terça-feira, 12 de março de 2013

Gregório XVII, Papa em 1958... Verdade, ou Boato?




“Em 1954 o Conde Della Torre, editor do jornal do Vaticano L'Osservatore Romano, avisou ao Papa Pio XII das simpatias do Cardeal Angelo Roncalli pelo comunismo. Outros membros da “Nobreza Negra” também expressaram preocupações similares.

Mas Roncalli [depois conhecido como 'Papa João XXIII'] não escapou das atenções do FBI e da CIA. As duas agências começaram então a acumular vasto material sobre ele e as duvidosas atividades de outros 'progressivos' dentro do Vaticano, incluindo o Monsenhor Giovanni Battista Montini (o futuro Paulo VI).[...]

Pio XIII havia apontado o Cardeal Giuseppe Siri como seu sucessor. Siri era um raivoso anti-comunista, um tradicionalista intransigente nas questões doutrinárias da Igreja e habilidoso nas questões burocráticas...

Em 1958 [26 de outubro], enquanto os cardeais estavam trancados na Capela Sistina para eleger o novo papa, misteriosos eventos começaram a acontecer. Na terceira votação, Siri, de acordo com fontes do FBI, obteve os votos necessários e foi eleito, como o Papa Gregório XVII. Uma fumaça branca surgiu da chaminé da capela para informar aos fiéis que um novo papa havia sido escolhido. As boas novas foram anunciadas às 18:00h na rádio do Vaticano. O locutor afirmou, "fumaça é branca...Não há absolutamente nenhuma dúvida. Um novo papa foi eleito."...

Mas o novo papa falhou em aparecer. Dúvidas começaram a surgir se a fumaça era realmente branca ou cinzenta. Para dirimir tais dúvidas, o Monsenhor Santaro, secretário do Conclave dos Cardeais, informou à imprensa que a fumaça era, realmente, branca e que um novo papa havia sido eleito. A espera continuou. À noite a rádio Vaticano anunciou que o resultado continuava incerto. No dia 27 de outubro, o jornal 'The Houston Post' informava em manchete de capa: "Cardeais fracassam em eleger o papa em quatro votações: Sinais confusos de fumaça causam falsos comunicados."

Mas os comunicados estavam corretos. Na quarta votação, de acordo com a fonte do FBI, Siri novamente obteve os votos necessários e tinha sido eleito o Supremo Pontífice. Mas cardeais franceses anularam a votação, alegando que o resultado iria causar revoltas generalizadas e o assassinato de muitos proeminentes bispos nos países da Cortina de Ferro.

Os cardeais optaram então eleger o Cardeal Frederico Tedischini como um 'papa de transição', mas Tedischini estava muito idoso para aceitar o cargo.

Finalmente, no terceiro dia de votação, Roncalli obteve o apoio necessário para se tornar o Papa João XXIII.”

(Paul L. Willians, USA 2003, "The Vatican Exposed: Money, Murder and the Mafia")

Extraído da Wikipédia:

Cardeal Dom Giuseppe Siri (Gênova, 20 de maio de 1906 — + Gênova, 2 de maio de 1989) foi um cardeal católico italiano, com tendências conservadoras. (Do título de Cardeal-presbítero de Santa Maria della Vittoria)

Foi ordenado padre em 22 de setembro 1928. Em 1944 foi nomeado bispo-auxiliar de Génova e em 1946 quando do falecimento do arcebispo Boetto, tornou-se arcebispo.

Foi arcebispo de Génova de 1946 a 1987, e foi elevado a cardeal em 1953 pelo Papa Pio XII, então participou em quatro conclaves: 1958, 1963, e os dois de 1978. Participou no Concílio Vaticano II (1962-1965) e revelou-se céptico em relação ao "aggiornamento" e às reformas propostas pelo Concílio.

Dom Giuseppe foi presidente da Conferência Episcopal Italiana desde 1959 e confirmado em 1962

Celebrou o casamento do rei Balduíno I da Bélgica em 15 de dezembro 1960.

