domingo, 13 de abril de 2014

INSTITUCIONALIZAÇÃO DA DESORDEM REVOLUCIONÁRIA


DESTAQUE


Uma explosão de violência sem sentido que coincide o paroxismo da anarquia e do caos.‏

Domenico Fisichella definiu o totalitarismo, enquanto sistema global, como “um regime de institucionalização da desordem revolucionária e da guerra civil”. Já se vislumbra a passagem da guerra civil “moderna”, ideologicamente motivada, para a guerra civil “pós-moderna”: uma explosão de violência sem sentido que coincide o paroxismo da anarquia e do caos.

Segundo Enzensberger, para além de todas as diferenças, existe um denominador comum [para ‘a guerra civil molecular’]: o culto da destruição pela destruição, devido à absoluta falta de princípios.


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INSTITUCIONALIZAÇÃO DA DESORDEM REVOLUCIONÁRIA


O que aproxima entre si, não só o comunismo e o nacional-socialismo, mas também a democracia totalitária do nosso tempo, é exatamente o caráter de guerra civil institucionalizada, segundo a lúcida análise de Domenico Fisichella, que definiu o totalitarismo, enquanto sistema global, como “um regime de institucionalização da desordem revolucionária e da guerra civil”. Já se vislumbra a passagem da guerra civil “moderna”, ideologicamente motivada, para a guerra civil “pós-moderna”: uma explosão de violência sem sentido que coincide o paroxismo da anarquia e do caos. A queda do muro de Berlim e o fim do sistema bipolar podem ser vistos como a certidão de nascimento deste novo gênero de conflito, definido como “guerra molecular” pelo sociólogo alemão Hans Magnus Enzensberger. As metástases da “guerra civil molecular”, escreve Enzensberger, “são parte integrante da vida quotidiana das grandes cidades, isto não só em Lima ou Janesburgo, Bombaim e Rio de Janeiro, mas também Paris e Berlim, Detroit e Birmingham, Milão e Hamburgo”. Os protagonistas não são unicamente terroristas, mafiosos, skinheads, traficantes de droga e esquadrões da morte, mas também simples cidadãos que, de repente, se transformam em delinquentes hooligan, pirômanos e serial killer. Segundo Enzensberger, para além de todas as diferenças, existe um denominador comum: o culto da destruição pela destruição, devido á absoluta falta de princípios. A nova guerra civil dentro das grandes metrópoles não encontra, com efeito, qualquer justificação ideológica ou moral: é fruto do niilismo contemporâneo. Na perspectiva dos “teóricos do caos”, o fundamento e o vínculo mais profundo da sociedade não consistem no princípio aristotélico da amizade, mas no princípio hobbesiano e schimittiano da inimizade e do conflito... O niilismo pós-moderno é o fundamento desta conflitualidade permanente e a vazia de significado.
Roberto DE MATTEI. A soberania necessária: reflexões sobre e a crise do Estado moderno, Porto: livraria Civilização, 2002, pp.165-167.


Carta inédita de São João Bosco a Francisco José, imperador da Áustria-Hungria


DESTAQUE


Será que Deus se desinteressa pelos destinos dos povos e dos impérios?
O Juízo Final não se restringe ao acerto de contas entre os indivíduos e destes com Deus. Nele serão julgadas também as famílias, as sociedades de várias ordens, os povos e as nações.
Será uma grande aula de História.
Não é, pois, sem propósito que a eleição dos papas se faça na Capela Sistina, sob o teto decorado com o célebre afresco de Michelangelo sobre o Juízo Final. O que ali se decide, de cada vez, é o rumo que tomará a Santa Igreja, cuja barca arrasta atrás de si a História de toda a humanidade!
Francisco José fez ouvidos moucos ao que Deus lhe comunicara por meio de São João Bosco: em pouco tempo, o Império Austro-Húngaro cessaria de existir

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Carta inédita de São João Bosco a Francisco José, imperador da Áustria-Hungria


No Segredo de La Salette Nossa Senhora considera que o futuro da Igreja e o futuro da ordem temporal estão intimamente ligados.

Na carta a seguir de São João Bosco ao imperador da Áustria-Hungria - naquele tempo o maior chefe de Estado da Europa - encontramos a mesma percepção dessa interrelação.

São João Bosco prenuncia que tempos tempestuosos se avizinham para a Igreja e para as nações.

Essses días difíceis adviriam como castigo pelo abandono da prática da Lei de Deus.

O santo, então, comunica da parte de Deus ao imperador católico toda uma estrategia de ação política internacional, visando o bem da Igreja e da Cristandade.

Convida-o até a ser o braço armado de Deus Ele próprio: a "vara de Seu poder" e o "benfeitor da humanidade".

Infelizmente, o imperador Francisco José não ouviu a voz do Santo dotado de luzes proféticas e não executou o plano político de Deus.
Francisco José se aliou com a Prússia, país protestante com quem Deus lhe dissera de não se aliar.

A Prússia arrastrou o império Austro-Húngaro a uma derrota espantosa na I Guerra Mundial.

Francisco José morreu em 1916 em plena guerra.

Seu império foi dissolvido poucos anos depois.

Eis a carta de São João Bosco:



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Ao Imperador da Áustria


24 de maio de 1873.

