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Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
30 meditações e exemplos sobre o Purgatório e as Almas
por Monsenhor Ascânio Brandão
Livro de 1948 - 243 pags
Casa da U.P.C.
Pouso Alegre
16
de Novembro
AS
INDULGÊNCIAS
Que
são as indulgências?
Entende-se
por indulgência a remissão ou perdão das penas temporais devidas a Deus pelos
pecados já perdoados em quanto à culpa, remissão concedida pela Igreja pela
autoridade eclesiástica fora do Sacramento da Penitência.
As
penas eternas são perdoadas ao pecador que faz penitência, mas nem sempre as
penas temporais. Há necessidade de fazer penitência e sofrer um pouco em
reparação dos pecados cometidos. Daí a pena temporal pelos pecados. Ora, a
Igreja que recebeu o poder de perdoar a pena eterna, muito mais o tem para
remir da pena temporal. “Tudo o que ligares na terra, será ligado no céu, e
tudo o que desligares na terra, será desligado no céu”, disse Jesus a Pedro. Na
Igreja primitiva os fiéis recebiam grandes penitências pelos seus pecados acusados.
Havia penitências públicas bem duras e longas. Jejuns a pão e água por vários
dias na semana e por alguns anos. Em crimes mais graves como o homicídio, por
exemplo, o penitente fazia doze e mais anos de penitências públicas, algumas
das quais bem humilhantes. Nas faltas mais leves, o jejum de quarenta dias (uma
quarentena). Depois, com o tempo, atendendo à fraqueza humana e aos tempos, a
Igreja permitiu que as penitências públicas fossem substituídas por esmolas,
cruzadas, peregrinações e outras obras que serviam para expiação dos pecados.
As penas canônicas foram substituídas pelas indulgências concedidas aos que
fizessem algumas boas obras ou atos de piedade. Quando eram perdoadas todas as
penitências, era a indulgência plenária, e quando uma parte, a indulgência
parcial. Assim, quando se diz uma indulgência plenária quer dizer que o fiel
lucra um perdão de todas as penitências que deveria fazer pelos seus pecados e
os castigos que deveriam merecer suas faltas com penas temporais. Uma indulgência
de cem dias, por exemplo, se entende que deveria fazer cem dias de penitências
por seus pecados e com uma oração recitada piedosamente ou outra boa obra pode
satisfazer esta dívida que tem para com Deus.
A
indulgência é uma espécie de absolvição das penas temporais, é uma anistia do
Soberano Juiz de nossas almas. Não se poderia dizer propriamente que a
indulgência é a remissão das penas canônicas, mas uma remissão verdadeira da
pena com que Deus castiga o pecado. Não dispensa a penitência e nem a confissão
humilde de nossos pecados.
Há
muita noção errada sobre as indulgências. Assim, muita gente pensa que ganhar
indulgências, por exemplo, de trezentos dias é perdoar trezentos dias de
purgatório, ou uma indulgência plenária importa numa remissão total das chamas
expiadoras. Também não significa que ao ganhar duzentos ou quinhentos dias de
indulgências pelas almas do purgatório lhes aliviamos outros tantos dias de
sofrimento. Esta medida do tempo da expiação é o segredo de Deus e depende
muito do fervor e das disposições de quem lucra as indulgências.
A
Igreja, pelos méritos superabundantes de Jesus Cristo e os méritos de Maria e
dos Santos, e pelo tesouro das boas obras dos justos, aplica para o bem dos
fiéis neste mundo e para alivio das almas do purgatório as indulgências.