito tradicional restaurado por Papa Bento XVI[8], um “especialista do Logos” definitivamente arquivado pelos hermeneutas do seu sucessor.
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