Isto diz o Senhor ao Imperador da Áustria:

“Cobra ânimo: zela por meus servos fiéis e por ti mesmo.







O imperador da Áustria-Hungria Francisco José em 1874, perto da data da carta de São João Bosco da parte de Deus. Heinrich von Angeli, Museu do Hermitage, São Petersburgo.




Minha ira está para estalar sobre todas as nações da Terra, porque se quer fazer olvidar minha lei e levar em triunfo os que a profanam, oprimir os que a observam.

Queres tu ser a vara de meu poder?

“Queres cumprir minhas vontades arcanas e tornar-te benfeitor da humanidade?

“Apoia-te nas nações do Norte, mas não na Prússia.

“Estreita relações com a Rússia, mas não faças nenhuma aliança com ela.

Associa-te à França católica. Atrás da França virá a Espanha.

“Formai um só espírito, uma só ação.

“Sumo segredo com os inimigos de meu santo nome. Com prudência e com energia vos tornareis invencíveis.

“Não acredites nas mentiras dos que te dizem o contrário.

Não pactues com os inimigos do Crucificado.

Espera e confia em mim, que sou Quem dá as vitórias aos exércitos, o salvador dos povos e dos soberanos”.

Amém. Amém.


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UMA DEFORMAÇÃO ROMÂNTICA DA CARIDADE – ‘O BOM CORAÇÃO’


DESTAQUE


Se alguém se encarregasse de fazer entre os nossos católicos um inquérito a este respeito, recolheria respostas muito curiosas, revelando em geral uma pavorosa confusão de ideias, um ilogismo fundamental.‏


O "bom coração" sacrifica tudo a este objetivo essencial, de poupar sofrimento. Se vê alguém queixar-se do rigor do Decálogo, pensa imediatamente em reformas, abrandamentos, interpretações acomodatícias. Se vê alguém sofrer de inveja por não ser nobre, ou milionário, pensa logo em democratização. Juiz, sua "bondade" o levará a sofismar com a lei para deixar impunes certos crimes. Delegado, fechará os olhos a fatos que seu dever funcional lhe imporia que reprimisse. Diretor de prisão, quererá tratar o sentenciado como uma vítima inocente dos defeitos da época e do ambiente; e, em consequência, instaurará um regime penal que transformará a casa de correção em ponto de encontro de todos os vícios, em que a livre comunicação entre sentenciados exporá cada um ao contágio de todos os vírus que ainda não tem. Professor, aprovará sonolenta e bonacheironamente alunos que no máximo mereceriam 2 ou 3. Legislador, será sistematicamente propenso a todas as reduções de horas de trabalho, e a todos os aumentos de salário. Na política internacional, será a favor de todos os "Munique" [NOTA: Em setembro de 1938, os chefes dos governo da Inglaterra, França, Alemanha e Itália, realizaram uma conferência em Munique (Alemanha) de que resultou o Acordo de Munique, por força do qual a Inglaterra e a França entregavam a Checoslováquia à Alemanha] ,de todas as capitulações imprevidentes, preguiçosas, imediatistas desde que sem dispêndio de energia salvem a paz por mais alguns dias.


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UMA DEFORMAÇÃO ROMÂNTICA DA CARIDADE – ‘O BOM CORAÇÃO’



Odiar é pecado? Sim, não? Por quê? Se alguém se encarregasse de fazer entre os nossos católicos um inquérito a este respeito, recolheria respostas muito curiosas, revelando em geral uma pavorosa confusão de ideias, um ilogismo fundamental.


Para muita gente, ainda intoxicada por restos do romantismo herdado do século XIX, o ódio não é apenas um pecado, mas o pecado por excelência. A definição romântica do homem mau é o que tem ódio no coração. A contrario sensu, a virtude por excelência é a bondade, e por isto todos os pecados têm sua atenuante se cometidos por uma pessoa de "bom coração". É frequente ouvirem-se frases como esta: "pobre X, teve a fraqueza de se ‘casar’ no Uruguai [NOTA: Há cerca de sessenta anos, o divórcio já vigorava no Uruguai], mas no fundo é muito boa pessoa, tem ótimo coração". Ou então: "pobre Y, deixou roubar em sua repartição, mas foi por excesso de bondade: ele não sabe dizer não, a ninguém".


