sexta-feira, 3 de maio de 2013

São Silvestre I: tirou a Igreja da miséria das catacumbas e a fez merecidamente pomposa e soberana (Parte II)





Continuação do post anterior: Parte I








São Silvestre I, (280-335 d.C.)
O princípio da constantinização é duplo:

Primeiro, de ordem política. Esse princípio parte do reconhecimento de que a Igreja Católica é a única verdadeira. E é fácil de perceber que Ela é a única Igreja verdadeira; todo homem que pode conhecer a Igreja e não adere, é culpado.

E a Igreja deve do Estado, a proteção e o apoio, o respeito e as honras que se tributam ao que é divino. 

A Igreja é uma entidade mais nobre e poderosa do que o Estado na ordem profunda das coisas, porque Ela é divina.

Daí então a famosa comparação de São Gregório VII: a Igreja é como o sol, e o Estado é como a lua. 

A lua recebe a sua luz do sol e o Estado recebia todo o seu lume da Igreja. 

Segundo, as coisas esplêndidas e magníficas da terra foram feitas sobretudo para o culto de Deus, e não sobretudo para o uso do homem. 

De maneira que os incensos mais magníficos, os tecidos mais estupendos, o ouro mais puro, a prata mais refinada, os materiais mais luxuosos devem ser extraídos da terra pelo homem.

Mas, antes de se destinarem ao adorno da vida humana, destinam-se ao serviço de Deus.

São Silvestre I mostra a Constantino as cabeças de São Pedro e
São Paulo, hoje veneradas em São João de Latrão
Isso está de acordo com o gesto de Santa Maria Madalena, que quebrou o vaso com ungüento sobre os pés de Nosso Senhor e enxugou os pés divinos d’Ele com seu próprio cabelo, em sinal de veneração. 

Judas não gostou, porque achou que o dinheiro devia ser dado aos pobres.

Mas todos os espíritos bons, em todos os séculos, gostaram.

E Nosso Senhor justificou, dizendo: “Pobres, vós sempre os tereis convosco”. E depois profetizou que sua morte viria em breve. 

Aí temos, por contraste, aquilo que os progressistas extremistas chamam de miserabilismo. 

Eles dizem: A Igreja de Cristo é a igreja dos pobres. Ela foi feita para os pobres, e não pode se apresentar no luxo porque afronta os pobres. 

Ela deve se apresentar na miséria, mas na miséria miserável. 

Os templos devem ser como as casas dos pobres mais pobres, para que esses pobres não se sintam mal lá dentro. 

O pretexto seria que Cristo odeia os objetos de luxo. O fausto que os ricos puseram na igreja não deve existir nem na casa deles, nem casa de Deus. Não vamos mais usá-lo porque não vale nada.

Imperador Constantino conduz São Silvestre I a Roma,
símbolo do triunfo da Igreja que passava a ser oficial e esplendorosa
A Igreja – eles acrescentam – não deve ser oficial. Ela deve ser humilde e não deve gozar de honras nem de proteção.

E o católico deve se apresentar ‘humilde’ e miserável. 

É, ao pé da letra, o pensamento de Judas Iscariotes. 

É o igualitarismo mais monstruoso, porque quer estabelecer a igualdade entre os pobres e Deus, quando Deus é infinitamente superior aos próprios ricos.

Esta atitude priva a Igreja de todo o prestígio merecido e representa, no fundo, um aniquilamento. 

Ela arranca do povo a fé que leva a tributar à Igreja todas essas honras. E elimina toda espécie de arte e de beleza, não só da Igreja, mas do convívio social. 

Desse modo se reduzem o culto e a sociedade temporal a um estado semelhante ao do selvagem.

Porque quem habita em tocas e em antros é selvagem. E se o selvagem procura a toca, a toca produz o selvagem.

Sob São Silvestre I (na imagem com São Jerônimo e
 São Martinho de Tours) a Igreja pôde organizar
devidamente o clero e a hierarquia eclesiástica
Quem age assim desarticula a civilização, renuncia à civilização. E prepara uma forma nova e extrema de decadência.

O verdadeiro católico afina com o espírito constantiniano. Ele deseja e ama o que os progressistas e os teólogos da libertação chamam com menosprezo de Igreja constantiniana, porque esta é deveras a única e verdadeira Igreja de Jesus Cristo.

