terça-feira, 30 de abril de 2013

A corrupção do verdadeiro amor








Nota do blog: 

Um leitor enviou-nos duas matérias, estabelecendo uma curiosa conexão entre ambas: recente homilia do Papa Francisco e um artigo sobre os Fiéis do Amor (Fedele d'Amore), sociedade secreta cujos representantes são atestados no século XII tanto na Provença e na Itália como na França e na Bélgica. 

De fato, os Fedele d'Amore constituíam uma milícia secreta e espiritual, que tinha por fim o culto da "Mulher única" e a iniciação no mistério do "amor". Todos os seus membros utilizavam uma "linguagem oculta" (parlar cruz), para que a sua doutrina não fosse acessível  "a la gente grossa" ("gente graúda"), como afirma um dos mais ilustres dos Fedeli, Francesco da Barberino (1264-1348). Outro Fedele d'Amore, Jacques de Baisieux, prescreve em seu poema — C'est des fiez d'Amours — "que não se devem revelar os conselhos do Amor, e sim guardá-los com muito cuidado". 



Sem nenhum objetivo definidamente polêmico, limitamo-nos a transmitir a informação.



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‘A Igreja não é uma ONG, mas uma história de amor’

Na missa de hoje na Casa Santa Marta, Papa Francisco recorda que o verdadeiro caminho da Igreja é o amor e não a organização, a burocracia ou os grandes números


Cidade do Vaticano, 24/4/2013 (Zenit.orgSalvatore Cernuzio


Nas missas matinais, na Domus Sanctae Marthae, Papa Francisco dá o melhor de si mesmo. Além das famosas "frases de efeito" e as características metáforas tão amadas e citadas por jornalistas, o Papa dá a cada dia, em pílulas, uma visão clara do que a Igreja, da qual ele é a cabeça, deveria ser e fazer.

A mensagem da homilia desta manhã foi mais clara do que nunca: "A Igreja não é uma ONG", mas é "uma história de amor." É estranho pensar que estas palavras, o Papa falou na frente de alguns funcionários do IOR. Tanto é assim que o próprio Papa disse-lhes: "Desculpe-me, hein! ... [SIC! SIC! SIC!] Tudo é necessário, os departamentos são necessários... eh, tudo bem! Mas são necessários até certo ponto: como ajuda para esta história de amor”. “Quando a organização toma o primeiro lugar – destacou – o amor vem pra baixo e a Igreja, pobrezinha [SIC! SIC! SIC!], se torna uma ONG. E este não é o caminho".

Para explicar este conceito, o Santo Padre partiu das leituras do dia, que contavam as histórias da primeira comunidade cristã que vê sempre mais crescer o número dos seus discípulos. Um aspecto positivo, que se torna negativo – disse o Papa – no momento em que força a fazer “pactos” para ter ainda mais “sócios nesta empresa”.

O caminho que Jesus quis para a sua Igreja é, pelo contrário, sublinhou o Santo Padre: “o caminho das dificuldades, o caminho da cruz, o caminho da perseguição... E isso nos faz pensar: mas o que é essa Igreja? Essa nossa Igreja, porque parece que não seja um empreendimento humano".

"Não são os discípulos que fazem a Igreja – acrescentou – são enviados, enviados por Jesus”, enviados ao mesmo tempo pelo Pai. E é “no coração do Pai” que começa esta ideia da Igreja: “Não sei se o Pai teve uma ideia [SIC! SIC! SIC!] – disse Bergoglio – o Pai teve amor e começou esta história de amor tão longa nos tempos e que ainda não terminou”.

"Nós, mulheres e homens de Igreja - continuou - estamos no meio de uma história de amor: cada um de nós é um elo desta cadeia de amor. E se nós não entendemos isso, não entendemos nada do que seja a Igreja".

É o caminho do amor, na verdade, o único caminho que a Igreja pode percorrer e onde pode fortificar-se. Ela “não cresce com a força humana”: este foi o erro de muitos cristãos ao longo dos séculos “erraram por razões históricas, erraram o caminho, fizeram exércitos, guerras religiosas” [SIC! SIC! SIC!]. E também nós hoje “aprendemos com os nossos erros como vai a história de amor”. Uma história que cresce “como a semente de mostarda, cresce como o fermento na farinha, sem ruído” como disse Jesus Cristo.