O que vem a ser "um bom coração"? Evidentemente, começa por não ser um coração propriamente dito, mas um estado de espírito. Tem "bom coração" quem experimenta em si, muito vivamente, o que sofrem os outros. E que, por isto mesmo, nunca faz sofrer a ninguém. É por "bom coração" que uma pessoa pode deixar sistematicamente impunes as más ações de seus filhos, permitir que a anarquia invada a aula em que leciona, ou os operários que dirige. Uma reprimenda faria sofrer, e a isto não se resolve o homem de "bom coração", que sofre ele mesmo demais, em fazer os outros sofrer. O "bom coração" sacrifica tudo a este objetivo essencial, de poupar sofrimento. Se vê alguém queixar-se do rigor do Decálogo, pensa imediatamente em reformas, abrandamentos, interpretações acomodatícias. Se vê alguém sofrer de inveja por não ser nobre, ou milionário, pensa logo em democratização. Juiz, sua "bondade" o levará a sofismar com a lei para deixar impunes certos crimes. Delegado, fechará os olhos a fatos que seu dever funcional lhe imporia que reprimisse. Diretor de prisão, quererá tratar o sentenciado como uma vítima inocente dos defeitos da época e do ambiente; e, em consequência, instaurará um regime penal que transformará a casa de correção em ponto de encontro de todos os vícios, em que a livre comunicação entre sentenciados exporá cada um ao contágio de todos os vírus que ainda não tem. Professor, aprovará sonolenta e bonacheironamente alunos que no máximo mereceriam 2 ou 3. Legislador, será sistematicamente propenso a todas as reduções de horas de trabalho, e a todos os aumentos de salário. Na política internacional, será a favor de todos os "Munique" de todas as capitulações imprevidentes, preguiçosas, imediatistas desde que sem dispêndio de energia salvem a paz por mais alguns dias.


Subjacente a todas estas atitudes, está a ideia de que no mundo só há um mal, que é a dor física ou moral: em consequência, bem é tudo quanto tende a evitar ou a suprimir sofrimento, e mal é o que tende produzi-lo ou agrava-lo. O "bom coração" tem uma forma especial de sensibilidade, pela qual se emociona à vista de qualquer sofrimento, e defende todo e qualquer indivíduo que sofre, como se ele fosse vítima de uma injusta agressão. Dentro desta concepção, "amar ao próximo" é não querer que ele sofra. Fazer sofrer o próximo é sempre e necessariamente ter-lhe ódio.


Daí advém para o homem de "bom coração" uma psicologia muito especial. Todos os que têm zelo pela ordem, pela hierarquia, pela integridade dos princípios, pela defesa dos bons contra as investidas do mal, são desalmados, pois "fazem sofrer" com sua energia os "pobres coitados" que "tiveram a fraqueza" de cair em algum deslize.


E se em relação a todos os pecadores da terra o homem de "bom coração" tem tolerância, é muito explicável que odeie o homem de "mau coração" que "faz sofrer os outros".

Estas são as linhas gerais em que se pode sintetizar um estado de espírito muito frequente. Claro está que apontamos um caso em tese. Graças a Deus, só um número relativamente pequeno de pessoas é que em todos os campos chega a estes extremos. Mas é frequente encontrar gente que em diversos pontos age inteiramente assim.

E constituem multidão aqueles em que se encontram pelo menos laivos deste estado de espírito.

Ainda aqui, alguns exemplos são esclarecedores. Para mostrar quanto este mal está entranhado no brasileiro, escolhamos esses exemplos em maneiras de falar e de sentir comuns entre católicos.

Para que se entenda bem o que há de errado nos exemplos que vamos dar, comecemos por lembrar rapidamente qual é neste assunto a autêntica doutrina católica.

Para a Igreja, o grande mal neste mundo não é o sofrimento, mas o pecado. E o grande bem não consiste em ter boa saúde, mesa farta, sono tranquilo, em gozar honras, em trabalhar pouco, mas em fazer a vontade de Deus. O sofrimento é certamente um mal. Mas este mal pode em muitos casos transformar-se em bem, em meio de expiação, de formação, de progresso espiritual. A Igreja é Mãe, a mais terna, a mais solícita, a mais carinhosa das mães. Dela se pode dizer, como de Nossa Senhora, que é Mater Amabilis, Mater Admirabilis, Mater Misericordiae. Assim, ela procurou sempre, procura hoje, até o fim dos séculos procurará quanto possa afastar de seus filhos, e de todos os homens, qualquer dor inútil. Mas nunca deixará de lhes impor a dor, na medida em que a glória de Deus e a salvação das almas o peçam. Ela [a Igreja] exigiu dos mártires de todos os séculos que aceitassem os tormentos mais atrozes, ela pediu aos cruzados que abandonassem o conforto do lar para arrostar mil fadigas, combates sem conta, a própria morte em terra estranha. E ainda em nossos dias ela pede aos missionários que se exponham a todos os riscos, a todas as fadigas, nos rincões mais inóspitos e longínquos. A todos os fiéis, pede ela uma luta incessante contra as paixões, um esforço interior contínuo para reprimir tudo quanto é mau. Ora, tudo isto supõe sofrimentos de tal monta, que a Igreja os considera insuportáveis para a fraqueza humana, a ponto de ensinar que, sem a graça de Deus, ninguém pode praticar na sua totalidade, e duravelmente, os Mandamentos.


Todos estes sofrimentos, a Igreja os impõe com prudência e bondade, é certo, mas sem vacilação, nem remorso, nem fraqueza. E isto, não apesar de ser boa mãe, mas precisamente porque o é. A mãe que sentisse remorso, vacilasse, fraquejasse ao obrigar seu filho a estudar, a se submeter a tratamentos médicos penosos mas necessários, a aceitar punições merecidas, não seria boa mãe


Este procedimento, a Igreja o espera também de seus filhos, não só em relação a si mesmos, mas ao próximo. É justo que nos dispensemos de dores inúteis e evitáveis. Devemos ter, para com o próximo, entranhas de misericórdia, condoendo-nos com seus padecimentos, e não poupando esforços para os aliviar. Entretanto, devemos amar a mortificação, devemos castigar corajosamente nosso corpo e, principalmente, combater com afinco, clarividência, meticulosidade os defeitos de nossa alma. E como o amor do próximo nos leva a desejar para ele o mesmo que para nós, não devemos hesitar em fazê-lo sofrer, desde que necessário para sua santificação.