Siri é um Papa?

Alguns católicos tradicionalistas acreditam que o Cardeal Giuseppe Siri foi de facto eleito Papa no conclave de 1958, mas que teve que dar o seu lugar a Roncalli (Papa João XXIII) devido às ameaças dos comunistas (nomedamente dos soviéticos). Os apoiantes desta teoria afirmam também que esta suposta resignação do Cardeal Siri era ilegal, por isso eles acreditam que Siri é que era o verdadeiro e legítimo Papa (eles até acreditam que Siri escolheu o nome papal de Gregório XVII). Eles acham por isso que João XXIII era só um mero usurpador ilegal da cátedra de São Pedro.



Papa Gregório XVII é eleito o Sucessor 261º de São Pedro

Mas, existem também muitos estudiosos, entre os quais católicos tradicionalistas (ex: Hutton Gibson), que defendem que esta teoria é falsa e foi baseada em interpretações confusas e distorcidas dos factos e de certas notícias em língua italiana.

Viva Cristo Rei! 

Fonte: http://rainhaddosmartires.blogspot.com.br/2013/02/gregorio-xvii-papa-em-1958-verdade-ou_15.html

A história do Cardeal que renunciou ao papado


Sem dúvidas as linhas a seguir constituirão para muitos uma surpresa ao mesmo tempo agradável e triste. Semelhantes atos foram tomados ao longo da existência da Igreja, mas o que marca esta renúncia é suas consequências para a Igreja. Muito embora, como denunciamos em outras oportunidades, a franco-maçonaria estivesse rebentando no interior da Igreja durante 1958, talvez a situação devesse ter sido adiada com um paliativo poderoso, como a ascensão de um papa tradicional que viesse a substituir S.S. Pio XII. É um fato triste, haja vista não a atitude em si da negação, mas devido às consequências que João XXIII causou na Igreja, ao, abruptamente, convocar um dos eventos mais pesarosos e destrutivos dos últimos séculos para a Igreja. Isso não apenas nós reconhecemos, como o próprio cardeal em questão.¹

O Cardeal Giuseppe Siri (1906-1989) foi um dos cardeais mais importantes da história da Igreja Católica do XX século. Arcebispo de Gênova por mais de quarenta anos, era considerado um dos prelados mais conservadores. No Concílio Vaticano II, foi membro da Comissão Preparatória Central e da Subcomissão das Emendas.²



Devido à sua experiência e sólida formação, o Cardeal Siri fora um dos maiores defensores da tradição e ortodoxia católica, sendo, inclusive ”membro do Coetus Internationalis Patrum (Grupo Internacional dos Padres [Conciliares]). Em 1962, tornou-se presidente da Conferência Episcopal Italiana. Em 1968, fez parte da comissão que revisou o Código de Direito Canônico”³. Sua competência como revisor do CDC é constatada por inúmeros testemunhos.

A teoria de que o mesmo Cardeal, quando do conclave de 1958, tenha sido eleito é confirmado por muitos testemunhos que dão conta da emissão do fumo branco (tradição longínqua de se anunciar a eleição de pontífices) na Capela Sistina. E todos os indícios, como a predileção por um papa que viesse a coroar os esforços de S.S. Pio XII em enfrentar o mau do liberalismo e do modernismo, apontam para que a escolha recaísse sobre Siri; um fato que é reconhecido historicamente, a exemplo disto, é sua integridade moral: “Os sedevacantistas lhe ofereceram apoio muitas vezes, mas ele sempre rejeitou, preferindo morrer em um estado de comunhão com o Catolicismo, como ele mesmo afirmou. Apoiou com todas as forças a permanência, na Igreja, dos sacerdotes de Lefebvre, que viam nele um ponto de referência seguro. Exigia o uso da batina e considerava seu abandono um sinal de infidelidade para com o ministério sacerdotal”5.


