"Palavras como “direitos humanos”, “dignidade humana” e similares são hoje em dia meros talismãs destituídos de significado, empregados no discurso político para justificar quaisquer barbaridades que os detentores do poder em um determinado momento histórico julguem por bem impor à população. A prostituição é somente o aspecto menos tragável dessa revolução moral abjeta, uma coisa contra a qual os cidadãos ainda acham importante se levantar."
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Fonte: Deus lo Vult!
A Gazeta
do Povo de Curitiba publicou mais uma vez um corajoso e oportuno
editorial: «Um apagão ético-jurídico», falando sobre a “campanha de
apologia à prostituição que o Ministério da Saúde colocou e retirou do ar”. Trata-se
da campanha que continha, entre outras, a imagem abaixo. O responsável por
ela foi demitido após o escândalo.
Não me
parece crível que a veiculação dessa campanha possa ter sido um mero engano.
Afinal de contas, exaltar a prostituição está perfeitamente de acordo com os
rumos que a nossa elite “bem-pensante” julga necessário impôr ao país para o
“modernizar” (a bandeira, inclusive, é despudoradamente defendida na
Câmara pelo sr. Jean Wyllys, o deputado que parece ter um prazer doentio em se colocar a favor de
tudo o que não presta). O mais provável é que a peça tenha sido calculadamente
liberada para “sondar” a aceitação popular; se não houvessem chovido
reclamações, eu sinceramente duvido de que o senhor Padilha tivesse se dado ao
trabalho de mover mundos e fundos para retirar a campanha de circulação.
Mas
voltemos ao editorial do periódico curitibano. A Gazeta do Povo é contundente
no seu diagnóstico:
Em questões que envolvem a dignidade humana, a mera neutralidade do
Estado já seria preocupante, por ser, no fundo, uma omissão. Mas pior ainda é
ver o poder público abraçar essas plataformas, chegando-se a extremos como o
“Eu sou feliz sendo prostituta”.
E, no
fundo, trata-se exatamente disso. Palavras
como “direitos humanos”, “dignidade humana” e similares são hoje em dia meros
talismãs destituídos de significado, empregados no discurso político para
justificar quaisquer barbaridades que os detentores do poder em um determinado
momento histórico julguem por bem impor à população. A prostituição é somente o
aspecto menos tragável dessa revolução moral abjeta, uma coisa contra a
qual os cidadãos ainda acham importante se levantar. É óbvio que não há nada de
digno na mercantilização do sexo; que seja necessário defender publicamente
isso contra uma campanha oficial do Governo do Brasil que afirma haver
felicidade na prostituição, no entanto, serve para nos fazer ver quão densas
são as trevas em que o Século XXI achou a sociedade brasileira mergulhada.
Em um comentário que enviei à Gazeta do Povo
cumprimentando-a pelo editorial [coisa que, aliás, recomendo que todos
façam; ou pelo site ou pelo emailleitor@gazetadopovo.com.br],
eu pontuei que nem sempre dignidade e liberdade andam de mãos dadas. O
livre-arbítrio humano, que sem dúvidas é parte constituinte da nossa dignidade,
por sua própria natureza pode ser empregado para nos degradar. Qualquer pessoa
há de convir que há diversas formas pelas quais um ser humano pode degradar-se
a si mesmo, e que portanto somente o binômio “voluntário” x “coagido” não se
revela satisfatório para nos dizer se certas atitudes são dignas ou não. É
importante defender a liberdade sim, mas isso não nos pode fazer fechar os
olhos à existência de certas coisas que, por mais
que nos incomodem e desconcertem, são ao mesmo tempo radicalmente voluntárias e
vergonhosamente indignas. E, se é, sem dúvida, necessário defender a
liberdade, não se pode nunca, a este pretexto, louvar a degradação humana.
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