quarta-feira, 19 de março de 2014

MONGE ARMÊNIO HOVANNÉS - OS CRUZADOS FORAM O BRAÇO MISERICORDIOSO DO DEUS TODO-PODEROSO


Chegada dos cruzados a Antioquia,
Sébastien Mamerot, Les Passages d’Outremer, Fr 5594, BnF



O monge armênio Hovannés [João] que morava em Antioquia durante o sítio cruzado, assistiu à sua subsequente invasão, ao sítio maometano e, por fim à libertação final, num combate humanamente inexplicável, deixou uma crônica bastante pormenorizada de como aconteceram esses fatos:
“(…) Naquele ano [Nota: fala das operações militares do ano 1098] o Senhor visitou o seu povo, segundo está escrito: “Eu não vos abandonarei nem me afastarei de vós”.
“O braço todo poderoso de Deus foi o nosso guia.
[Os Cruzados] trouxeram o estandarte da Cruz de Cristo, e depois de ostentá-lo pelo mar, massacraram uma multidão de infiéis e puseram os outros a fugir pela terra.
Tomaram a cidade de Nicéia e a sitiaram por cinco meses.
Depois vieram ao nosso país, na região da Cilícia e da Síria, e atacaram, postando-se em volta da metrópole de Antioquia.
Durante nove meses, fizeram a cidade e as regiões vizinhas passarem por momentos difíceis.
Por fim, como a captura de uma cidade de tal maneira fortificada não estava na capacidade dos homens, Deus todo-poderoso, por meio de seus conselhos, obteve a salvação e abriu a porta da misericórdia.
Tomaram a cidade e com o fio da espada mataram o arrogante dragão com suas tropas.
Mas, após um ou dois dias, uma imensa multidão de maometanos reuniu-se ao pé das muralhas, para trazer socorro a seus congêneres.
Em virtude de seu grande número, os infiéis menosprezavam o pequeno número de cristãos; eram insolentes, como o foi o faraó, proferindo este frase: “Eu os matarei com minha espada, minha mão dominar-vos-á”.

Sitio de Antioquia,  f 52,
Sébastien Mamerot, Les Passages d’Outremer, Fr 5594, BnF.

Durante quinze dias, os cruzados ficaram reduzidos à maior das angústias, e esmagados pela aflição, pois faltavam os alimentos necessários para a vida dos homens e dos animais.
Muito debilitados e espantados pelo número imenso de infiéis, reuniram-se na grande basílica do Apóstolo São Pedro e, com um poderoso clamor e uma chuva abundante de lágrimas, pediram numa só voz, mais ou menos isto:
“Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, em quem nós esperamos e por cujo nome nesta cidade nós somos reconhecidos como cristãos, Vós nos conduzistes até este local. Se nós pecamos contra Vós, tendes todos os meios para nos punir, mas livrai-nos dos infiéis, a fim de que eles, intumescidos de orgulho não possam dizer: ‘onde está o seu Deus?’”

Cruzados formam em ordem de batalha, f 71,
Sébastien Mamerot, Les Passages d’Outremer, Fr 5594, BnF

“E, tomados pela graça da oração, uns encorajavam os outros, dizendo: ‘O Senhor dará força a seu povo; o Senhor abençoará o seu povo na paz’”.
E cada qual se lançou sobre o cavalo e correram contra os ameaçadores inimigos dispersando-os, pondo-os em fuga e os massacraram até o pôr do Sol.
Tudo isso causou grande alegria aos cristãos, e houve abundância de trigo e de cevada, como nos tempos de Eliseu às portas de Samaria.
Por isso eles aplicaram a si mesmos o cântico profético: “Eu te glorifico, Senhor, porque Vós cuidastes de mim, e Vós fostes causa de eu não alegrar a meu inimigo”.
(Fonte: Récitdu moine arménienHovannés (Jean) à lafin d’unmanuscritcopié par luiaumonastère de saint-Barlaam, danslaville haute d’Antioche, pendant lesopérationsmilitaires de 1098. Traduitdulatin de latraductionfaitesurletextearménien par lepèrePeeters, « MiscellaneaHistorica Alberti de Meyer », Louvin, 1946, p. 376, apud Internet Medieval Sourcebook) 

Retirado do Blogue: As Cruzadas

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