Embora se careça em língua portuguesa de informações de maior densidade a respeito da história biográfica do Cardeal Siri, informações recolhidas em fontes dispersas, quando reunidas, dão conta da solidez desta teoria.

Nos ambientes tradicionalistas, frequentemente é retomada a tese pela qual, no conclave de 1958, ele teria sido eleito Papa. Os numerosos fieis presentes em Praça São Pedro afirmavam que a tradicional fumaça da Capela Sistina fosse branca, o que sinalizava a escolha definitiva do novo Papa. Esta tese foi defendida, entre tantos, pelo jornalista norte-americano Paul L. Williams, que declarou ter examinado um dossiê do FBI, de 10/04/61, no qual os serviços secretos norte-americanos haviam sido informados de que o Card. Siri fora eleito Papa no dia 26 de Outubro de 1958 4.

Por quatro vezes foi tido como ‘papável’: 1958, 1963 e nos dois conclaves de 1978. Em uma entrevista em 1988, Siri teria dito que estava arrependido de não ter aceitado a candidatura nos conclaves de que participou, por causa das consequências que advieram, e que pedia perdão a Deus por seu erro. Passou seus últimos dias em uma casa que lhe fora deixada de herança pela Condessa Carmela Campostano. Dizia-se que ele era ‘prisioneiro’ do Vaticano, não podendo deixar a mansão de Albaro (Gênova).







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¹ – A fim de melhor expressar o dito: de modo algum queremos afirmar que o Cardeal Siri cometeu um ato improbo ou imputar-lhe alguma culpa. Sabemos que são estes desígnios de Deus dos quais desconhecemos as razões. Pontificamos que, de modo algum, um cardeal com relevante eminência e autêntica fé pode ser considerado culpado de algo neste sentido.

² -

³ – 4 – 5 –

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Trecho extraído do site do Apostolado Católico Arauto da Verdade©, disponível no link: http://arautoveritatis.com/2011/12/a-historia-do-cardeal-que-renunciou-ao-papado/#ixzz2NLEp8MTW
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A perversa mitologia soviética



No dia de hoje, mas 68 anos atrás nasceu Vladimir Bukovsky, neurofisiólogo, activista, escritor e dissidente soviético, libertado da cadeia comunista em troca pelo líder do PC chilena Luis Corvalán.

Infelizmente, o trabalho do Bukovsky é pouco conhecido no Ocidente ou mesmo na Rússia. Em 2008, Vladimir Bukovsky tentou concorrer às eleições presidenciais contra Dmitri Medvedev e viu a sua candidatura sofrer várias pressões ao estilo da junta chilena: perseguições, detenções e prisões dos seus mandatários, a sua própria detenção, etc.

Mas hoje me apetece vós traduzir apenas um pequeno trecho da sua biografia chamada: “Cartas do Viajante Russo”, Nova Iorque, Chalidze Publications, 1981, 268 páginas. Nomeadamente os trechos № 257 e № 258:

“Um amigo meu me contou, que por exemplo, as delegações estrangeiras, que indo a Moscovo passavam pela sua estacão (dos caminhos de ferro), regularmente eram recebidos por um grupo preparado e bem vestido dos artistas locais, em vestes tradicionais (da Moldova), que iniciavam os cantos e as danças mesmo na plataforma (dos comboios). O comboio parava apenas durante 15 – 20 minutos. Antes da chegada (do comboio), nos quiosques da estação dos caminhos de ferro eram colocados o chocolate, as frutas e outros produtos raros, afixando os preços extremamente baixos. Obviamente, toda a população daquela cidadezinha sabia deste espectáculo, mas não deixavam a população local entrar na plataforma para que eles não acabassem em um só momento com os produtos propagandísticos. Apenas os mais ágeis, principalmente os rapazes, conseguiam as vezes penetrar na estação antes da chegada do comboio e se aproveitar (da situação).

