terça-feira, 12 de março de 2013

A história do Cardeal que renunciou ao papado


Sem dúvidas as linhas a seguir constituirão para muitos uma surpresa ao mesmo tempo agradável e triste. Semelhantes atos foram tomados ao longo da existência da Igreja, mas o que marca esta renúncia é suas consequências para a Igreja. Muito embora, como denunciamos em outras oportunidades, a franco-maçonaria estivesse rebentando no interior da Igreja durante 1958, talvez a situação devesse ter sido adiada com um paliativo poderoso, como a ascensão de um papa tradicional que viesse a substituir S.S. Pio XII. É um fato triste, haja vista não a atitude em si da negação, mas devido às consequências que João XXIII causou na Igreja, ao, abruptamente, convocar um dos eventos mais pesarosos e destrutivos dos últimos séculos para a Igreja. Isso não apenas nós reconhecemos, como o próprio cardeal em questão.¹

O Cardeal Giuseppe Siri (1906-1989) foi um dos cardeais mais importantes da história da Igreja Católica do XX século. Arcebispo de Gênova por mais de quarenta anos, era considerado um dos prelados mais conservadores. No Concílio Vaticano II, foi membro da Comissão Preparatória Central e da Subcomissão das Emendas.²



Devido à sua experiência e sólida formação, o Cardeal Siri fora um dos maiores defensores da tradição e ortodoxia católica, sendo, inclusive ”membro do Coetus Internationalis Patrum (Grupo Internacional dos Padres [Conciliares]). Em 1962, tornou-se presidente da Conferência Episcopal Italiana. Em 1968, fez parte da comissão que revisou o Código de Direito Canônico”³. Sua competência como revisor do CDC é constatada por inúmeros testemunhos.

A teoria de que o mesmo Cardeal, quando do conclave de 1958, tenha sido eleito é confirmado por muitos testemunhos que dão conta da emissão do fumo branco (tradição longínqua de se anunciar a eleição de pontífices) na Capela Sistina. E todos os indícios, como a predileção por um papa que viesse a coroar os esforços de S.S. Pio XII em enfrentar o mau do liberalismo e do modernismo, apontam para que a escolha recaísse sobre Siri; um fato que é reconhecido historicamente, a exemplo disto, é sua integridade moral: “Os sedevacantistas lhe ofereceram apoio muitas vezes, mas ele sempre rejeitou, preferindo morrer em um estado de comunhão com o Catolicismo, como ele mesmo afirmou. Apoiou com todas as forças a permanência, na Igreja, dos sacerdotes de Lefebvre, que viam nele um ponto de referência seguro. Exigia o uso da batina e considerava seu abandono um sinal de infidelidade para com o ministério sacerdotal”5.


Embora se careça em língua portuguesa de informações de maior densidade a respeito da história biográfica do Cardeal Siri, informações recolhidas em fontes dispersas, quando reunidas, dão conta da solidez desta teoria.

Nos ambientes tradicionalistas, frequentemente é retomada a tese pela qual, no conclave de 1958, ele teria sido eleito Papa. Os numerosos fieis presentes em Praça São Pedro afirmavam que a tradicional fumaça da Capela Sistina fosse branca, o que sinalizava a escolha definitiva do novo Papa. Esta tese foi defendida, entre tantos, pelo jornalista norte-americano Paul L. Williams, que declarou ter examinado um dossiê do FBI, de 10/04/61, no qual os serviços secretos norte-americanos haviam sido informados de que o Card. Siri fora eleito Papa no dia 26 de Outubro de 1958 4.

Por quatro vezes foi tido como ‘papável’: 1958, 1963 e nos dois conclaves de 1978. Em uma entrevista em 1988, Siri teria dito que estava arrependido de não ter aceitado a candidatura nos conclaves de que participou, por causa das consequências que advieram, e que pedia perdão a Deus por seu erro. Passou seus últimos dias em uma casa que lhe fora deixada de herança pela Condessa Carmela Campostano. Dizia-se que ele era ‘prisioneiro’ do Vaticano, não podendo deixar a mansão de Albaro (Gênova).







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¹ – A fim de melhor expressar o dito: de modo algum queremos afirmar que o Cardeal Siri cometeu um ato improbo ou imputar-lhe alguma culpa. Sabemos que são estes desígnios de Deus dos quais desconhecemos as razões. Pontificamos que, de modo algum, um cardeal com relevante eminência e autêntica fé pode ser considerado culpado de algo neste sentido.

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³ – 4 – 5 –

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Trecho extraído do site do Apostolado Católico Arauto da Verdade©, disponível no link: http://arautoveritatis.com/2011/12/a-historia-do-cardeal-que-renunciou-ao-papado/#ixzz2NLEp8MTW
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