Fonte: A fé explicada
Nos dias atuais, devido à omissão do concílio Vaticano II e de seus seguidores em condenar os erros modernos, as dúvidas geradas pelas mais diversas heresias têm abalado a Fé de muitos. Uma das correntes que causa grandes males à Fé católica é a dita RC”C” – renovação carismática “católica” – que, na realidade, não passa de protestantismo disfarçado de catolicismo.Os católicos tradicionais têm demonstrado o quanto a RC”C” se afasta da doutrina e da moral católicas, chegando mesmo a lhes constituir verdadeira ameaça, pois infiltra erros protestantes na Igreja de Cristo.
Na intenção de juntar forças aos fiéis católicos que têm combatido a
RC”C”, a fim de salvar a nossa amada Igreja, nos lançamos à tarefa de escrever
. Com este, pretendemos lançar algumas luzes sobre a questão do “batismo no Espírito”, um dos grande cavalos de
batalha do movimento carismático. De fato, um dos pilares do movimento é
exatamente esse “batismo”, que, segundo eles, daria
àquele que o recebesse, a força e os dons que foram dados aos Apóstolos em
Pentecostes.
Dado o caráter extremamente grave dessa prática que foi tomada dos
protestantes, e que contraia frontalmente a Fé católica, vemo-nos na obrigação
de alertar aos fiéis, que por inocência, tenham sido enganados sobre essa
matéria. Para tanto, baseamo-nos na doutrina católica de sempre, materializada
no Sagrado Concílio de Trento, no Catecismo Romano e na autoridade dos Padres
da Igreja.
Existe um só Batismo
Caso o “batismo no Espírito” fosse
realmente uma prática cristã autêntica, ensinada por Cristo Nosso Senhor,
haveríamos de ter dois batismos. Um deles seria o batismo que nós conhecemos, ministrado,
preferencialmente, aos recém-nascidos para que lhes seja apagado o pecado
original. Outro seria o “batismono Espírito”,
defendido pela RC”C”.
A existência de um outro batismo, no entanto,
é explicitamente negada pela revelação divina. As Sagradas Escrituras são
bastante claras quanto à existência de um único batismo:
“Um só é o Senhor, uma só é a Fé, um só é o Batismo” (Ef 4,5)Então, não existem dois batismos, mais
um só batismo. A existência de um tal “batismo no Espírito”, diverso daquele que todos
nós católicos conhecemos, portanto, é explicitamente negada pela própria Bíblia
Sagrada.
Dada a importância desse artigo de Fé, a Santa Igreja houve por bem
inclui-lo no símbolo niceno-constantinopolitano:
“professo um só batismo para
remissão dos pecados”
Além disso, Nosso Senhor, ao enviar Seus apóstolos para pregar o
Evangelho, ordenou-lhes batizar “em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo”, e não “batizar no Espírito Santo”, como fazem os carismáticos:
“Ide pelo mundo inteiro, e ensinai todos os povos. Batizai-os em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observarem tudo o que vos
tenho mandado” (Mt 28,19)
No mesmo texto citado acima vemos que Nosso Salvador ordenou a seus
apóstolos que ensinassem os povos a observar tudo o que Ele havia mandado.
Se, em dois mil anos de Cristianismo, somente a partir da segunda metade
do século XX, o “batismo no Espírito” teria
sido introduzido na Igreja, então podemos concluir que: ou 1) o “batismo no Espírito” não foi ordenado por Cristo;
ou 2) os apóstolos não obedeceram às ordens do Mestre.
Se quiséssemos aceitar o segundo caso, estaríamos desdenhando da
autoridade das Sagradas Escrituras, pois acima já se provou haver um só
bastimo.
No entanto, se por absurdo admitíssemos como cristão o tal “batismo no Espírito”, então os apóstolos não
teriam cumprido a ordem de Cristo. Admitir-se-ia, então, forçosamente, que a
Igreja Católica teria errado durante toda Sua história de dois mil anos.
Gerações teriam sido apartadas de uma graça tal grande por desobediência
dos apóstolos e seus sucessores, os bispos.
Admitida essa ímpia hipótese, estaríamos renegando a nossa Santa Igreja
como Mãe e Mestra, instituída por Cristo para santificação e salvação das
almas, e mais lhe caberia o nome de madrasta do que de Mãe.Mas, como filhos
fiéis, reconhecemos e amamos a Santa Madre Igreja e lhe devotamos filial obediência,
e refutamos como sugestão diabólica a hipótese de uma omissão tão grave da
Igreja.
No primeiro caso, que corresponde à verdade, e isso podemos comprovar
com abundância de argumentos, nós perguntamos aos carismáticos de onde pode ter
vindo o “batismo no Espírito”, uma vez que não partiu da
ordem de Cristo Nosso Senhor.
A resposta é simples: o “batismo no
Espírito” não passa de mais um equívoco gerado pelo livre exame protestante.
A origem protestante do “batismo no
Espírito”
O tal “batismo no Espírito” é tão contrário à Fé católica
que não nos surpreende em nada constatar que sua origem é protestante.
A rádio Cristandad publicou, em espanhol, um extenso artigo sobre a
RC”C”, denunciando os diversos erros da mesma. O mesmo artigo foi traduzido para
o português no blog católico Tradição Viva.
A leitura do artigo é extremamente recomendada, pois mostra muitos
apectos da RC”C” que demonstram sua incoerência com a doutrina católica. Nesse
artigo, encontramos, entre outras coisas, a história da RC”C”, que demonstra
inequivocamente a sua origem protestante, e sua simples transposição para
dentro da Igreja por obra de dois leigos, Ralph Keifer e Patrick Bourgeois.