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Ora, na aplicação destes princípios é fácil apontar muitos desvios ocasionados pela concepção romântica do "bom coração".

É "bom coração" ter certa condescendência para com formas veladas de divórcio, por pena dos cônjuges, ser pela abolição dos votos religiosos e do celibato sacerdotal, por pena das pessoas consagradas a Deus, considerar com laxismo os problemas ligados à limitação da prole por pena da mãe, etc. Em outros campos, o "bom coração" consiste em ser contra as polêmicas ainda que justas e temperantes, contra o Index, contra o Santo Ofício, contra a Inquisição ( ainda que sem os abusos a que deu ocasião em alguns lugares ), contra as Cruzadas, porque tudo isto faz sofrer. Em outros campos ainda, o "bom coração" consiste em não falar de demônio, nem de inferno ou de purgatório, em não avisar aos doentes que a morte está próxima, em não dizer aos pecadores a gravidade de seu estado moral, em não lhes falar de mortificação, nem de penitência, nem de emenda, porque também isto faz sofrer. Já vimos um educador católico se manifestar contra os prêmios escolares porque fazem sofrer os alunos vadios! Como já vimos também associações religiosas tolerando em seu grêmio elementos perigosos para os associados e desedificantes para o público, porque a expulsão desses elementos os faria sofrer. Falar contra as modas e danças imorais, preconizar uma censura cinematográfica sem laxismo, tudo isto em última análise parece descaridoso, porque "faz sofrer". Soubemos a este respeito de alguém que desaconselhava uma campanha contra os jornais imorais porque isto "faz sofrer" os editores cujas almas cumpre salvar!

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Fizemos esta longa digressão para focalizar melhor o problema que de início formulávamos. Para o "bom coração", todo ódio é necessariamente um pecado. Dir-se-á o mesmo à luz da doutrina católica?

Pensando no perigoso furor da avalanche de "bons corações" de que o Brasil está cheio, quase não ousamos formular a pergunta. E certamente não responderemos por nós. Mas falaremos pela grande e autorizada voz de S. Tomás.

É o que faremos em próximo artigo.

Catolicismo Nº 34 - Outubro de 1953




NOSSAS FIGURAS


O Clichê :

"A entrada de Joana d’Arc em Orléans" – projeto de vitral para a Catedral de Orléans, por Lechevallier-Chevignard, séc. XIX.

Joana d’Arc é um exemplo típico de virtude heroica, praticada, não só por meio de atos capazes de despertar louvores e aplausos, mas também cólera e reação. Modelo de combatividade cristã, fez ela, em admiráveis respostas no processo iníquo que sofreu, a apologia da virtude enquanto aplicada em guerrear e destroçar o mal. Assim, quando os juízes lhe perguntaram se Santa Catarina e Santa Margarida odiavam os ingleses, Joana d’Arc respondeu: “Elas amam o que Nosso Senhor ama e odeiam o que Deus odeia”. - “Deus odeia os ingleses?” continuaram os juízes. - “Do amor ou do ódio que Deus tem aos ingleses, nada sei, respondeu a Santa; o que sei perfeitamente, é que todos eles serão expulsos da França, excetuado os que aqui morrerem”.

As vinhetas:

Um leão rompante, símbolo heráldico da combatividade, carregado com um tau antigo, que na visão de Ezequiel ( Ez. 9,4 ) é sinal dos que não sabem sorrir para a iniquidade de seus irmãos. Os dísticos reproduzem algumas das muitas apóstrofes candentes contra os obreiros do mal, que se encontram no Antigo Testamento.

Inimicitias ponam: porei inimizades... entre tua descendência e a da Mulher ( Gênesis, 3.15 ).

Scribae et pharisaei hypocritae: escribas e fariseus hipócritas ( S. Mat. 23.33 ).

Serpentes, genimina viperarum: serpentes, raça de víboras ( S. Mat. 23.33 ).

Pleni hypocrisi et iniquitate: estais cheios de hipocrisia e iniquidade ( S. Mat. 23.28 ).







SE A CARIDADE MANDA AMAR OS PECADORES - "Odiai o erro, amai os que erram"


DESTAQUE


- Escreveu Santo Agostinho. Grande, sábia, admirável sentença. Entretanto, quantas aberrações, quantas traições, quantas capitulações vergonhosas se têm abusivamente cometido em nome dela!

Há pessoas cândidas — ou covardes — que imaginam as ideias como entes dotados de existência física própria e autônoma, os quais se incubariam misteriosamente nas pessoas. Segundo elas, pode-se mover guerra às ideias sem atacar as pessoas, mais ou menos como se pode combater a doença infecciosa sem atingir o doente, pois a guerra é tão somente contra o bacilo.

Este modo de ver, infelizmente muito generalizado em nossos dias, beneficia largamente nossos adversários, pois desarma toda a nossa reação.

