segunda-feira, 19 de maio de 2025

Leão XIV: A Continuidade do Silêncio - Um pontificado nascido da crise, não da restauração

 

“Ser fiel à Tradição é, no mundo de hoje, o maior dos heroísmos.”

— Dr. Plínio Corrêa de Oliveira





O conclave de 2025 nos entregou o cardeal Robert Francis Prevost como o novo sucessor de Pedro, agora sob o nome de Papa Leão XIV. O nome evoca o monarca-rei da França, mas sua missão parece muito mais modesta — ou talvez muito mais ambígua.


O que esperar desse pontificado? Seria precipitado emitir julgamentos definitivos. Mas há algo que os últimos pontífices nos ensinaram: o silêncio, quando bem analisado, fala alto.


I. A Igreja no Pós-Concílio: o trono vazio da clareza


Desde o encerramento do Concílio Vaticano II, a Sé Apostólica tem sido ocupada, mas a clareza doutrinal parece ausente. Nenhum papa — absolutamente nenhum — restaurou as condenações explícitas aos erros modernos. Nenhum retornou à forma tradicional da Missa como norma. Nenhum recolocou a Realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo como projeto social.


E agora, Leão XIV é eleito por um colégio modelado ao longo de décadas por essa mesma orientação. Esperar uma mudança profunda sem ruptura no conclave é uma contradição.


II. O Papa do Diálogo sem Conversão


Desde suas primeiras palavras, Leão XIV se apresenta como um “homem de escuta”. O termo é moderno, encantador — mas vazio. Escutar o quê? Escutar quem? A Tradição não fala mais? Os santos calaram-se?

O drama do ecumenismo atual não está apenas no que se diz, mas no que não se ousa mais dizer:

Que fora da Igreja não há salvação.

Que o erro não tem direitos.

Que a Missa é sacrifício, não ceia.

Que Cristo é Rei, não apenas mestre de moral.


Leão XIV não nega essas verdades, mas como seus predecessores, as silencia — e ao fazer isso, ajuda a apagar as últimas brasas acesas pela Tradição.



III. A Espiritualidade do Compromisso


Leão XIV é um fruto direto da espiritualidade conciliar: uma fé de consensos, uma liturgia de assembleia, uma autoridade que pede desculpas antes de governar.

Enquanto os fiéis tradicionais lutam para manter o catecismo, o latim, a moral católica — são vistos como “radicais”, “retardatários”, “divisores”. Mas quem divide, afinal?

Não foram os papas conciliares que rasgaram as vestes da liturgia milenar? Que abriram as portas dos sacramentos à ambiguidade? Que substituíram a missão pela diplomacia?



IV. O papel do fiel: resistir sem cisma ou aceitar a evidência?


Durante décadas, os católicos fiéis à Tradição sustentaram uma posição heroica de resistência sem ruptura. Inspiraram-se em Santo Atanásio, nos santos papas e em leigos como Dr. Plínio Corrêa de Oliveira. Mas é lícito perguntar: até onde vai a resistência? Quando a continuidade do erro, da ambiguidade e da destruição da liturgia atinge proporções universais e sistemáticas, o sedevacantismo deixa de ser um "exagero" e passa a ser uma resposta possível, ainda que dolorosa.


Não se trata de saída fácil, mas de uma constatação trágica: a Cátedra de Pedro pode estar formalmente ocupada, mas materialmente obscurecida por homens que não professam a mesma fé católica tradicional. Em face de escândalos doutrinais, gestos de culto inter-religioso e promulgação de documentos ambíguos, muitos católicos concluem, com base em autores como São Roberto Belarmino, que a perda do ofício pode ocorrer por manifesta heresia.

O sedevacantismo, nesse sentido, não é necessariamente rebelião, mas um grito de coerência: se um papa contradiz sistematicamente o Magistério anterior, promove erros condenados, destrói o culto e tolera heresias, como pode continuar a ser garantidor da unidade e da ortodoxia?

A pergunta permanece em aberto. E, para muitos, já não parece herética, mas dolorosamente plausível.


V. O que fazer enquanto Roma não converte?


1. Formar os filhos na verdadeira doutrina.

2. Apoiar padres fiéis à Tradição.

3. Rezar pela Igreja, com dor, não com ilusão.

4. Denunciar os erros, mesmo quando emanam da autoridade.

5. Permanecer na fé imutável, mesmo que isso signifique não seguir aqueles que a obscurecem.


Conclusão: O retorno da verdade não virá por aclamação


Não haverá cartaz no Vaticano anunciando o fim da crise. Talvez não haja gesto claro de um papa restaurador. Mas a verdade permanecerá, onde houver um altar voltado para Deus, um catecismo sem concessões e um coração que recita:

“Credo in Unam, Sanctam, Catholicam et Apostolicam Ecclesiam.”


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