Por Cristina Siccardi – Approfondimenti di “FidesCatholica”
Fonte: Fratres in Unum
Nota do blog: Em consequência dos múltiplos erros de tradução, tornou-se necessário fazer algumas alterações. Contudo, para manter, tanto quanto possível, a fidelidade ao original, rescrevi apenas o que me pareceu absolutamente indispensável para a intelecção da matéria.
‘Estamos, sim, diante de um novo Muro de Berlim que cairá, inexoravelmente, como acontece com as ideologias...’
Desmitificando o Concílio - enfrentar a realidade para acordar a Bela Adormecida. Franciscanos da Imaculada promovem livro sobre Vaticano II
Na Idade da confusão [1], um livro que esclarece
A primeira apresentação do livro de
Gnocchi-Palmaro [2], A Bela Adormecida. Porque depois do Vaticano II a
Igreja entrou em crise. Porque despertará (Ed. Vallecchi), despertou
um vivíssimo interesse entre as pessoas reunidas no dia 15 de outubro, na
maravilhosa e antiga Igreja de Todos os Santos dos Franciscanos da Imaculada,
de Florença, onde foi celebrada, antes da conferência, a Santa Missa no rito
tridentino, oficiada pelo Pe. Serafino Lanzetta [Franciscano da Imaculada].
Estavam presentes, à mesa dos
palestrantes, o próprio Pe. Lanzetta, o Prof. Pucci Cipriani, o Prof. Mario
Palmaro e o Dr. Paolo Deotto, diretor de Riscossa Cristiana [3].
Esse encontro foi a melhor resposta para o artigo que Alberto Melloni [4] havia
escrito no ‘Corriere fiorentino’ [5] um dia antes; jornal que dedicou,
no dia da reunião, uma página inteira ao evento. O expoente da Escola
de Bologna [6], que fez do Concílio Vaticano II um mito intocável,
usou em seu artigo tons insolentes e rudes contra quem sustenta que a Igreja
sofreu um trauma com seu XXI Concílio. A medicina nos ensina que, para alguém
se curar de um trauma recebido, importa descobrir as causas que os geraram…
Tapar o sol com a peneira [7], ou repetir enfurecidamente que o Concílio não é
o problema, mas que, quando muito, os problemas surgiram porque as diretrizes
conciliares não foram executadas suficientemente (os progressistas), ou porque
houve más interpretações por parte de outros (os neoconservadores), não é
certamente um bom serviço à Igreja.
Melloni considera os católicos que
amam toda a Igreja, portanto a Tradição católica, como nostálgicos que ‘causam
pena’. Sente compaixão dos mesmos, como se se tratasse de frustrados que
esperam uma revanche: “esperam uma desforra, ao invés de compreender a sua
posição por aquilo que é: um movimento que chama tradição e hábitos de sua
própria juventude”. Ignora, no entanto, que a Igreja de Todos os Santos estava
cheia de jovens e de estudantes, ou seja, dos mesmos jovens que se interessam
pela Tradição da Igreja, através das ideias que livremente circulam na
Internet. Não se trata absolutamente de
nostálgicos. As estatísticas, por outro lado, falam por si. Melloni não sabe
que, nestas reuniões e nas missas tridentinas, os mais velhos são sempre o
percentual menor. Na realidade, todos estes católicos
querem entender o que realmente aconteceu naquele Concílio Vaticano II que
tantos problemas tem criado.
