O ex-presidente Lula criticava,
quando era oposição, o “voto de cabresto”, a compra de eleitores por meio de
migalhas, esquema típico do coronelismo nordestino. Quão diferente é o Bolsa
Família, que já contempla dezenas de milhões de pessoas, sem uma estratégia de
saída? Um programa que comemora o crescimento do número de dependentes! O
leitor vê tanta diferença assim?
“Nada é tão permanente quanto uma
medida temporária de governo”, sabia Milton Friedman. Não custa lembrar que o próprio PT costuma apelar
para o “terrorismo eleitoral” em época de eleição, espalhando rumores de que a
oposição pode encerrar o programa. Desumano? Criminoso?
Depois que o governo cria privilégios
concentrados, com custos dispersos, quem tem coragem de ir contra? Seria
suicídio político. Por isso ninguém toca no assunto, ninguém vem a público
dizer o óbvio: essas esmolas prejudicam nossa democracia e não tiram essas
pessoas da pobreza. As esmolas estimulam a preguiça, a passividade e a
informalidade. Por que correr atrás quando o “papai” governo dá mesada?
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Fonte: O Globo
Por: Rodrigo Constantino
O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante
dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma
perigosa dependência
Todos vimos, chocados, uma turba ensandecida invadindo agências da Caixa
em diferentes estados, após rumores de suspensão do pagamento do Bolsa Família.
Impressionou o fato de que a maioria ali era bem nutrida, em perfeitas
condições de trabalho em um país com pleno emprego.
Uma das beneficiadas pelo programa, em entrevista, reclamou que a
quantia não era suficiente para comprar uma calça para sua filha de 16 anos. O
valor da calça: trezentos reais! Talvez seja parte do conceito de “justiça
social” da esquerda progressista garantir que adolescentes tenham roupas de
grife para bailes funk.
Não quero, naturalmente, alegar que todos aqueles agraciados pelas
benesses estatais não precisam delas. Ainda há muita pobreza no Brasil, ao
contrário do que o próprio governo diz, manipulando os dados. Mas essa pobreza
tem forte ligação com esse modelo de governo inchado, intervencionista e
paternalista.
O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante
dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma
perigosa dependência. Para gerar melhores empregos, precisamos de menos
burocracia, menos gastos públicos e impostos, mais flexibilidade nas leis
trabalhistas, mais concorrência de livre mercado e um sistema melhor de
educação (não confundir com jogar mais dinheiro público nesse modelo atual).
O ex-presidente Lula criticava,
quando era oposição, o “voto de cabresto”, a compra de eleitores por meio de
migalhas, esquema típico do coronelismo nordestino. Quão diferente é o Bolsa
Família, que já contempla dezenas de milhões de pessoas, sem uma estratégia de
saída? Um programa que comemora o crescimento do número de dependentes! O
leitor vê tanta diferença assim?
A presidente Dilma disse que quem espalhou os boatos era “desumano”,
“criminoso”, e garantiu que o programa era “definitivo”, para “sempre”. Isso
diz muito. “Nada é tão
permanente quanto uma medida temporária de governo”, sabia Milton Friedman. Não custa lembrar que o próprio PT costuma apelar
para o “terrorismo eleitoral” em época de eleição, espalhando rumores de que a
oposição pode encerrar o programa. Desumano? Criminoso?
Depois que o governo cria privilégios
concentrados, com custos dispersos, quem tem coragem de ir contra? Seria
suicídio político. Por isso ninguém toca no assunto, ninguém vem a público
dizer o óbvio: essas esmolas prejudicam nossa democracia e não tiram essas
pessoas da pobreza. As esmolas estimulam a preguiça, a passividade e a
informalidade. Por que correr atrás quando o “papai” governo dá mesada?
O agravante disso tudo é que os recursos do governo não caem do céu.
Para bancar as esmolas, tanto para os mais pobres como para os grandes
empresários favorecidos pelo BNDES, o governo avança sobre a classe média. É
esta que paga o preço mais alto desse modelo perverso. Ela
[A CLASSE MÉDIA] tem seu couro esfolado para sustentar um estado paquidérmico e
“benevolente”.
Para adicionar insulto à injúria, não recebe nada em troca. Paga
impostos escandinavos para serviços africanos. Conta com escolas públicas
terríveis, antros de doutrinação marxista. Os hospitais públicos também são
péssimos. A infraestrutura e os meios de transporte são caóticos. A insegurança
é total. Acabamos tendo que pagar tudo em dobro, fugindo para o setor privado,
sempre mais eficiente.
Como se não bastasse tanto descaso, ainda somos obrigados a ver uma das
representantes da esquerda, a filósofa Marilena Chauí, soltando sua verborragia
em evento de lançamento de livro sobre Lula e Dilma. Chauí, aquela que diz que
o mundo se ilumina quando Lula abre a boca, declarou na ocasião: “A classe
média é um atraso de vida. A classe média é estupidez, é o que tem de
reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista”.
É fácil dizer isso quando ganha um belo salário na USP, pago pela classe
média. Chauí não dá nome aos bois, pois é mais fácil tripudiar de uma abstração
de classe. Mas não nos enganemos: a classe média que ela odeia somos nós,
aqueles que simplesmente pretendem trabalhar e melhorar de vida, ter mais
conforto material, em vez de se engajar em luta ideológica em nome dos
proletários, representados pelos ricos petistas.
Pergunto: quem vai olhar por nós? Que partido representa a classe média?
Com certeza, não é a esquerda das esmolas estatais bancadas com nosso suor, que
depois ainda vem declarar todo seu ódio a quem paga a fatura.
Perdemos dois ícones da imprensa independente: Dr. Ruy Mesquita e
Roberto Civita. Que a chama da liberdade de imprensa continue acesa!
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