terça-feira, 12 de novembro de 2013

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas! — 12 de Novembro: A Santa Missa e o purgatório (Parte XIII)



Nota do blogue:  Acompanhe esse Especial AQUI.

Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
30 meditações e exemplos sobre o Purgatório e as Almas
por Monsenhor Ascânio Brandão

Livro de 1948 - 243 pags
Casa da U.P.C.
Pouso Alegre






12 de Novembro

A SANTA MISSA E O PURGATÓRIO


0 maior dos sufrágios


Incontestavelmente, não há maior nem mais po­deroso e eficaz sufrágio que possamos oferecer a Deus pelos defuntos que a Santa Missa. A Igreja não definiu muita coisa sobre o purgatório, mas o essen­cial das suas definições está nestes dois princípios, duas verdades de fé que somos obrigados a crer si quisermos pertencer ao grêmio da Igreja de Nosso Senhor, porque, do contrário, o anátema pesará sobre os descrentes:

0 Concilio de Trento define a existência do pur­gatório, como já vimos, e uma segunda definição: Se alguém disser que o Santo Sacrifício da Missa não deve ser oferecido pelos vivos e os mortos, pelos pe­cados, penas e satisfações, seja anátema[1]. Eis aí o sufrágio por excelência, o verdadeiro sufrágio que podemos oferecer a Deus pelos nossos mortos, na cer­teza de que é sempre eficaz e poderoso. No Sacrifí­cio do Altar se oferece a grande Vítima e o Sacrificador é o próprio Cristo Senhor Nosso. É o mesmo sacrifício do Calvário. Tem o mesmo mérito da Cruz. Donde se conclui que as almas do purgatório recebem da Santa Missa o mesmo tesouro do Sangue Precio­síssimo de Nosso Senhor derramado na cruz e pela nossa salvação. Pode haver maior sufrágio que a Missa?

Distinguem-se quatro frutos principais do San­to Sacrifício: Um fruto geral, aplicado a todos os fiéis vivos e defuntos não separados da Comunhão da Igreja; um fruto especial, aplicado aos que assistem atualmente a Santa Missa; um fruto especialíssimo aos que mandam celebrar a Santa Missa, e um fruto ministerial, que pertence ao celebrante e é ina­lienável.

Ora, quem não pode aproveitar pois este grande tesouro da Igreja, oferecido cada manhã em nossos altares? Não há obra mais agradável a Deus nem mais meritória e própria para alimentar a verdadei­ra piedade, que a assistência à Santa Missa. “Não há maior socorro às almas do purgatório, disse D. Gueranger, o ilustrado e piedoso beneditino do L’Anné Liturgique. Quando o padre celebra, diz a Imita­ção de Cristo, honra a Deus, alegra os Anjos, edifica a Igreja, ajuda os vivos, procura o descanso para os mortos e se torna participante de todos os bens”[2].

A Santa Missa é a riqueza do purgatório, a es­perança das santas almas sofredoras. Não podemos oferecer nada melhor e nada mais eficaz para aliviá-las que o Santo Sacrifício. A Missa é o sol da Igreja, diz São Francisco de Sales. É o sol que dissipa as trevas do purgatório. Podemos talvez duvidar às vezes da eficácia e do poder de nossas orações feitas com tantas distrações e em condições tão precárias; mas, do poder e da eficácia do Santo Sacrifício, no qual se oferece o Sangue de Jesus Cristo pelas almas, que dúvida nos pode ficar do valor desta Obra?

Não podemos fazer nada maior nem melhor do que oferecer o Santo Sacrifício pelas almas.


O tesouro das almas

Sim, a Santa Missa é o tesouro das pobres al­mas. Nenhum meio é mais poderoso e eficaz para libertá-las, já o vimos. São Leonardo de Porto Mau­rício, que foi um grande apóstolo e devoto do Santo Sacrifício, dizia: “Quereis uma prova de que a Missa trás alívio às pobres almas? Ouvi um dos mais sábios Doutores da Igreja, São Jerônimo: ‘Durante a cele­bração de uma Missa por uma alma sofredora, esta alma pode ser preservada de todo ou em parte da pena do fogo. Em cada Missa que se celebra, diver­sas almas são livres do purgatório. Refleti ainda nis­to: a vossa caridade por estas almas será de muita vantagem para vós. Ó Missa bendita, és útil há um tempo para os vivos e os mortos! No tempo e na eter­nidade!’ Permite que vos dirija uma súplica, acres­centa São Leonardo, e quero vos pedir de joelhos: tomai a firme resolução de ouvir ou de fazer cele­brar todas as Missas que vossas ocupações e vossos recursos vos permitirem, não só pelos defuntos mas também por vossas almas. Dois motivos devem vos decidir: o primeiro motivo, alcançar uma boa mor­te... Ó, como será doce e tranquila a morte de quem empregou sua vida em ouvir o maior número de Mis­sas que pode! O segundo motivo é alcançar para vós mesmos o imenso favor de roubar o céu até sem pas­sar pelo purgatório, ou abreviar muito o tempo de permanência naquelas chamas expiadoras”.

Ao Beato João d’Ávila, ao chegar aos últimos instantes da vida, perguntaram o que mais deseja­ria depois da morte: — Missas! Missas! Missas! [3]

Santa Monica estava às portas da eternidade. No leito de morte, disse ao filho querido, Agostinho, que lhe custara tantas lágrimas e que a havia en­chido de tantas consolações nos últimos dias:

— Meu filho, logo não tereis mãe. Quando eu não estiver mais neste mundo, rezai pela minha al­ma, não vos esqueçais daquela que tanto vos amou. No Sacrifício do Cordeiro sem mancha, recomendai minha alma a Deus.

O Santo Doutor jamais se esqueceu da recomen­dação materna. Chorou muito quando morreu San­ta Monica, mas suas lágrimas foram sempre acom­panhadas de muitas preces fervorosas e sufrágios. “Deus de misericórdia, dizia ele, perdoai à minha mãe e não entreis em juízo com ela. Lembrai-vos de que antes de deixar este vale de lágrimas, não pediu para os seus restos mortais funerais pomposos, mas somente que vossos ministros se lembrassem dela no Altar do Divino Sacrifício” [4].

O Bem-aventurado Henrique Suzo fez um con­trato com um dos amigos muito íntimos: “O que mor­resse primeiro, teria um certo número de Missas que. o outro sobrevivente se obrigaria a mandar celebrar o mais depressa possível”. O amigo do Bem-aventurado partiu primeiro para outra vida. Algum tempo depois, apareceu a Henrique Suzo, gemendo de dor e a se queixar:

— Ai! Já te esquecestes da promessa...

— Não, meu amigo, responde o Bem-aventurado, eu não cesso de rezar pela tua alma desde que morreste...

— Ó, mas isto não me basta, não, não basta!, geme o defunto; falta-me, para apagar as chamas que me abrasam, falta-me o Sangue de Jesus Cristo! O Sangue de Jesus Cristo!

O Bem-aventurado compreendeu logo que falta­vam as Missas.

No dia seguinte ao da aparição, foi logo à igreja pedir muitas Missas pelo amigo defunto. Obteve di­versas nesta intenção. O amigo lhe aparece já glori­ficado e agradece-lhe feliz: Meu querido amigo, mil vezes agradecido! Graças ao Sangue de Jesus Cristo Salvador, estou livre das chamas expiadoras. Subo ao céu e lá nunca te esquecerei![5]


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