Ninguém,
desprovido de má-fé, pode afirmar que a Igreja se tenha beneficiado das
decisões pastorais do Concílio Vaticano II. Ninguém pode dizer que tenham
aumentado as vocações, que tenha aumentado o zelo, que se tenham ampliado a Fé,
a Esperança e a Caridade, que haja uma boa preparação catequética nas crianças
e adolescentes, que a prática religiosa tenha aumentado, que as famílias tenham
sido beneficiadas, que as leis dos Países ocidentais sejam respeitosas em
relação à vida humana desde a sua concepção, que a evangelização, ordenada por
Jesus Cristo aos seus Apóstolos, tenha assimilado linfa nova e vital… Nada
disso. Então, realmente, como disse Ralph McInerny [8], no Vaticano II algo deu
errado, mas não porque, como argumentou o estudioso americano, os documentos
não foram acolhidos corretamente e sua interpretação foi falsificada, mas porque
o Concílio, seguindo a cultura da época, quis se desfazer, disse o padre
Serafino Lanzetta, do princípio da Cruz e do sacrifício, sustentando uma tese
heterodoxa “em nome da pastoralidade. Isso originou a ambiguidade, e,
portanto, o Concílio se submeteu, por sua própria natureza, a múltiplas
interpretações. Muitos, como resulta da análise de Melloni, pensaram que a
doutrina deva adaptar-se aos tempos e não vice-versa. Hans
Küng [9] sustenta, em seu livro ‘Salvemos a Igreja’,
que a Igreja está em crise não por falta de Fé e de correta pregação, mas que
isso deriva de um problema de caráter político dentro da Cúria romana, portanto
da teologia romana, da teologia metafísica. Küng, como Alberigo e Melloni,
argumenta que o Vaticano II queria recuperar a Igreja do primeiro milênio, considerando-o um período ideal
porque a Igreja era unida e compacta: Ocidente e Oriente juntos, sem cismas,
sem Protestantismo. Mas como é possível, na Igreja, não considerar o segundo
milênio? Benvinda seja, então, a análise divulgadora de
Gnocchi e Palmaro, que esclarece muitos pontos, gerando, no entanto, em alguns,
turbamento, irritação, nervosismo”, e, sem argumentações sérias, procuram
desacreditar com irreverência aqueles que consideram ‘inimigos’.
Pe.
Lanzetta, que aprecia neste livro o agradabilíssimo italiano, lembrou, como bem
enfatizaram Gnocchi e Palmaro em seu livro, a formidável incidência da mídia
sobre o mito do Vaticano II, e isto deriva de uma filosofia de matriz kantiana:
a coisa existe se realmente a vemos. O ‘Avvenire d’Italia’ [10], no período do
Concílio, registrava a crônica das assembleias conciliares: as realidades
sagradas eram colocadas em praça pública, em uma espécie de mentalidade
‘democrática’ que satisfazia às necessidades liberais da cultura da época. E
tais crônicas relatavam tudo o que parecia ‘novo’ e ‘revolucionário’, e não a
essência da Fé. Emblemático resulta o fato de que o arcebispo brasileiro Helder
Pessoa Câmara [11] (conhecido como Dom Helder, 1909-1999) preferisse realizar
coletivas de imprensa a falar no Concílio, pois o reputava, justamente, mais
eficaz, uma vez que os Padres Conciliares se deixavam influenciar por tudo que
aparecia nos meios de comunicação de massa, mais do que por aquilo que haviam
ouvido nas Sessões.
“O livro de Gnocchi e Palmaro”,
afirmou Pe. Lanzetta, “não é uma inquisição, um processo à Galileu [12],
mas simplesmente uma análise dos fatos; é tomar consciência de um problema
real. Ocorre tomar consciência de que o Concílio não é o todo, não é o divisor
de águas. A Fé católica não se origina em um Concílio”. A
Fé não depende da adesão ao Concílio Vaticano II, porque este não é um dogma de
Fé. A Bela Adormecida ajuda a perceber um problema que não pode
mais ser negligenciado.
Paolo Deotto, então, declarou que
ficou satisfeito de ler o livro de Gnocchi-Palmaro, porque há muito tempo
recebe, em um ritmo insistente, correspondência dos leitores de Riscossa
Cristiana, na qual se percebe o desejo de compreender as questões
controversas do Concílio e “o desejo de ter uma Igreja próxima e respeitada”,
que não se confunde com as outras realidades terrenas de consistência líquida
ou gasosa. O fiel da primeira hora conciliar restava assombrado diante dos
novos eventos eclesiásticos: padres trabalhadores, padres sindicalistas, padres
sociólogos, padres politiqueiros, padres guerrilheiros… quando pelo contrário,
ontem como hoje, precisamos de sacerdotes que sejam sacerdotes, “necessitamos
deles”, afirmou Deotto, “como do ar que respiramos”.