A verdade e o erro não são algo de extrínseco ao espírito humano, como as fichas na gaveta de um fichário. A inteligência, pelo contrário, tende a assimilar este e aquela, por um processo que tem sido merecida e frequentemente comparado à digestão. Se alguém come pão ou carne, a digestão incorpora ao organismo uma parcela da substância desses alimentos, que ficam fazendo parte da pessoa. Analogamente, se alguém aceita uma doutrina, esta de tal maneira pode chegar a marcar sua personalidade, que se diria figurativamente que tal homem personifica aquela ideia. Como pretender destruir o pão já digerido por uma pessoa, sem ferir esta última em sua carne? E como se pode atacar uma ideia sem atingir em certa medida quem a personifica, quem ipso facto lhe dá vida, atualidade e possibilidades de difusão?

Não. A sentença de Santo Agostinho é de sentido óbvio. Ela preceitua que desejemos a humilhação e a derrota do erro, bem como a conversão e a salvação de quem erra. Ela recomenda que usemos, para com quem erra, de toda a suavidade possível. Ela não nos proíbe de utilizar, contra aquele que erra, uma justa severidade, quando isto se torna necessário para o bem da Igreja e a salvação das almas.



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SE A CARIDADE MANDA AMAR OS PECADORES

Em artigo anterior (Ver "Catolicismo" Nº 34, de Outubro de 1953 ), prometemos apresentar a solução dada por S. Tomás de Aquino ao problema da legitimidade do ódio. Como lembramos, o romantismo generalizou entre nós brasileiros a falsa noção de que amar é sempre virtude, e odiar é sempre pecado.
S. Tomás nos mostra que, pelo contrario, o ódio pode ser por vezes um grave dever.

Orar e combater, essas são as ocupações do monge guerreiro, que consagrou toda a sua vida ao serviço da Igreja. Na oração, pede a Deus que o preserve, a si e aos justos, contra as investidas do demônio, do mundo e da carne; e que pelas vias da misericórdia reconduza à vida da graça os inimigos da Igreja. No momento do combate, extermina implacavelmente os ímpios para que não ponham a perder as almas resgatadas pelo sangue infinitamente precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amor e ódio são as duas virtudes de que o monge guerreiro é magnífico exemplo.










Publicando o próprio texto do Doutor Angélico ( Suma Teológica, IIa. IIae., a. 6 ), acompanhamo-lo de algumas notas destinadas a facilitar a aplicação dos princípios por ele ensinados, a casos concretos frequentemente verificados na vida quotidiana.

Para se aquilatar toda a importância deste texto, convém lembrar a autoridade de S. Tomás, não só enquanto teólogo máximo da Igreja, mas ainda como Santo, proposto à veneração e imitação dos fiéis.


Se os pecadores (1) devem ser amados (2) em razão da caridade (3).

Parece que, por motivo de caridade, não devem ser amados os pecadores:

1 - Com efeito, está dito nos Salmos ( Ps. 118, 13 ): "Odiei os iníquos". Ora, Davi tinha caridade. Logo, conforme a caridade, mais se deve odiar os pecadores do que amá-los.

2 - Ademais, "o amor se prova pelas obras", conforme diz S. Gregório na homilia de Pentecostes ( hom. 30 in Evang. ). Ora, os justos não praticam para com os pecadores obras de amor, mas obras que parecem ser de ódio, conforme aquilo dos Salmos ( Ps. 100, 8 ): "Pela manhã eu aniquilava todos os pecadores da terra". E o Senhor deu por preceito no Êxodo ( Ex. 22, 18 ): "Não suportarás que os maus vivam". Em conseqüência, segundo a caridade, não devem ser amados os pecadores.

3 - Além disso, é próprio à amizade que desejemos para os amigos o que é bom. Ora, os Santos, inspirados pela caridade, desejam o mal para os pecadores, conforme aquilo dos Salmos ( Ps. 9, 17 ): "Sejam precipitados no inferno os pecadores". Portanto, os pecadores não devem ser amados segundo a caridade.

4 - Acresce que é próprio de amigos alegrarem-se com as mesmas coisas e querer o mesmo. Porém a caridade não leva a querer o que querem os pecadores, nem a alegrar-se naquilo em que eles se alegram; antes pelo contrário. Portanto, não é conforme à caridade amar os pecadores.


5 - Por fim, é próprio dos amigos conviverem entre si, como se diz no livro VIII da Ética ( C. 5, n.3: S. Th. lect. 5 ).

Ora, não se deve conviver com os pecadores, conforme está escrito em II Cor. 6, 3: "Retirai-vos do meio deles". Logo, não se deve amar segundo a caridade, os pecadores.

— Porém, é em sentido contrário o que Santo Agostinho diz em I de Doct. Christ. ( cap. 30 ): "Amarás ao teu próximo", refere-se evidentemente a todos os homens. Ora, os pecadores não deixam de ser homens, pois o pecado não destrói a natureza. Logo, segundo a caridade, deve-se amar os pecadores.