A Igreja, portanto, cresce "de baixo, lentamente” sublinhou o Santo Padre, e quando “quer vangloriar-se da sua quantidade e cria organizações, departamentos e se torna um pouco burocrática, a Igreja perde a sua principal substância e corre o perigo de transformar-se numa ONG. E a Igreja não é uma ONG...”

Então, o que é a Igreja no concreto? "É Mãe", afirmou o Papa Bergoglio:" Há tantas mães nesta missa. O que vocês sentiriam se lhes dissesse: ‘Mas, a senhora é uma organizadora da sua casa? 'Não, eu sou a mãe".

A Igreja, portanto, não é uma organização - disse - não cresce “com os militares”, [SIC! SIC! SIC!] mas com a força do Espírito Santo. E nós, acrescentou, “todos juntos, somos uma família na Igreja que é a nossa Mãe”. Papa Francisco, como em todos os dias no final da Missa, elevou uma oração à Maria, mãe de Deus e mãe nossa, para que “nos dê a graça da alegria, da alegria espiritual de caminhar nesta história de amor”.

[Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]
(24/4/2013) © Innovative Media Inc.




Pergunta do blogSe a Igreja errou no passado, qual a prova de que hoje estaria no caminho certo? 



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O artigo abaixo (que publicamos no original em francês) estabelece, ainda que de passagem, uma forte conexão entre Averróes, sufis, trovadores provençais, templários (decadentes), Novalis (românticos alemães do século XIX em geral), Beatles... 

O papa Francisco presidiu pela primeira vez a cerimônia da Via Crúcis em torno do Coliseu Romano. "Tudo é amor", com essas palavras o Pontífice encerrou a cerimônia. 
(Jornal do Brasil - 29/3/2013)




Fidélité d'Amour



Origine


L'Ordre des Fidèles d'Amour est une société secrète de gens de lettres à laquelle appartenait Dante et au sein de laquelle Guido Cavalcanti apparaissait comme un maître. Il se situe à l'intersection creusée de deux cultures : l'une, provençale, est la longue lignée des troubadours et trouvères que Cavalcanti et Dante achèvent ou parachèvent ; l'autre, qui la macule d'une mystique nouvelle, est celle des soufis.



La poésie des soufis a rencontré l'Occident à travers les croisades. Dans la quête des chevaliers chrétiens appartenant à l'Ordre du Temple, un écho a retenti, et derrière l'hostilité historique apparente, une rencontre invisible porta la parole d'Ibn' Arabi, comme la pensée d'Averroès, et le caractère des 'âshiq, à l'Occident. Les Fidèles d'Amour sont apparus aux yeux de soufis ultérieurs comme une variante inattendue et florentine des Shadhiliyya quant à la voie privilégiée (mêlant amour et poésie) et jusqu'au symbolisme commun des systèmes (tournant - c'est le cas de le dire - autour du mystérieux nombre neuf).


Initiation

L'initiation des Fidèles d'Amour commençait avant leur entrée dans cette petite société : il s'agissait de l'expérience amoureuse elle-même, vécue alors comme une mystique à part entière, abolissant éventuellement, invisiblement, la chrétienne. « L'amour est une religion dont le dieu est faillible » dira avec élégance Borges. Tomber amoureux (et si possible d'une jolie jeune fille, d'une « jouvencelle ») était la clé qui ouvrait la porte énigmatique du coeur. Des troubadours jusqu'aux Beatles, l'amour, à chaque fois qu'il s'agira de le consacrer dans l'idiome naturel, dans la scansion produite par un langage familier qui s'étrange lui-même à mesure qu'il avance dans l'amour, pourra porter ce double sens : celui d'une sacralisation de l'immanence comme d'une destitution des privilèges de la transcendance. L'autre monde est dans ce monde, vécu comme un miroir à double sens, et c'est l'amour qui est la clé du voyage, l'amour qui permet de raccrocher le temps qui bifurque dans les deux sens et de matérialiser l'Aïon dans un corps. La deuxième étape était d'échouer dans son entreprise galante, en vue de conserver la tension érotique sans la satisfaire (proche en cela de l'extase masochiste ou des pratiques taoïstes). La troisième commençait avec la familiarité à la poésie, l'acquisition d'une pratique langagière qui se calque sur le sentiment amoureux : un style passionnel qui fasse prélude au sens de la vie.