A comunicação da época se apropriou
da temática religiosa: o Concílio Vaticano II era uma grande novidade, jornais
e TV colocaram sob os holofotes uma Igreja que, através de alguns teólogos e
alguns pastores, queria emancipar-se e estar nos salões [13] da sociedade. “A
Igreja queria manter-se atualizada com os tempos”; sem antagonizar ninguém,
quis agradar a todos para ser amiga de todos, não olhando mais para erros e
heresias, mas apenas para as coisas que unem e não dividem, “bem distante de
um santo Atanásio que permaneceu firme na Fé Católica e no Deus encarnado com
todas as consequências que este Credo comporta”.
A intervenção do Prof. Palmaro foi,
então, cheia de significado. Lembrou, antes de tudo, de ter nascido em 1968, e
daqueles anos lembra, em particular, uma palavra que era sempre pronunciada e
praticada: ‘debate’, continuamente invocado e reclamado. Desde então, se fazem
debates sobre tudo e todos. “Todavia, hoje, há quem não queira mais os
debates, embora os tenha apoiado muito. Daqui nasce a intolerância, a qual
esconde uma grande fraqueza: não enfrentar a realidade. Eis, então, a idade do
paradoxo: onde eu e Gnocchi pudemos expressar o nosso pensamento católico? Em jornais
seculares e, em particular, no ‘Il Foglio’[14], de Giuliano Ferrara.
Aqui pudemos dar espaço a uma hermenêutica de fatos católicos. Estamos
dentro do que, muito provavelmente, os historiadores do futuro definirão a
‘Idade da confusão’.
Acusam-nos de fazer recair todas as culpas sobre o
Vaticano II, e que procuramos todas as causas dos males neste Concílio
específico. Não é verdade, porque dizemos que muitos problemas doutrinais
precederam o Vaticano II, como bem destaca o Prof. Roberto de Mattei [15]. De fato, aos meus alunos faço ler a encíclica de
São Pio X, a Pascendi Dominici Gregis [16],
onde são evidenciados e condenados os erros dos modernistas. Esta tem um
caráter de definição de cunho teológico, e há nela uma metafísica sólida, onde
a teologia é acompanhada pela didática dos exemplos práticos, o que não deixa
espaço à imaginação ou às fantasias utópicas.
O católico é chamado a reagir: entretanto,
é condenado por rejeitar aquilo que a Igreja sempre rejeitou. No entanto,
Melloni e alguns conservadores não querem que se fale disso. A acusação deles é
forte, usam as armas da excomunhão, ou nos consideram pobres marinheiros que
discutem em uma taberna.
Há outro paradoxo. Consiste no
seguinte: ninguém mais pode ser acusado de herético [a palavra praticamente
caiu em desuso depois do Concílio]. Contudo, quando se trata dos católicos
que desejam instaurar um ‘debate’ sério [sobre o Concílio Vaticano II e os sinais
precursores deste, ou seja, precisamente contra esses católicos verdadeiramente
fieis], [Melloni e outros pretensos ‘conservadores’] não hesitam em lhes lançar
a mesma pecha, da qual absolvem os autênticos hereges!…”.
Estamos, sem sombra de dúvida, em
presença do paradoxo de Epimênides [17]: [Epimênides diz que todos os cretenses são mentirosos. Logo,
também Epimênides mente, uma vez que ele próprio é cretense — Ou será que
Epimênides está mentindo quando diz que todos os cretenses são mentirosos?
Em suma, a afirmação de Epimênides,
por si só, gera tal confusão, que ninguém fica sabendo onde está a verdade...
Esse é o clássico sofisma grego,
exercido pela engenhosidade daqueles magistrais pensadores: espécie de
adivinhação, pela qual o gênio dos sofistas estimulava a reflexão crítica.
A verdade é praticamente impossível
de ser encontrada, uma vez que várias são as possibilidades mediante as quais podemos
analisar as palavras de Epimênides.
