sexta-feira, 21 de junho de 2013

‘BOBO É CAVALO DO DEMÔNIO'




"O QUE IMPORTA NÃO É O FATO, MAS A VERSÃO" - 
José Maria Alkmin (1901-1974), político mineiro, Ministro da Fazenda no Governo Juscelino Kubitschek
 
 
As críticas dirigidas pelos manifestantes ao PT são de que este não é tão comunista como queriam que fosse. Sendo assim, a vitória não é do partido, mas da mentalidade comunista, hegemonicamente presente na cultura popular. Este é o resultado da não oposição ideológica à revolução gramsciana, há décadas invicta em nossa nação.



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‘BOBO É CAVALO DO DEMÔNIO’



Raphael de la Trinité


Sem dúvida, é fácil perceber como se inicia uma revolução; mais difícil, porém, saber como acaba. Não raro, os líderes se entredevoram, mais ou menos ao modo de Saturno, que deglute o próprio filho. Com efeito, desde as revoluções da Cidade Antiga (Grécia e Roma), passando pelas grandes revoluções do Ocidente (França e Rússia), até chegar aos dias mais recentes das contundentes agitações de Maio de 1968 na Sorbonne (França), observa-se isso como regra invariável: os primeiros da fila, dentre os incendiários, acabam alijados e supressos da luta, em benefício de outros, mais agressivos, que se lhes sucedem, até o desfecho imprevisível da luta. 

Grupelhos sediciosos e aproveitadores sabem fazer uso de “idiotas-úteis” (segundo a expressão cunhada por Lênin) para os seus interesses escusos. Não estaria em curso, no infeliz Brasil de nossos dias, uma manobra de grande envergadura? Nesse magma pastoso, quem está prestando o serviço de “massa de manobra” para engrossar a caudal dos descontentes?

“Cui prodest scelus, is fecit” — é célebre a frase de Sêneca. Sim, “aquele a quem o crime aproveita foi quem o cometeu”. Essa máxima lapidar, que o Direito Romano incorporou a si, constitui o fundamento mais estreme da suspeição em Direito Penal.

A estrepitosa turbulência que presenciamos no Brasil deve ser interpretada à luz desse indestrutível axioma.

Em todas as revoluções, “os pescadores de águas turvas”, coligados aos artífices de levantes insurrecionais e habilidosos condutores de massas, sempre sabem aonde querem chegar.

Enquanto o mundo for mundo, oportunistas e urdidores de maquiavélicos planos sempre andarão de mãos dadas.

Aqueles eternos ingênuos e otimistas “companheiros de viagem”, estatelados no chão ou ceifados à primeira hora, ficarão à margem da estrada, tentando decifrar a chave do enigma — algo que escapa à sua faculdade de entender.   




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NOTA SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DO ‘MOVIMENTO DO PASSE LIVRE’
Por Padre Cristóvão


Vendo a vibração de certos católicos ditos conservadores com as manifestações organizadas pelo “Movimento passe livre” em São Paulo, que eclodiu em outras tantas por todo o país, penso ser importante alertar para os seguintes aspectos:
















1. O movimento é uma organização geneticamente revolucionária, regida pelos princípios do Fórum Social Mundial (cf. http://mpl.org.br/node/2). Sua organização é anárquica (http://mpl.org.br/node/5, vide “horizontalidade”) e seus esforços se colocam em sintonia com os dos demais movimentos de desintegração social, como o gayzismo, o laicismo beligerante, o etnicismo etc. (cf. http://mpl.org.br/node/1). Embora alegue seu apartidarismo, confessa seu não antipartidarismo. Parece tão ingênuo e impoluto… E o diz propositalmente para parecê-lo. Mas…

O princípio para avaliar uma manifestação de massa é o uso político que dela se faz, que quase sempre não coincide com o motivo declarado explicitamente pelos manifestantes. De modo que, acima de tudo, atente-se que a não dependência partidária explícita não é sinônimo de independência da gerência partidária implícita. Aliás, de onde vem o dinheiro usado pela organização? E o comando para a mobilização das mídias, que acabaram se transformando em meio direto de convocação das hostes?

2. As críticas dirigidas pelos manifestantes ao PT são de que este não é tão comunista como queriam que fosse. Sendo assim, a vitória não é do partido, mas da mentalidade comunista, hegemonicamente presente na cultura popular. Este é o resultado da não oposição ideológica à revolução gramsciana, há décadas invicta em nossa nação.