Comme on peut aisément le comprendre, la moitié des adolescents (garçons et filles) de l'histoire de l'humanité ont les prétentions suffisantes à devenir des Fidèles d'Amour. A la différence du Paradis chrétien (que Dante visitera), beaucoup d'élus. Mais c'est lorsque la poésie rentre en jeu que la plupart des élus manquent à l'appel et se retirent. Car la poésie, telle qu'elle est pratiquée par Dante Alighieri, Cino da Pistoia, Lapo Gianni, Gianni Alfani, Dino Frescobaldi ou Guido Cavalcanti, demande un effort intellectuel, une rigueur théorique qui va de pair avec l'invention d'un style où faire couler la pensée. La recherche est celle d'une perfection formelle où sens et son arrivent à leur pointe blessante, le tour, à la fois mystérieux et magique, où mélopée, phanopée et logopée atteignent, dans une parole douce et à voix basse, leur acmé.

L'initiation de Dante

C'est dans le chapitre XVIII de la Vita Nova, que Dante franchit cette étape cruciale. Alors qu'un groupe de jeunes filles, mené par Jeanne Primavera, lui demande pourquoi il aime Béatrice alors qu'il s'effondre à sa vue et la fuit depuis qu'elle a répondu à son salut par le dédain, Dante répond : « Mes dames, la fin de mon amour a été naguère le salut de cette dame de qui peut-être vous voulez parler, et c'est en lui que résidait ma béatitude laquelle était la fin de tous mes désirs. Mais depuis qu'il lui a plu de me le refuser, mon seigneur Amour, grâces lui soient rendues, a placé toute ma béatitude en ce qui ne me peut m'être ôté ». Jeanne et ses amies se concertent et finalement lui demandent de préciser d'où il tire cette béatitude. Dante réplique, avec son orgueil habituel et le plus naturellement du monde : « Dans les paroles qui louent ma dame ». Mais Jeanne lui dit : « Si cela était vrai, les vers en lesquels tu as dépeints ton état, tu les aurais tournés d'une toute autre manière ». Alors Dante repart, la queue entre les jambes, demeurant plusieurs jours anxieux et excité jusqu'à trouver, dans le chant suivant, les vers qui feront trembler les gens d'amour...

D'hier à aujourd'hui

L'organisation initiatique des Fidèles d'Amour a disparu officiellement en Occident dès la fin du moyen âge. Parmi ses membres, certains ont choisi d'émigrer dans les pays du Moyen Orient, en Syrie ou en Égypte, mais d'autres ont préféré la clandestinité la plus rigoureuse. Pourtant, il existe des preuves que cette organisation s'est simplement occultée et qu'elle a perduré à travers les siècles, au cœur de l'Occident, jusqu’à nos jours. A ce qu'on en sait, cette organisation n’existerait plus en tant qu'ordre initiatique car, depuis le moyen âge, on pense qu'il ne s’agit plus que de cas singuliers et d’expériences individuelles. Alors, que signifie être un fidèle d'amour de nos jours ? Pour l'être, faut-il obligatoirement appartenir à une organisation constituée comme telle, avec sa hiérarchie, ses rites initiatiques et son langage secret ? A propos des Rose-Croix, René Guénon nous met en garde contre cette erreur : « Le terme de Rose-Croix est proprement la désignation d’un degré initiatique effectif, dont la possession, évidemment, n'est pas liée d’une façon nécessaire au fait d’appartenir à une certaine organisation définie ». Il en est sans doute de même pour les fidèles d’amour d'aujourd'hui.

Quand on parle de la Fidélité d'Amour aujourd'hui, il faut penser, bien sûr, à cette ancienne organisation qui s'est transportée en Orient, et dont quelques uns des membres occidentaux sont bien connus : Dante, Cavalcanti, Pétrarque, mais il faut y voir aussi une voie et un mode de réalisation spirituelle que quelques individus ont emprunté depuis son occultation, dans des conditions qui demeurent aussi mystérieuses qu'à l'époque où cette organisation existait au grand jour : Raphaël, Pic de la Mirandole, Giordano Bruno. Ce qui distingue, en effet, l'organisation des Fidèles d'Amour, c'est son secret, ce qui explique pourquoi ses membres ont laissé si peu de traces, hormis bien sûr l'œuvre toute entière de Dante, à condition de savoir en percer les mystères. A ce propos, René Guénon nous fait remarquer que notre temps, aussi obscur et peu propice à la connaissance ésotérique soit-il, pourrait toutefois en autoriser une meilleure compréhension.