Mas quem dos (cidadãos) ocidentais podia só de imaginar uma operação desta envergadura, conduzida para a sua pessoa simples, numa cidadezinha da província, onde o comboio parava por alguns minutos? Obviamente, voltando para casa, o visitante estrangeiro se tornava o guia da propaganda soviética, até sem se aperceber disso”.


Bukovsky Vladimir, “Cartas do Viajante Russo”, Nova Iorque, Chalidze Publications, 1981




Fonte: http://ucrania-mozambique.blogspot.com.br/2010/12/perversa-mitologia-sovietica.html

O fim do fundador da heresia Ariana


O fim daqueles que se dedicam a destruir a obra de Deus, que justificam suas vidas em aniquilar todas as construções físicas ou metafísicas que levam o selo divino, é horrendo e em várias descrições de visões do inferno toma uma tônica agonizante insuportável para a boa alma. Diz-se não somente do mais famoso traidor da história Bíblica — Judas Iscariotes — terríveis narrativas, bem como de alguns outros heresiarcas que lograram conquistar levas de cristãos para suas terríveis causas, como bem descreve o Rev. pe. Leonel Franca¹ sobre o fim de Lutero, miserável e congruente com seu pecado. 

Abaixo transcrevemos sucinto texto que relata a morte do famoso Rev. Ário, um dos primeiros hereges que gozou de grande potencial destrutivo da fé pela sua eloquência sofismática, combatido com superior verve por Santo Agostinho.

***

A morte de Ário 

Por volta de trezentos anos depois do nascimento de Nosso Senhor, Ário, um padre de Constantinopla, começou a ensinar que Cristo não era Deus. Ele angariou muitos seguidores, mas ele e sua heresia foram condenados no Concílio de Niceia. 

Mais tarde, contudo, o Imperador Constantino esposou sua causa e ordenou ao Bispo de Constantinopla que o recebesse na comunhão da Igreja. O bispo ficou indefeso e só podia suplicar a Deus que evitasse tal escândalo. Deus não deixou de ouvir sua oração. 

Quando Ário, com seus seguidores, chegou numa procissão festiva às portas da catedral, o herege foi subitamente atacado por espasmos horrorosos, e tendo sido levado para uma sala para se recuperar, lá permaneceu por tanto tempo que seus seguidores foram à sua procura. Eles o encontraram lívido e morto, como seu sangue e intestinos espalhados pelo chão do aposento. Seu corpo se despedaçou como o do traidor Judas². 

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¹ – A Igreja, a Reforma e a Civilização, Pe. Leonel Franca, Editora Agir, 1952.
² - Anecdotes and Examples Illustrating the Catechism, Rev. Francis Spirago, Roman Catholic Books, 1903.


Segunda Guerra Mundial: Resquícios do espírito de cavalaria





O B-17 voava baixo, retornando sozinho e sem escolta de uma missão de bombardeio no coração da Alemanha. A longa batalha contra os caças das defesas alemãs tinha sido muito dura, metade da tripulação estava ferida, o artilheiro de cauda estava morto dentro de sua cabine de vidro e gotas de sangue congelado cobriam as suas metralhadoras. O avião estava quase que completamente destruído, mas milagrosamente ainda conseguia voar. Havia perdido um dos profundores, um dos motores, a fuselagem estava arrebentada, nenhum armamento defensivo estava operante.

Charles Brown, de apenas 21 anos, um rapaz da roça do estado de West Virginia, pilotava o bombardeiro na sua primeira missão de combate.

O piloto olhou para fora de sua cabine e gelou. Ele piscou os olhos bem forte e olhou de novo esperando que fosse apenas uma miragem, mas seu co-piloto assustou-se com a mesma visão horrível.

"Meu Deus, é um pesadelo", disse o co-piloto.
"Ele vai nos destruir", concordou o piloto.

Eles estavam olhando para um caça alemão, um Messerschmitt cinza que pairava apenas a um metro da ponta de sua asa. Faltavam apenas cinco dias para o Natal de 1943 e o caça alemão aproximara-se para o abate deste B-17 americano arrebentado.