Os bons católicos têm como lembrança que o Papa que constantinizou a Igreja é um santo canonizado e que está nos altares: São Silvestre; ao passo que se algum Papa haja que desconstantinize a Igreja, eu nem juro que ele seja santo e juro que ele jamais poderá ocupar os altares. 

Aí está a grande lição que um Papa santo como São Silvestre dá aos católicos de nossos dias. 

Se São Silvestre ressuscitasse e visse essa desconstantinização, o que é que ele faria? 

Que maldição, que praga, que furor, que indignação, que terror, não é verdade? 

Pois bem, é deste sentimento que devem arder hoje as almas sinceramente católicas face aos atrevidos despojadores da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.

(Comentários de Plinio Corrêa de Oliveira feitos em 30-12-1966, sem revisão do autor).

Sempre é tempo...





O CARDEAL RATZINGER, FUTURO PAPA BENTO XVI, REITERA QUE, ‘APÓS O CONCÍLIO, NÃO SE CONSEGUIU TRANSMITIR CONCRETAMENTE O CONTEÚDO DA FÉ CRISTÃ’ 



O Cardeal Ratzinger, que, em 1984, fez referência ao desastre do ensino catequético, reafirmou, em 2003, que nada mudara nesse ponto de importância capital.

Expondo a necessidade de ensinar o novo catecismo, o Cardeal Ratzinger, então, reitera: “Embora sem intenção de condenar a ninguém, torna-se patente que a ausência de conhecimentos em matéria de religião é hoje uma realidade tremenda. Basta falar com as novas gerações [para nos darmos conta disso]. Evidentemente, após o Concílio não conseguiram transmitir concretamente o que está contido na fé cristã” (Cfr. “La Razón”, edición del 28 de mayo del 2003. www.conoze.com/doc.php?doc=1806)

Notas e Reflexões sobre Redação Científica









Fonte: Hottopos
Rogério Lacaz-Ruiz




"Se você quiser dar crédito a um sujeito, faça isso por escrito. Se você quiser mandá-lo para o inferno, faça o por telefone." (Charlie Beacham) 


Quando foi diagnosticada uma doença grave em um amigo, recorremos a um manual médico para saber mais sobre a doença. Da leitura do tratado, em inglês, pudemos extrair todas as informações necessárias, sem praticamente recorrer ao dicionário. O texto estava completo e sua leitura agradável. O médico que nos emprestou o livro fez um comentário interessante. Disse que o organizador convidava especialistas para que escrevessem os capítulos de sua área e antes de fazer a arte final seguia dois protocolos obrigatórios, a saber: i) enviava todo material a um romancista para tornar a linguagem mais fácil e ii) devolvia o material aos autores, para verificarem se as alterações não comprometiam as informações técnicas.

Este fato, confirma a tese de Peter Drucker: o verdadeiro comunicador é o receptor. Ao escrever é preciso perguntar-se: quem irá ler este texto? Em que condições? Um aluno universitário, em geral, precisa ler muito e se o texto for técnico, provavelmente o rendimento será menor. Um capítulo adaptado por um romancista facilita a leitura e a apreensão do conhecimento; e este é o objetivo.

As vezes a imaginação nos leva por caminhos estranhos e, por este motivo, não queremos fornecer uma resposta definitiva ao problema da escrita.

Enumeraremos, a seguir, algumas notas que podem ajudar a quem precisa escrever. Cada um poderia descobrir naturalmente soluções de como aprimorar a escrita, desde que se propusesse a isto. Leitura de boas obras e observar como os outros escrevem, facilitam o aprendizado. Com o passar do tempo, se exercitamos a escrita, poderemos dar passos seguros e significativos.