— A esses argumentos respondo que se podem considerar nos pecadores dois aspectos: a natureza e a culpa. Segundo a natureza que receberam de Deus, são capazes de adquirir a bem-aventurança, sobre cuja comunicação se baseia a caridade, como ficou dito acima ( A.3; q.23, a. I, 5 ). E portanto, segundo sua natureza, os pecadores devem ser amados (4). Porém, sua culpa desagrada a Deus, e constitui impedimento para a beatitude. De onde, em razão de sua culpa, que os torna inimigos de Deus, devem ser odiados quaisquer pecadores, ainda que sejam pai, mãe, ou parentes, conforme S. Lucas 14, 26 (5). Devemos com efeito odiar nos pecadores o fato de que são pecadores, e amar neles o fato de que são homens, capazes de bem-aventurança (6). E nisto consiste amá-los verdadeiramente, conforme a caridade e por amor de Deus.

Ao primeiro argumento, pois, deve-se responder que o Profeta teve ódio aos iníquos enquanto iníquos, odiando sua iniqüidade (7), que é o que neles há de mal. É este o ódio perfeito, do qual o mesmo Profeta diz ( Ps. 138, 22 ): "Odiei-os com ódio perfeito". Pois pela mesma razão se deve odiar o que em alguém há de mal, e amar o que há de bom.

Por onde também este ódio perfeito pertence à caridade (8).

Ao segundo argumento responde-se que, como diz o Filósofo no livro IX da Ética ( C. 3, n. 3: S. Th. lect. 3 ): "Não devemos privar nossos amigos pecadores, dos benefícios da amizade, desde que haja esperança de que se emendem: porém mais se deve auxiliá-los a recuperar a virtude, do que o dinheiro que tenham perdido; tanto mais que a virtude é mais afim com a amizade do que o dinheiro (9). Mas, quando caem na mais profunda malícia e se tornam insanáveis (10) deve-se-lhes recusar um trato familiar de amigo. E portanto a pecadores tais, de quem mais se deve temer que prejudiquem a outros, do que se pode esperar que se emendem, a lei divina e humana manda que sejam mortos. — É o que faz o juiz, não por ódio deles, mas por um amor inspirado na caridade, amor este que prefere o bem público à vida de uma só pessoa. — Aliás, a morte imposta pelo juiz ao pecador é útil para este, pois se se converter lhe servirá de expiação para a culpa, e se não se converter porá termo à sua culpa tirando-lhe a possibilidade de pecar por mais tempo.

Ao terceiro se responde que as imprecações desse gênero contidas na Sagrada Escritura devem ser entendidas de três maneiras. Primeiramente, como prognóstico, e não como desejo: e assim se deve entender o “sejam os pecadores precipitados no inferno” no sentido de que “serão precipitados”. — Em segundo lugar, como desejo, de tal maneira que este não se refira à pena do homem, mas à justiça de quem castiga, conforme está escrito ( Ps. 57, 11 ): "Alegrar-se-á o justo quando vir a vingança". Pois o próprio Deus, quando pune, "não se alegra na perdição dos ímpios", como está dito no Livro da Sabedoria 1, 13, mas em Sua justiça: "pois Deus é justo, e ama a justiça" ( Ps. 10, 6 ). — Em terceiro lugar, enquanto o desejo se refere à eliminação da culpa, e não à pena (11). De tal maneira que os pecados sejam destruídos e os homens permaneçam.

Ao quarto argumento deve-se responder que amamos os pecadores, não porque queiramos o que eles querem, ou nos alegremos com o que os alegra: mas para fazer com que queiram o que queremos e se alegrem com o que nos alegra (12). Pelo que se lê em Jeremias 15, 19: "Eles se converterão a ti, e tu não te converterás a eles".

Ao quinto argumento responde-se que o convívio dos pecadores deve ser evitado pelos fracos, pois constitui para estes perigo iminente deixarem-se corromper. Quanto aos perfeitos (13), entretanto, cuja queda não é de se temer, é louvável que mantenham contato com os pecadores, para os converter. Assim, o Senhor comia e bebia com os pecadores segundo S. Mateus 9, 10-11. — Entretanto, o convívio dos pecadores deve ser evitado por todos, desde que signifique participação no pecado. Assim, está escrito em II Cor. 6, 17: "Retirai-vos do meio deles, e não toqueis no imundo", ou seja, a conformidade com o pecado (14).

NOTAS

(1) — S. Tomás trata, neste artigo, das disposições interiores que devemos ter em relação ao próximo. E para este efeito classifica os homens em dois grandes grupos, os justos e os pecadores. Como é obvio que devemos amar os justos, o assunto só dá margem a problemas no tocante ao amor que devemos ter aos pecadores.

Julgamos indispensável considerar, antes de prosseguir no estudo do texto do Doutor Angélico, a importância desta regra por ele estabelecida: o fato de alguém ser justo ou pecador influi a fundo na amizade que se lhe tem.

Como a isto se opõe o sentimentalismo brasileiro! Somos propensos a amar as pessoas porque nos tratam bem, porque nos são úteis, porque nos divertem, porque sua fisionomia nos agrada, porque estamos habituados há muito à sua companhia, porque são nossos parentes, etc., etc. E tal é em nosso ânimo o peso destas razões, que não tomamos na menor consideração um ponto essencial, que domina todo o assunto: esta pessoa é um justo ou um pecador?

