sábado, 21 de setembro de 2013

Por que crianças deveriam estudar latim?







A tradução abaixo, originalmente publicada no site do professor Rafael Falcón e gentilmente cedida por ele para divulgação aqui no Educação de Crianças, trata-se de um trecho do livro “The Well-Trained Mind: A Guide to Classical Education at Home” e explica a importância do ensino do Latim para crianças. Outros trechos deste mesmo livro já foram publicados aqui no blog e, para quem lê inglês, vale a pena comprar este maravilhoso guia de Educação Clássica para famílias de homeschoolers.

Aproveito para indicar um novo site sobre Homeschooling voltado para as famílias brasileiras: Homeschooling Brasil, de Rafael Falcón e Day Teixeira. No site há ótimos artigos sobre educação e homeschooling, além de atividades práticas traduzidas do livro Slow and Steady Get me Ready. Não deixem de conferir!


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Por que se importar com o latim? Trata-se, afinal, de uma “língua morta” (expressão pejorativa); não há literatura sendo produzida nela, ninguém a fala ou faz negócios por meio dela.
Nós nos importamos por uma série de razões.
O latim treina a mente para pensar de modo ordenado. A língua latina (já que está morta) é o idioma mais sistemático à nossa disposição. A disciplina de coordenar desinências e organizar a sintaxe (formas gramaticais) segundo conjuntos de regras é o equivalente mental de correr três quilômetros por dia. E, uma vez que o latim exige precisão, a mente latinizada acostuma-se a prestar atenção a detalhes – hábito que compensará especialmente quando for estudar matemática e ciências.
O latim melhora a habilidade no inglês. A estrutura gramatical do inglês é baseada no latim, bem como cerca de 50% do vocabulário inglês. O aluno que entende como o latim funciona raramente será confundido por uma sintaxe inglesa mais complexa ou por palavras inglesas obscuras. Susan atribui parte de seus elevados resultados nos testes-padrão (740 no SAT verbal, 800 no GRE verbal) ao estudo do latim, que ela iniciou na terceira série.
O latim prepara a criança para o estudo de outras línguas estrangeiras: francês, espanhol e italiano são todas aparentadas com o latim. Mesmo línguas não-latinas podem ser aprendidas mais facilmente se o latim já tiver sido estudado. A criança que já foi provada na sintaxe latina entende os conceitos de concordância, flexões nominais, conjugações verbais e gênero gramatical, não importa em que língua esses conceitos venham a aparecer.
O latim protege da arrogância. O estudo desse idioma mostra ao jovem que seu mundo, sua língua, seu vocabulário e seu modo de expressão são apenas um jeito de viver e pensar – num mundo grande, tumultuado e complicado. O latim força o aluno a olhar para palavras e conceitos de um novo modo:
O que esta palavra em latim quer dizer realmente?

Esta palavra inglesa é uma boa tradução dela?

A palavra latina não expressa algo que não possui equivalente em inglês?

Isto revela um vão no meu próprio pensamento?


Um idioma estrangeiro, como escreveu Neil Postman, “oferece-nos a entrada numa cosmovisão diferente da nossa própria… Se é importante que nossos jovens valorizem a diversidade de pontos de vista, não há melhor meio de atingi-lo que fazer-lhes aprender um idioma estrangeiro”. (The End of Education: Redefining the Value of Schools. New York: Knopf, 1995, p. 147)
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