D'Orient et d'Occident

Comme nous l'avons dit, il fut un temps, en Occident, où l'ordre des Fedeli d'Amore existait en tant qu'organisation initiatique et ce temps reste lié à l'histoire des Croisades. Si l'on veut bien considérer, comme René Guénon, que cette époque a produit « d'actifs échanges intellectuels entre l'Orient et l'Occident », on en conclura que l’initiation des fidèles d’amour les rendait aptes à entrer en relation avec ceux d'Orient. Mais de tels échanges se sont interrompus pendant plusieurs siècles à cause de la « dégénérescence » de l'Occident en matière d'ésotérisme. En revanche, le vingtième siècle a permis l'accès à des textes d'auteurs orientaux qui étaient restés inédits en Occident. Leur existence favorise désormais une meilleure connaissance de la Fidélité d'Amour, qui est fondamentalement d'Orient et d'Occident. Cela signifie-t-il que l'initiation à l'ordre des Fedeli d'Amore en serait devenue possible ? Ce serait méconnaître la nature même de l'initiation - qui est transmission - que de le penser, et pourtant, René Guénon lui-même nous fait remarquer, en conclusion de son Roi du Monde, que « dans les circonstances au milieu desquelles nous vivons présentement, les événements se déroulent avec une telle rapidité que beaucoup de choses dont les raisons n'apparaissent pas encore immédiatement pourraient bien trouver, et plutôt qu'on ne serait tenté de le croire, des applications assez imprévues, sinon tout à fait imprévisibles. »

L'histoire de la Fidélité d'Amour en Occident ne s'arrête donc pas à la disparition ou plutôt à l'occultation de l'ordre des Fidèles d'Amour. Ici, il faut entendre le mot « Occident » à la manière dont René Guénon en parle, dans Orient et Occident, par exemple, comme de l'espace géographique, de tradition chrétienne par rapport à un « Orient » qui est de tradition sémitique, musulmane ou juive. C'est d'ailleurs ce qui explique que Henry Corbin en ait poursuivi la piste en direction de Ibn ‘Arabî, des théosophes et des poètes persans, comme Rûzbehân Baqlî, Hâfez ou encore Fakhr ‘Erâqî. Mais la tradition des Fidèles d'Amour est aussi une tradition occidentale, en ce sens qu'elle concerne les trois religions monothéistes ou plutôt leurs ésotérismes respectifs que sont la Kabbale, tradition hébraïque, l'ésotérisme islamique et l'ésotérisme chrétien. Julius Evola et René Guénon soutiennent qu'elle a son équivalent en Extrême Orient, spécialement en Inde.

Quoi qu'il en soit, l'histoire des Fidèles d'Amour s'étend en Occident au-delà du terme fixé par René Guénon – qui cite encore Boccace et Pétrarque, après Dante et les Fedeli d'Amore. C'est pourquoi il convient ici d’évoquer les « chaînons manquants » qui font perdurer cette histoire jusqu'à nos jours. Peu importe qu'ils se désignent de nos jours sous le nom de disciples de Foi et Amour, en référence à un recueil de fragments philosophiques du poète allemand Novalis. Ils s’inscrivent bien dans la même lignée spirituelle qui est celle desFedeli d'Amore. Il suffira d'en citer deux, un poète et un peintre, Novalis et Raphaël : « Le poète romantique allemand et le peintre italien appartiennent à la même généalogie spirituelle, celle des artistes visionnaires qui ont été initiés à la Fidélité d'amour par l'apparition providentielle, dans leur vie, d'un certain visage de beauté, visage humain, comme celui de Sophie, pour Novalis, que ce dernier a contemplé avec les yeux de son âme, ou image divine, celle de la Vierge Marie, pour Raphaël, qui en reçu, une nuit, la révélation. »