3. Para quem pensa ser contraditório a esquerda colocar-se contra si mesma, não se esqueça de que a psicologia dialética é essencialmente suicida. Desta forma, na elaboração marxista, o socialismo é apenas uma etapa autodestrutiva para a implantação do comunismo; e aquela, estrategicamente, seria antecedida eventualmente por outras etapas, de igual modo autoaniquilatórias. Portanto, o PT é consciente de ser apenas uma etapa a ser superada naquele horizonte; e isto não é acidental, é totalmente programado para ser assim.

4. Historicamente, o movimento revolucionário sempre trabalhou:

a) com uma dinâmica contraditória, para espalhar confusão e dissolução na sociedade;

b) com a matização dos mesmos preceitos em modelos diferentes de radicalidade, para fugirem da acusação de extremismo, enquanto falsamente se encaminham para a execução dos mesmos objetivos;

c) com a implantação do vitimismo e da revolta, como elemento aglutinador de forças beligerantes;

d) fazendo com que este laboratório de engenharia social culminasse com a eliminação de alguns de seus opositores (a Igreja ou outras instituições conservadoras). Assim, por exemplo, começaram a revolução francesa e a guerra civil espanhola, todas, na origem, meras manifestações inocentes de vitimismo e, no fim, assassinas e anticlericais.


Adendo.

Em 1936, aconteceu uma aparição de Nossa Senhora no Brasil, em Pernambuco, na cidade de Pesqueira, na vila de Cimbres, num lugarejo denominado Sítio da Guarda. A aparição, pouco conhecida, foi aprovada pela autoridade eclesiástica da época.

Ali, a Virgem disse a duas meninas: “Minhas filhas, virão tempos calamitosos para o Brasil! Dizei a todo o povo que se aproximam três grandes castigos, se não for feita muita penitência e oração”.

O sacerdote, depois, as interrogou durante uma aparição, na qual ele perguntava diretamente à Virgem (em latim e alemão, idiomas ignorados pelas videntes), e Ela respondia às crianças, que lhe transmitiam a resposta:

“- Que significa o sangue que corre das vossas mãos?”
“- O sangue que inundará o Brasil”.
“-Virá o comunismo a penetrar no Brasil?”
“- Sim”.
“- Os padres e os bispos sofrerão muito?”
“- Sim.”
“- Será como na Espanha?”
“- Quase”.
“- Quereis que se pregue sobre este assunto?”
“- Sim”.
Tempos depois, a Virgem voltou a aparecer a uma das videntes, dizendo-lhe: “Nunca mais me manifestarei aqui em Guarda e os três castigos não virão JÁ, porque o povo está melhor; mas, é necessário ainda rezar muito e fazer penitência”.
* * *
[Atualização - 18 de junho de 2013, às 16:12] Apresentamos a seguir artigo extraído do blog do Planalto, que curiosamente está fora do ar desde o início da tarde. O link para acesso em cache é este.


A presidenta Dilma Rousseff elogiou, nesta terça-feira (18), o civismo da população brasileira, que foi às ruas em manifestações nas principais cidades do país. Segundo Dilma, foi bom ver tantos jovens e adultos defendendo um país melhor. Em discurso, a presidenta disse ainda que está ouvindo as vozes pela mudança.

“O Brasil hoje acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem comprovam a energia da nossa democracia. A força da voz da rua e o civismo da nossa população. É bom ver tantos jovens e adultos, (…) juntos com a bandeira do Brasil, cantando o hino nacional e dizendo com orgulho ‘sou brasileiro’ e defendendo um país melhor”, disse.

A presidenta afirmou que seu governo está empenhado e comprometido com a transformação social. Ela citou como exemplo a elevação de 40 milhões de pessoas à classe média. Segundo Dilma, as pessoas mudam porque o Brasil mudou, com mais inclusão, elevação de renda, acesso ao emprego e à educação.

“Surgiram cidadãos que querem mais e que tem direito a mais. Sim, todos nós estamos diante de novos desafios. Quem foi ontem às ruas querem [sic!] mais. As vozes das ruas querem mais cidadania, mais saúde, mais educação, mais transporte, mais oportunidades. Eu quero aqui garantir a vocês que o meu governo também quer mais, e que nós vamos conseguir mais para o nosso país e para o nosso povo”, afirmou.

O ‘protestantismo’ do Papa Francisco










Quando eu li o que Bergoglio disse sobre a questão dos ateus, eu tive um pensamento provocativo que eu me senti tentado a pôr no início desta coluna. Algo assim: "Ei, católicos: vocês sabem o que vocês fizeram? Vocês escolheram um papa protestante".

A opinião é de Bill Tammeus, elder presbiteriano e ex-colunista religioso do jornal The Kansas City Star, pelo qual recebeu diversos prêmios. É autor do blog Faith Matters e colunista mensal da revista The Presbyterian Outlook. Seu livro mais recente, em coautoria com o rabino Jacques Cukierkorn, é They Were Just People: Stories of Rescue in Poland During the Holocaust.