Um mestre deve preferir os discípulos bem comportados, estudiosos, piedosos, a outros que, sem qualquer piedade, nem aplicação, nem disciplina, são exímios na arte de lisonjear e divertir os professores. Um pai deve preferir o filho bom, mas feio ou pouco inteligente a um filho brilhante, mas ímpio ou de vida impura. Entre os colegas, nossa admiração não deve ir para o mais engraçado, o de trato mais atraente, o mais rico ou o mais bem sucedido na vida, mas para o mais virtuoso. Não podemos dar a alguém o tesouro de nossa amizade sem saber se tal pessoa é, ou não, inimiga de Deus: o homem que vive em pecado grave é inimigo de Deus, e se amamos a Deus sobre todas as coisas não podemos amar indiferentemente os que O amam e os que O ofendem. O que diríamos de um filho que fosse amigo de pessoas que injuriam gravemente, injustamente, publicamente a seu pai? Pois é o que fazemos quando admitimos em nossa amizade apóstatas, fautores de heresia, gente desedificante, casais constituídos "no Uruguai", etc.

(2) — Amar não significa necessariamente sentir muita ternura, pois o verdadeiro amor reside essencialmente na vontade. Querer bem a alguém é querer seriamente para alguém tudo quanto segundo a reta razão e a fé lhe é bom: a graça de Deus e a salvação da alma primeiramente, e depois tudo quanto não desvie deste fim, antes a ele conduza. O amor se prova pelas obras. Pois se queremos seriamente o bem do próximo, externamos esta disposição de alma não só por palavras de afeto, e agrados - o que aliás é em si perfeitamente legítimo - mas ainda por meio de esforços e sacrifícios. Um tal amor deve ser votado também aos pecadores? É a questão de que trata aqui o Doutor Angélico.

(3) — A caridade é o amor de Deus acima de todas as coisas. A pergunta equivale pois a esta outra: uma vez que amamos a Deus sobre todas as coisas, devemos amar por amor de Deus os pecadores, que são Seus inimigos? 

(4) — A natureza humana é obra de Deus, e, pois, é boa. Logo, em tese, devemos amar a todos os homens, ainda os que não são capazes de mérito nem culpa como as crianças que não chegaram à idade da razão, os loucos ou débeis mentais de nascença, etc. Neste sentido, devemos amar - isto é querer o bem - aos pecadores, pois também são homens. Devemos pois desejar-lhes todo o bem, não porém do mesmo modo que aos justos, como adiante se verá.

(5) — O texto de S. Lucas diz: "se alguém vem a Mim, e não aborrece a seu pai e mãe, sua mulher e filhos, seus irmãos e irmãs, e ainda mesmo a sua vida, não pode ser Meu discípulo". É um engano supor que Nosso Senhor não ensinou o ódio. Há um ódio santo, que é uma virtude evangélica. Um amor que não gerasse ódio não seria amor. Com efeito, se amo alguém devo odiar aquilo que lhe traz, não bem, mas mal. E é este ódio santo, seus motivos, sua natureza, seus limites, que neste capítulo magnificamente se ensina.

(6) — Estas palavras constituem excelente comentário da norma de Santo Agostinho, tão sábia e contudo tantas vezes mal entendida: odiar o erro, amar os que erram ( Dilige Hominem, oderis vitium: Sermo 49,5 - P. L. 38, 323; Oderit vitium, amet hominem: De Civ. Dei, 1. 14, c. 6; Cum dilectione hominum et odio vitiorum: Epist. 211, 11 - P. L. 33, 962 ). Procura-se muito freqüentemente interpretar esta máxima como se o pecado estivesse no pecador à maneira de um livro numa estante. Pode-se detestar o livro sem ter a menor restrição contra a estante, pois embora uma coisa esteja dentro da outra é-lhe totalmente extrínseca. De onde se poderia odiar o erro sem odiar de nenhum modo o que erra. Ora, a realidade é outra. O erro está no que erra como a ferocidade está na fera. Uma pessoa atacada por um urso não pode defender-se dando um tiro na ferocidade, mas poupando o urso e aceitando-lhe o amplexo dos braços largamente abertos! São Tomás se exprime com uma clareza meridiana. O ódio deve incidir não só sobre o pecado considerado abstrato como também sobre a pessoa do pecador. Todavia não deve atingir toda essa pessoa: poupará sua natureza, que é boa, as qualidades que eventualmente tenha, e recairá sobre seus defeitos, por exemplo sua luxúria, sua impiedade ou sua falsidade. Mas, insistimos, não sobre a luxúria, a impiedade ou a falsidade em tese, mas sobre o pecador enquanto pessoa luxuriosa, ímpia ou falsa.

(7) — Vê-se que odiar a iniqüidade dos maus é o mesmo que odiar os maus enquanto são iníquos. Odiar os maus enquanto maus, odiá-los porque são maus, na medida da gravidade do mal que fazem, e durante todo o tempo em que perseverarem no mal. Assim, quanto maior o pecado, tanto maior o ódio dos justos. Neste sentido, devemos odiar principalmente os que pecam contra a fé, os que blasfemam contra Deus, os que arrastam os outros ao pecado, pois odeia-os particularmente a justiça de Deus. 