A verdade das palavras de Epimênides
implicará a sua falsidade? Não é frequente encontrar mentirosos que confessam
ter mentido?]
De forma parecida, pensadores e escritores, lídimos
católicos, se veem obrigados, hoje, a conviver com o paradoxo de Epimênides:
alguns intérpretes do Concílio dizem que este não renegou a Tradição; contudo,
mentem ao dizer isso, pois, ao mesmo tempo, reconhecem que o Concílio já não
trata como hereges aqueles que renegam a Tradição, o que admitem ser verdade.
Não obstante, esses mesmos intérpretes dizem que os católicos verdadeiros
(tradicionais) são hereges por defender a posição da Igreja de sempre, ou seja,
por continuarem considerando hereges aqueles que a Igreja sempre teve em conta
de tais!
Palmaro
ressaltou, por último, a importância da mudança de linguagem ocorrida durante o
Concílio, e, de fato, os documentos da Sessão estão embebidos de novas
caracterizações linguísticas. Três eram os pilares da divulgação do ensinamento
católico:
1.
A língua latina. Esta deu
uniformidade à linguagem e ao sentido das palavras. Tudo era definido em latim justamente
para evitar ambiguidades de expressão, proporcionando, em vez disso, uma
solidez contínua ao longo do tempo.
2.
A linguagem apologética. Uma vez que
o latim não era compreendido por todos, entrava de permeio um clero preparado para
transmitir a religião aos fiéis: narravam-se as vidas dos santos, tanto nos
livros como nas homilias, defendiam-se as posições e as doutrinas da Igreja, e,
nos sermões, em vez de mencionarem Rahner [18] ou filósofos não católicos, citavam-se
São Jerônimo, São Francisco… Em suma, alimentava-se a Fé.
3.
A linguagem jurídico-canônica. Os
conceitos eram expressos à maneira de definições.
No
Concílio Vaticano II, tais cânones desaparecem. De fato, desde o início das sessões (esclarece
Palmaro), os esquemas conciliares, preparados com essa finalidade e baseados
nos três pontos basilares acima, foram simplesmente descartados.
Curiosamente, muitos aspectos —
presentes, cinquenta anos atrás, a título de coqueluches, nos documentos do Concílio — tornaram-se, em nossos dias, antiquados
e ultrapassados. Assim, por exemplo, a relação entre o homem e o ambiente ou o
homem e a técnica. Todas essas análises trazem a marca característica do
otimismo irracional vigente ainda em meados do século passado — considerações
elogiosas que hoje se acham totalmente desacreditadas.
Em consequência disso, estamos em
face de outro paradoxo: no contexto atual, é muito mais atualizado um observador que esteja disposto a rever essa apologia
[desastrada] do mundo moderno, feita pelo Concílio, do que alguém que se aferra
aos julgamentos temerários e apressados, que o mesmo Concílio formulou, sobre
as supostas maravilhas da técnica e
do progresso.
É fora de dúvida que enfrentar essa
temática constitui verdadeiro drama psicológico para a geração que cresceu sob
o impacto do mito do Concílio.
Estamos,
sim, diante de um novo Muro de Berlim que cairá, inexoravelmente, como acontece
com as ideologias. A Igreja não precisou
nascer de novo, de uma fictícia e ansiada segunda
pentecostes, porque jamais haverá outro Pentecostes, por obra dos homens. Por
isso, nos devemos armar de santa paciência. A Igreja não calcula as eras
históricas com base no calendário comum: passaram-se cinquenta anos para que
fossem levantados problemas como este. Isso significa que, mais dia menos dia, a
Bela Adormecida sairá de seu encantamento
e, graças a obras como as de Gnocchi e Palmaro, o quebranto cederá. Irá crescendo o número de católicos que, por amor
à Igreja, levantarão cada vez mais interrogações inevitáveis, para as quais
desejam respostas objetivas — não arremedos de explicações, vagas, ambíguas, m
dispensáveis çao acikos Crescerá sempre
Sempre, mais e mais, ,aois riá será
quebrado também, que, como muitos outros católicos que amam a Igreja,
se colocam interrogações lícitas para as quais desejam ter respostas objetivas
e categóricas — e não mais explicações
vagas, ambíguas, ou furtivas. Serão respostas decisivas para todos aqueles que
almejam servir à Igreja, e não servir-se da mesma para outros fins.