Lee Iacocca, o conhecido mega-empresário da indústria automobilística norte americana, tem uma capacidade de comunicação acima da média. Ele mesmo conta, em sua autobiografia, o que aprendeu de Robert McNamara: "...ele me ensinou a pôr todas as minhas idéias no papel. - Você é muito eficiente cara a cara, ele costumava me dizer. - Você conseguiria vender qualquer coisa a qualquer um. Mas estamos para gastar cem milhões de dólares aqui. Vá para casa hoje à noite e ponha sua grande idéia no papel. Se você não conseguir fazer isso é porque não trabalhou a idéia direito. Esta foi uma lição valiosa e a partir daí passei a seguir sua orientação. Sempre que um dos meus homens tem uma idéia, eu lhe peço para colocá-la no papel. Não quero que ninguém me venda um plano por causa do tom da sua voz ou da força de sua personalidade. Seria inadmissível." (in: Iacocca, L.; Novak, W. Iacocca, uma autobiografia São Paulo: Livraria Cultura, 1985. p.66). Em outro parágrafo, complementa a idéia de outra forma: "A cada três meses, cada gerente se reúne com seu superior imediato para rever seu próprio desempenho e para estabelecer seus objetivos para o período seguinte. Havendo acordo quanto a esses objetivos, o gerente os põe no papel e o supervisor assina. Como aprendi com McNamara, o hábito de escrever as coisas é o primeiro passo no sentido de realizá-las efetivamente. Na conversa, você pode se desviar para todos os tipos de imprecisões e absurdos, muitas vezes sem perceber. Mas, ao colocar suas idéias no papel, você se força a ir direto ao que interessa. É mais difícil enganar a si mesmo ou enganar aos outros." (ibidem p.71-72)

"Todo pesquisador deve escrever de acordo com os padrões exigidos pela ciência, no entanto, muitos não dominam a linguagem científica. Alguns editores apontam a falta de estilo como principal defeito dos artigos enviados para publicação por cientistas dos países em desenvolvimento. Isto indica que há uma deficiência importante na formação destes investigadores.

O ensino médio (de primeiro e segundo graus) enfoca a forma literária de escrever. Esta admite frases longas, complexas e retóricas, para passar imagens e sensações ao leitor. Ao contrário, a linguagem científica deve ser clara, objetiva, escrita em ordem direta e com frases curtas. Portanto, os indivíduos precisarão adequar sua redação quando se iniciam na carreira científica. Esse assunto tem sido negligenciado pelos cursos de Pós-Graduação no Brasil, originando a formação de Mestres e Doutores inabilitados para escrever artigos científicos. Geralmente esses jovens pesquisadores não têm consciência disso e passarão suas deficiências aos futuros orientados.

Para corrigir esta falha na formação é necessário muito esforço, paciência e disposição para ocupar quanto tempo for necessário. Acima de tudo, é preciso ter humildade para reconhecer as próprias limitações e trabalhar continuamente para eliminá-las. Produzir um texto adequado é tarefa árdua e demorada mesmo para aqueles que dominam a linguagem científica." (Valenti, W.C. Guia de Estilo para a Redação Científica)

A seguir, serão apresentadas algumas regras práticas sugeridas pelo professor Valenti, adaptadas para este artigo. Evidentemente, elas são de mero caráter típico-indicativo e admitem exceções, mas podem auxiliar na hora de escrever ou revisar um texto acadêmico.

1. Antes de iniciar, organize um roteiro com as idéias e a ordem em que elas serão apresentadas. Estabeleça um plano lógico para o texto. Só escreve com clareza quem tem as idéias claras na mente.(1)

2. Trabalhe com um dicionário e uma gramática ao seu lado e não hesite em consultá-los sempre que surgirem dúvidas.

3. Escreva sempre na ordem direta: sujeito + verbo + complemento.(2)

4. Escreva sempre frases curtas e simples. Abuse dos pontos.

5. Prefira colocar ponto e iniciar nova frase a usar vírgulas. Uma frase repleta de vírgulas está pedindo pontos. Na dúvida, use o ponto. Se a informação não merece nova frase não é importante e pode ser eliminada.

6. Evite orações intercaladas, parêntesis e travessões. Algumas revistas internacionais aceitam o uso de parêntesis para reduzir o período.

7. Corte todas as palavras inúteis ou que acrescentam pouco ao conteúdo.

8. Evite as partículas de subordinação, tais como que, embora, onde, quando. Estas palavras alongam as frases de forma confusa e cansativa. Use uma por frase, no máximo.