Mas quando Brown e seu co-piloto olharam novamente para o piloto do caça, algo estranho aconteceu. O piloto alemão não puxou o gatilho, em vez disso, ele assentiu com a cabeça.

O que se seguiu foi um dos maiores atos de nobreza cavalheiresca registrados durante a Segunda Guerra Mundial.
...

O Segundo Tenente Franz Stigler, um az dos ares, estava a postos na sua base aérea, ao lado de seu caça, naquele dia gelado de dezembro. Mais um abate e receberia a Cruz de Ferro, a maior condecoração alemã.

Mas ele estava motivado por vingança, não pela honra. 

Seu próprio irmão e colega na Luftwaffe fora morto naquele mesmo ano. Seus colegas de arma vinham sendo mortos por pilotos americanos e suas cidades arrasadas.

Ao final da guerra a Alemanha iria perder 28.000 pilotos.

Stigler ouviu os motores do bombardeiro e quando olhou para cima viu o B-17 voando tão baixo que parecia estar preparando-se para pousar. Assim que o bombardeiro desapareceu atrás de umas árvores Stigler jogou a bituca do lado, saudou um colega da equipe de apoio em terra e decolou para a perseguição.

Enquanto o caça de Stigler subia para encontrar o bombardeiro ele decidia atacar pela retaguarda. Aproximou-se por trás do avião inimigo, olhou pela mira do seu canhão e colocou o dedo no gatilho. Quando estava pronto a abrir fogo, Stigler hesitou, estava surpreso pois o bombardeiro não havia atirado contra ele.

Aproximou-se e viu o artilheiro de cauda parado como uma estátua. O colarinho branco de seu uniforme estava ensopado de sangue. Stigler esticou o pescoço para examinar o resto do avião e viu que a cobertura da fuselagem fora arrancada, seus canhões estavam destruídos e ele podia ver os homens amontoados dentro do avião cuidando das feridas dos outros tripulantes.

Em seguida, ele levou seu avião ao lado da asa do bombardeiro e encarou o piloto cujos olhos estavam arregalados de choque e horror.

Stigler apertou sua mão contra o Terço que levava dentro da jaqueta de voo e relaxou o dedo indicador do gatilho. 

Ele não poderia disparar, seria assassinado.

Ele vivia por uma regra, podia rastrear seus ancestrais até Cavaleiros do século XVI e havia estudado no seminário.

Um piloto alemão que poupasse o inimigo poderia ser condenado a morte na Alemanha Nazista se alguém o denunciasse.

Sozinho com aquele bombardeiro incapacitado, Stigler mudou sua missão. Após sinalizar ao piloto americano, ele começou a voar ao seu lado, assim os canhões anti-aéreos alemães em terra não atirariam contra o lento bombardeiro (a Luftwaffe possuía seus próprios B-17, capturados e re-construídos, para missões secretas e de treinamento).

Stigler escoltou o bombardeiro até o Mar do Norte, fez uma última saudação para o piloto americano e puxou seu caça de volta para a Alemanha.

"Boa sorte", pensou Stigler, "você está nas mãos de Deus".
...

O Segundo Tenente Charles Brown não conseguia pensar em mais nada além de sobreviver, mas quando conseguiu terminar de pousar seu bombardeiro de volta a sua base na Inglaterra, já sem uma gota de combustível, afundou-se em seu assento segurando a Bíblia que levava dentro de sua jaqueta e ficou lá sentado em silêncio.

A história não termina aqui, estes dois homens encontraram-se 50 anos depois, ficaram amigos e é outra história... para quem quiser ler a reportagem da CNN sobre atos de nobreza na guerra.

Escrever como se fala




  propósito do acordo ortográfico (cuja vigência foi adiada – nem quero discutir!), um leitor da Folha de S. Paulo escreveu (02/02/2013): “Se for para simplificar (alguém tinha sugerido isso), eu incluiria uma regra básica: todo “s” com som de “z” deveria ser grafado como se fala e não como se escreve. Assim, todos escreveriam mais corretamente, pois bastaria seguir a pronúncia e não e etimologia”.


