Fonte: Orações e milagres medievais
O Rosário é uma série de orações, acompanhadas de meditação em honra da
Santíssima Virgem. Chama-se Rosário porque é como uma coroa de rosas que se
oferece a Maria. A oração principal do Rosário é a Ave Maria.
O Rosário tem por autor S. Domingos, fundador da Ordem dos Pregadores ou
Dominicanos.
O uso de honrar a Maria rezando repetidas vezes o Padre Nosso, a Ave Maria e o
Glória Patri foi inaugurada no século V por Santa Brígida, abadessa de um
mosteiro de beneditinas na Irlanda. Para facilitar tal prática, sujeitando a
uma ordem invariável as orações que a compunham, Santa Brígida serviu-se de
contas de diferentes tamanhos, enfileiradas em forma de coroa.
São Domingos, aperfeiçoando esse terço de acordo com as indicações de Maria,
formou o Rosário tal qual hoje existe.
No século XV, tendo decaído o uso do Rosário, pela desgraça dos tempos, Deus
suscitou o Bem-aventurado Alain de la Roche, dominicano bretão, para
restabelecê-lo em todo o seu brilho.
Segundo vários documentos pontifícios, S. Domingos teve sobre o Rosário uma
revelação particular de Maria, por volta do ano 1206.
Os albigenses eram assim chamados porque eram numerosíssimos na parte da
província do Languedoc chamada Albi. Formavam uma seita na qual se praticavam
monstruosidades.
Admitiam dois princípios, o bem e o mal, não acreditavam nas Escrituras, nem no
batismo das crianças, nem no matrimônio; não queriam nem templos, nem bispos
nem padres, e negavam a verdade do sacrifício da Missa.
Seus costumes eram corruptos, e sua ignorância extrema.
Animados pelo Conde de Tolosa e por grande número de nobres, os albigenses
quebravam as cruzes, queimavam as igrejas, matavam sacerdotes e revoltavam-se
contra qualquer autoridade eclesiástica.
Para conter essa torrente devastadora, a Igreja tratou de converter à Fé essas
almas transviadas e mandou-lhes missionários, entre outros Dom Diego, Bispo de
Osma (na Velha Castela), e seu arcebispo Domingos de Gusmão, tão célebre depois
sob o nome de São Domingos.
Esses homens apostólicos puseram mãos à obra, com ardor, mas seu zelo teve
pouco êxito. Aflitíssimo pela esterilidade de seus esforços, Domingos
dirigiu-se à Mãe de Deus, que tinha o poder de destruir as heresias. Suplicou,
conjurou até com lágrimas, para que esta boa Mãe o auxiliasse e lhe inspirasse
o meio de vencer a obstinação desses fanáticos.
Maria ouviu a oração de seu servo e lhe apareceu. De acordo com a tradição, a
aparição se deu em Castelnauday, numa aldeia chamada Prouille.
Ela o consolou e lhe disse: "Meu filho Domingos, aprenda isto: o meio
empregado pela Santíssima Trindade para reformar o mundo foi a Saudação
Angélica. Portanto, se quiser converter esses corações empedernidos, pregue-a
segundo o modo que vou ensinar-lhe". Indicou então a organização do
Rosário, composto de 3 terços, ou 15 dezenas, a cada qual corresponde um
mistério de nossa Fé.
Com esta poderosíssima arma Domingos pregou outra vez, com novo ardor. Ensinou
a Fé, propagou a devoção do Rosário, e os frutos da conversão se multiplicaram
com prodigiosa rapidez.
Os progressos dessa devoção foram tais, que cinqüenta anos depois da aparição
de Maria milhares de hereges tinham voltado para o seio da Igreja e milhares de
pecadores tinham abraçado a penitência.
Durante a sua vida, o próprio São Domingos converteu mais de cem mil almas,
segundo dizem autores do tempo.
Tal é a origem da preciosa devoção do Rosário, baseada em tantos testemunhos,
autorizada por tantos milagres, honrada pela Igreja com tantos privilégios e
continuamente aprovada pelo Céu com um sem número de graças, que Deus gosta de
distribuir entre os que a praticam.
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