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“Destruir
uma organização significa erradicá-la para sempre, como as potências aliadas
fizeram com o partido nazista na Alemanha durante a 2ª Guerra”, disse
Christopher Harmer, ex-oficial da Marinha americana e analista do Institute
for the Study of War. “Se você usa a palavra ‘destruir’, está falando de uma
vitória política e militar abrangente”, disse Harmer. “Se a missão é destruir
(o EI), o que estamos fazendo agora é inteiramente inadequado”.
Para destruir efetivamente o EI seria preciso um grande
comprometimento de forças de combate terrestres, mas Obama já disse que elas
não virão dos EUA. Com isso, qualquer estratégia com base na eliminação do
grupo é tolhida pela falta de um ingrediente básico.
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Análise: Shane Harris / Foreign Policy
Em
pronunciamento transmitido pela TV, o presidente americano, Barack Obama, falou
ao povo americano e estabeleceu o que a Casa Branca está apregoando como uma
estratégia firme para “degradar e finalmente destruir” o Estado Islâmico (EI).
Um problema: isto será literalmente impossível.
Os EUA
passaram mais de uma década tentando eliminar a Al-Qaeda, mas apesar de dizimar
o grupo, seu líder fugitivo, Aymanal-Zawahiri, continua vivo e as ramificações
do grupo operam no Mali, Iêmen, Somália e em uma lista crescente de outros
países. Israel passou décadas combatendo o Hezbollah e o Hamas, mas estes
grupos continuam capazes de lançar operações de combate em larga escala, como a
recente guerra em Gaza.
“Destruir
uma organização significa erradicá-la para sempre, como as potências aliadas
fizeram com o partido nazista na Alemanha durante a 2ª Guerra”, disse
Christopher Harmer, ex-oficial da Marinha americana e analista do Institute
for the Study of War. “Se você usa a palavra ‘destruir’, está falando de uma
vitória política e militar abrangente”, disse Harmer. “Se a missão é destruir
(o EI), o que estamos fazendo agora é inteiramente inadequado.”
Destruir o
EI, por esta definição, exigiria erradicar ou neutralizar milhares de
combatentes, expulsando-os dos territórios que o grupo controla no Iraque e
privando-os de sua base de operações na Síria, para onde os consultores
militares de Obama disseram que a luta deve se encaminhar. O fato de terem recrutado
centenas de combatentes ocidentais, assim como consideráveis somas de dinheiro
e acesso a receitas de petróleo, também o torna resistente.
A escolha de
palavras do presidente é crucial porque moldará o futuro da intervenção militar
americana no Iraque, que até agora conta mais de 150 ataques aéreos realizados
em coordenação com forças terrestres iraquianas e curdas. No entanto, os EUA
não informaram quantos combatentes radicais foram mortos e a campanha até agora
parece não ter causado danos significativos na capacidade da organização de se
movimentar no Iraque e na Síria ou de controlar grandes cidades em ambos os
países.
Logo que é
expulso de uma área, o EI aparece em outra, como fez recentemente em Haditha,
onde aviões americanos haviam bombardeado seus militantes. Para destruir
efetivamente o EI seria preciso um grande comprometimento de forças de combate
terrestres, mas Obama já disse que elas não virão dos EUA. Com isso, qualquer
estratégia com base na eliminação do grupo é tolhida pela falta de um
ingrediente básico. Destruir o EI, porém, exigiria uma reconciliação
política no Iraque para quebrar a aliança do grupo rebelde com baathistas e
tribos sunitas e voltá-los contra o EI.
A lição é
clara: redes terroristas são persistentes e elas voltam a seus alvos favoritos
várias vezes. Se destruir o EI não está no programa, o que dizer de
“derrotá-lo”? Trata-se de um objetivo mais limitado e potencialmente mais
viável, mas ainda assim muito ambicioso e, provavelmente, impossível de se
alcançar.
Fonte: ESP
Fonte: ESP