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Justiça
australiana reconhece existência do gênero sexual neutro

A principal
corte de Austrália decidiu nesta quarta-feira que uma pessoa pode ser
reconhecida pelo Estado como pertencente a um "gênero neutro", nem
masculino nem feminino, o que torna o país um dos poucos que reconhecem um
terceiro sexo.
"A Suprema Corte reconhece que uma
pessoa pode não ser nem do sexo masculino, nem do sexo feminino, e permite,
assim, o registro do sexo de uma pessoa como 'não especificado'", afirma,
em decisão unânime, que rejeitou a apelação feita pelo estado de New South
Wales para que fossem reconhecidos apenas os sexos masculino e feminino.
O caso foi centrado numa pessoa chamada
Norrie - que não se identifica nem como sendo do sexo masculino nem do sexo
feminino. Ela entrou com um processo na justiça australiana para que um gênero
neutro fosse introduzido no país.
Norrie, que se apresenta apenas pelo
primeiro nome, nasceu como homem e passou por uma cirurgia de mudança de sexo
em 1989 para se tornar uma mulher.
A cirurgia, contudo, não conseguiu
solucionar a identidade sexual ambígua de Norrie, impulsionando sua luta pelo
reconhecimento de um novo gênero, não tradicional.
A militante pela igualdade sexual virou
manchete em todo o mundo em fevereiro de 2010, quando um registro no
Departamento de Nascimentos, Mortes e Casamentos do estado de New South Wales
aceitou que "sexo não especificado" poderia ser usado para Norrie.
Mas logo após a decisão foi revogada
pelo departamento, alegando que o certificado era inválido e tinha sido emitido
por um erro. À época, Norrie disse que a decisão foi como ter sido
"socialmente assassinada".
O caso gerou uma série de processos que
resultaram na decisão da Corte de Apelação de New South Wales em reconhecer
Norrie como tendo um gênero neutro em 2013. A decisão foi apoiada pela Suprema
Corte australiana nesta terça-feira.
"Estou eufórico", declarou o
interessado.
"As pessoas compreenderão que não
existem apenas duas opções. Você pode ser uma mulher ou um homem, mas alguns de
seus parentes não o serão obrigatoriamente", completou.
De acordo com a associação Centro de
Leis sobre os Direitos Humanos, a corte "rejeitou as noções nostálgicas
sobre gênero".
"Agradecemos a decisão. Esperamos
que a imprensa respeite a diferença entre transgêneros e transsexuais e
identifiquem o gênero de Norrie como 'não específico'", afirmou a
organização internacional IntersexInternational Austrália.
Uma pessoa só poderá ser reconhecida
pela lei e o Estado Civil como de gênero neutro ao apresentar um dossiê médico.
Ainda são ignoradas as consequências da
decisão. A Austrália reconhece apenas o casamento entre um homem e uma mulher.
Em junho do ano passado, o país já
havia adotado uma nova nomenclatura para o reconhecimento do sexo nos
documentos oficiais, com a possibilidade de escolha entre homem, mulher ou
transgênero.
Alemanha e Nepal autorizam seus cidadãos
a colocar um X no espaço "sexo" de seu passaporte, ao invés de M de
masculino ou F de feminino.
Em novembro a Alemanha deu um passo
adicional ao autorizar que os bebês nascidos sem uma identificação clara sejam
registrados sem a informação sobre o sexo.
A medida tinha como objetivo reduzir a
pressão sobre os pais, que precisavam decidir de maneira urgente sobre
intervenções cirúrgicas polêmicas para atribuir um sexo a um recém-nascido.
Agora, os pais são autorizados a deixar em branco o espaço respectivo nas
certidões de nascimento, criando assim uma categoria indeterminada nos
registros civis.
Fonte: Yahoo
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CANADÁ - UMA ESCOLA CATÓLICA PROCESSADA POR TER RECUSADO UMA
PROFESSORA TRANSGÊNERO
Um
juiz canadense acaba de decidir que a direção de uma escola católica de Alberta
terá de responder diante da justiça a uma acusação de discriminação, da parte
de uma professora suplente, retirada em 2009 de sua lista de professores
substitutos, sob a alegação de que ela é transgênero, relata o LifeSite.

A
direção da escola católica tinha reagido às mudanças anunciadas pela
temporária, dirigindo-lhe uma carta, em 2009, onde sublinhava que tinha por
política contratar pessoas vivendo em conformidade com o ensinamento e a
doutrina da Igreja católica: “Tua mudança de gênero não está de acordo com o
que ensina a Igreja. Ela seria fonte de confusão e de perturbação junto dos
alunos e dos pais enquanto modelo de testemunho dos valores da fé católica”.
A
constituição canadense de 1867 protege o direito das escolas confessionais, e,
portanto, católicas, de contratar e dispensar um professor conforme sua
pertença religiosa.
A
escola Greater St. Albert CatholicSchool só estava então exercendo esse
direito, não sem ter consultado o arcebispo da diocese de Edmonton, Richard
Smith, cuja direção tinha citado esses propósitos em sua carta a Janet
Buterman: “Durante as discussões com o arcebispo (…), (ele disse que) o
ensinamento da Igreja católica é que as pessoas não podem mudar seu gênero.
Nosso gênero é considerado como correspondente à vontade criadora de Deus em
relação a cada um de nós”.
Imediatamente,
Janet Buterman se queixou disso diante da Comissão de direitos humanos de
Alberta (AHRC), arguindo que a escola, enquanto empregadora pública, não tinha
o direito de fazer suas crenças intervir em suas decisões de contratação. Ao
longo das discussões que se seguiram, a direção da Greater St. Albert School
lhe propôs uma transação de 78.000 dólares canadenses, oferta que ela rejeitou
uma vez que ela recusava uma cláusula que a impedia de evocar publicamente a
questão.
De
onde esta declaração no Toronto Star em 2011: “Não quero ser amordaçada. Eles
não querem que eu fale, já que enquanto empregadores, reclamando para si a
autoridade da Igreja católica, eles praticaram uma discriminação em relação a
mim por causa da minha situação médica de pessoa transexual”.
Sua
petição junto da Comissão de direitos humanos foi rejeitada no mesmo ano,
afirmando que a queixa era “sem mérito” (Na França, diríamos “sem fundamento”).
O Chefe da Comissão e dos tribunais deveria anular essa decisão em 2012, e um
exame jurídico da questão foi lançado.
É o
juiz Sheila Greckol que acaba de confirmar o ponto de vista do referido Chefe
da Comissão, afirmando que Janet Buterman tinha o direito ao seu julgamento,
que só tinha sido adiado demais: “O procedimento dos direitos do homem não
existe apenas para os “corações de leão” e aqueles cujos talões não são usados
(expressão consagrada para designar a classe dos possuidores), mas também para
os timoneiros e aos impecuniosos [sic!]: para todos os habitantes de Alberta”.
Impecuniosa,
provavelmente. Timoneira, certamente não: Janet Buternam nunca escondeu, desde
2009, sua atividade militante no seio da Associação para a igualdade trans de
Alberta (TransEqualitySocietyof Alberta).
Fonte: Le Blogue de Jeanne Smits
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