9. Use apenas os adjetivos e advérbios extremamente necessários.

10. Só use palavras precisas e específicas. Dentre elas, prefira as mais simples, usuais e curtas.(3)

11. Evite repetições. Procure não usar verbos, substantivos aumentativos, diminutivos e superlativos mais de uma vez num mesmo parágrafo.

12. Evite ecos (e.g. "avaliação da produção") e cacófatos (e.g. "...uma por cada tratamento" ... uma porcada...)

13. Prefira frases afirmativas. 

14. Frases escritas em voz passiva são muito utilizadas em relatórios e trabalhos científicos, mas devem ser evitadas.

15. Evite: regionalismos, jargões, modismos, lugar comum, abreviaturas sem a devida explicação, palavras e frases longas.

16. Um parágrafo é uma unidade de pensamento. Sua primeira frase deve ser curta, enfática e, preferencialmente, conter a informação principal. As demais devem corroborar o conteúdo apresentado na primeira. A última frase deve seguir de ligação com o parágrafo seguinte. Pode conter a idéia principal se esta for uma conclusão das informações apresentadas nos períodos anteriores. (4)

17. Os parágrafos devem interligar-se de forma lógica.

18. Um parágrafo só ficará bom após cinco leituras e correções:

a) na primeira, cheque se está tudo em forma direta e modifique se necessário;

b) na segunda, procure repetições, ecos, cacófatos, orações intercaladas e partículas de subordinação; elimine-os;

c) na terceira, corte todas as palavras desnecessárias; elimine todos os adjetivos e advérbios que puder;

d) na quarta, procure erros de grafia, digitação e erros gramaticais, tais como de regência e concordância;

e) na quinta, cheque se as informações estão corretas e se realmente está escrito o que você pretendia escrever. Veja se você não está adivinhando, pelo contexto, o sentido de uma frase mal redigida.

Após a correção de cada parágrafo, em separado, leia todo o texto três vezes e faça as correções necessárias. 

Na primeira leitura, observe se o texto está organizado segundo um plano lógico de apresentação do conteúdo. Veja se a divisão em itens e subitens está bem estruturada; se os inte-títulos (título de cada tópico) são concisos e refletem o conteúdo das informações que os seguem. Se for necessário, faça nova divisão do texto ou troque parágrafos entre os itens. Analise se a mensagem principal que você desejava transmitir está de forma clara a ser entendida pelo leitor. 

Na segunda, observe se os parágrafos se interligam entre si. Veja se não há repetições da mesma informação em pontos diferentes do texto, em períodos escritos de forma diversa, mas com significado semelhante. Elimine todos os parágrafos que contenham informações irrelevantes ou fora do assunto do texto. 

Na terceira leitura, cheque todas as informações, sobretudo valores numéricos, datas, equações, símbolos, citações de tabelas e figuras, e as referências bibliográficas.

Lembre-se que textos longos e complexos, com frases retóricas e palavras incomuns não demonstram erudição. Ao contrário, indicam que o autor precisa melhorar seu modo de escrever.

Hoje em dia, já se encontram disponíveis na internet (www) muitos sites contendo informações para redigir de acordo com o local onde se pretende publicar. Por exemplo, o Style and Form do Journal of Animal Science: http://www.asas.uiuc.edu.


Leituras Recomendadas

Eco, U. Como se faz uma tese. 14a. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996, p.170.

Figueiredo, L.C. A redação pelo parágrafo. Brasília: Universidade de Brasília, 1995. 127p.

Lertzman, K. "Notes on writing papers and thesis", Bulletin of the Ecological Society of America, v.76, n.2, p.86-90, 1995.

Magnusson, W.E. "How to write backwards", Bulletin of the Ecological Society of America, v.77, n.2, p.88, 1996.

Medeiros, J.B. Redação científica. 2ed. São Paulo : Atlas, 1996. 231p.

Medeiros, J. B.; Gobes, A.; Alves, F.; Lima, L. Manual de redação e revisão. São Paulo : Atlas, 1995. 203p.

Manual de estilo Editora Abril. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1990. 93p.

Manual Escolar de Redação Folha de São Paulo - Editora Ática. São Paulo : Ática, 1994. 184p.

Shaw, H. Punctuate it right! 2ed. New York : Harper Collings, 1994. 208p.

