Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
30 meditações e exemplos sobre o Purgatório e as Almas
por Monsenhor Ascânio Brandão
Livro de 1948 - 243 pags
Casa da U.P.C.
Pouso Alegre
30 meditações e exemplos sobre o Purgatório e as Almas
por Monsenhor Ascânio Brandão
Livro de 1948 - 243 pags
Casa da U.P.C.
Pouso Alegre
30 de Novembro
MEDITAÇÃO FINAL
Lições do purgatório
Antes sofrer agora...
depois... depois será terrível! Agora, nossas orações, sacrifícios esmolas têm
um valor de certo modo infinito, pelos méritos do Sangue Preciosíssimo de Jesus
Cristo. Podemos fazer por nós, isto é, ganhar para nossa alma aqui, e para as
almas que sofrem no purgatório. Depois... ah!, quando nossa alma se separar do
corpo, daremos contas até de uma palavra ociosa, como diz o
Evangelho, e pagaremos até o último ceitil das nossas dívidas
para com Deus. Agora quanto mérito e quanta riqueza para a vida eterna!
Aproveitemos o
tesouro da misericórdia de Deus. Não abusemos da graça. Aproveitemos,
sobretudo, o tesouro infinito da Santa Missa.
É o que melhor
podemos dar às almas de nossos entes queridos. A Santa Missa é o primeiro e o
maior dos sufrágios pelos mortos. Por ela se apagam nossos pecados e aliviadas
são as almas do purgatório.
Afirma São Jerônimo,
um dos grandes Doutores da Igreja: Enquanto a sacerdote
celebra a Santa Missa, muitas almas são libertadas do purgatório.
E São Leonardo de Porto
Maurício,
o grande Missionário e apóstolo, fala indignado dos que se esquecem dos seus
mortos queridos e não lhes sufragam as almas, que talvez sofram nas chamas
expiadoras: “Permiti que eu vos diga, fala o Santo,
se há gente avara e sem coração é a que não serve nem manda celebrar uma só
Missa pelos seus mortos e que até desvia legados e esmolas de sufrágios. Piores
que os demônios. Os demônios atormentam os condenados e estes atormentam as
almas santas do purgatório!”.
Oh! Não nos esqueçamos
dos nossos graves deveres para com nossos defuntos! Pelo amor de Deus, vamos:
sufrágios, orações, sacrifícios, esmolas pelas almas benditas do purgatório!
Veremos quantas
graças nos virão do céu por esta caridade! A ingratidão nunca
entrou no purgatório,
disse Santa Margarida Maria. O que fizermos pelas almas, receberemos cem por um
e o reino dos céus.
O dogma do purgatório
contém ensinamentos de uma verdadeira escola de perfeição. Quem pensa o que é e
o que se padece, depois desta vida, para expiação e purificação da alma antes
de ver a Deus, não teria o orgulho e o descuido da sua perfeição, como vemos
hoje em tantas almas, mesmo piedosas, mas esquecidas da tremenda realidade do
purgatório.
Quanto mais pensarmos
no purgatório, mais o havemos de procurar evitar ou atenuá-lo.
Descendamus in
infernum viventes, ne descendamus morientes, dizia São Bernardo. Isto é: desçamos
ao inferno pela meditação enquanto estamos vivos, para lá não irmos depois da
nossa morte.
Assim também façamos
com o pensamento do purgatório. Vamos, sim, vamos sempre meditar esta verdade,
para que a impressão salutar que ela nos causa nos ajude a tender a perfeição,
a procurar ter um pouco mais de zelo pela nossa santificação.
Dizia uma santa alma: Oh! Se os homens soubessem
o que lhes custará, na outra vida, a vida de pecado que levam, mudariam o modo
de proceder!