 
  Escreveríamos com “z” palavras como “caza” (casa), além dos casos (cazos?) do tipo “zebra” (zebra). Provavelmente, ele incluiria escrever “ezemplo” (exemplo), eu penso.

  A regra produziria uma simplificação incrível. Supondo que aceite extensões, que o caso mencionado seja só um exemplo, escreveríamos com “s” palavras como “saco” (saco), “naseu” (nasceu), “nasa” (nasça), “casado” (caçado / cassado), “sego” (cego), eseto (exceto), “felis” (feliz) – ninguém pronuncia “feliz”.

  Mas “feliz” já oferece um problema. Na verdade, dois. Qual seria a vantagem de escrever “felis” com “s”, se o plural é “felizes”? Talvez o leitor admitisse levar em conta a morfologia, excluindo ainda a etimologia. Esse é o primeiro problema, que resolveria também casos como “papeu” (papel), que poderia continuar escrito com “l”, já que existem palavras como “papelaria / papelucho” etc., nas quais o “l” volta.

  Mas como resolver o outro problema de “feliz”, já que muita gente pronuncia “filiz” (como pronuncia “mininu” / “leiti” etc.)? Haveria uma campanha para uniformizar as pronúncias? E quem fala “leitchi”, como escreveria “leite”? Deveria pronunciar “leite”?

  Como o leitor não explicitou se a simplificação se aplicaria apenas aos “s” com som de “z” ou a todos os casos similares, fica-se na dúvida sobre a extensão da proposta (como se escreveria a sílaba final de “extensão”?). Se fosse mais audacioso, poderia propor que acabasse também a dupla grafia x / ch (escreveríamos sempre com x, digamos, “xoxo / xeque (ambos) coxa /  xuxu / xapéu etc.). “Tóxico” se escreveria “tócsico” e “táxi”, “tácsi”?  “Sexo” seria “secso” ou “séquisso”, conforme a pronúncia?

  Da mesma forma, passaria  a haver grafias alternativas como “Ricifi” em alguns lugares, “Recife” em outros e até “Récife/i” ainda em outros? E escreveríamos “festa”, com “é” (acentuado), já que na primeira sílaba ocorre uma vogal aberta, que teria que ser diferenciada do “e” de “feira”, fechado?

  E como escrever “campo” e “dando” (e todas as sílabas similares à primeira dessas palavras)? Com uma vogal seguida de nasal ou com uma vogal com til? (“campo” ou “cãpo”?). Atualmente, escrevemos “mandaram” e “mandarão” (apesar de a pronúncia da sílaba final ser a mesma, havendo apenas diferença de tonicidade). A escrita simplificada seria a mesma para as duas formas? E se adotássemos “mandaram”, também escreveríamos “lam” (lã)? Lembremos que se escreve “quem”, “alguém”, palavras cuja sílaba final é um ditongo, e não uma vogal seguida de consoante nasal…

  Nordestinos como o ex-vice-presidente Marco Maciel (um sujeito culto à beça), que fala “puque u pudê”, escreveria assim mesmo essa sequência ou escreveria “porque o poder”?

  Diante de tantos casos a serem decididos (de que os mencionados são pequena amostra), não é muito mais óbvio pensar que, qualquer que seja o sistema adotado, o problema não está nele, mas no tempo dedicado à escrita, começando pela escola, sem que a questão se restrinja a ela?


  Finalmente, qual seria o problema de aceitar (ou fechar um pouco o olho) certos casos de grafia divergente, dando a eles apenas a importância que têm, ou seja, considerando que a compreensão de um texto é menos prejudicada por problemas de grafia do que por outros, bem mais complexos e, em geral, mais graves?




Fonte: TERRA MAGAZINE - SIRIO POSSENTI
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