sábado, 8 de março de 2014

A DERROTA (IMPUREZA)




Por vezes, "a alma, comunicando-se aos sentidos, acaba por cair numa espécie de paralisia, que se assemelha à imbecilidade" (Pe. Janvier).

Nenhum carcereiro guardará com maior rigor seus prisioneiros, como o vício guarda suas vítimas.

"Uma memória feliz é um indício... de pureza". (Fonssagrives:L'Éducation de la pureté).

"A impureza, diz o profeta, rouba o coração". (Os. 4.11)

O coração? Mas, o vício lhe corrói as fibras vitais... A impureza é a grande raptora dos corações [subtrai, tira às escondidas, fraudulentamente] ... O lírio de amores castos não vegeta em canteiros onde plantas daninhas lhe absorvem toda a seiva e lhe empobrecem totalmente o solo!

"A grandeza dos sentimentos íntimos transparece no rosto, acabando por tornar-se sua expressão normal, ou atribuindo a nota característica a cada fisionomia".

"O vicio conduz ao hospital... e por que caminhos!" (L. Veuillot)




*** * ***


É POSSÍVEL VENCER ESSA GUERRA?

A DERROTA (IMPUREZA)



A derrota!
Palavra amarga!

Como caustica nossos lábios!

Para não sofrê-la, lutamos durante quatro anos...durante quatro anos, demos o sangue de nossas veias e sacrificamos nossos destemidos valentes. Para salvaguardar nossa independência!

Ora o moço, dominado pelo vício impuro, perdeu sua independência, é escravo!

É a derrota!

Palavra muito amarga!

Como caustica nossos lábios!

Ao começar a guerra, vi os jovens belgas conduzidos entre baionetas alemães. Se vivesse, cem anos (o que seria uma lástima), ainda seria capaz de recordar a expressão dolorosa dos seus rostos.

Pungente humilhação!

E, no entanto, aqueles moços não tinham de que envergonhar-se. Tinham antes o direito de se apresentarem de fronte erguida. Mas, o vencido pela paixão, deve envergonhar-se e andar de cabeça baixa. Entregou as armas, por covardia, e ao mais desprezível dos vencedores, àquele demônio que Nosso Senhor no Evangelho chama: "Homicida desde o começo".

Um soldado dos arredores de Namur [episódio dramático da Primeira Guerra Mundial] contou-me como o seu "forte" fora tomado. Tinham feito sair todos os belgas e depois, perante eles, quebram-lhes os fuzis nos rails dos carros americanos, que por ali passavam. E, com a vingança desenhada no rosto, clamava esse soldado: "Que raiva Quando vi o vencedor quebrar assim o nosso fuzil! Não podereis nunca compreender isso! Não, só quem é soldado será capaz de compreender!...".

Mais uma vez: a humilhação para aquele soldado fora puramente material e de nenhum modo infamante por ser imerecida. O vencido pelo vício sofreu, pelo contrário uma derrota infamante e merecida.

É cruel e horrível ser escravo do inimigo.

O vício é também uma escravidão.

E não é raro que os escravos dos vícios venham dizer, cobertos de vergonha: "Oh! é terrível esta tirania do vezo [costume vicioso ou criticável]! Como nos prende com pesados grilhões!".

Nenhum carcereiro guardará com maior rigor seus prisioneiros, como o vício guarda suas vítimas.

Péricles, referindo-se aos jovens caídos em combate, dizia: "O ano perdeu sua primavera!" E isto é ainda mais verdadeiro no sentido moral! Quando a luxúria leva à ruína um povo, "o ano perdeu a sua primavera".

Lemos no livro A indisciplina dos costumes, de Bureau: "diariamente se está dando grande carnificina de jovens". O autor traçava estas linhas negras, durante a guerra [Primeira Guerra Mundial], mas não se referia aos jovens mortos em combate, aludia a essa carnificina moral de jovens, que a impureza deixa arruinados.

...Cotejai as faculdades (jovens castos), uma por uma:

1) A inteligência - é viva e clara, possuindo o homem, no eu superior, uma dilatação proporcional á restrição imposta ao eu inferior.

2) A vontade - acha-se retemperada pela própria luta, mediante o esforço, que é para o caráter, uma espécie de peptonato [proteína] de ferro. Torna-se capaz de uma energia de grande voltagem e forte tensão.

3) A memória - é geralmente fiel, e por forma, que muita vez, "uma memória feliz é um indício... de pureza". (Fonssagrives: L'Éducation de la pureté).

4) O coração - guarda intactas suas reservas de afeição e de frescura de sentimentos que o perfumam...

5) O corpo - não é raro tornar-se mais elegante em razão da pureza. É lógico: o espirito aperfeiçoa o semblante...: "A grandeza dos sentimentos íntimos transparece no rosto, acabando por tornar-se sua expressão normal, ou atribuindo a nota característica a cada fisionomia".

...Assim se nos apresenta a bela geração dos castos.

Mas, há outra. Contemple-se um moço corrompido, que malbarata seus belos anos, como o insensato que voluntariamente atirasse, uma por uma, ao mar, as suas preciosas peças de ouro.

Aqui, infelizmente, quão grande é o rebaixamento que vemos!

Retomemos o exame de cada faculdade (jovens impuros):

1) A inteligência - Está, por assim dizer toldada, como se a lama imunda do coração tivesse subido à cabeça.

O filósofo Joubert não exagera quando diz: "No momento em que o moço se inflama para a carne, se extingue para toda e qualquer reflexão séria".

Por vezes, "a alma, comunicando-se aos sentidos, acaba por cair numa espécie de paralisia, que se assemelha à imbecilidade" (Pe. Janvier).

Vistes, por ventura, alguma águia numa jaula, o grande rei do azul, entre varas de ferro? Causa pena! Maior pena causa o estado de uma alma, encarcerada numa prisão carnal...


2) A vontade - Está gravemente lesada naquele jovem que não se governa mais. Repare-se neste círculo vicioso: porque cedeu, debilitou-se a vontade: porque se debilitou a vontade, cede.


3) A memória - A memória sensível tem um órgão: o cérebro. Mas, os excessos do vício, abalando o sistema nervoso, atuam sobre o cérebro e, consequentemente, sobre a memória, de um modo desastrado.


4) O coração - Coração? O pobre infeliz, por vezes, parece que já não o tem mais. "A impureza, diz o profeta, rouba o coração". (Os. 4.11)

O coração? Mas, o vício lhe corrói as fibras vitais... A impureza é a grande raptora dos corações [subtrai, tira às escondidas, fraudulentamente]... O lírio de amores castos não vegeta em canteiros onde plantas daninhas lhe absorvem toda a seiva e lhe empobrecem totalmente o solo!

5) O corpo - "O vicio conduz ao hospital... e por que caminhos!" (L. Veuillot)

A impureza é o pecado do corpo; e é, muitas vezes, punida no próprio corpo.


(Excertos do livro: A grande guerra - Pe. Hoornaert, Escola Typ. Salesiana, edição 1928)



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...