O artigo foi publicado no sítio National Catholic Reporter, 1-5-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.


Eis o texto.

Eu costumo dizer às pessoas que, se você se perder na teologia da Tradição Reformada (leia-se presbiteriana), você sempre pode voltar à estaca zero, que diz, em essência, isto: Deus é soberano.
Ou – em estilo, eu prefiro esta outra, porque a maioria de nós não tem nenhuma experiência de vida sob um soberano – Deus é gloriosamente livre.
Eu pensei sobre isso outro dia, quando eu li algo que o Papa Francisco disse em um livro do qual ele foi coautor em 2010, como cardeal Jorge Mario Bergoglio. Falando sobre como ele conversaria com um ateu, Bergoglio escreveu: "Eu não lhe diria que a sua vida está condenada, porque estou convencido de que não tenho o direito de fazer um juízo sobre a honestidade dessa pessoa".

Essa, amigos, é a teologia da Tradição Reformada. Cabe a Deus determinar quem terá a vida eterna. Não cabe a nós. Mesmo que você recorra aos conceitos difíceis de seguir do fundador da Tradição Reformada, João Calvino, sobre predestinação (sem falar da dupla predestinação), você descobrirá que nenhum ser humano pode saber ao certo quem está salvo e quem está condenado.

Esse ponto, uma vez, levou minha amiga Kathleen Norris a escrever isto no seu livro Amazing Grace: A Vocabulary of Faith: "Surpreende-me que só um advogado francês poderia chegar a uma justificação tão complexa, senão bizarra, para tratar todas as pessoas como se elas pudessem estar entre os eleitos, os escolhidos de Deus".
Ela está certa. Mesmo que você compre a ideia do esquema calvinista "alguns se salvam, alguns são condenados e não há a nada que você possa fazer a respeito", você não sabe quem é quem, por isso você precisa ser bom para com todos, na teoria de que você pode passar a eternidade com essa pessoa.
E isso é quase a mesma coisa que Bergoglio está dizendo em Sobre o Céu e a Terra, coescrito com o rabino Abraham Skorka.

Quando eu li o que Bergoglio disse sobre esse assunto, eu tive um pensamento provocativo que eu me senti tentado a pôr no início desta coluna. Algo assim: "Ei, católicos: vocês sabem o que vocês fizeram? Vocês escolheram um papa protestante".

Mas, no dia seguinte que eu li as palavras do papa, eu descobri que alguém tinha sido mais rápido do que eu nessa conclusão. O escritor Jonathan Merritt fez essa pergunta sobre o Papa Francisco no seu artigo do site Religion News Service: "A crescente popularidade (de Francisco) entre os não católicos pode torná-lo o primeiro papa protestante?".

Merritt acrescentou: "A combinação da preocupação do novo papa com as questões de justiça e a sua teologia conservadora parecem ser atraentes para muitos daqueles protestantes socialmente conscientes" (eu gosto do que Merritt disse, embora eu não fique feliz que ele tenha posto por escrito antes de mim a ideia de que Francisco pode ser o primeiro papa protestante. Mas deixe estar).
Aqueles de nós que fazem parte das principais Igrejas protestantes (presbiterianos, metodistas, luteranos etc.) têm sido exaustivos no que se refere às preocupações de justiça social e superficiais no que se refere ao respeito pelas estruturas de governo hierárquicas e rituais extravagantes.
Nós pagamos um preço por causa dessa ênfase, mas é um preço que nós temos estado dispostos a pagar. E agora muitos de nós acham que o novo papa tem a intenção de aproximar a Igreja Católica um pouco mais dessa abordagem protestante.
Talvez pudéssemos nos encontrar no meio do caminho. Nós, protestantes, acrescentaremos mais ritual, e vocês, católicos, podem descentralizar a sua estrutura de governo, enquanto nós, juntos, lavamos os pés dos pobres.
Eu sei que soa um pouco jocoso, mas eu estou falando sério. Há muita coisa que podemos aprender uns com os outros, e o aprendizado disso pode nos aproximar mais de algum tipo de reunificação (ao menos de espírito), quase 500 anos depois que Martinho Lutero pregou as suas 95 teses na porta da catedral, dando início assim (inadvertidamente) a Reforma Protestante.


Nós, protestantes, não temos o nosso próprio papa para negociar um grande acordo com Francisco, mas, se ele realmente é o primeiro papa protestante, o problema está resolvido. Tudo o que nós, protestantes, e vocês, católicos, precisamos fazer, para início de conversa, é prestar atenção às vezes em que ele se posiciona no nosso campo comum e nos unirmos a ele lá.


FonteUnisinos
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