Strunk, Jr., W; White, E.B. The elements of style. 3ed. Boston : Allyn & Bacon, 1979. 92p.

Universidade Federal do Paraná, Biblioteca Central. Normas para apresentação de trabalhos. v.1 Livros e Folhetos. 5ed. Curitiba: Universidade Federal do Paraná. 1995. 25p.

Willians, J.M. Style: toward clarity and grace. Chicago : University of Chicago, 1995. 208p.


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1. Deve-se escrever, também, do geral para o particular. Quando decidimos ou precisamos escrever algo, normalmente já temos uma noção do que vamos escrever, mas aqueles que irão ler, não. Por este motivo, escrevemos bem menos do que precisamos para transmitir uma idéia. Isto é, deixamos subentendidos uma série de raciocínios intermediários, o que acaba dificultando a leitura. Uma experiência que todos podemos fazer, é a de escrever um texto sobre algo, deixando fluir toda nossa imaginação e capacidade, e depois de algumas semanas, lê-lo novamente. É surpreendente como nós mesmos não entendemos todo o texto, e nos questionamos sobre algumas frases ou até mesmo parágrafos inteiros. Naturalmente o número de palavras que usamos, não esta diretamente relacionado com a clareza. Escrever muito nem sempre é suficiente para deixar as idéias claras.

2. E também do antecedente para o consequente. Algumas pessoas, quando nos contam um fato ou um filme, parecem tão ansiosas que colocam o carro na frente dos bois. Quem escuta ou não entende, ou perde o interesse por escutar pois já sabe o final da história. No latim, que é uma língua com declinações, a ordem das palavras pode ser alterada, sem que a frase perca seu sentido. A declinação das palavras permite sua construção alterada, sem que o leitor deixe de saber se ela é objeto direto ou sujeito. Mas, os bons latinistas, procuram deixar o verbo, que exprime ação, para o final da frase. Tempus brevis est. Mesmo nesta frase, que diz que o tempo é breve, ficamos na expectativa até o final... qual a relação do tempo com a brevidade? Alfred Hitchcok e Agata Christie, costumavam criar um clima de suspense, de modo que o espectador se sinta atraído a assistir ou ler a obra até o fim. E todos os que querem que seus textos sejam lidos, podem fazer o mesmo. Dizem que Hitchcok iniciava uma estória de suspense quando estava numa fila de elevador, e seguia sua narrativa já dentro do mesmo. Para surpresa geral, saía num andar, antes de terminar a estória. Não se deve imitá-lo nesta brincadeira, é preciso ir até o fim. Relatar as coisas do mais antigo para o mais recente, garante a atenção de quem lê e facilita a compreensão do texto. O ideal para quem escreve um trabalho científico, é que momentos antes de terminar a última frase, o leitor possa imaginar a solução do problema ou a conclusão. Já no caso de escritores e poetas, ser previsível nem sempre é desejável.

3. Usar a palavra correta. Cada palavra tem um significado original e freqüentemente é útil e interessante conhecer a etimologia. Quantas vezes, ao ler no dicionário o significado de uma delas, nos surpreendemos com a alteração que sofreu pelo uso. As vezes é possível resgatar o sentido original, e esta preocupação de recorrer ao dicionário, deve passar a ser uma ocupação. Outras vezes é impossível. É o caso das palavras aquário e piscina. Aquário (do lat. acqua =água) é o lugar onde se armazena água e piscina (do lat. pisces = peixe) o local onde se criam peixes. Ora, seria tido por louco quem dissesse que cria peixes na piscina e toma banho em um aquário. 

4. O uso de parágrafos de transição. Quando se escreve a primeira versão de uma tese, um livro, ou mesmo um relatório compostos por capítulos é freqüente terminar um e começar o outro, sem que haja conexão explícita. Para corrigir este defeito, pode-se usar o parágrafo de transição. Esta técnica, se bem empregada, estimula o leitor a ler o capítulo seguinte. Bastam algumas palavras a mais no último parágrafo, para introduzir o leitor no novo tema que se vai abordar. De forma análoga Clive Staples Lewis (1898-1963) em seu livro Mere Christianity começa o capítulo novo, recordando algumas idéias do anterior. A explicação é simples. Como o livro foi uma transcrição de palestras radiofônicas (Broadcast Talks) ele era "obrigado" a recordar em parte a conferência anterior. Desta forma, os parágrafos de transição, sejam eles no fim ou no início de cada capítulo, garantem ao leitor a sensação de que o autor pensou nele, e que dentro do seu estilo, quis tornar a leitura mais agradável.