[1] NdTª.: No original: Evo
confusionale.
[2] NdTª.: Alessandro Gnocchi e Mario
Palmaro.
[3] NdTª.: Riscossa Cristiana (Revanche Cristã): site católico
de atualidades e cultura.
[4] NdTª.: Alberto Melloni é um
histórico italiano, dedicando-se à História da Igreja, em particular ao
Concilio Vaticano II.
[5] NdTª.: Corriere Fiorentino (Correio de
Florença): jornal italiano online de crônica local, da cidade de Florença.
Pertence ao célebre Corriere della Sera (Correio da Tarde),
fundado em 1876.
[6] NdTª.: A chamada Escola de Bologna
‘congrega’ os defensores da Hermenêutica da Ruptura: Giuseppe
Alberigo, Giuseppe Ruggieri, Maria Teresa Fattori, Alberto Melloni, David
Berger, John O’Malley, Gilles Routhier e Cristoph Theobald, entre os principais
expoentes.
[7] NdTª.: Foderarsi gli occhi:
expressão que – originada da frase: ‘É inutile foderarsi gli occhi con la
pancetta’, ou seja: ‘é inútil forrar os olhos com o bacon’ – quer
dizer: fazer de conta que não é verdade. O nosso ‘tapar o sol com a
peneira’.
[8] NdTª.: Ralph M.
McInerny. What
Went Wrong with Vatican II?: The Catholic Crisis Explained (Vaticano
II. O que deu errado?: A Crise Católica
Explicada).
[9] NdTª.: Hans Küng. é um teólogo
suíço, filósofo, professor de teologia, escritor e sacerdote católico romano.
No final da década de 1960, Küng iniciou uma reflexão rejeitando o dogma da
Infalibilidade Papal, publicada no livro ‘Infallible? An Inquiry’ (‘Infalibilidade?
Um inquérito’), em 18 de janeiro de 1970. Em consequência disso, em 18 de
dezembro de 1979, foi revogada a sua licença pela Igreja Católica Apostólica
Romana de oficialmente ensinar teologia em nome dela, mas permaneceu como
sacerdote e professor em Tübingen até a sua aposentadoria em 1996. Küng defende
o fim da obrigatoriedade do celibato clerical, maior participação laica e
feminina na Igreja Católica, retorno da teologia baseada na mensagem da Bíblia.
[10] NdTª.: Avvenire d’Italia (Porvir
da Itália): foi o primeiro jornal diário nacional de inspiração católica que
apareceu no Reino da Itália. Foi publicado de 1896 a 1968. Em 1961, o novo
diretor, Raniero La Valle, deu-lhe uma direção progressista, contra a Igreja
Tradicional. No plano internacional, tornou-se um jornal pacifista e
antiamericano. La Valle era ligado ao card. Giacomo Lercaro, de Bologna. O
jornal pertencia à Santa Sé, à Democrazia Cristiana (partido
italiano de centro) e a algumas dioceses da Toscana e de Emília-Romanha. Foi
fechado por questões econômicas, não doutrinárias.
[11] NdTª.: D. Helder Pessoa Câmara,
OFS. Foi um bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife. Foi um dos
fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e
defensor dos [chamados] direitos humanos durante o regime
militar brasileiro. A Permanência faz
uma boa e substancial biografia de dom Helder.
[12] NdTª.: Sic. Esta colocação é
estranha, tendo em vista que a ‘perseguição a Galileu’ é um mito.
[13] NdTª.: no original ‘salotti
buoni’. Ou seja os salões da burguesia. Que todos, afinal, querem
frequentar. Até os comunistas.