Il existe d'ailleurs des preuves de leur appartenance à la lignée des Fedeli d'Amore. C'est, par exemple, Wackenroder rapportant cette citation d'une lettre du peintre italien au comte de Castiglione : « Comme on voit si peu de belles formes féminines, je me tiens en esprit à une certaine image qui naît dans mon âme », ou transcrivant quelles feuillets de Bramante, à propos de la vision d'une Image de la Vierge Marie survenue une nuit à Raphaël. Il faudrait citer intégralement ce texte mais on retiendra que « le plus merveilleux est qu'il lui sembla que cette image fût justement ce qu'il avait toujours cherché, bien qu'il n'en eût jamais eu qu'un pressentiment obscur et confus » et aussi que « l'apparition était restée pour toujours gravée dans son coeur et dans ses sens, et il avait alors réussi à reproduire les traits de la Mère de Dieu comme toujours ils avaient flotté devant son âme, et il avait toujours eu un certain respect même pour les images qu'il peignait ». S'il devait y avoir un doute quant à la présence de la Vierge Marie, dans l’expérience initiatique des Fidèles d'Amour, on rappellera, avec René Guénon, qu'il existe de nombreux symboles initiatiques de la Mère de Jésus dont l'application « est parfaitement justifiée par les rapports de la Vierge avec la Sagesse et avec la Shekinah ».



Quant à Novalis, quelques extraits du dialogue de Henri et Mathilde, dans son unique roman, inachevé, Henri d'Ofterdingen (1801), permettront de comprendre pourquoi il est tenu comme le représentant le plus pur de la tradition occidentale de la Fidélité d'Amour : « Tu es la sainte qui présente mes demandes à Dieu, l'intermédiaire à travers qui Il se révèle à moi, l'ange par lequel Il me donne à connaître la plénitude de Son amour. Qu'est-ce que la religion, sinon une intelligence infinie, une éternelle communion des cœurs aimants ? Où deux sont réunis, Il est au milieu d'eux. J'ai éternellement à respirer en toi, et ma poitrine ne finira jamais de se remplir de toi. Tu es la divine splendeur, la vie éternelle dans l'enveloppe la plus adorable. Si seulement tu pouvais voir comment tu m'apparais, quelle rayonnante image émane de ton corps et vient partout illuminer mes regards, tu ne redouterais nulle vieillesse. Ta forme terrestre n'est qu'une ombre de cette image ; et certes, les forces de la terre luttent et se prodiguent pour la concrétiser, la confirmer, mais la nature est encore insuffisamment mûre : l'image est l'archétype éternel qui participe du saint monde inconnu ».


Dans ces conditions, on peut affirmer que la généalogie spirituelle des Fedeli d'Amore, en Occident, ne s'est pas interrompue, même s'il n’est plus question ici de parler d'Ordre – et d’ailleurs cet Ordre a-t-il jamais existé comme tel, n'a-t-il pas été plutôt une organisation initiatique, au sens où l'entendait René Guénon ? Que cette organisation demeure toujours active, même invisible, n'en reste pas moins une certitude. Et c'est ce qui importe finalement. D'autant que son existence en Occident est un signe manifeste de l'appartenance, de nos jours, de Fidèles d'Amour d'Occident à « une élite spirituelle commune aux trois rameaux de la tradition abrahamique », dont l'éthique « prend origine aux mêmes sources et vise la même hauteur d'horizon. »

Alors se pose une dernière question : « Rapprochés dans cette communauté de culte et de destin, les Fidèles d'Amour, ceux de l'Occident et ceux de l'Iran, nous font mieux distinguer au moins l'orée du chemin dans lequel ils s'étaient tous engagés, mystiques, poètes, philosophes. Se demandera-t-on si le parcours de leur Voie a encore une signification autre qu'historique, pour les conditions de notre propre présent historique ? ». Henry Corbin remarque qu'« il n’y a pas de réponse générale ni de programme théorique à fournir à ce genre de question ». Pourtant il existe une réponse qui est celle donnée par l'existence même de la Fidélité d'amour, de nos jours, en Occident, d'une tradition qui est donc demeurée vivante et qui reste fondamentalement une tradition d'Orient et d'Occident.


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