A revolução silenciosa: revolução gramsciana










Diego Casagrande




 Não espere tanques, fuzis e estado de sítio.

Não espere campos de concentração e emissoras de rádio, tevês e as redações ocupadas pelos agentes da supressão das liberdades.

Não espere tanques nas ruas.

Não espere os oficiais do regime com uniformes verdes e estrelinha vermelha circulando nas cidades. 

Não espere nada diferente do que estamos vendo há pelo menos duas décadas.

Não espere porque você não vai encontrar, ao menos por enquanto.

A revolução comunista no Brasil já começou e não tem a face historicamente conhecida. Ela é bem diferente. É hoje silenciosa e sorrateira. Sua meta é o subdesenvolvimento. Sua meta é que não possamos decolar.

Age na degradação dos princípios e do pensar das pessoas. Corrói a valorização do trabalho honesto, da pesquisa e da ordem.

Para seus líderes, sociedade onde é preciso ser ordeiro não é democrática. 

Para seus pregadores, país onde há mais deveres do que direitos, não serve.

Tem que ser o contrário para que mais parasitas se nutram do Estado e de suas indenizações.

Essa revolução impede as pessoas de sonharem com uma vida econômica melhor, porque quem cresce na vida, quem começa a ter mais, deixa de ser "humano" e passa a ser um capitalista safado e explorador dos outros. 

Ter é incompatível com o ser. Esse é o princípio que estamos presenciando.

Todos têm de acreditar nesses valores deturpados que só impedem a evolução das pessoas e, por consequência, o despertar de um país e de um povo que deveriam estar lá na frente. 

Vai ser triste ver o uso político-ideológico que as escolas brasileiras farão das disciplinas de filosofia e sociologia, tornadas obrigatórias no ensino médio a partir do ano que vem.

A decisão é do ministério da Educação, onde não são poucos os adoradores do regime cubano mantidos com dinheiro público. Quando a norma entrar em vigor, será uma farra para aqueles que sonham com uma sociedade cada vez menos livre, mais estatizada e onde o moderno é circular com a camiseta de um idiota totalitário como Che Guevara. 

A constatação que faço é simples.

Hoje, mesmo sem essa malfadada determinação governamental - que é óbvio faz parte da revolução silenciosa - as crianças brasileiras já sofrem um bombardeio ideológico diário. 

Elas vêm sendo submetidas ao lixo pedagógico do socialismo, do mofo, do atraso, que vê no coletivismo econômico a saída para todos os males. E pouco importa que este modelo não tenha produzido uma única nação onde suas práticas melhoraram a vida da maioria da população. Ao contrário, ele sempre descamba para o genocídio ou a pobreza absoluta para quase todos. 

No Brasil, são as escolas os principais agentes do serviço sujo.

São elas as donas da lavagem cerebral da revolução silenciosa.

Há exceções, é claro, que se perdem na bruma dos simpatizantes vermelhos. 

Perdi a conta de quantas vezes já denunciei nos espaços que ocupo no rádio, tevê e internet, escolas caras de Porto Alegre recebendo freis betos e mantendo professores que ensinam às cabecinhas em formação que o bandido não é o que invade e destrói a produção, e sim o invadido, um facínora que "tem" e é "dono" de algo, enquanto outros nada têm. 

Como se houvesse relação de causa e efeito.

Recebi de Bagé, interior do Rio Grande do Sul, o livro "Geografia", obrigatório na 5ª série do primeiro grau no Colégio Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora. Os autores são Antonio Aparecido e Hugo Montenegro. 

O Colégio Auxiliadora é uma escola tradicional na região, que fica em frente à praça central da cidade e onde muita gente boa se esforça para manter os filhos buscando uma educação de qualidade.

Através desse livro, as crianças aprendem que propriedades grandes são de "alguns" e que assentamentos e pequenas propriedades familiares "são de todos". 