No começo de 1967, os dois receberam o tal “batismo no
Espírito” das mãos de protestantes! Essa afronta à Igreja Católica, foi o
“nascimento” da RC”C”.
Um ato de cisma, um ultraje à autoridade da Igreja, posto que se
considera, ao menos implicitamente, nesse ato, que o Espírito Santo devesse ser
buscado nas seitas, e não dentro da Igreja Católica.
Qual seria, então, a diferença entre o Batismo de João
e o Batismode Cristo?Para responder a essa questão,
recorreremos a nada menos que a autoridade dos Santos Padres da Igreja. Vejamos
o que escreveu santo Agostinho a respeito do Batismo de
João:
Por esse motivo, como os Santos Padres deduziram do Evangelho de São
João, Judas Iscariotes também batizou muitas pessoas, e não lemos que alguma
delas fosse novamente batizada. Santo Agostinho teve, a respeito, estas belas
palavras:
“Judas batizou, e depois de Judas não se fez novo batismo. João batizou, e depois de João foi rebatizado,
porque o Batismo ministrado por Judas era Batismo de Cristo, e o Batismo de João era [simplesmente]Batismo de João. Isso não é preferir Judas a João.
Com razão preferimos o Batismo de
Cristo – ainda que dado pelas mãos de um Judas – ao Batismo de João, embora seja conferido pelas mãos
de um João”.
Catecismo Romano, Parte II, Capítulo I, página 209
O Catecismo Romano, reforçando o que escreveu Santo Agostinho, ensina
que o Batismo conferido por Judas, ainda que ministro
indigno, é o Batismo de Cristo. O Batismo conferido por João, apesar da dignidade da
pessoa do Batista, não era o Batismo de
Cristo, mas Batismo de João. Daí, podemos
concluir que o Batismode João era um símbolo
do Batismo que Cristo Nosso Senhor haveria de
instituir.
Se o Batismo que João Batista
ministrava era apenas um sinal do Batismo de
Jesus Cristo, então podemos concluir que o termo batismo no Espírito, citado em Lc 3,16, nada mais
é do que o Batismo cristão, aquele
sacramento que Cristo instituiu para apagar a “mancha” do pecado original,
fazendo habitar na alma do batizado a Santíssima Trindade.
O Batismo de João era dito “em água”, porque era
apenas um sinal. Mas, ao Batismo instituído
por Nosso Senhor, cabe-lhe perfeitamente o termo de batismono Espírito e no Fogo, porquanto esse realmente
confere o Espírito Santo àquele que o recebe. Não era mais um sinal apenas,
como o de João Batista, mas sim um sacramento de fato, um meio eficaz de
transmissão da graça de Deus ao fiel que o recebe.Mais um argumento de
autoridade pode ser destacado do Catecismo Romano em favor de nossa
argumentação:
Quanto ao primeiro [momento da instituição do Batismo], não resta dúvida que Nosso Senhor instituiu
esse Sacramento quando conferiu à água a virtude de santificar, na ocasião que
Ele mesmo se fez batizar por São João. Dizem São Gregório de Nazianzo e Santo
Agostinho que, naquele instante, a água adquiriu a força de regenerar para a
vida espiritual. Noutro lugar, escreve Santo Agostinho: “Desde que Cristo
desceu na água, limpa a água todos os pecados”. E noutra parte ainda: “Nosso
Senhor recebeu o Batismo, não porque precisasse de
purificação, mas para que ao contato com o Seu Corpo puríssimo, as águas se
purificassem, e adquirissem a virtude de purificar”.
Catecismo Romano, Parte II, Capítulo II, página 221
Portanto, a água somente adquiriu a virtude de purificar os pecados após
o Batismo de Cristo. Por essa razão, o Batismo que João ministrava, antes de Cristo ser
batizado, não podia mesmo passar de um sinal daqueleBatismo que
Nosso Senhor haveria de instituir.
Ainda o Sagrado Concílio de Trento lançou uma excomunhão sobre quem
ousasse dizer que o Batismo de João
era igual ao de Cristo:
857. Cân. 1. Se alguém disser que o Batismo de S.
João [Batista] teve a mesma eficácia que o Batismo de
Cristo — seja excomungado.
O que mais uma vez confirma que o Batismo de João
era apenas um sinal do Batismo de
Cristo, que confere verdadeiramente o Espírito Santo à alma do batizado.
Conclusões sobre o Batismo
Dos argumentos até aqui expostos, podemos concluir:- existe um só Batismo;
- o Batismo de João era apenas um
sinal do Batismo de Cristo;
- ao Batismo instituído por Cristo
cabe, muito propriamente, o nome de Batismo no
Espírito, uma vez que oBatismo de Cristo, diferente
daquele de João Batista, confere, de fato, o Espírito Santo ao fiel que recebe
esse sacramento;
- esse Batismo que Cristo instituiu é
o Batismo que a Igreja Católica sempre ministrou
através de toda sua existência, cumprido a ordem do Mestre de batizar em nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19);
- o Batismo, obviamente, nada tem a ver
com a ilusão carismática de um “batismo no
Espírito”;
Não cabe, portanto, dentro da santa doutrina cristã, nenhum espaço para
uma segunda “modalidade” deBatismo, diferente
daquela instituída por Cristo e ministrada e ensinada pela Igreja Católica.
Qualquer tentativa de se criar um “batismo no
Espírito” afrontaria, em absoluto, a revelação divina.
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