[14] NdTª.: Il Foglio
Quotidiano (conhecido como Il Foglio) é um jornal diário
italiano de difusão nacional fundado em 1996 por Giuliano Ferrara. Este, em
2007, fez uma campanha por uma moratória contra o aborto, porque “Os mais de
um bilhão de abortos praticados desde que as leis permitem a famosa interrupção
voluntária da gravidez dizem respeito a pessoas legalmente inocentes, criadas e
destruídas pelo mero poder do desejo, desejo de não tê-los e de odiar-se até o
ponto de amputar-se do amor. É o escândalo supremo do nosso tempo, é uma ferida
catastrófica que lacera em profundidade as fibras e o possível encanto da
sociedade moderna. É, além de tudo, em muitas partes do mundo onde o aborto é
seletivo por sexo, e torna-se seletivo por perfil genético, uma obra de arte
ideológica de racismo em marcha com a força da engenharia genética.
Alegremo-nos, portanto, para o alto os corações, e depois de termos promovido a
Pequena Moratória, promovamos a Grande Moratória do massacre dos inocentes.
Aceitam-se zombarias, porque as boas consciências sabem usar a arma do sarcasmo
melhor que as más, mas também a adesão a um apelo que fala por si, de forma iluminadora,
com a evidência absoluta e verídica dos fatos de experiência e de razão”.
(Giuliano Ferrara, Il Foglio, 19 dezembro de 2007).
[15] NdTª.: Roberto de Mattei.
autor e historiados católico italiano, escreveu o ‘Il Concilio Vaticano II. Una storia
mai scritta’ (‘Concílio Vaticano II. Uma
história nunca escrita’), que ganhou a indicação a dois prêmios: ‘Pen Club
Italiano’ e ‘XLIV Premio Acqui Storia’, sendo que ganhou este
último.
[16] NdTª.: Pascendi Dominici Gregis.
É uma encíclica papal promulgada pelo Papa Pio X em setembro de 1907. Seu
subtítulo diz: Carta Encíclica do Papa Pio X sobre os erros do
modernismo. O documento, assim, condena o modernismo católico, considerado
uma “síntese de todas as heresias” — com sua junção de evolucionismo,
relativismo, cripto-marxismo, cientificismo e psicologismo. Como consequência
da Encíclica, o papa formulou o ‘juramento antimodernista’, obrigatório para
todos os padres, bispos e catequistas e que foi abolido em 1967, pelo Papa
Paulo VI. Este fato levou os católicos tradicionalistas a acusarem o outrora
combatido modernismo como se tendo tornado a doutrina subjacente da ‘nova Igreja’. Um dos
mais influentes filósofos modernistas foi Teilhard de Chardin, que pretendia
reunir catolicismo com darwinismo e marxismo. Os católicos tradicionais veem
este documento como evidência de que a Igreja Católica e os papas anteriores ao
Concílio Vaticano II já estavam atentos para a infiltração de inimigos da Tradição
no seio da instituição. Muitos tradicionalistas consideram o Papa Paulo VI um
modernista, como o norte-americano Rama Coomaraswamy, em ‘Ensaios sobre a
Destruição da Tradição Cristã’ (São Paulo, 1990).
[17] NdTª.: Trata-se do ‘Paradoxo do Mentiroso’.
[18] NdTª.: Karl Rahner foi um
sacerdote católico jesuíta de origem germânica e um dos mais influentes
teólogos do século XX. Participou – a pedido de Papa João XXIII – como teólogo
consultor do Concílio Vaticano II. Entrou na Comissão teológica e se
tornou um personagem chave do Concílio, promovendo a “nova visão de uma
‘Igreja de todo o mundo’, não mais ‘fechada em trincheira’, mas ativa e
positivamente aberta ao diálogo com as outras confissões cristãs e com as
grandes religiões do mundo; Rahner contribuiu a transportar a teologia católica
para o fim da neoescolástica, com a valorização do laicato na Igreja e com a
concessão, aos bispos de todo o mundo, de uma maior liberdade de iniciativa
dentro da própria Igreja”. [La fatica di credere (A fadiga de
crer). 1986.] Criou a revista Concilium.
Nenhum comentário:
Postar um comentário