Aprendem que "trabalhar livre, sem patrão" é "benefício de toda a comunidade". Aprendem que assentamentos são "uma forma de organização mais solidária... do que nas grandes propriedades rurais". 

E também aprendem a ler um enorme texto de... adivinhe de quem? — João Pedro Stédile, o líder do criminoso MST que há pouco tempo sugeriu o assassinato dos produtores rurais brasileiros.

O mesmo líder que incentiva a invasão, destruição e o roubo do que aos outros pertence. Ele relata como funciona o movimento e se embriaga em palavras ao descrever que "meninos e meninas, a nova geração de assentados... formam filas na frente da escola, cantam o hino do Movimento dos Sem-Terra e assistem ao hasteamento da bandeira do MST". 

Essa é a revolução silenciosa a que me refiro, que faz um texto lixo dentro de um livro lixo parar na mesa de crianças, cujas consciências em formação deveriam ser respeitadas.

Nada mais totalitário. Nada mais antidemocrático. Serviria direitinho em uma escola de inspiração nazifascista. 

Tristes são as consequências.

Um grupo de pais está indignado com a escola, mas não consegue se organizar minimamente para protestar e tirar essa porcaria travestida de livro didático do currículo do colégio. 

Alguns até reclamam, mas muitos que se tocaram da podridão travestida de ensino têm vergonha de serem vistos como diferentes. Eles não são minoria, eles não estão errados, mas sentem-se assim.

A revolução silenciosa avança e o guarda de quarteirão é o medo do que possam pensar deles. O antídoto para a revolução silenciosa? Botar a boca no trombone, alertar, denunciar, fazer pensar, incomodar os agentes da "Stazi" silenciosa.

Não há silêncio que resista ao barulho!

“Quando todas as armas forem propriedade do governo e dos bandidos, estes decidirão de quem serão as outras propriedades.” Benjamin Franklin

A grande viúva do desarmamento em suas devoções





Retrato de uma viúva em suas devoções - Leandro Bassano (1557-1622)



Bene Barbosa



Uma das principais obras do pintor italiano Leandro Bassano (1557-1622) é o quadro Uma viúva em suas devoções, que retrata uma velha senhora em óbvio luto à frente da imagem de um nascimento. Ela reza. A percepção transmitida é a de que, para aquela viúva, nada mais tem valor além de sua perda. Não importa se o mundo segue em diante, com outras mortes e outros nascimentos. 

Ao ler o editorial da última sexta-feira de um dos maiores jornais do Brasil, em que se atacam ferozmente aqueles que são contra o desarmamento, acusando parlamentares de serem desprovidos de convicções e fazerem parte do “lobby dos fabricantes de armas”, lembrei-me imediatamente daquele quadro de Bassano. 

A grande viúva do desarmamento não aceita a derrota; não aceita que o desarmamento fracassou e os dados do Mapa da violência – estudo feito pelo Instituto Sangari – provam isso. A grande viúva, após quase uma década apoiando a ideia de que a população fosse desarmada, segue não aceitando o fato de que, pela primeira vez na sua história, saiu fragorosamente derrotada da submissão de sua ideologia à consulta popular —o Referendo de 2005. Segue insistindo, temerariamente, em que o cidadão deva entregar sua vida e segurança nas mãos de um Estado completamente inepto em protegê-lo, como provam as notícias do mundo real que ela própria, em sua viuvez, é obrigada a estampar em suas páginas diárias. 

A grande viúva não aceita que a vida segue, que as leis precisam ser adequadas à vontade popular e que os deputados e senadores eleitos têm a obrigação de assim agirem, respeitando a democracia e os preceitos republicanos. 

Mas a grande viúva também tem preocupações. Preocupa-se com a tentativa de subjugar o Judiciário. Preocupa-se com a tentativa do enfraquecimento do Poder Legislativo pelo Poder Executivo e, principalmente, se apavora com a ideia do controle social da mídia. Só que permanece cega em suas devoções, incapaz de visualizar a estreita relação entre esses preocupantes fatos e aquela ideologia que abraça com tanto afinco, acabando, em seu egocentrismo contumaz, por alimentar e fortalecer o grande lobo que um dia irá devorá-la. 

A pobre viúva ainda terá muitos mortos para chorar.
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