sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

UM CATÓLICO PODE ABANDONAR, ‘SEGUNDO A SUA CONSCIÊNCIA’, A IGREJA CATÓLICA?



DESTAQUE


Certamente que o estado presente do mundo e as técnicas de escravidão às ideologias reinantes e corruptoras da fé não facilitam a vida cristã. Mas, precisamente, é para este mundo que os cristãos foram empurrados pela Hierarquia e segundo o espírito do Vaticano II. Eles ficaram desarmados, abandonados, privados do ensinamento da doutrina católica, desfigurada por numerosos catecismos e pregações, face ao desencadeamento da heresia que encontrou muita cumplicidade aberta e oficial no seio da Igreja.

O personalismo [de Emmanuel Mounier], que desde há muito envenenou o pensamento católico, é a filosofia dos direitos do homem, da abertura para o mundo, da liberdade religiosa e do ecumenismo, a filosofia que arrastou o povo cristão a pensar e argumentar à margem da luz da fé católica e que, em retorno, solapa esta.



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Rev. Pe. Hervé BELMONT


A realidade é que o povo cristão como um todo perdeu a fé. Claro que só Deus sonda os rins e os corações, mas é observável e certo que a maior parte dos cristãos não mais professam a fé da Igreja, nem no seu modo de viver, nem nas suas palavras quando interrogados sobre sua adesão a esta ou aquela verdade pertencente ao depósito revelado.

A realidade é que esta “apostasia imanente”, segundo a expressão de Maritain, foi querida por aqueles que deveriam tê-la impedido e que, pelo contrário, introduziram e em seguida — quando os efeitos ficaram visíveis — mantiveram suas causas. Certamente que o estado presente do mundo e as técnicas de escravidão às ideologias reinantes e corruptoras da fé não facilitam a vida cristã. Mas, precisamente, é para este mundo que os cristãos foram empurrados pela hierarquia e segundo o espírito do Vaticano II. Eles ficaram desarmados, abandonados, privados do ensinamento da doutrina católica, desfigurada por numerosos catecismos e pregações, face ao desencadeamento da heresia que encontrou muita cumplicidade aberta e oficial no seio da Igreja.

A realidade é uma reforma litúrgica infestada do espírito do protestantismo; reforma que não é nem fruto nem expressão da fé da Igreja; reforma que faz o povo cristão perder o sentido da infinita santidade de Deus ao esvaziar os testemunhos exteriores de adoração e desviar a liturgia para o “culto do homem”.

A realidade é que, de fato, os que querem conservar a fé católica, confessá-la integralmente e produzir as obras dela não podem fazê-lo senão contra a autoridade, ou ao menos à margem dela.

A realidade é que os autores ou fautores de heresia e de imoralidade vivem tranquilamente nas estruturas conciliares, e que o franzir as sobrancelhas, a que alguns espalhafatosos foram sujeitos, não constitui em nada uma defesa e promoção da fé católica.

A realidade é que a inteligência da fé é destruída pela invasão do personalismo, que é a filosofia subjacente, empregada pelos textos do Vaticano II. O personalismo, que desde há muito envenenou o pensamento católico, é a filosofia dos direitos do homem, da abertura para o mundo, da liberdade religiosa e do ecumenismo, a filosofia que arrastou o povo cristão a pensar e argumentar à margem da luz da fé católica e que, em retorno, solapa esta.

Retomemos o segundo parágrafo da Dignitatis Humanæ, no qual vem definida a liberdade religiosa tal como a entende o Vaticano II:

“O Concílio do Vaticano declara que a pessoa humana tem direito à liberdade religiosa. Essa liberdade consiste nisto: todos os homens devem estar subtraídos à coação por parte tanto dos indivíduos quanto dos grupos sociais e de qualquer poder humano que seja, de tal maneira que em matéria religiosa ninguém seja forçado a agir contra a sua consciência nem impedido de agir segundo a sua consciência, tanto em privado quanto em público, sozinho ou associado a outros, dentro de justos limites.”


Ora, segundo a teologia católica mais certa, é impossível para um católico abandonar “segundo a sua consciência” a Santa Igreja; assim ensina o Concílio Vaticano I:


“A condição daqueles que aderiram à verdade católica graças ao dom celeste da fé é completamente diferente da condição dos que, conduzidos por opiniões humanas, seguem uma falsa religião; aqueles que receberam a fé sob o Magistério da Igreja nunca podem ter motivo justo de mudar ou de pôr em dúvida esta fé”. (20 de abril de 1870, Denzinger n.º 1794)

Fonte: Acies Ordinata



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