quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Melhor pedófilo que racista


DESTAQUE

Até onde pode conduzir a propaganda do ‘politicamente correto’ e a inversão de valores: ao desejar “proteger as minorias” de estigmas e discriminações, os fanáticos do pensamento politicamente correto acabam desprotegendo outras minorias que estariam mais bem servidas se a lei fosse igual para todos...

Mas o pensamento politicamente correto não trata os indivíduos como indivíduos. Prefere a atitude totalitária de tratá-los em rebanho, removendo-lhes a identidade — e a responsabilidade.

Eis a ironia final: aqueles que defendem a “política de grupos” são os mesmos que destroem a dignidade desses grupos.


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1.400 menores foram abusados sexualmente e traficados para prostituição pelo país inteiro por muçulmanos paquistaneses durante 16 anos.

 Por João Pereira Coutinho


Era uma vez uma pequena cidade no sul do Yorkshire chamada Rotherham. Nunca a visitei. Mas, pelas fotos disponíveis, parece uma daquelas típicas cidades do interior de Inglaterra, com o seu encantador ar de desolação e sujidade. Conheço várias.

Acontece que Rotherham passou a estar nas notícias devido a um “escândalo” que terá ocorrido entre 1997 e 2013.

Nesse período, e como tem relatado o enviado desta Folha, 1.400 menores terão sido abusados sexualmente e traficados para prostituição pelo país inteiro. Caso recusassem participar nos crimes, eram ameaçados com violências de uma inimaginável crueldade.

Perante esta novela, a pergunta lógica é saber como foi possível, durante 16 anos, violar e traficar 1.400 menores a partir de um lugarejo que fica a três horas de Londres –e não em Cabul ou Mogadíscio.

A resposta, contida no relatório do professor Alexis Jay, é de arrepiar um defunto: as “autoridades” locais – serviços sociais, polícia, até políticos– sabiam ou desconfiavam do sucedido. Alguns até receberam as vítimas – peço desculpa: as “alegadas” vítimas, que denunciavam os crimes e pediam ajuda na punição dos agressores.

O problema, como afirma o mesmo relatório, é que essas vítimas eram brancas; e os agressores – peço desculpa novamente: os “alegados” agressores eram na sua maioria paquistaneses muçulmanos, que gostavam de “caçar” carne branca.

As “autoridades” preferiram não investigar a fundo a monstruosidade de Rotherham porque, no glorioso mundo do multiculturalismo demente, parece que é pior ser racista, ou acusado de racismo, do que ser pedófilo e cafetão.

Aliás, o relatório nem precisava de o afirmar: tempos atrás, e como lembra a revista “Spectator”, os serviços sociais de Rotherham entenderam que era seu direito remover três crianças do lar familiar porque os pais eram simpatizantes do partido eurocético Ukip.

Não vale a pena relembrar que o Ukip, por mero acaso, venceu as últimas eleições europeias na Inglaterra. Democraticamente.

A verdadeira ameaça, para os serviços sociais, estava no fato dos pais daquelas crianças votarem num partido que se recusa a “promover ativamente a causa multiculturalista”. A mesma causa que condenou 1.400 menores a um regime de escravidão sexual. Desconheço se as três crianças retiradas da família também fizeram parte do circuito de violação e prostituição que não perturbou os serviços sociais.

A procissão ainda vai no adro e o temor inglês é que, depois de Rotherham, comecem a surgir por toda a Inglaterra casos semelhantes. Há até quem fale em Oxford, essa arcádia de conhecimento e solenidade, como um antro de criminalidade igual.

Esperemos pelas cenas dos próximos capítulos. Por enquanto, a história de Rotherham oferece duas lições.

A primeira, óbvia, é mostrar como o pensamento politicamente correto não é apenas uma doença intelectual. Na prática, essa doença tem consequências: ao desejar “proteger as minorias” de estigmas e discriminações, os fanáticos do pensamento politicamente correto acabam desprotegendo outras minorias que estariam melhor servidas se a lei fosse igual para todos. Cega e justa.

Mas existe uma segunda lição, menos óbvia, mas igualmente importante: a covardia das autoridades de Rotherham não é apenas uma traição a gente pequena e vulnerável.

Também é uma traição para a própria comunidade paquistanesa, sobretudo para os milhares de inocentes que, como lembra o enviado desta Folha, ajudaram a construir o país e a defender o reino na Segunda Guerra Mundial.

Se os criminosos tivessem sido tratados e punidos individualmente, a comunidade paquistanesa não seria confundida com eles. Nem manchada pelos seus crimes.

Mas o pensamento politicamente correto não trata os indivíduos como indivíduos. Prefere a atitude totalitária de os tratar em rebanho, removendo-lhes a identidade — e a responsabilidade.

Eis a ironia final: aqueles que defendem a “política de grupos” são os mesmos que destroem a dignidade desses grupos.

Fonte: FSP

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