Fonte: O Globo
Rodrigo Constantino
Rodrigo Constantino
Com petistas, todo cuidado é pouco. O
país assistiu, nos últimos dias, a uma tentativa escancarada de ataque à
democracia. Enquanto artistas da esquerda caviar protestavam contra o pastor
Feliciano, dando beijos uns nos outros, os “mensaleiros” da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) tentavam usurpar o poder do STF à surdina.
Montesquieu ficaria horrorizado com tanto descaso à divisão entre os poderes.
A autoria da proposta de emenda
constitucional aprovada é de Nazareno Fonteles, deputado petista pelo Piauí.
Não é sua primeira proposta absurda. Em
2004, ele apresentou um projeto de lei complementar que estabeleceria uma
“poupança fraterna”. Puro eufemismo: tratava-se de uma medida avançada rumo ao
socialismo.
O artigo primeiro dizia: “Fica criado o Limite Máximo de Consumo, valor
máximo que cada pessoa física residente no País poderá utilizar, mensalmente,
para custear sua vida e as de seus dependentes.” Acima desse valor arbitrário
definido pelo governo, a renda seria confiscada para essa poupança compulsória
coletiva. Uma bizarrice que nos remete ao modelo cubano.
É realmente espantoso que, em pleno século 21, ainda tenhamos que
combater uma ideologia tão nefasta quanto o socialismo, que deixou um rastro de
escravidão, morte e miséria por onde passou. Mas uma ala petista, com outros
partidos da esquerda radical, ainda sonha com essa utopia assassina. Tanto que
chegaram a assinar carta de apoio ao ditador coreano!
São os nossos “bolivarianos”, que se
inspiram no falecido Hugo Chávez, cujo “socialismo do século 21” é exatamente
igual ao do século 20. Vide a militarização crescente imposta por
Maduro, o herdeiro do caudilho venezuelano, assim como a inflação fora de
controle e o aumento da violência. Socialismo sempre estará associado ao caos
social e à opressão.
Países que já sofreram na pele com
esse regime não querem mais saber de partidos ostentando tal ideologia. A
Hungria, seguindo outros países do Leste Europeu, acaba de vetar símbolos
nazistas e comunistas. Não há por que proibir a suástica e permitir a foice com
o martelo. Ambos representam regimes assassinos, totalitários,
antidemocráticos.
Se o socialismo é o mesmo de sempre,
a tática para chegar a ele mudou. Hoje, os socialistas tentam destruir a
democracia de dentro, ruindo seus pilares, mas mantendo as aparências. Eles
aparelham toda a máquina estatal, infiltram-se em todos os lugares, e partem
para uma verdadeira revolução cultural, sustentada pelo relativismo moral
exacerbado.
Não existem mais valores objetivos,
ninguém pode julgar nada, vale tudo, e quem discorda sofre de preconceito e é
moralista. Com essa agenda politicamente correta, os socialistas modernos vão
impondo uma mentalidade fascista que, em nome da “tolerância” e da
“diversidade”, não tolera divergência alguma.
Triste é ver que alguns homossexuais
aderem a esse movimento, ignorando que o socialismo sempre perseguiu os gays.
Chega a ser cômico ver o deputado Jean Wyllys usando boina no estilo Che
Guevara, um facínora que achava que os gays tinham de ser “curados” em campo de
trabalho forçado.
Como não temos uma oposição política organizada que valha o nome, resta
como obstáculo a esse golpe bolivariano basicamente a força de quatro
instituições: família, igreja, imprensa e judiciário. Não por acaso são esses
os principais alvos dos golpistas. Eles sempre menosprezam o núcleo familiar
tradicional, atacam ou se infiltram nas igrejas (vide a Teologia da Libertação
ou a própria CNBB), insistem no “controle social” da imprensa, e desejam diluir
o poder do Ministério Público e do STF.
Há até mesmo uns dois ali que mais parecem petistas disfarçados de
ministros. Não é exclusividade latino-americana tentar ir por esse caminho. Roosevelt
tentou expandir a quantidade de ministros da Suprema Corte para diluir a
oposição ao seu “New Deal”, claramente inconstitucional. Mas as
instituições americanas são mais resistentes e suportaram o golpe. Na América
Latina, infelizmente, há terreno mais fértil para populistas autoritários.
Nesse ambiente, os defensores da
liberdade e da democracia não podem cochilar jamais. É preciso tomar cuidado
com as cortinas de fumaça criadas para esconder o jogo sujo dos bastidores. Foi marcante, por exemplo, a
discrepância entre a reação histérica ao pastor Feliciano, e a postura
negligente com os “mensaleiros” na CCJ. Estranhas prioridades.
Nossa liberdade corre sério perigo, e seus principais inimigos são os
jacobinos disfarçados de democratas. Acorda, Brasil!
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