(8) — Não se trata de um ódio feito apenas de irascibilidade superficial. É um ódio ordenado, racional e, pois, virtuoso. Tal ódio "pertence à caridade". Assim, odiar reta e virtuosamente é ato de caridade! Como esta verdade chocaria um homem de "bom coração". 

(9) - Os pecadores são aqui divididos em duas categorias: os que dão esperança de emenda, e os que não dão. Aos primeiros deve-se odiar enquanto pecadores e amar enquanto homens, no seguinte sentido: 1) deve-se fazer todo o possível para que deixem o pecado; 2) mas enquanto perseveram no mal devem ser odiados.

Como é freqüente, na vida quotidiana, ouvir-se lamentar em termos cheios de compaixão uma pessoa que perdeu a fortuna. Seus amigos e parentes movem-se todos para a auxiliar a recuperar os haveres. E como é raro ouvir-se alguém lamentar com tristeza ainda maior que seu parente ou amigo tenha perdido a virtude! Como é psicológica a comparação do Santo Doutor!

Fazer tudo para que alguém recupere a virtude não é, nem pode ser palavra vã. É preciso aconselhar, insistir, falar com carinho, com simpatia, com severidade, é preciso sobretudo rezar e fazer penitência por aqueles que desejamos reconduzir à graça de Deus. Pois sem a oração e a penitência nada se consegue.

Às vezes, expomo-nos ao risco de perder a amizade de um pecador, à força de insistência. Desde que esta seja criteriosa, não nos atemorizemos diante deste sacrifício, que Deus saberá considerar. Uma das mais altas provas de afeto que podemos dar a alguém consiste em sacrificar sua amizade para auxiliar sua salvação. 

(10) — O pecador, em princípio, é sempre susceptível de emenda. Mas há pecadores tão aferrados ao mal que sua conversão só é de se esperar por uma graça muito especial. E como o muito especial é excepcional, evidentemente mais se deve recear que as almas nestas condições se percam, do que esperar que se salvem. E, de outro lado, é mais provável que arrastem outros ao pecado, do que se libertem das garras deste.

Estes pecadores continuam a merecer nosso amor, no sentido de que devemos rezar e sacrificar-nos para obter sua salvação, e não devemos deixar de os incitar à emenda. Mas não podemos ter com eles trato familiar e amistoso.

De resto, pelo mal que têm em si, e pelo risco a que expõem os inocentes, merecem a morte. O doutor Angélico dá disto a razão.

Até aí vai a severidade da doutrina da Igreja. E até aí vai também sua misericórdia. Pois aprovando a pena de morte quando justa, acompanha o condenado até o último momento, com suas preces, com as orações e sacrifícios das almas piedosas, e até de confrarias especialmente fundadas para tal. 

(11) - Quantas pessoas são incapazes de compreender que devemos desejar castigos para os pecadores que amamos - doenças, perseguições, pobreza - se este for o meio para os emendar e reconduzir à graça de Deus! 

(12) - O pecador quer o pecado, os ócios e larguezas que favorecem sua dissipação. Se odiamos o pecado e queremos a conversão do pecador, devemos desejar que lhe faltem todos os meios necessários para pecar. Assim, devemos apoiar todas as autoridades eclesiásticas, familiares, sociais, políticas, que trabalham por eliminar o que conduza os súditos ao pecado: má imprensa, mau radio, cinemas e teatros imorais, propaganda de doutrinas opostas à da Igreja, etc. 

(13) — "Enfermo" ou "fraco" é aqui o homem que por motivos especiais é particularmente sujeito ao pecado, e para quem constitui ocasião próxima o que para o comum das pessoas não o é. "Perfeito" é quem está em tal grau de virtude que arrosta obstáculos maiores que os do homem comum.

Em princípio, ninguém pode expor-se voluntariamente a ocasião próxima de pecado. E se em circunstâncias muito excepcionais uma pessoa reputada - não por si mesma, mas por um prudente diretor - especialmente forte arrosta riscos invulgares, é porque, no fundo para ela a ocasião de pecado não é próxima.
(14) — Deve-se evitar o convívio de pessoas de má vida, de costumes depravados, a freqüentação de lugares indecentes, pois nisto vai para quase todos uma ocasião próxima de pecado, e para todos uma coonestação do mal e um escândalo para os bons. 




Nossas figuras




O Clichê

Monumento funerário de D. Martim Vasquez de Arce, chamado o Donzel de Sigüenza, cavaleiro da ilustre Ordem religiosa e militar de Santiago da Espada - na Catedral de Sigüenza, Espanha - séc. XV.

As vinhetas
As quatro vinhetas originais continham dísticos que reproduzem algumas das palavras da Sagrada Escritura que exprimem ódio aos pecados:



Iníquos ódio habui - Odiei os iníquos ( Salmo 118, v.13 )

Mendaces, male bestiae - Mentirosos, bestas perversas ( Epístola de São Paulo a Tito, cap. 1, vers. 12 )

Ex patre diabolo estis - Sois filhos do demônio ( Evangelho de São João, cap.8, vers.44 ).

Increpa illos dure - Repreende-os com dureza ( Epístola de São Paulo a Tito, cap.1, vers.13 ).





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